_ Brienne de Tarth! – disse Robb se aproximando da guerreira e do seu escudeiro com a amazona a seu lado – Acredito que devo lhe agradecer pelo que fez por minha irmã.
A mulher de armadura abandonou os seus afazeres e começou a estudar o rapaz a sua frente. Apesar dos trajes negros da Patrulha, ele não se vestia adequadamente, não tinha uma espada ao seu alcance e não lhe era totalmente estranho. Quando parou para observar a sua expressão, Brienne empalideceu um pouco mais do que o habitual.
_ Eu estava apenas cumprindo o meu dever... Mas, como isso é possível?! Westeros inteira acredita que Vossa Majestade não resistiu ao Casamento Vermelho.
_ Eu definitivamente não me lembro nada mais após o Casamento Vermelho, mas se estou aqui lhe agradecendo por permitir que me reencontrasse com minha irmã é graças a princesa de Temiscira, Diana. – a guerreira e o escudeiro fitam a jovem desconhecida ao lado do antigo Rei do Norte por alguns momentos e fazem um gesto de respeito e a cumprimentam de maneira altamente formal com um "vossa alteza".
_ Apenas Diana, por favor. Nós não costumamos usar tanta formalidade em Temiscira. E, eu fiquei extremamente feliz ao ver que há outras mulheres guerreiras neste mundo. Me sinto honrada em lhe conhecer, Brienne de Tarth. – ao mesmo tempo, Brienne se sente lisonjeada e confusa com as palavras da princesa a sua frente.
_ Temiscira é um lugar singular. É o lar das amazonas, que como Diana, formam um poderoso exército. É um mundo bastante diferente de Westeros. – tenta explicar Robb.
_ Temiscira?! E eu fico extremamente feliz ao saber que existe um lugar assim. – comenta Brienne, que se concentra em discorrer sobre outro importante assunto – Mas, Vossa Majestade, a sua volta quer dizer que o Norte tem novamente um rei.
_ Minha mãe confiava na senhora e minha irmã parece que deposita a mesma fé na sua pessoa, então, lhe tomo como alguém que posso contar, minha senhora. Não apenas fui traído e tive meu exército devastado, como não consegui manter o domínio sobre minha própria casa. Por isso, eu quero deixar meu retorno em segredo para entender o que significa essa segunda chance. – desabafa o Jovem Lobo.
_ Eu não compreendo a sua intenção, mas trataremos de respeitá-la. O senhor pode considerar eu e meu escudeiros Podrick Payne como aliados, independente dos seus planos a partir de agora. – declara a guerreira.
_ Eu agradeço o apoio, minha senhora. E gostaria de mais um pequeno favor... Vi o seu escudeiro treinando entre os recrutas e gostaria de treinar com ele. Passei tempo demais sem praticar e sinto que regredi no manejo da espada.
Podrick aceita o convite do antigo Rei do Norte, que apanha uma das espadas disponíveis para os integrantes da Patrulha da Noite. Pela primeira vez, Diana passa a observar os movimentos de combate do seu companheiro de viagem. Definitivamente, ele tinha uma técnica apurada, só que estava visivelmente abaixo das suas forças e não conseguia antecipar as ações do inexperiente adversário.
Ainda assim, ele consegue se aproveitar dos anos a mais de combate e derrubar o escudeiro com um golpe certeiro. Quase sem folego, Robb oferece uma das mãos e ajuda o jovem Podrick Payne a se levantar. Enquanto tentava recuperar as forças, ele notou que Diana e Brienne se preparavam para uma nova rodada de combate.
Diana se livra do pesado casaco e revela a tradicional armadura das amazonas e surpreende Brienne, ao reconhecer que não se sentia tão afetada pelo frio do Norte. E quando elas começaram a duelar – ainda que em forma de treinamento – ele notou que todos passaram a fazer o que já estava fazendo: observar o treinamento. No entanto, Robb foi o único a perceber que Diana estava visivelmente em postura defensiva. De fato, a amazona não queria se exceder e buscava somente se proteger dos poderosos golpes proferidos pela salvadora de sua irmã.
Pelo peso da armadura e o modo de luta tradicional em Westeros, Brienne era consideravelmente mais lenta que Diana, mas quando desferia um golpe, o fazia com enorme força. Jon, Davos, Melisandre e a própria Sansa também abandonaram o que estavam a fazer e passaram a admirar a luta. Após bloquear diversos ataques da oponente, Diana faz um movimento rápido e consegue desarmá-la. Brienne aceita a derrota e o embate é encerrado com sonoros aplausos dos espectadores. Enquanto a guerreira de Westeros custava a puxar o ar, a princesa das amazonas não demonstrava qualquer sinal de cansaço.
_ O que necessariamente vocês treinam em Temiscira? – Brienne questiona surpresa pela habilidade da combatente – A habilidade da princesa é realmente impressionante e notei que estava apenas bloqueando os meus golpes.
_ Eu achei impressionante conseguir lutar assim com essa armadura tão pesada. Eu imagino que limite muito os seus movimentos. – questiona Diana.
_ Ainda que a armadura dificulte um pouco a ação, a proteção acaba compensando em um enfrentamento com mais inimigos ou em um campo de batalha. – explica o filho mais velho de Ned Stark – Pelo visto, o treino atraiu a atenção de todos por aqui. – ele identifica Sansa observando toda a situação de uma das passagens – Gostou do exercício? – a ruiva passa a encarar o irmão – Quer tentar, Sansa?
A jovem balança a cabeça negativamente e tencionava se afastar do local quando escutou Diana lhe chamando e estimulando a tentar uma vez. Sansa busca algum tipo de orientação no meio-irmão, que responde com um dar de ombros e uma frase qualquer de que "seria útil". Ainda um pouco temerosa, ela desce os degraus até o pátio de treinamentos e se aproxima do quarteto.
_ Por acaso, você está me confundindo com a Arya? – Sansa zomba do irmão, que solta uma risada da brincadeira tão familiar.
_ Você nunca teve vontade de aprender a manejar uma espada ou um arco e flecha? – ela dá de ombros – Então, você consegue segurar a espada em riste? – Robb lhe entrega uma das espadas de treinamento dos recrutas da Patrulha da Noite e demonstra a irmã como sustentar o peso da arma. Ela não consegue manter a arma devidamente posicionada e o escudeiro, enfim, se pronuncia.
_ A senhora Stark poderia tentar manejar um arco e flecha ou uma lança. São itens que não exigem um combate tão próximo para serem usadas. – o jovem ajudante de Brienne apanha as armas indicadas e tenta ensinar o básico para a jovem.
Sansa se atrapalha para manejar o arco pela primeira vez, escuta novamente as orientações de Podrick e Robb, todavia, a flecha sai totalmente desgovernada e para poucos metros a frente. Os poucos recrutas no local gargalham pelo erro da jovem, que se constrange e devolve as armas para o escudeiro. Diana se enfurece e encara duramente os jovens patrulheiros, que cessam com as risadinhas e são expulsos do local por Eddie Doloroso. Ainda assim, Sansa dispensa uma nova tentativa.
_ Não há nada para se envergonhar, ninguém acerta nas primeiras tentativas. Respire fundo e tente mais uma vez, Sansa. – aconselha a princesa das Amazonas.
_ A princesa Diana está corretamente. Qualquer pessoa que tenha habilidade com alguma arma levou anos para aperfeiçoar e aprimorar a sua técnica. – explica Brienne.
_ Anos? – a jovem se assusta com a fala da sua protegida e coloca um sorriso no rosto do irmão mais velho.
_ Sim, alguns bons anos... Mas, acalme-se... Se você quiser tentar mais uma vez e aprender o básico, seguimos adiante. Caso contrário, podemos parar por aqui. – Robb se aproxima da irmã, lhe devolve o arco e a flecha para uma nova tentativa.
_ Bom, eu não estava fazendo necessariamente nada importante por aqui e saber o mínimo para me defender pode ser útil, não é? – consente a jovem, recebendo os itens novamente e prestando atenção as novas instruções do seu irmão.
Ela respira fundo, mira e atira. A segunda tentativa é um pouco melhor do que a primeira e assim sucessivamente. Robb, Diana e Podrick gastam algumas horas explicando os conceitos iniciais de defesa para a jovem, que se perde em instruções, tentativas frustradas de embates e boas risadas. Os exercícios são encerrados com o escurecer e a queda brusca na temperatura. Enquanto Robb se ocupava em organizar todos os itens utilizados no treinamento, Diana se ocupava em observar a imensidão da muralha de gelo.
_ Ainda encantada com Muralha, princesa? – o companheiro de viagem tenta chamar a atenção da guerreira.
_ Sempre, você não está? – Robb dá de ombros e se aproxima dela – Nós conseguimos chegar ao topo dela?
A dúvida da amazona é esclarecida rapidamente e os dois são puxados até a parte mais alta da Muralha. A visão é um pouco limitada pela escuridão da noite, ainda assim, é algo espetacular devido a imensidão do cenário. Ao contrário de Robb que se encolhe de frio e se aproxima do fogo prontamente, Diana se aventura até o final da plataforma e fita o desconhecido do mais lado selvagem e sombrio da Muralha.
_ Como alguém criada na Ilha Paraíso não sente o frio do Norte? Eu passei esse pouco tempo em Temiscira e acho que estou sentindo duas vezes mais! – brinca o nortenho devido ao frio impiedoso no topo da Muralha de Gelo.
_ É maravilhosa! – Diana exalta novamente a magnitude da obra a sua frente – Eu gostei muito do que você fez hoje. – o Jovem Lobo se arrisca até a beira da plataforma e a encara sem compreender o que teria feito de tão especial – O que fez por sua irmã. Você a incentivou, ensinou e deixou que a decisão partisse sempre dela. Esse é o ponto para um mundo melhor: ter o poder de escolha. Sempre. Igualmente para homens e mulheres.
_ É uma maravilhosa ideia, mas não é tão simples... Nem todos tem o poder de escolha sobre suas vidas e, aqueles que possuem algum nem sempre tem as escolhas que gostariam de fazer... – reflete o Stark mais velho.
_ Como falamos ontem, então, devemos começar a mudar o mundo um pouco de cada vez. Hoje, você ajudou a mudar um pouco o mundo de sua irmã.
Robb genuinamente sorri com o comentário da amazona, todavia, a mudança de mundo que ele e o seus seriam forçados a tentar realizar em breve não seria tão simples e exigiria um impacto muito maior para que continuassem naquele mundo. Por isso, ele trocou o sorriso por um semblante preocupado quando avistou as tochas e a chegada de uma comitiva no portão principal do Castelo Negro. A amazona nota a drástica modificação na fisionomia do companheiro e também visualiza o comboio entrar e, rapidamente se retirar do quartel da Patrulha da Noite.
Sem mais tempo para observação, os dois escutam o chamado para desceram da torre e se deparam com um recruta: "Senhor Comandante pede que os dois se apresentem a sua sala imediatamente". Robb e Diana encontram todos reunidos com uma carta com o símbolo dos Bolton jogada a mesa.
_ Eram homens de Roose Bolton? – questiona o antigo Rei do Norte.
_ Mensageiros de Ramsey Bolton, o novo protetor do Norte. Roose está morto. – explica Sansa, enquanto Jon lhe entrega a carta.
_ "Ao traidor e bastado, Jon Snow. Você permitiu que selvagens passassem pela Muralha. Você traiu o seu próprio sangue, você traiu o Norte. Winterfell é minha, bastardo. Venha ver. Seu irmão Rickon está no meu calabouço, a sua pele de lobo está no meu chão. Venha e veja. Quero a minha esposa de volta. Mande-a de volta e não perturbarei você e seus amantes selvagens. Esconda-a de mim e rumarei ao norte para matara cada homem, mulher e bebê selvagem sob sua proteção..." – Robb interrompe a leitura e tenciona jogar a mensagem no chão, quando é impedido por Diana que lhe toma o papel _ Esse desgraçado aprisionou Rickon! Eu... O que nós podemos fazer?
_ Quanto homens ele tem em seu exército? - questiona Tormund a Sansa.
_ Ele disse algo sobre ter cinco mil homens para conter o ataque de Stannis.
_ Quanto você tem? Quantas pessoas podem lutar entre o Povo Livre? _ Jon retorna a pergunta ao aliado selvagem.
_ Que possam marchar e lutar? Dois mil. O restante são crianças e pessoas muito idosas... – calcula Tormund e a notícia não anima aos presentes.
_ Robb, você é filho do último legitimo Protetor do Norte e os senhores lhe coroaram rei do Norte! – Sansa se levanta e clama para que o irmão decida sair das sombras e reivindicar o antigo posto _ As famílias do Norte são leais, lutarão por você se mostrar que está vivo! – ela se aproxima do irmão, visivelmente abalada.
_ Por que eles fariam isso? Eu sou o Rei que perdeu Winterfell, eu sou o Rei que perdeu o Norte! – Robb tenta argumentar com a irmã devido ao fracasso do seu reinado.
_ UM MONSTRO TOMO NOSSA CASA E NOSSO IRMÃO CAÇULA! Temos de voltar a Winterfell e salvá-los! – a jovem volta a se exaltar e agarra o irmão pelo casaco, encarando-o diretamente nos olhos.
_ Sansa, eu não disse que não lutaríamos para recuperar nossa casa e salvar nosso irmão. – a moça respira fundo e procura se acalmar – Mas, eu não sou mais rei, entenda isso. O que acha que as pessoas que apoiaram a minha causa fariam após perderem seus pais, irmãos, familiares e homens no Casamento Vermelho e me virem vivo? – a jovem tenciona responder o irmão, mas ele continua a sua explanação – Você disse que eu sou filho do último legítimo Protetor do Norte, mas você e Jon também são! Eu estou aqui para ajuda-los em tudo... só que esse é momento de você e Jon liderarem... E acredito que possam fazer muito, muito melhor que eu!
