Diana permaneceria ao lado de Sansa, distante do local da grande batalha entre os exércitos. Assim, teriam uma vantagem em uma eventual derrota para fugirem antes da chegada das tropas de Ramsay Bolton. No entanto, a intenção da Princesa das Amazonas mudou radicalmente ao testemunhar o horror tomando os rostos dos integrantes da família Stark diante do inimigo.

Não, o bastardo da família Bolton não causava tanto impacto quanto desejava, mas a pessoa arrastada ao seu lado. Rickon. Com vestes maltrapilhas e os braços atados, o jovem foi trazido para frente dos homens de Ramsay antes do bradar das espadas. Com uma faca em riste, o atual e tenebroso 'Protetor do Norte' propôs um jogo de vida e morte para o mais jovem dos Stark.

_ Corra para o seu irmão. Quanto mais rápido correr, mais rápido voltará a vê-lo.

Hesitante, Rickon deu alguns passos ainda fitando as ações do seu raptador e se colocou em uma corrida frenética ao avistar um arco sendo entregue ao Bolton. A distância, Jon se deparou com o mesmo entendimento e disparou com o cavalo ao encontro do irmão caçula. Esse também foi o primeiro de Robb, mas impedido por Tormund. Ele nada poderia fazer para contribuir com aquela situação não tão distante, não sem m um cavalo. A única coisa que o Jovem Lobo conseguiria era atrair ainda mais atenção dos inimigos e se tornar um alvo.

Quando a primeira flecha foi atirada por Ramsay, Sansa notou algo estranho e praticamente sobrenatural acontecer a sua volta. Ela não encontrou mais Diana ao seu lado e mal conseguiu distinguir o salto da amazona em direção ao campo de batalha. Os soldados de ambos os lados também foram tomados pela sensação de espanto com os passos imperceptíveis da guerreira, que parecia estar pisando em nuvens tamanha a sua velocidade.

Jon percebeu que algo ou alguém conseguira tomar a sua dianteira e projetara a frente do garoto Stark quando a primeira flecha devidamente endereçada ao peito de Rickon caia dos céus. O bracelete da amazona repeliu o covarde ataque e o menor dos filhos de Ned Stark se surpreendeu ao poder respirar mais uma vez, ainda temendo pela própria vida. O nome de Diana morreu na garganta do antigo Rei do Norte quando uma chuva de flechas foi disparada pelo exército adversário visando atingir mortalmente a inesperada salvadora.

Em um movimento habilidoso, Diana retirou o escudo das costas e cobriu inteiramente os dois irmãos do seu companheiro de viagem. Jon e Rickon estavam a salvo do primeiro e brutal ataque das forças de Ramsay Bolton, mas mesmo a filha de Hipolita não conseguiria replicar o impacto de toda a cavalaria que vinha na sua direção. Sor Davos Seaworth, então, libera o exército reunido de nortenhos e selvagens para proteger o seu líder, enquanto Jon cede a sua montaria para que Diana se retire do meio do campo de batalha com o seu irmão a salvo.

Com o avançar das tropas, Robb passa por Diana sem a possibilidade de trocar qualquer tipo de palavra ou agradecimento pelo esforço dantesco de salvar o seu irmão mais novo. "Sempre protegerei os inocentes". Essa fora a promessa que a Princesa de Temiscira lhe fizera e cumprira diante dos seus olhos, agora cabia a ele escrever uma segunda versão para a sua fatídica história de erros e derrotas dentro e fora dos campos de batalha. Com o terror e o sangue tomando cada vez mais os campos a frente, Sansa conseguiu tirar os olhos da barbárie logo adiante para receber o irmão com um abraço forte e saudoso após tantos anos.

Rickon ainda era um garotinho quando ela cometeu a besteira de partir com o pai e prometida ao príncipe Joffrey para Porto Real. Agora, ela buscava uma maneira de abrandar tamanha lástima ao abraçar o jovem com as feições de seu irmão caçula. Aquele Rickon pouco lembrava o menino que clamava por atenção dos mais velhos e dos pais pelos cantos de Winterfell. Ainda que ferido e visivelmente aterrorizado, ele estava ali nos seus braços, mas ainda não sabia se teriam um lugar para retornar.

Pela primeira vez, Diana observava uma guerra real em todos os seus tons: sangue, agonia, morte, violência e horror. Apesar da inexperiência em campo de batalha, ela entendia muito bem estratégias de combate para antever a armadilha preparada pelo inimigo. As forças nortenhas e selvagens estavam sendo espremidas pelos três flancos pelo exército de Ramsay Bolton, cercados e em menor número pouco ou nada poderiam fazer.

_ Isso não é uma batalha, é uma massacre! – exclama a amazona horrorizada, ao não conseguir mais distinguir as feições dos amigos dentro cordão promovido pelos homens de Ramsay. Entretanto, a vontade de correr para socorrer os aliados é vetada por Sansa que parecia saber mais do que todos ali: ainda não.

O 'ainda não' de Sansa se transforma em algo totalmente desconcertante quando um pelotão vindo de lugar algum surge com brasões e bandeiras do Vale de Arryn sob comando do lorde Petyr Baelish, que não acompanha os seus homens e interrompe o seu caminho bem ao lado da filha de Catelyn. Diana questiona a identidade do recém-chegado. Aliado? 'Por enquanto'. A resposta breve e sussurrada mostra apenas mais uma das questões que a filha de Hipolita ainda não compreendia naquele mundo: as alianças temporárias.

Rapidamente, as tropas do Vale desmantelam o cerco e começa a exterminar o exército Bolton. Com Jon e Robb livres das garras adversárias, ambos voltam as suas atenções para o covarde Ramsay que se limitava a assistir a carnificina de longe. Ao perceber as intenções de fuga do inimigo para dentro da segurança dos muros de Winterfell, os irmãos se descolam do centro das batalhas e correm ao encalço do usurpador. Diana compreende os planos e também se coloca a caminho dos portões do castelo para ajudar na reconquista da casa dos Stark.

_ O exército deles foi arruinado e nós termos Winterfell. Eles não possuem recursos para um cerco! – Ramsay tenta convencer os aliados restantes da possibilidade de resistir, apesar da derrota no campo de batalha.

Tormund, Jon e Robb se unem a Diana nas imediações do castelo e são novamente cobertos pelo escudo da amazona ante a uma verdadeira tempestade de flechas disparadas pelos arqueiros postados nos muros de Winterfell. O Jovem Lobo, então, se recorda de um dos movimentos de guerra mais treinados pelas amazonas durante a sua permanência em Temiscira. E, se não poderiam invadir por terra o castelo ancestral de sua família, podiam fazer o possível para que Diana tomasse pelos ares.

_ Jon, Tormund... Quando eu avisar, nós seguraremos e impulsionaremos o escudo, está bem? – os dois encaram o antigo Rei do Norte confusos, mas concordam com a ideia – Diana, agora, ESCUDO!

A princesa guerreira entende prontamente a indicação do companheiro de viagens e, agora, de batalha e se liberta do peso de seu escudo, amparado pelos três combatentes nortenhos. Ela dá poucos passos, salta no escudo projetado pelo trio e supera as muralhas de Winterfell. Rapidamente, as flechas começam a rarear e os homens do Vale e do Norte se aproximam do castelo para fortalecer o conjunto que invadiria a fortaleza na primeira oportunidade. Os portões são abertos com um único e poderoso golpe e os últimos soldados fieis a Ramsay tentam inutilmente conter o domínio pelas tropas adversárias.

Quando, enfim, Robb buscava se aproximar de Diana uma flecha impede o seu progresso, mas acaba repelida pelos braceletes da Amazona. O bastardo da família Bolton sorri e questiona a identidade daquela ordinária guerreira que estava arruinando os seus planos de conquista ao Norte dos Sete Reinos. Ramsay atira todas as flechas restantes, praguejando e amaldiçoando o surgimento da desconhecida que avançava mais e mais até ser impedida pelo antigo Comandante da Patrulha da Noite.

_ Você sugeriu um combate um contra um, não foi? Eu reconsiderei. Acho uma ideia maravilhosa! – grita Ramsay tentando provocar Jon, que continua a se aproximar perigosamente ainda que desviando de duas ou três flechas.

Sem outros protetores, Ramsay recebe o primeiro golpe de outro Snow e é levado ao chão após uma série de socos desferidos no seu rosto. Caído, ele sequer se dá ao trabalho de tentar se defender e começa a rir insanamente, enquanto segue recebendo chutes, socos e pontapés do novo detentor de Winterfell. Diana assiste a cena e, pela primeira vez, não sente qualquer vontade de proteger o ser que estava sofrendo um ataque tão violento.

E, a única coisa que consegue frear o instinto de Jon em matar o homem a sua frente com as próprias mãos é o chamado de Sansa. Se alguém merecia realmente definir o destino ou a morte de Ramsay Bolton era sua irmã. Ele encara a jovem, que estava de volta a sua casa e se afasta do corpo quase desforme do invasor. A hora dele chegaria muito, muito em breve.

Os emblemas da maldita Casa Bolton são retirados e queimados imediatamente, enquanto os brasões e distintos da Casa Stark retornam ao seu lugar de direito. Afinal, muito a ser feito para que a presença dos invasores fosse exterminada de vez e Winterfell voltasse gradativamente a ser o reduto dos Lobos do Norte. Por isso, a primeira ação de restituição do próprio lar coube a Sansa.

Se o causador de grande parte das desgraças que recaíram sobre a família Stark planejava destinar outros corpos para abrandar a fome de seus violentos 'cachorros de estimação', a nova Senhora de Winterfell considerou apropriado manter o combinado e alimentar os próprios animais. E nada melhor do que carne de um nobre, ainda que nascido bastardo.

_ Meus cães jamais me machucarão! – Ramsay chega a acreditar na suas próprias palavras por alguns minutos.

_ Eles não são alimentados há sete dias, você mesmo disse. – Sansa tem o prazer de lembrar desse importante detalhe.

_ São criaturas leais! – brada o prisioneiro pela última vez.

_ Eram, agora estão apenas famintos. – responde a jovem Stark – Suas palavras desaparecerão. Sua casa desaparecerá. Seu nome desaparecerá. Toda memória de você desaparecerá – são as últimas palavras pronunciadas por Sansa para o maldito bastardo antes de contemplar a sua aniquilação.