Como havia dito, segue um novo capítulo.
Espero que gostem!
Cap. V – Caindo em si
Cuddy dormiu maravilhosamente bem aquela noite, aliviada por ter contado a novidade para o namorado e surpresa com a reação madura que ele teve, mas House não pregou os olhos. Dormiu os primeiros quinze minutos tomado pela nuvem orgasmática e depois acordou.
Ele foi maduro, a terapia semanal certamente estava contribuindo para suas atitudes perante Cuddy e Rachel, mas isso... Ele jamais esperava por isso e estava surtando intimamente. Ele era um viciado, um viciado em recuperação, mas ainda assim um viciado. Ele era um deficiente e um velho, como poderia criar uma criança, ele certamente morreria antes dessa criança completar a maioridade. Aqueles pensamentos o estavam consumindo, e ele olhou para o lado e sua namorada grávida dormia profundamente e em seu rosto era possível contemplar uma serenidade impenetrável. De repente ele decidiu se levantar e ir assistir a alguma coisa na televisão para se distrair e tentar parar de pensar.
House ligou a televisão e começou a assistir ao canal de esportes, mas nada o distraia. O relógio mostrava que era três horas da manhã, ele tinha sono, mas uma mente muito desperta. Então ele fez o que qualquer ser humano normal faria: ligou para seu melhor amigo.
"Algo aconteceu?".
"Eu preciso falar, mas baixo, Cuddy não pode ouvir".
"O que houve?". Wilson tinha a voz sonolenta, mas preocupada.
"Eu recebi uma noticia horrível de Cuddy, tentei ser maduro e acho que fui bem, mas estou surtando".
"Cuddy terminou com você?".
"Não... não... Não é isso!".
"Então o que é? Ela está doente outra vez?".
"Também não".
"House, são três da manhã...".
"Eu não posso dizer a ninguém, prometi a ela".
"Então tchau..."
"Espere!" House pediu e foi para o quarto de Rachel, se trancou lá já que a menina não estava em casa.
"Você me promete que nunca falará sobre isso com ninguém em hipótese alguma? Senão seu pinto nunca mais vai subir".
"O quê? Não!".
"Então eu não posso te dizer...".
"Ok, ok...". Wilson foi vencido pela curiosidade. "Eu prometo que nunca falarei sobre isso com ninguém".
"Complemente: Senão meu pau nunca mais vai subir".
Wilson bufou. "Senão meu pau nunca mais irá subir".
"Ok... Então aí vai: Cuddy está grávida!".
"O quê?". Wilson riu alto.
"É real, não estou brincando".
"Grávida, grávida? Literalmente? Como um bebê crescendo dentro do útero?".
"Você é médico de verdade?".
"Não!".
"Você não é médico?".
"Não sobre essa possibilidade, eu quis dizer".
"Pois nesse caso é SIM. Ela realmente tem 50% dos meus cromossomos realizando divisões celulares dentro do útero dela nesse exato momento".
"Puta que pariu!".
"Pois é".
"E você não surtou?".
"Estou surtando agora".
"O que ela te disse?".
"Você quer mesmo que eu repita toda a história? O fato é que a gravidez é real e eu estou em pânico".
Wilson ficou mudo.
"Ok, se você ficar mudo não me ajudará muito".
"Vocês não fazem sexo seguro?".
"Por seguro você diz preservativos? Nesse caso não. Mas Cuddy mudou o método anticoncepcional há alguns meses para DIU".
"Estava mal colocado?".
"Não... estava tudo certo, segundo a médica, mas sabe que ela pode mentir".
"Existem imagens, ela não mentiria sobre isso".
"Você acredita em todos".
"E você não acredita em ninguém".
"Ok, talvez eu possa ter mudado o dispositivo de lugar com meu enorme pênis".
Wilson ignorou o comentário. "O que você pensa em fazer agora?".
"Manter a pose de homem maduro para Cuddy?".
"Você deveria falar com Nolan".
"Minha sessão acontece às quartas-feiras".
"Adianta a sessão!".
"Ok, faz sentido".
"Um filho de Gregory House?". Wilson perguntou e começou a rir.
"Você não está ajudando...".
"Gregory House passou a vida toda evitando compromisso e, depois de velho, tem uma mulher, uma filha e um outro filho por vir!". Wilson ria ainda mais.
"Se você contar a alguém, ou comentar algo com Cuddy... Você nunca terá a oportunidade de ter um filho seu, se é que me entende".
O fato é que Wilson não o ajudou em quase nada, mas ele acatou a sugestão do amigo e mandou uma mensagem para Nolan, perguntando se podiam adiantar a sessão para segunda-feira.
De repende ele ouviu passos e a porta abrir. "House, o que você está fazendo aqui?".
"Eu... Eu vim ouvir uma mensagem de voz e não queria te acordar".
"Você podia ouvir isso na sala, em qualquer lugar...".
"Não sei... não pensei e entrei aqui... Talvez sinta falta de Rachel".
Cuddy se derreteu e o abraçou. "Alguma mensagem do hospital?".
"Não, Nolan. Ele pediu para adiantarmos a sessão dessa semana".
"Ele te pediu isso as três horas da manhã?".
"Não, ele me mandou ontem, mas só ouvi agora".
"E você não estava dormindo?".
"Acordei para ir ao banheiro".
"Então vamos voltar pra cama". Ela pegou a mão dele e o levou com ela.
Mas House conseguiu pegar no sono apenas perto das seis da manhã.
...
"Mamãe! House!".
Cuddy sentiu alguém pular na cama e acordou assustada.
"Rachel, cuidado com a perna de House". Ela respondeu atordoada.
"Desculpe!".
Mas House aparentemente ainda dormia e a menina estava bem longe de sua perna ferida.
Cuddy olhou para o relógio que mostrava 08:28.
"Filha é domingo. Por que você não dorme um pouco mais?".
"Quero comer!".
Aos domingos cedo geralmente Cuddy se dava ao luxo de dormir até depois das nove horas, as vezes acordava mais cedo e fazia sexo com House. Rachel dormia profundamente até perto das dez horas.
De repente Cuddy percebeu que ela havia deixado a filha na casa de Julia na noite anterior.
"Rachel, você não estava com a sua tia?".
"Sim, mamãe. Ela está na sala!".
"O quê?".
Cuddy se enrolou em um roupão pós banho e foi até a sala.
"Você devia esconder melhor sua chave da porta".
"Julia...".
"Eu ia para o supermercado e trouxe sua filha comigo"
"Ah, obrigada!".
"Eu tenho que ir, mana. Rachel se divertiu muito e nem percebeu que você a esqueceu". Julia riu.
"Fale baixo!".
"House está dormindo?".
"Não por isso... fale baixo pra Rachel não te ouvir".
"Ok, perdão. Eu vou... Tchau Lisa!".
"Obrigada Julia! Por tudo!".
E ela voltou para o quarto.
"Mamãe eu comi torrada com creme de avelã".
"Ok... Mas na próxima vez, não abra o quarto da mamãe assim e entre pulando na cama".
"Por quê?".
'Porque você pode nos pegar fazendo sexo', Cuddy pensou. "Porque você nos assusta, não é legal acordar assim. E pode machucar a perna de House. Na próxima vez, você pode bater na porta, tudo bem?".
"Tá bom mamãe".
Ela beijou a filha na bochecha. "Eu vou ao banheiro e já levanto para colocar o seu cereal. Me espere na sala, pode ligar a televisão".
"Eu quero ficar com House...".
"Ele está dormindo Rachel".
"Tudo bem".
"Não o acorde, tá bom?".
"Tá bom".
E Cuddy foi ao banheiro. Ela lembrou-se de que, após os eventos da madrugada, tinham voltado para a cama sem fechar a porta do quarto, ainda bem que nada acontecera, o risco seria enorme.
Cuddy escovou os dentes, fez xixi, penteou os cabelos desgrenhados e foi até a filha que encarava House com enorme admiração.
"Vamos comer?".
"Sim". A menina respondeu baixo para não acordá-lo.
O que não sabiam, é que House estava acordado atento a tudo. Ele sempre ficava impressionado e surpreso com a admiração e o carinho da menina por ele. Por quê? Ele não fazia ideia da razão que levava uma garotinha a se apegar a um velho ranzinza e manco.
Naquela manhã Rachel comeu seu cereal e assistiu a televisão junto com a mãe, eram os benefícios do domingo que Rachel amava.
House levantou apenas perto das onze horas.
"Olha o Belo Adormecido". Cuddy disse quando o viu entrar na sala.
Rachel riu alto. "Você dorme que nem um bebê".
Agora foi a vez de Cuddy rir.
"Muito engraçado, mas não temos café".
Cuddy quase vomitou só em ouvir aquelas palavras. "Eu não posso com café nessa fase...". Ela apontou para a barriga.
"Ok. Se importa se eu for tomar café em outro local?".
"Não... você pode ir". Mas ela ficou um pouco chateada sim, por que ele não podia beber outra coisa somente aquele dia pra ficar com elas?
"Eu volto logo...".
"Você vai assim?". Ela perguntou, pois ele estava com a roupa que dormiu ainda.
"Eu vou me vestir... Tomar um banho, talvez...".
"Seria bom".
Cuddy sentiu o coração apertar. House estava diferente desde a madrugada, ele mudara de ideia sobre a gravidez?
"Mamãe, olha esse pato que engraçado". Rachel apontou para um personagem de desenho na televisão e Cuddy tentou mudar seu pensamento.
Minutos depois, House se aproximou do sofá e deu um selinho em Cuddy. "Eu volto logo. É que dormi mal e não funcionaria sem um café".
"Você dormiu mal porque Nolan te acordou?". Ela tentou caçar alguma informação.
"Minha perna doeu um pouco". Ele mentiu. Ok, não que a perna dele não doesse, mas não houve nada além do usual.
"Por que você não me disse? Podíamos fazer algo a respeito".
"Você estava dormindo tão bem e dado... o seu estado é preciso um bom sono".
"Me chame da próxima vez".
"Ok". E ele saiu.
...
House bateu à porta da casa de Wilson.
"Já vai!". Wilson gritou de dentro quando ouviu as típicas batidas repetitivas de House.
"O que você quer?". Ele perguntou vestindo pijamas.
"Você transou?".
"O quê?". Wilson corou.
"Esse pijama azul é seu pijama pós coito".
"Eu não tenho um pijama pós coito". Wilson respondeu incomodado.
"Quem é?".
"Não te interessa".
"Então você admite que tem alguém na sua cama?".
"Você acha que só você transa?".
"Não me lembre desse fato gerador de problemas...".
"Ok, me dê um minuto". Wilson fechou a porta e House esperou, quer dizer... mais ou menos. "Wilson seu tarado!". Ele gritou.
Wilson voltou irritado. "Você é louco? Quer me expulsar do prédio?".
"Legal que você está mais preocupado em ser expulso do prédio do que com sua acompanhante pensando que você é um devasso".
"Cala a boca. O que você quer?".
"Queria uma companhia para o café, mas obviamente você está ocupado".
"E desde quando você se preocupa com minha vida?".
"Desde quando você não?".
"Ela está no banho, podemos conversar".
"Quem é ela?".
"Pensei que você queria falar sobre o feto crescendo na barriga de Cuddy...".
"Tem isso...".
"Isso é seu filho. Ou filha".
"Estou ferrado, Wilson".
"O que você disse a ela pra justificar que viria aqui?".
"Disse que ia buscar um café".
"E por que? Não tem café na casa de Cuddy?".
"Desde que isso a deixa enjoada, não...".
"Oh...".
"Eu não tenho escolha, Wilson. Ou eu fico ao lado de Cuddy ou ela me deixará".
"Cuddy sempre quis um bebê biológico".
"E eu nunca quis nenhuma dessas coisas".
"Acho que você será um grande pai".
House o encarou.
"Eu realmente penso isso".
"Você sabe de quase toda minha história. Você realmente pensa isso?".
"E por que não?".
"Porque você é louco. Porque você é um romântico incorrigível. Tanto que está com alguém aí dentro e tenho certeza de que já comprou um anel para...".
"Ela é uma colega de curso".
House ficou pensativo. "Que curso?".
Wilson se arrependeu rapidamente. "Curso de porcelana".
House arregalou os olhos. "Curso de porcelana?".
Wilson ficou em silêncio e House explodiu em risada. "Curso de porcelana? O que se faz em um curso de porcelana?".
"Pintura em porcelana". Wilson explicou resignado.
"E pra que você quer pintar porcelanas?".
"Lazer?".
"Wilson, eu não quero ser insistente, mas isso é tão... não másculo. Se você me respondesse que está nesse curso para conhecer mulheres, eu entenderia melhor".
"E veja bem quem está com uma mulher no meu quarto...". Wilson tentou contornar a situação.
"Pelo assunto envolvido no curso, eu imagino que seja uma mulher bem velha".
"James, você tem toalhas para enxugar o cabelo?". Ouviram uma voz ao fundo.
"Sim, sim. No armário do banheiro". Ele respondeu de volta.
"Pela voz diria que é uns dez anos mais velha que você".
"Oito apenas". Wilson respondeu.
House sorriu.
"Ela não é velha! E você precisa ir!".
"Ok... eu deixarei você pentear a crista de Hannah".
"Vai se foder!".
House resolveu parar para tomar um café antes de voltar pra casa, afinal, ele estava em jejum e muito sonolento.
Cuddy ficou muito incomodada com a conduta de House desde a noite anterior. Ela tentou se distrair brincando com a filha, mas foi inútil. A perna doendo era um sinal? House iria se fechar e afastar-se dela? Tantas inseguranças, tantas duvidas.
Uma hora e meia depois ela ouviu a porta abrir.
"Você demorou".
"Eu fui tomar café em um lugar muito... muito longe".
"Filha, por que você não vai ligar pra Lena?".
"Oba!". Lena era amiguinha de Rachel, a menina aprendeu a usar o celular da mãe pra ligar pra ela, mas só fazia isso quando a mãe autorizava. Quer dizer, na verdade ela fez algumas vezes quando Cuddy estava distraída, mas depois da bronca, aprendeu a obedecer.
"House, tem algo que precisamos conversar?".
"Sobre o que?". Ele se fez de desentendido.
"Sobre tudo! Eu estou grávida de um filho seu, eu sei que isso é inesperado e que é muito".
Ele respirou fundo, House não queria parecer um adolescente medroso. "Podemos processar a empresa responsável pela fabricação do DIU".
Ela franziu a testa. "Eu não vou processar ninguém e não é sobre isso que eu gostaria de falar".
"Claro que não...".
"House". Ela se aproximou dele o pegando pelo ombro. "Como você está lidando com isso?".
"Por 'isso' você se refere ao feto crescendo em seu abdômen?".
"Sim, e a potencial possibilidade dele vir a ser um bebê eventualmente".
"Eu... não sei".
"Ok... Vamos nos sentar". Ela o levou até o sofá. "Eu entendo, eu também levei dias pra tentar me acostumar e ainda não consegui".
"Eu... Não sei como ser um pai".
"Você é um pai pra Rachel".
"Eu não sou oficialmente o pai dela, torna tudo mais fácil. Os títulos sempre são um problema maior".
"Titulo é apenas um titulo".
"Não nesse caso. Titulo trás uma responsabilidade".
"E por isso sua dor na perna?".
Ele queria admitir que mentira, mas não teve coragem. "Talvez...".
Ela respirou fundo. "Eu não farei um aborto espontâneo".
"Eu sei". Ele respondeu com tranquilidade de quem nunca cogitou essa ideia.
Cuddy respirou aliviada. "Talvez meu corpo mesmo aborte...".
"Isso não irá acontecer".
"E como você tem tanta certeza?".
"Eu simplesmente sei".
"Intuição paterna?".
"Não...". Aquela palavra 'paterna' mexeu com ele.
"Vamos combinar assim... que tal irmos tocando a vida sem pensar muito nisso?".
"Como se eu não visse suas vitaminas na gaveta".
"Eu as coloquei ontem lá... Se quiser eu as tiro de lá".
"Não...".
"Eu digo... vou me cuidar e tomar as vitaminas, mas fora isso, vamos levando um dia por vez sem pensar muito na gestação. Que tal?".
"Será mais fácil antes de sua barriga crescer e me lembrar o que tem lá".
"Um dia por vez!".
"Ok".
"Ok. Que tal agora um almoço especial?".
"E o que seria isso?".
"Sair pra almoçar".
"Sério?".
"Podemos ir naquele restaurante aqui perto que você ama".
"O restaurante de churrasco?".
"Esse mesmo".
"Sério?". Cuddy odiava aquele restaurante.
"Sim, desde que você não me perturbe porque vou pedir a salada".
"Ok".
"Ok".
Continua...
