Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o cap.07, um novo arco começa , se vocês gostam da Solution, eu les trago um pouco dela.

Espero que gostem, comentários, teorias e análises são bem vindos.

Com vocês

Aquele que voltou

Capítulo 07: Solution na terra do racismo

Quase dois meses haviam se passado desde o envio das equipes de investigação. Os relatórios eram esparsos, pois a informações escassas dificultavam a busca por pistas.

Solution Epsilon era a mais preparada para investigar e se mostrou hábil ao juntar pequenas informações sobre o caminho seguido pelo "viajante". Assim que saiu da Grande Tumba, Solution pegou um portal até o Reino Anão e dela seguiu o rastro pelas vilas que ficavam entre as cidades, a primeira coisa que percebeu é que "Telcontar" mudou de nome ao chegar ao Reino Anão.

Na cidade de E-Libera foi fácil obter informações a respeito de um bardo que não usava instrumentos e apenas contava histórias – ele ficava geralmente na praça, entretinha as crianças de dia e os desocupados à noite, mas quando perguntavam o seu nome ele se chamou de Lovecraft, nome estranho para qualquer um, até mesmo chamativo, todos se lembrariam de um nome tão esquisito.

Nada de mais útil foi possível tirar de lá, apenas que ele ficou por uma semana e seguiu viagem. Na estalagem por onde passou pouco sabiam dele, fazia mais perguntas do que respondia, queria saber de histórias sobre tumbas, ruínas e reinos antigos, sem algo para aprender parece que ele desistiu e seguiu viajem.

Além de seu outro nome, Solution conseguiu confirmar a cidade de onde ele tinha vindo, E-Pespel. Ela passou novamente pelas pequenas vilas no caminho e notou uma inconsistência no tempo de viagem: somente se o viajante tivesse a sorte de conseguir carona todas as vezes que se locomovia pela estrada ele se moveria tão rápido e isso era improvável, ele chegava dias antes do que um viajante normalmente conseguiria fazer, era como se corresse o dia todo e só parava a noite, ou se nunca parasse de andar, nem para descansar ou comer, seria mais um indício de sua origem godkin?

Outra coisa que ela percebeu foi que o viajante não contava apenas histórias. Em uma vila, ele ajudou uma pessoa com a perna quebrada, apenas magia de cura de baixo nível para cicatrizar a fratura, mas no resto do ferimento ele usou um tipo de emplastro, sem ervas, apenas um papel com escritas estranhas, colado sobre o ferimento e que segundo o aldeão, levou um dia para curar o que normalmente levaria semanas. Ao pedir se o aldeão havia guardado tal "amuleto", assim como foi chamado pelo velho senhor, ele disse que após sair da perna o item simplesmente se queimou, indicando que era realmente mágico.

Analisando tudo isso Solution concluiu que ele podia usar magia de Nível 1, mas o amuleto era algo desconhecido. Ela sabia que pergaminhos de mensagem e de cura maior assim como os talismãs que Entoma usava queimavam, e que as curas podiam ser administradas pelo poder da mana por clérigos ou por qualquer um com poções, mas usar um amuleto que ficava colado por tempo indeterminado e que demorava a fazer efeito era ineficiente e desconhecido para a plêiade.

Em E-Pespel foi um pouco mais difícil de conseguir informações sobre o viajante, pois apenas uma pequena parcela da população tinha lembranças dele, mas após um pouco de persuasão alguém lembrou aonde um viajante falador havia se hospedado. Ele manteve o modus operandi, se registrou em uma estalagem próxima à praça como Lovecraft, passava o dia nas praças conversando e a noite nas tabernas. Solution imaginava que se você buscava informações sobre um lugar perigoso, seria mais discreto, por isso ela começava a investigar na periferia, mas ele sempre ia direto ao centro das cidades, parecia querer chamar o máximo de atenção e não se mostrava preocupado com a possível ligação entre a Nazarick da história e o Reino Feiticeiro. Como alguém assim passou despercebido pelas equipes de observação?

Mesmo após reunir o máximo de informações nessa última semana, não foi possível determinar de onde ele veio. Nas vilas circundantes e nas que seguiam para a Teocracia ou o Reino Dracônico, Solution não conseguiu nada, parecia que ele havia ignorado tais lugares, então as únicas indicações eram as que ele mesmo havia fornecido: as capitais dos reinos. Solution pediu autorização para avançar diretamente para a capital da Teocracia Slane, Kami Miyako, e agora ela precisava realmente mostrar as suas habilidades.

Ao chegar à capital, a Plêiade imediatamente sentiu a mudança de atitude dos moradores, todos pareciam agir como se fossem superiores aos outros, não apenas com outras raças o que era obvio em se tratando dos elfos, todos maltratados e com orelhas cortadas nas pontas, mas entre si também, não era apenas o classismo comum, bastava ter a cor do cabelo errada ou falar diferente que você era tratado de forma pior que o normal e aparentemente em uma sociedade escravagista esse pensamento era fomentado e incentivado pelo governo e pelos templos. Ela queria queimar tudo ali.

Seguindo o padrão do viajante, Solution foi direto às praças da cidade, mas esta era uma capital gigantesca e uma das mais antigas, com vários distritos comerciais, então tudo precisava ser verificado discretamente. Fingindo estar procurando seu irmão sumido, ela usou o retrato falado e procurou por contadores de histórias, mas não obteve sucesso. Enquanto isso, alguns moradores dos bairros menos favorecidos a olhavam de forma estranha, como se reconhecessem alguém.

Solution passou a usar um manto com capuz sobre a roupa curta de aventureira, o que pareceu ter o efeito contrário do que ela pretendia, algumas pessoas ficavam assustadas quando a viam, então ela tentou sorrir, mas desistiu depois que os primeiros fugiram mais rápido ainda.

Seu tempo estava acabando, ela sabia disso. Fazer perguntas era arriscado aqui, mesmo alguém procurando um irmão perdido era informação, e informação nessa cidade era vendida nas esquinas. Em certas ocasiões ela teve que ser até mesmo mais do que persuasiva com os informantes, um ou dois deles e alguns guardas tiveram que sumir, afinal uma garota precisa comer, por isso em poucos dias já se tinha boatos de algo caçando nos becos.

O rastro havia esfriado totalmente, então só quando ela chegou a uma das regiões comerciais mais afastadas do centro é que houve um reconhecimento - "Estranho" - pensou Solution, desconfiada. Nessa cidade, o viajante parecia não querer chamar a atenção, o modus operandi tinha mudado! Contudo, intensificando a desconfiança da Plêiade, o reconhecimento não foi de um bardo, mas sim de um dono de taberna.

A taberna em questão se chamava "A Besta" e havia sido vendida há mais de um ano, sendo que o atual proprietário reconheceu o retrato como o do antigo dono.

— Sim, eu conhecia o TW há anos, acho que eu era o amigo mais antigo dele, mas não sabia que o nome dele era Lovecraft! Era um cara falador, cheio de histórias pra contar, nenhuma delas sobre ele.

— Veja, esse pode ser o meu irmão, ele está sumido há vários anos, um marido ciumento o perseguiu e ele deve ter mudado de nome algumas vezes, assim perdemos contato… – disse uma Solution com um jeito meigo nada característico.

— Eu entendo, isso não parece com algo que ele faria, realmente não me lembro dele tendo mais que algumas noites com alguém, mas sempre foi respeitoso com as mulheres. A Sylvia aqui já trabalhava na taberna antes de mim e ela disse que TW nunca tentou algo com ela, ele falava que relacionamentos no trabalho nunca acabam bem – articulou o taberneiro apontando para a jovem que terminava de limpar as últimas mesas.

— Você é meio elfa, mas sem orelhas cortadas, é mesmo uma escrava?

A jovem olhou com desconfiança, viu o taberneiro acenar com a cabeça em aprovação e então falou.

— Sim… mais ou menos. Fui comprada há vários anos pelo TW, eu era uma criada em uma das casas um pouco mais abastadas da região. Tive sorte, meu dono nunca havia abusado de mim e estive lá por quase toda a minha vida, então quando ele morreu haviam dívidas que o resto da família resolveu pagar vendendo todas as coisas, sendo eu uma dessas coisas.

— Uma meio-elfa intocada valia uma boa quantia em dinheiro. Eu estava sendo preparada para ir a leilão quando TW apareceu, ele me viu em pânico, em uma cela como todas as outras elfas que seriam vendidas, então ele falou algo com um dos vendedores, parecia se conhecerem, mas não havia gentileza um com o outro. O vendedor bufou, xingou e então se virou para mim, abriu a minha cela e falou que hoje era meu dia de sorte, me entregou e pegou uma bolsa de moedas dele com o que deveria ser o preço mínimo por mim em um leilão, o vendedor disse que a dívida estava paga e que nunca mais queria ver ele ali.

— TW me levou pelas ruas segurando a corrente sem dizer uma única palavra, me trouxe até a taberna e trancou a porta, assim que ele se virou sua atitude mudou.

— Achei que seria ali que eu seria devastada, estava pronta para isso, me fingi de forte na verdade, ele sorriu, tirou a corrente e me pediu para sentar, eu sentei no chão como um bom escravo, ele correu até mim e disse "não, aqui dentro você senta na cadeira", eu fiquei confusa, ele queria brincar comigo!?

— Então ele começou a falar como odiava este lugar e o que faziam com as pessoas, eu me perguntei quais pessoas, parecia que ele tinha lido a minha mente, olhava e apontava pra mim enquanto gesticulava "pessoas".

— Ninguém tinha me chamado de pessoa antes, éramos coisas, objetos, bens a serem usados, foi aí que eu chorei, chorei com se tudo na minha vida tivesse vindo de uma vez, aquele simples ato rompeu a barreira que eu tinha levantado, ele apenas ficou ao meu lado segurando a minha cabeça, então quando eu parei de chorar ele disse "Chá?" e me ofereceu uma xícara.

— As primeiras semanas foram constrangedoras. Eu tentava fazer algo ao meu novo mestre e ele me afastava, dizia que não era para chamar ele assim dentro da taberna, lá fora precisávamos manter certa aparência, mas não na taberna ou a sós, eu perguntava por que ele estava fazendo tudo isso e ele me falou que não podia salvar todos os elfos, mas se ele pudesse salvar apenas um já teria valido a pena morar naquele lugar.

— Uma vez ele tentou me mandar em uma caravana para Re-Estize, que era para eu me separar dela assim que estivesse fora da Teocracia, eu recusei, implorei para ficar, não poderia deixar ele sozinho com esses monstros – continuou a meio-elfa.

— O TW sempre foi cuidadoso sobre como agir com os elfos – interrompeu o taberneiro – todos que frequentavam a taberna tinham alguma coisa contra a forma que os elfos eram tratados, mas a maioria não tinha como fazer algo, apenas pequenas ajudas e gentilezas, eu depois que assumi mantive as coisas do jeito dele.

— "TW", o que significa, e se posso perguntar, porque ele vendeu a taberna?

— Ah, não faço ideia do que quer dizer TW, as iniciais do seu nome acho eu, mas ele nunca falou e nem perguntamos, e a taberna não foi vendida, ele a perdeu – disse o proprietário sorrindo com grande orgulho.

— Como assim? Não entendo… – questionou Solution se fazendo de desentendida, uma das maneiras mais fáceis de conseguir informações era deixar as pessoas se gabarem.

— Olha foi assim: na última semana ele vinha reclamando do clima da cidade, desde que o tal Rei Feiticeiro apareceu, todo mundo parecia apreensivo e irritado, menos os adoradores de Susharna, esses estavam extasiados, parecia que o filho ou o pai de deus havia descido a terra para guiá-los.

— TW dizia que já era hora de se mudar, na verdade eu sei que ele estava preocupado, como se alguém o estivesse seguindo. Então uma noite enquanto a gente jogava cartas, eu estava sem emprego fazia semanas, minhas economias estavam na mesa de jogo, era a última chance de conseguir algo para me sustentar por um tempo, só tinha eu e ele, o resto já tinha ido embora, foi então que ele apostou a taberna. Sabe, tinha bastante dinheiro no jogo, mas a taberna era demais, eu sabia que ele podia estar blefando, mas ele nunca blefou, nem uma vez, eu era amigo dele, mas tava com uma mão muito boa e pensei "Ah! Que se dane, depois eu peço emprestado pra ele".

— Então eu ganhei, foi incrível! Ele nem titubeou, sorriu pra mim, me deu um abraço e disse que só ia pegar umas coisas e que já ia embora. Antes de ir ele me pediu como favor que eu não jogasse mais, pois eu era péssimo nisso, que cuidasse da Sylvia e da "Besta", se despediu de nós e foi embora.

— Eu fiquei aparvalhado, parecia que ele tinha planejado tudo, eu não tinha nada e agora era dono duma taberna.

— Não sei o que dizer sobre isso – 'acho realmente que ele planejou uma fuga bem em cima da hora' – pensou Solution – mas do jeito que vocês falam, não ficam preocupados de eu contar toda essa maneira "diferente" de lidar com os elfos? Com certeza isso pode trazer problemas se os templos souberem.

— Sabemos disso, mas ele deixou isso bem claro quando foi embora, "se alguma garota me procurar, conte a minha história e não esconda nada, diga que fui embora, vocês estarão seguros" e sabe de uma coisa, você é a segunda garota a procurá-lo, será que virão mais?

— 'Segunda garota? Será que era a pessoa que o estava seguindo? Por que deixar essas informações e ordens?' – essas e outras perguntas passavam pela cabeça de Solution.

— Como era a tal garota que o procurou antes, será que ele estava com problemas de novo?

— Não posso dizer muito sobre ela, usava capuz, mas, com certeza, era menos simpática que você. Queria saber onde ele estava, para onde tinha ido, de onde ele veio, todas as perguntas que eu não sabia responder, quase tive a cabeça cortada, ela era muito forte, por sorte a Sylvia veio em meu socorro. A garota estranhou um "escravo" defendendo seu "dono", a Sylvia contou a mesma história para ela, isso pareceu mudar o humor da garota, então ela foi embora.

— Então TW esperava que ela viesse atrás dele e vocês contaram a mesma coisa para mim só porque sou uma garota procurando por ele – 'coincidência, talvez' – pensou Solution.

— Obrigada pela ajuda, talvez eu consiga encontrar o meu irmão fora das terras da Teocracia. Desejo uma boa sorte para vocês dois. – disse a Plêiade ao ver que a meio-elfa segurava a mão do taberneiro com mais intimidade que um empregado normalmente teria.

Ao sair da taberna, Solution colocou seu capuz. Nesse momento, ela sentiu uma presença e imediatamente soube que alguém a estava observando, sutilmente, mas para ela a sensação era bastante perceptível.

Seguindo pela rua, Solution foi em direção a um dos becos. Ao chegar lá, alguém falou.

— Então é realmente você! Quem poderia imaginar isso!?

— 'Com quem ela está falando?' – pensou Solution.

— Nunca imaginei que depois de tudo você voltaria a esta cidade… Clementine!

— 'QUEM?!'