_ Mas parabéns por ser um nível zero. - Papai era rápido em mudar de assunto. _ Nunca vi um bruxo com tamanho poder. - Seu olhar e palavras demonstravam desejo e quase tentei me afastar de sua presença.

_ Deveria me sentir feliz por ser um nível zero? - Afinal, o que realmente significa?

_ Significa que você é tão poderosa quanto a Merlim. - Little lord poderia escutar os meus pensamentos? _ Não, não posso escutar os seus pensamentos, só sei disso porque você é bastante óbvia. - Franzi o cenho.

_ Tem certeza? - Sorriu enigmático.

_ Tenho. - Engoli em seco. _ Mas seria uma coisa boa se pudesse escutar.

_ Por quê?

_ Sempre que você precisasse de mim, saberia. - Alisou meu rosto. _ E poderíamos conversar pela mente. - Essa ideia não era ruim, mas não sabia o que pensar sobre isso.

Ele descobriria tudo que tento esconder em tantas gavetas em minha mente, e não sei se fugiria ou me olharia com pena, mas sei que tinha medo da resposta que teria.

Porém, ele era uma mina de respostas para todas as minhas perguntas, ou não...

_ Estamos conectados pelo feitiço, mas não sei como, você sabe? - Meus pais nos olhavam, tentando saber o que estávamos conversando tão intimamente.

_ Não, ela não me contava nada. - Apertou meu queixo. _ Era apenas uma pessoa que fazia o que ela mandava. - Seus olhos ficaram frios. _ Mas ela nunca me escutava e nunca me falava o que sentia, ou como se sentia com tudo. - Encostou sua testa na minha. _ Preciso dizer...

_ Não queremos ver isso. - Olhamos para ele. _ Não façam isso na minha frente, ou matarei esse homem. - Sinalizou.

_ Mon coeur! - Estava indignada e até pensei que bateria nele. _ Não fale assim com o namorado de nossa filha.

_ Não estamos namorando. - Dissemos.

_ O quê? - Perguntaram.

_ Só estamos nos conhecendo, se vai dar certo ou não, depende de tudo. - Fui simples na minha explicação.

Mesmo sabendo que todo o meu corpo o queria e que meus sentimentos até o momento só o desejavam, sabia que não poderia brincar com os sentimentos alheios como se fossem uma peça para montar e desmontar.

Tom Riddle era mais que um simples Lorde das Trevas, era alguém que me deixava sentir o que era ser viva.

_ Não gosto de pessoas baixinhas. - Zombou, me fazendo retornar para a conversa atual.

_ Olha aqui, seu poste ambulante, você quer morrer? - Agarrei sua camisa e o aproximei.

_ Estou doido para morrer nas suas mãos. - Sussurrou no pé do meu ouvido: _ Porém, prefiro quando puder me satisfazer dentro de você. - Mordeu minha orelha.

Minhas bochechas queimavam e queria me enterrar em um canto deserto, mas tudo que fiz foi apoiar minha testa em seu peito, torcendo que meus pais não estivessem ouvindo...

Mas as minhas bochechas entregavam o tipo de conversa que estávamos tendo.

_ Fingirei que não estou vendo essa interação. - Fiquei examinando quantos botões tinham a camisa do little lord, enquanto recuperava a compostura.

_ Bom. - Bateu as mãos, as unindo e agradeci por isso. _ Vocês devem estar felizes por serem nível zero, é o nível mais alto. - Mamãe tentou retomar o assunto, o que

_ Mas não acho isso tão interessante, não ganharei um dragão ou algo do tipo, só tenho mais magia que o normal. - Já estava ficando melhor. _ Não acho isso impressionante.

_ A coelhinha tem razão. - Sempre tenho. _ Ter magia demais pode ser prejudicial. - O olhamos. _ Pode ter um desequilíbrio de magia e o núcleo dela pode acabar rachando. - Agarrou meu ombro. _ Ela pode acabar morrendo e não queremos isso, ou queremos?

_ Você está dizendo que quero matar a minha filha? - Foi ríspido e grosseiro.

_ Não falei nada disso, senhor. - Molhou os lábios com a ponta de sua língua, o que poderia ser nada, mas dizia muito sobre o rumo dessa conversa.

Ele estava sério e podia até sentir sua magia saindo um pouco de seus dedos, mesmo desligando essa função do meu corpo, podia ver a névoa densa e negra ao seu redor, acariciando minha pele.

Até a sua magia gostava de mim...

_ Mas a coelhinha é o núcleo principal da guerra e se algo acontecer a ela, não ficarei parado.

Pensei que fosse ele o núcleo principal, então por que mudou para mim?

_ Está me ameaçando? - Little lord sorriu e disse em um tom preguiçoso.

_ Estou ameaçando o mundo. - Semicerrou os olhos. _ Se tocarem na minha coelhinha, não será apenas a sua guerra que acabará sem vencedores.

_ Ela é minha filha, eu...

_ E se precisasse da morte dela para vencer a sua guerra? - Prendi a respiração. _ Você não a mataria? - Sabia o que ele queria dizer, mas não queria acreditar.

_ Desistiria da guerra no minuto que alguém me falasse uma baboseira dessa. - Ficaram se olhando.

_ Guarde suas palavras, Grindelwald. - Suas palavras estavam recheadas de magia. _ Não quero matar o meu futuro sogro como matei em minhas outras vidas.

_ Está dizendo que vendi a minha própria filha? - Até a mamãe estava confusa. _ Como poderia fazer algo desse tipo? - Franziu o cenho.

_ Não estou dizendo que vai acontecer isso, é apenas uma suposição. - Mas não é uma.

_ Não é uma suposição. - Mamãe falou séria. _ Aconteceu isso e você só está tentando saber a nossa reação para começar a dar o seu primeiro passo. - Por isso que sempre preferi ela.

_ Aquela mulher conheceu o senhor duas vezes. - Cerrou os punhos. _ E todas às vezes você a vendeu. - Estavam incrédulos.

_ Essa acusação é muito séria, senhor Riddle. - Isso não vai parar até que um se renda e sei que nenhum deles vai balançar a bandeirinha.

_ Como a sua noiva mesma disse. - Pontuou cético. _ Não é uma suposição e não é uma acusação, você fez isso e não quero que repita, estou apenas avisando. - Ergueu um pouco o queixo, o fazendo se sair como superior a tudo isso.

_ Quer que juremos que nada vai acontecer com a mon bijou? - Concordou e neguei.

_ Não vou deixar que vocês jurem. - Nunca faria isso com eles. _ Isso é errado e não vou deixar. - Observei os três, sentindo o aperto em meu ombro.

_ Mas...

_ Eles são os meus pais e se eles me venderem, tanto faz. - Já fui vendida uma vez, e não morri. _ Não sou uma pobre coitada que precisa que eles jurem, posso dar conta de qualquer coisa.

_ Tem certeza? - Quase uniu as sobrancelhas e seus lábios se tornaram um por alguns segundos.

_ Não estou mais sozinha. - Ficou surpreso e sorriu.

_ Você nunca esteve sozinha. - Sim, nunca estive. _ E nunca estará. - Beijou minha mão e girou o anel no meu dedo, me lembrando de algo.

Esqueci de colocar o curativo, mas isso não importa muito.

_ Cada meia palavra, eles terão esse ar de romance em volta deles? - Ri e o olhei.

_ Você e a mamãe são iguais. - Pontuei o obvio.

_ Somos noivos. - Revirou os olhos, cruzando os braços. _ Sem juramento?

_ Sem juramento. - Sorri.

_ Bom, como sabemos que a minha filha é tão poderosa que poderia me matar. - Não que eu vá fazer isso. _ Quero saber de você, você me ameaçou, ameaçou o pai de sua possível namorada...

_ Você vai me negar a mão de sua filha? - Zombou, beijando minha cabeça. _ Posso roubá-la bem debaixo do seu nariz e você nem vai perceber.

_ Você já fez isso. - Pior que fez. _ Acha que fiquei feliz dela indo toda noite para um lugar que desconheço? - Você conhece...

_ Fiquei muito feliz a vendo diariamente. - Falou enquanto me olhava. _ Ainda mais quando dormia ao meu lado. - Pensei que temia a morte. _ Quando sentia o cheiro dela e beijava suas mãos. - Sorriu. _ Você fez um ótimo trabalho, senhor. - Piscou.

_ Santo Merlim. - Ele não teme mais a morte.

_ O que queremos saber é... - Apertou a mão do papai para que não matasse o meu possível namorado. _ Quais são suas intenções com a nossa filha? Percebemos que você poderia matar todos para protegê-la, mas não queremos ouvir algo que até mesmo a gente faria.

_ Não poderia dizer que são as melhores, porque acho que isso é muito vago e ela não merece apenas uma meia dúzia de palavras jogadas ao vento para que vocês aceitem o que já temos.

_ Não temos. - Revirou os olhos. _ Mas continue.

_ As minhas intenções é nunca a abandonar como sei que ela pensa que farei no minuto seguinte. - Bufei.

_ Você é realmente irritante. - Sabe de tudo sem que precisasse falar.

_ Tive que aprender a ler os mínimos sinais, ou nunca saberia nada sobre você. - Mas não sou elas... _ Felizmente você só esconde algumas coisas, não é como elas. - Beijou minha testa, me fazendo sentir meus olhos arderem pelo ato.

_ Devo ficar vendo isso? - Piscamos e o olhamos. _ Continue. - Cruzou as pernas.

Arrumei-me no sofá e o little lord me puxou para mais perto, algo que poderia ser considerado impossível.

_ Quero que ela não tenha mais medo do escuro por causa daquele imbecil do Potter. - Apertei sua roupa. _ Ou que tenha um sono tão leve que até mesmo se me mexer na cama ela acorde. - Segurou minha mão. _ Quero ser o melhor para ela. - Olhou-me, apertando meus dedos. _ Quero passar cada segundo da minha vida ao seu lado.

Meu coração não batia rápido como se fosse um tambor, era calmo e não me trazia ansiedade, me trazia tranquilidade. Era como se tivesse jogado uma pedra no lago, mas não fez nenhuma onda.

Eu era esse lago, mas a pedra se afundou e balançou toda a plenitude que era o fundo, a fazendo se alojar na areia que tinha em mim.

Mas ficou ali, parada, era um pouco incomoda, mas nada que fizesse a tiraria dali.

Porque não tem nada em mim, não tem peixes, não tem sereianos e nem mesmo uma lula gigante, sou vazia, ou era para ser, já que tenho uma pedrinha no fundo do meu peito.

Ela dói, me faz senti-la a todos os momentos e não posso arrancar meu coração do peito para tirá-la, porque sei que se eu tirar, meu coração será roubado como já foi.

_ Ela pode não o querer depois de se conhecerem, o que vai fazer? - Retomei a realidade e fiquei olhando o papai, esperando a resposta do little lord.

_ Poderia dizer que não ligo, mas apenas em pensar que aquele Black foi apaixonado por ela, quero invadir aquela casa e matá-lo. - Trincou a mandíbula. _ Mas não se preocupe, seria incapaz de machucá-la, mas nada me impede de matar a pessoa que quer a tirar de mim.

Rostinho bonito; palavras ácidas e verdadeiras, mas é sanguinário como Voldemort... Tudo que pensei em 993, nem precisei intervir, ele já é tudo isso e mais um pouco.

_ Faço de suas palavras as minhas. - Fiquei sem entender. _ Se algum desgraçado tentasse roubar a Vinda de mim. - Uau, isso me impactou. _ O mataria sem pensar duas vezes.

_ Mon coeur! - Estava corada e parecia apenas uma menininha que acabou de ser elogiada pelo menino que gostava.

Ela poderia ser a mãe que poderia me amar em qualquer ocasião, me ajudar a preparar comida para o homem ao meu lado e se sentir envergonhada por um elogio, mas também poderia ser a segunda no comando.

E que não deixaria ninguém falar mal do seu senhor, que sempre estaria ao seu lado e lutaria pelos seus ideais e crenças.

Ninguém é tão ardiloso quanto pensamos e nem tão bom quanto imaginávamos.

Acho que não preciso falar sobre adoção de sangue com eles, não preciso ter o mesmo sangue para ser filha dela.

_ Não se preocupe, querida. - Deu belo sorriso. _ Não farei nada. - Tenho minhas dúvidas.

_ Estamos esquecendo de algo importante. - Mamãe mudou de assunto. _ O que aconteceu em Hogwarts, mon bijou? - Merda.

_ Coisas. - Muitas coisas. _ Mas vocês não têm nada...

_ Não temos nada para se preocupar? - Ficou irritado e apenas girei o anel no meu dedo. _ Ficamos preocupados quando soubemos que você estava no meio daquelas pessoas.

_ Resolverei isso, mas não agora. - Continue olhando para eles, não olhe para o lado ou será pega na mentira.

_ Leesa...

_ Se você não quer falar da guerra. - Tinha que ser firme. _ Não quero falar desse assunto com vocês. - Apenas continue. _ Aconteceu algo e não saí machucada. - Tom cutucou a minha costela e repensei minhas palavras. _ Não tanto e estou bem, tudo dentro do possível e podemos mudar de assunto?

_ Tem dedo do Dumbledore? - Perguntou irritado. _ É por isso que você não quer falar?

_ Não direi. - Girei o meu anel mais uma vez e respirei fundo.

_ Não seria melhor deixar que ela resolva isso? - Tom entrou no meio. _ Aconteceu com ela e ela que deveria resolver. - Você não falou isso quando aconteceu. _ Se ela vier pedir ajuda, você ajuda.

_ Olha aqui, seu moleque. - Encolhi meu corpo pelo grito. _ Você está...

_ Não grite, estamos conversando feito pessoas civilizadas e se você quer se rebaixar como aquele que você tanto gostou, não posso fazer muito. - Ficou incrédulo e tive que apertar seus dedos.

_ Little lord...

_ Você quer motivo suficiente para Dumbledore acusá-lo, ou descobrir que a Leesa é sua filha e acabar com todos os planos que ela teve que sacrificar tanto para concluir? - Ficamos sem reação. _ A partir de 1945, a guerra não é mais sua, Grindelwald. - Ninguém nunca me protegeu tanto assim. _ E se você fizer algo que prejudique a guerra da minha coelhinha, o matarei novamente.

Ele enlouqueceu!

_ Você gosta de me ameaçar? - Papai não se portava mais com dignidade e soberania, parecia tanto uma pessoa comum

Diferente do little lord que se sentia em seu trono e sorria como se não temesse a varinha das varinhas. Demonstrava tanta tranquilidade que não sabia o que falar.

_ Meu divertimento preferido é irritar a coelhinha, não ligo muito para você. - Beijou minha bochecha. _ Queria tanto beijar em outro lugar, mas beijasse, não sei se poderia parar de me deliciar com os seus lábios. - Falou rente aos meus lábios.

_ Little lord... - A minha voz se perdeu no meu peito.

_ Queria ouvi-la falando isso enquanto a fodo. - Tocou meu queixo. _ Mas escutar isso nessa circunstância é bem fofo. - Merlim, ele não tinha senso de onde estávamos.

_ Você não tem respeito...

_ Certo. - Bufou. _ Não respeito e não tenho nenhum sentimento por você, mas preciso ter boas relações com o senhor.

_ Isso são boas relações? - Isso estava bom demais.

_ Pelo menos não o matei. - Deu de ombros. _ Sabe, não preciso de uma varinha para matar uma pessoa, ainda mais uma inútil que nunca será verdadeiramente fiel a você. - Examinou a varinha das varinhas.

Antes que começassem as tentativas de assassinato, olhei para a mamãe e ela me olhou.

_ Hoje é véspera de Natal, como o papai prefere comemorar. - Não sei o motivo dele não gostar do Yule. _ O que teremos? - Sorri, tinha que mudar de assunto para não começar uma Terceira Guerra Mundial.

_ Ainda não tive tempo para escrever uma lista ou preparar algo...

_ Então eu e o little lord. - Apontei para nós. _ Podemos ir ao mercado comprar as coisas que acho que seriam necessárias para a ceia, que tal?

_ Excelente. - Levantou-se. _ Verei se o Penny tem algo em mente e digo quando você colocar o sapato. - Puxou o papai para sair da sala.

_ Ótimo. - Levantei-me do sofá e puxei o little lord pela mão.