Olá Pergaminhos e Nazarins, trazendo outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Começa a luta das Rosas Azuis.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 83: A Batalha das Rosas
A cidade de Hoburns está cercada, um exército inimigo está acampado à sua volta aguardando o sinal para invadir. Após o atentado ao Rei Santo, agora os portões também estavam sendo acossados.
Havia quatro portões na cidade, todos protegidos pelo exército real. Quatro inimigos atacariam esses locais, quatro Sentinelas de Néia se dirigiam para lá e cinco Rosas Azuis os acompanhavam a fim de ajudar na proteção. Apesar da matemática dizer que os defensores estavam em maior número e vantagem, a realidade insistia em não concordar.
Lakius caminhava pelas ruas; faltavam apenas algumas quadras para ela e Marin chegarem ao Portão Sul.
Neste momento, ouviram uma série de estrondos; nada neste mundo fazia aquele som.
— Pelos ossos de sua Majestade, o que é isso?!
Os estrondos prosseguiram com luzes indo em direção a uma pequena figura voadora que mergulhou em seguida. Depois disso, houve o som de uma explosão.
— Um ataque, o palácio está sendo atacado, a Sem Rosto está sendo atacada por alguém — respondeu Lakius, dando um passo de volta ao centro.
— Mas o que faria esse barulho?
— Eu... eu acho que sei, mas ele não deveria estar aqui.
— Quem?
— Meu tio, ele faz parte da Red Drop, o grupo de aventureiros Adamantite.
— O Aventureiro Performático? Ele é famoso por ter armas estranhas, arcos que disparam milhares de flechas mágicas. Todo arqueiro já ouviu essas histórias. Tem certeza de que pode ser ele?
— Não, mas eu já vi a arma de que você fala. Ele as mostrava para mim quando eu era criança, isso me fez querer ser aventureira. Mas não é um arco, é algo mecânico, dispara pedaços de metal aos milhares, empurrados por magia e que fazem esse mesmo barulho. Mas... por que ele estaria atacando o Reino Santo?
— Talvez ele foi contratado.
— Talvez, mas o homem que eu conhecia era preguiçoso demais para entrar em uma guerra. Poucas histórias épicas são contadas sobre os aventureiros que entraram nelas, ele preferiria ser o ator principal em uma aventura.
— Não importa quem seja, a senhora Néia precisa de nossa ajuda — disse a Arqueira de Balestra.
Marin começou uma corrida junto com Lakius, mas ambas pararam ao ouvir os gritos vindos da direção oposta.
— Os portões, os portões estão sob ataque, o que vamos fazer? — perguntou a Cavaleira.
— Vamos fazer o que fomos incumbidas de fazer, Lakius. Devemos proteger os portões. Minha senhora pode ser capaz de se proteger, mas de nada adiantará se a cidade for invadida.
As duas correram na direção de onde vinham os gritos e, ao chegarem lá, se depararam com o lugar quase vazio. Algumas pessoas pareciam penduradas em vários pontos da rua, sob prédios, postes e janelas, como se tivessem sido arremessadas.
Na frente do portão havia apenas uma única pessoa, um guerreiro de armadura, com cabelos longos e segurando uma lança.
...
Sobre os telhados da cidade corriam três figuras em direção ao Portão Leste, duas delas eram pura graça e habilidade, enquanto a outra mal conseguia acompanhar.
— Esperem — bufava o menino — esperem, eu preciso respirar.
— Você escutou as explosões, e agora você pode ouvir os gritos, não é mesmo, menino ladrão?! — disse Tia.
— E rosnados, parece o som de várias feras. Não podemos descansar, menino ladrão — completou Tina.
— Meu nome não é menino, eu me chamo Rapushin. De nada adianta se a gente chegar cansado.
— Só você está cansado, menino ladrão — disseram ambas.
— Vocês falam "ladrão" como se não fizessem o mesmo que eu — resmungou o menino sentado no chão, enquanto recuperava o fôlego.
— Nós não somos ladras, somos agentes altamente especializadas na infiltração, retirada e eliminação, somos ninjas — disseram as gêmeas.
— Vocês invadem, roubam e matam, não vejo diferença entre fazer isso nas ruas ou em um palácio — ele falou, se pondo em pé.
— Não batemos carteiras — disseram elas, começando novamente a correr em direção ao portão.
— Qual o problema de bater carteiras? — resmungou o menino, partindo logo atrás.
Quando finalmente Rapushin alcançou as gêmeas, elas estavam na beira do prédio mais próximo da muralha, observando a cena abaixo.
No chão, os gritos de dor e desespero enchiam as ruas. Dezenas de animais perseguiam os soldados que tentavam proteger o portão em vão. Eles estavam sendo massacrados por matilhas de lobos, ursos, tigres e répteis parecidos com crocodilos.
Em meio à confusão, apenas uma pessoa parecia calma, um homem usando um manto, pele clara como leite. Seu cabelo era loiro cortado curto em forma de cuia com uma franja.
— Aquele parece ser quem controla os animais. Como ele faz? — perguntou para si mesma Tia.
— Adestramento? Controle mental? Não importa, basta matar ele — respondeu Tina.
— Acho que a gente precisa olhar mais eeee... lá vão elas — tentou argumentar o pequeno ladrão.
Ambas as ninjas correram pelo topo do prédio até o ponto mais próximo e, ao mesmo tempo, arremessaram várias kunais em direção ao mestre das feras.
Todas as lâminas estavam envenenadas e iam em direção aos órgãos vitais de seu alvo, causariam a morte pelo menor arranhão, mas nenhuma o atingiu. Foram bloqueadas por morcegos que passaram voando e caíram mortos aos pés da pessoa.
O homem parecia nem se perturbar com o ataque, apenas virou o seu olhar sério para cima, encarando as gêmeas no topo do edifício, como se sempre soubesse onde exatamente elas estavam.
...
— Turu ru rur ru — cantarolava Gargaran enquanto caminhava em direção ao Portão Oeste ao lado do Monge que usava luvas pesadas de metal.
— Eu preferia ser acompanhada pelo seu amiguinho, você é muito quieto, é o tipo do caladão sério — brincou a mulher.
— Eu sei o que você preferiria fazer com ele, por isso eu que vim com você.
— Oras, uma garota pode ter suas preferências, não é mesmo?! Além do mais, ele parece novo demais até para mim.
— Não tenho muita certeza disso. Rapushin fala como adulto, ele diz que as ruas envelhecem as pessoas mais rápido, isso é verdade, mas tenho as minhas dúvidas sobre ele.
— Quer dizer que ele pode ser das raças pequenas, mesmo sem orelhas pontudas ou pés peludos, humm interessante.
— Não foi o que eu quis dizer — Brutt falou em um resmungo — se você quer viver desse jeito, é problema seu, mas não chegue perto dele.
— Por que se incomoda com quem eu fod* - Gargaran falou de forma rude e desagradável.
— Porque eu sei o que você está pensando, sei porque você faz isso e sei onde isso vai te levar.
— Você não sabe de nada — grunhiu a Guerreira Pesada.
— Então você não fica fazendo essas brincadeiras tolas apenas para disfarçar o incômodo com você mesma e as decisões que já tomou? Não fica entrando em relações vazias apenas para não se apegar a ninguém e, quando faz, procura sempre pessoas menores que você, apenas para se sentir no controle da sua vida bagunçada, debochando sempre que possível para esconder seu medo e o quanto você se sente frágil!?
— Bobagem — disse Gargaran, olhando para o outro lado.
— Claro. Sabe, eu estava falando, mas era mais sobre mim, eu vejo muito de mim em você, porque eu já fui assim.
— Assim como? — resmungou a mulher.
— Eu vivia dessa mesma maneira, fazia as mesmas piadas e agia da mesma forma, até que cheguei onde eu não queria estar. Me vi sozinho, abandonando todos à minha volta, me meti com drogas e quase fazendo algo que me faria arrepender para sempre. Eu precisei de ajuda, alguém para conversar e sair de onde eu fui parar. Eu não tinha mais ninguém e tinha magoado demais as pessoas, a vergonha do que me tornei me isolou mais ainda, isso até alguém aparecer e me ajudar. Então, se precisar, eu estou aqui.
A guerreira parecia que iria dizer algo quando várias pessoas ou pedaços delas passaram voando pela rua à sua frente.
A Guerreira Pesada e o Monge viraram a esquina e encontraram o exército atacando um homem grande que empunhava dois escudos, mas ele não os usava apenas para sua defesa.
A cada movimento de seu braço, soldados eram espancados e arremessados aos pedaços para longe quando atingidos.
Neste exato momento, Néia estava sendo atacada no centro da cidade.
...
Próximo ao Portão Norte, uma dupla bastante diferente chegava.
Uma delas era uma beleza exótica, alta, de pele morena, cabelos negros, roupas esvoaçantes e atitude alegre. Já a outra pessoa era baixa, loira, de roupas escuras de maga que cobriam a maior parte de sua pele, com uma máscara em seu rosto e, ainda assim, parecia emburrada.
— Vamos, minha pequena amiga, o que está te aborrecendo?
Evileye não expressou nenhum som até que.
— Como você sabe que estou... aborrecida?
— Eu posso sentir, sou uma barda e sei ler o público. Sei do que precisam e sei que música dançar por eles e para eles.
— E que dança você dançaria por mim?
Godia olhou a feiticeira por um momento e então estremeceu.
— E-eu deveria fazer algo alegre... mas eu só consigo pensar em uma dança triste, sombria, perigosa e antiga, secular. O-o que é você?
— Algo que você não precisa saber.
— M-me desculpe por me intrometer, eu sou uma sensitiva, então às vezes é difícil saber o limite.
— Não se preocupe, em sua defesa eu sempre estou de mau humor.
Neste momento, Godia parou. Faltava apenas uma esquina para chegarem ao portão, mas algo a assustou.
— O que foi?
— Eu sinto morte, a dor e a morte de muitas pessoas, todas ao mesmo tempo. Como se uma centena de pessoas entrassem em agonia e, em um único instante... se calassem.
— Onde?
— Em frente ao portão... e lá! — apontou em direção ao centro, de onde agora vinha o som de sucessivos e incontáveis estouros.
— Estamos mais perto do portão, vamos olhar primeiro aqui — disse Evileye.
Ao chegarem no local, encontraram toda a guarnição morta. Nenhum deles parecia ter tentado se defender. Alguns estavam no mesmo lugar onde deveriam montar guarda e, apesar disso, uma centena de pessoas foram mortas ao mesmo tempo.
Caminhando despreocupadamente por entre elas estava uma pessoa jovem, quase uma criança. Ele usava uma roupa pomposa com um chapéu de plumas, em sua mão uma espada redonda sem fio, com um padrão espiral pintado em todo o seu comprimento. A única função da arma parecia ser perfurar, algo bastante ineficiente, e, apesar disso, o jovem mantinha um sorriso desdenhoso.
— É o Turbulência Temporal — murmurou Godia.
— Você conhece ele?
— Ele é um agente da Teocracia, tem sua fama no submundo. Ele... — Godia engasgou e tossiu sangue.
Em sua barriga havia um buraco que a atravessava de um lado ao outro e uma grande mancha vermelha que aumentava.
Evileye pegou em seus braços a Barda que desmaiava, então olhou para o Turbulência.
O menino nem mesmo parecia ter se mexido do lugar, apenas seu sorriso tinha ficado maior.
— Pelos demônios, o que aconteceu? — murmurou a vampira.
...
Nota do Autor
Olá, como viram as peças estão no tabuleiro e tentarei fazer com que as lutas sejam interessantes e diferentes.
Nesta parte eu introduzi quatro novas frentes de batalha em um único capítulo, para fins de dinâmica os próximos terão apenas duas lutas por vez.
Sobre as classes dos personagens eu estou nomeando elas como as conheço, como no caso de Brutt que é um Monge, um lutador que usa os punhos, então para diferenciar de um monge, um religioso, eu coloquei o título em maiúscula.
Se tiverem dúvidas basta mandar que respondo em algumas horas no máximo.
