Cap. XVI – Coisas de família

As próximas horas foram de puro terror para House. A família de Cuddy toda reunida em volta dele e do bebê.

"Ele é lindo! Olha esse beicinho". Júlia dizia.

"Eu quero segurar!". Rachel exigia.

"House, ajude ela com o bebê!". Cuddy pediu o despertando do estado de transe.

Então ele sentou a menina na poltrona e colocou Sam com cuidado nos braços da irmã.

"Ohhh", todos acharam a coisa mais fofa e Wilson tirava fotos, muitas fotos.

"Isso é inacreditável!". Wilson dizia sem parar em meio aos cliques das fotografias.

"Samuel se parece com meu avô".

"Por favor Arlene, meu filho acabou de nascer e já precisa ouvir uma sandice dessas". House reclamou fazendo todos rirem.

"Pois ele era um homem muito bonito".

"Mamãe, ele se parece mais com Greg". Julia falou.

"Oh não, ele tem o nariz da família Cuddy".

"Por favor não!", House disse com tanta naturalidade que fez Cuddy se incomodar.

"Você acha meu nariz feio?".

"Não foi isso o que eu quis dizer…".

"Bebê House já causando a discórdia no mundo, tudo conforme o esperado". Wilson falou.

"Você não tem família?". Agora era Arlene quem provocava House. "Onde eles estão agora?".

Cuddy arregalou os olhos, "você contou pra sua mãe?".

"Sim… sim… ela está vindo pra cá". House respondeu incomodado.

"Finalmente vou conhecer a mãe". Arlene falou satisfeita.

House revirou os olhos, aquilo seria doloroso.

"Posso carregar meu neto outra vez?".

"Não!". Rachel contestou. Ela não queria soltar o irmão e House conteve uma risada.

"Rachel, deixe os adultos segurarem Samuel". Arlene insistia.

"Não. É meu irmão!". A menina teimava e House adorou isso.

"Rachel, você terá bastante tempo com ele". Arlene teimava.

"Não!".

Todos riram exceto Arlene.

"Vocês estimulam esse comportamento insolente".

Então chegaram mais e mais visitas. Amigos de Cuddy, gente do hospital. Ela começou a ficar cansada e Sam também.

"Acho que é a hora de darmos um tempo". House disse.

"Sim, a mamãe e o bebê precisam descansar". A enfermeira concordou.

"Você fica comigo?". Cuddy pediu para House enquanto segurava a mão dele.

"Claro".

Rachel, muito relutante, foi pra casa com Júlia. E todos seguiram seu caminho deixando apenas o casal e o recém-nascido para trás.

"Esse sofá cama não deve ser muito confortável para a sua perna".

"Fique tranquila que não vou morrer pra ficar aqui uma noite".

Ela respirou fundo, "penso que será mais do que uma noite…".

"Tudo bem".

Samuel dormia em um berço ao lado da cama de Cuddy. E ela ficou admirando o filho.

"Ele é perfeito!".

"Você ainda não o conhece, deixa a adolescência chegar".

"Você entendeu o que quero dizer… fizemos algo tão perfeito juntos".

"Sim". Ele respondeu se rendendo ao fato.

"Quando passamos aquela noite em Michigan eu jamais podia imaginar que um dia nosso amor estaria consolidado em outro ser humano".

"Isso é romântico até para os padrões Wilson".

"Cala a boca!". Ela riu. "Eu… eu estou sentimental".

"Eu sei… é natural".

"E não me diga que são os hormônios apenas, é tudo… isso é mágico!".

House se aproximou da cama. "É tudo muito louco".

"Exatamente".

"Você não está apavorada?".

"Demais!".

Eles riram e Cuddy ficou calada de repente.

"Nesse momento eu estou me lembrando daquela epidemia que tivemos na maternidade anos atrás. Eu estou morrendo de medo". Cuddy disse enquanto pegava no braço do namorado com força.

"Aquilo foi algo específico e não vai acontecer agora".

"Como você tem certeza?".

"Porque ninguém vai entregar nenhum cobertor, coberta, urso de pelúcia ou qualquer outra coisa para nosso filho sem que eu autorize".

Ela riu. Era lindo vê-lo protetor.

"Então fico mais tranquila com você aqui".

"Pode dormir em paz que estarei alerta".

Ela sorriu, "eu te amo tanto".

"Eu também te amo".

Ele deu um beijo doce na bochecha da namorada e logo Cuddy pegou no sono.

House não, ele ficou acordado encarando sua cria e muito pensativo. Por ora seria mais simples, o bebê estaria com eles, onde fossem e totalmente a mercê dos pais, mas a vida mudava as coisas, e quando esse ser tivesse independente e consciência própria? Ele não poderia protegê-lo de tudo sempre. E isso o apavorou.

No meio da noite Cuddy despertou.

"House… você está dormindo?".

"Mais ou menos… aconteceu alguma coisa?".

"Eu preciso de você comigo".

"Eu estou aqui, não saí daqui".

"Eu digo… aqui na cama comigo. Faz tempo que não ficamos juntos, você estava longe... nas Bermudas".

"Eu posso te machucar".

"Essa cama aguenta muito mais peso do que nós dois juntos e você não vai me machucar".

Ele a olhou desconfiado.

"Só por alguns minutos. Por favor!". Ela insistiu.

E se alguma enfermeira entrar aqui para te medicar?

"Eu sou a reitora desse hospital e isso precisa valer alguma coisa".

"Finalmente tomando proveito da situação". Ele disse bem humorado a fazendo rir.

"Venha logo!".

Ele se deitou ao lado dela com muito cuidado por ela e pela sua perna.

"Como está a perna depois da viagem e de tudo?". Ela se preocupou.

"Se me der um pouco do seu remédio pra dor ajudaria...".

"Dói muito?". Ela se preocupou.

"Já tomei o Ibuprofeno".

"Precisamos cuidar melhor da sua perna".

"Não vamos falar disso agora, por favor".

"Ok". Ela concordou e se aninhou nos braços dele.

"Sinto saudades de Rachel. Queria ela conosco".

"Logo estaremos em casa".

"Sam está dormindo tanto".

"Ele mamou há duas horas, se esforçou bastante para um recém-nascido".

Cuddy havia amamentado seu filho pela primeira vez. Ela tinha tanto medo de não ter leite, mas isso não foi um problema da primeira vez.

"Eu fiquei tão feliz em poder amamentá-lo".

"Espero que ele saiba que é apenas um empréstimo. Podíamos revezar, ele fica com uma mama e eu com a outra".

Cuddy fez cara de nojo. "Eca!".

"Leite é leite!".

"House, você nem pense em chegar perto de meus seios enquanto amamento".

"Mas mãe!".

"Eu quero um namorado e não um segundo bebê".

"Mas você bebe meu leite…".

Cuddy deu um tapa no braço dele. "Isso foi nojento".

"Você não pensa assim…".

"Você está tirando todo o romantismo do momento, pare já!". Ela disse rindo.

"Ok".

Ficaram em silêncio. Ele a abraçando cuidadosamente pelas costas, transpassando seus braços pelo abdômen dela com muita delicadeza.

"Até quando você pretende amamentar?". Ele perguntou e ela sorriu.

"Preocupado?".

"Eu quero minhas coisas de volta, sou muito ciumento e possessivo".

"Até do seu filho?".

"Só há espaço para um homem quando se trata de seus seios".

"Pois agora você aprenderá a abrir mão de muita coisa em prol de seu filho".

"Uh… estou percebendo".

Ela sorriu. "Eu te amo!".

House respirou fundo. "Me lembrei de uma música agora".

"Ah é? Qual música?".

"All I ever wanted, all I ever needed is here in my arms. Words are very unnecessary, they can only do harm". Ele cantou baixo no ouvido dela.

"Eu amo essa música!".

"Faz sentido".

"Eu amo que você tenha se lembrando dela agora".

"Eu te amo!". Ele disse enquanto beijava os cabelos dela.

Cuddy virou o pescoço e beijou a boca dele. Um beijo quase casto, mas que demonstrava o amor que sentiam um pelo outro.


No dia seguinte Blythe chegou, para o desconforto do filho.

"Bom dia".

"Mãe?".

Ela pegou House acariciando os cabelos de Cuddy, o que causou um enorme constrangimento nele.

Logo cedo Cuddy o pediu para ajudá-la a se arrumar, prevendo as visitas que receberia. Ele a ajudou a lavar o rosto, pentear os cabelos, escovar os dentes e aplicar batom.

"Preciso de um creme hidratante facial e uma base".

"Sim porque eu vou sair comprando maquiagens em uma loja qualquer".

"Traga pra mim! Eu tenho em casa".

"Cuddy, eu nem vou saber identificar o que é o que".

Por ora ela havia se contentado com o batom…

"Greg, Lisa…".

"Olá senhora Blythe". Cuddy tentou se ajeitar na cama, ansiosa e nervosa por finalmente conhecer oficialmente a sogra.

"Oh querida, estou tão feliz por vocês!". A senhora a cumprimentou com um beijo e também ao filho.

"Apesar de Greg não ter me dito nada, eu adoraria ter participado da gestação".

"Mãe…". Ele contestou.

"É verdade".

Cuddy o encarou. "Eu tentei fazer ele te contar".

"Oh, eu imagino querida, mas conheço meu filho".

"Ok, se é pra falarem mal de mim, eu vou tomar café".

"Não senhor!". As duas responderam ao mesmo tempo e depois sorriram com a sincronia.

"Você fica!". Cuddy ordenou.

House respirou frustrado.

"Oh… que menino lindo!". Blythe disse ao olhar o neto no berço.

"Lindo e esfomeado!". House informou, afinal, Sam acordou de hora em hora para ser amamentado.

"Puxou ao pai então", Blythe disse. "Você era um saco sem fundo. Comia muito. Transpirava demais, eu não podia cobri-lo com nada. E também nasceu tão careca quanto Samuel".

"Sério?". Cuddy perguntou curiosa, amando saber mais sobre o namorado.

"Oh sim, querida. Ele não tinha um único fio na cabeça, logo depois começou a ganhar cabelos loiros. Ele foi loiro até os oito anos de idade".

"Loiro, loiro?". Cuddy perguntou amando aquelas revelações.

"Loiro, loiro. Depois o cabelo começou a ganhar um tom mais castanho".

Cuddy sorriu.

"Sam me lembra muito Greg bebê", a mulher disse admirada.

"Quer segurá-lo?". Cuddy ofereceu.

"Eu não quero acordá-lo".

"Logo ele acordará pra mamar, ele é como um relógio suíço". House informou.

"Tudo bem".

A mulher o retirou do berço com muita delicadeza. "Há quanto tempo não carrego um recém-nascido. Nunca imaginei que carregaria um neto…". Ela estava emocionada de fato.

"Isso faz de nós dois!". House disse.

"O que é isso?". Eles ouviram a voz de Arlene.

"Bom dia, mãe". Cuddy respondeu.

"Quem é essa velha carregando meu neto?".

"Mãe!". Cuddy queria morrer.

Blythe assustou.

"Mãe, essa é a minha querida sogra", House disse em tom de deboche.

"Desculpe senhora Blythe". Cuddy falou muito envergonhada.

"Como eu poderia saber?". A mulher tentou se justificar. "Pensei que estavam sequestrando meus neto".

Cuddy revirou os olhos.

"Sim porque eu não podia imaginar que existia uma mãe para Gregory".

"Lá vem!". Ele reclamou. "A culpa sempre caí para o mais fraco".

"Eu sou Blythe, mãe de Greg. Muito prazer!". A senhora educada disse.

"Ok, desculpe pelo mau jeito".

House arregalou os olhos surpreso.

"É que como nunca a havia visto antes…". Arlene provocou.

"Me verá muito a partir de agora". Blythe respondeu notando a acidez daquela senhora.

House bufou frustrado. Isso era tudo o que ele não queria: Blythe presente na sua vida.

"Você será sempre bem vinda, senhora Blythe". Cuddy comentou educada.

"Oh querida, me chame só de Blythe, por favor".

Cuddy sorriu e House queria sair correndo de lá. Ele odiava esses eventos familiares com todas as suas forças.

"Ok, tudo muito lindo, mas agora me deixe segurar meu neto!". Arlene falou enciumada.

"Desculpe…". Cuddy disse para Blythe.

"Desculpe por eu pedir pra segurar meu neto?". Arlene perguntou indignada.

"Deixa pra lá… Claro que a senhora pode segurá-lo". Blythe disse entregando o garoto para ela.

"Ele não acordou mesmo com tudo…", Cuddy disse surpresa.

"É o sono tranquilo dos inocentes". Blythe falou e Cuddy sorriu.

De repente ouviu-se passos rápidos e uma voz infantil familiar.

"Mamãe, quero ver meu irmão!".

"Rachel!".

Blythe olhou surpresa e House esclareceu. "Essa é Rachel, irmã mais velha de Sam".

"Oh! Eu não sabia que Lisa tinha uma filha".

"Na verdade nós temos". Cuddy corrigiu.

A mulher olhou chocada, seu filho havia escondido esse fato dela?

House puxou a mãe de lado e explicou a situação.

"Que maravilha! Uma neta! Ganhei dois netos de uma vez".

"Tecnicamente…". House ia dizendo mas parou, afinal, ele era a figura paterna de Rachel, sobretudo agora com a chegada de Sam. "Sim… Rachel, essa é minha mãe". Ele apresentou.

"Você tem uma mãe?"

Todos riram.

"Eu falei… até a menina concorda". Arlene o provocou.

"Sim Rachel, eu não sou filho de chocadeira".

A menina ficou confusa.

"Muito prazer Rachel, eu sou Blythe, Mas pode me chamar de vovó".

A menina olhou pra mãe confusa.

"Filha, a mãe de House também é sua avó". Cuddy explicou.

"Eu tenho outra avó?".

"Sim, você tem duas avós!".

"Que legal!".

"Importante saber que eu sou a avó número um". Arlene falou. "Afinal, estou aqui desde o começo".

Ninguém respondeu…

"Me dê Sam!", House pediu para Arlene.

"Não, é a minha vez!". A mulher contestou.

"Vou deixar Rachel segurar o irmão".

"Espere!".

House queria arrancar o filho daquela mulher.

"Tudo bem, eu sou a próxima!". Rachel disse mais madura do que a avó.

"Impressionante!". Cuddy falou.

A mulher ficou segurando o garoto por mais alguns segundos, só para não dar o braço a torcer. E depois o entregou para House.

House colocou Rachel sentada na poltrona que havia no quarto e cuidadosamente deixou Sam no colo dela.

O menino abriu os olhos e encarou a menina.

"Uau, ele tem olhos cinzas".

"Sim, os bebês tem olhos dessa cor. Depois eles mudam". Cuddy explicou.

"Ou não, ou ele será como um lobo pelo resto da vida". House falou.

Rachel olhou preocupada.

"Ele está brincando". Cuddy disse para tranquilizar a filha.

Blythe não disse nada mas ficou observando, era mesmo o filho dela? Ele interagia de forma tão natural com Cuddy e com a menina, o coração de Blythe estava explodindo de felicidade e por um momento ela desejou que John estivesse lá para ver isso.

Os dias no hospital foram um martírio para House. Dormir naquela poltrona fez sua perna doer mais do que o normal. Ou seria a coisa toda familiar? O ir e vir de parentes e amigos? O fato é que ele estava muito irritado e sua perna latejava muito na manhã em que Cuddy recebera alta.

"Você está bem?". Ela percebeu.

"Podemos apenas entrar em casa e nos trancar lá? Não receber visitas de ninguém?".

"Você sabe que minha mãe quer dar o primeiro banho".

Ele bufou e puxou a perna.

"House… eu vou falar com ela".

"Eu só quero um pouco de paz. Tivemos uma criança e não um animal de zoológico".

"Eu sei". Ela pegou na mão dele sabendo como aqueles dias tinham sido difíceis para ele. Toda aquela socialização.

Seu time também havia ido conhecer Sam, ficaram encantados com o bebê. Wilson chamava o garotinho de: O milagre de House.

Quando entraram no carro a caminho de casa, até a dor na perna deu uma leve melhorada.

"Vou avisar à todos que estamos fechados para visitas". Cuddy disse.

"Você está bem? Seus pontos?". House perguntou notando que ela fez um semblante de dor.

"Tudo bem". Na verdade tudo estava ótimo, afinal, ela voltava pra casa com seu filho e House. Rachel seria levada até eles por Júlia e tudo o que ela queria era que a família ficasse a sós.

"Eu sei que você precisará de ajuda por conta dos pontos, mas eu prefiro te ajudar a ter Arlene em casa".

Ela sorriu. "Eu também".

"Ótimo!".

Cuddy evitou perguntar sobre a perna dele, pois sabia que ele odiava tal indagação. Ela observaria.

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Chegaram em casa e Sam logo foi levado para seu berço. Cuddy desmanchou um escritório que mantinha em casa para transformá-lo em um quarto para o menino. Colocou papel de parede, tirou o carpete, comprou cortinas azuis e alguns itens decorativos, além de um guarda roupas que também podia ser usado como trocador de fraudas. Tudo de qualidade e extremamente caro. Mas o pequeno quarto ficou lindo. No processo Rachel ficou enciumada, e Cuddy também fez algumas melhorias no quarto da filha.

"Você precisa de algo? Se incomoda se eu deitar um pouco?".

"Claro que não, Vá descansar! Eu também já vou".

E ele deitou na cama confortável tão desejada nos dias anteriores. Tomou um Ibuprofeno e dormiu profundamente. Quando Cuddy entrou ele já dormia, ela aproveitou o sono do filho e dormiu também. Por pouco tempo, uma hora depois Samuel queria se alimentar. Ela, pra não acordar House, fez tudo sozinha mas notou que precisaria de ajuda…

A tarde chegaram Rachel e Marina. Cuddy pediu que Marina viesse ajudá-la. Ela sabia que Marina seria menos incômodo para House do que sua mãe.

Blythe havia voltado pra casa com a promessa de que viria ver o neto em breve.

"Cadê o bebê?".

"Está dormindo, filha. Deixe-o dormir. Ele precisa dormir bastante pra crescer". Cuddy explicou para a garotinha.

"Eu posso ver ele?".

"Claro!".

E a menina ficou encantada com o bebê que dormia no berço. "Ele é tão pequeno!".

"Por isso ele precisa crescer bastante"

"Eu era assim?".

"Sim, era desse tamanho".

"Eu cresci muito!".

Cuddy sorriu. "Sim, você está enorme!".

"E House?".

"O bebê dois está dormindo também". Cuddy falou divertida.

"Mas ele não pode crescer mais, ele já é muito grande".

Cuddy riu. "Adultos não crescem mais".

"Eu ainda vou crescer?".

"Sim, você é criança ainda".

"Que bom! Porque eu quero ficar grande que nem ele".

"Não sei se você crescerá tanto assim, mas você crescerá mais. Fique tranquila". E ela beijou a cabeça da filha.

House despertou horas depois.

"House!". A menina correu pra ele.

"Filha, cuidado com a perna dele". Cuddy a alertou preocupada. "Você sabe que precisa tomar cuidado".

"Eu sei, mamãe". A menina disse. Parou e com a maior delicadeza o abraçou.

House franziu a testa tentando esconder um sorriso. "Você está a todo o vapor?"

"O que é isso?".

"Quer dizer que você já está toda agitada".

"O que é isso?".

Cuddy riu.

"Quer dizer que você está toda brincalhona. Correndo e animada".

"SIM!". A menina gritou.

"Filha, você vai acordar o seu irmão".

De repente um choro estridente de recém-nascido.

Cuddy respirou cansada.

"Eu vou buscá-lo". House disse.

"Tem certeza?".

"Você não dormiu nada…".

Mas Marina apareceu para ajudar. "Eu o pego!".

House franziu a testa.

"Ela veio pra nos ajudar". Cuddy esclareceu.

"Só me avise… eu poderia estar nu".

"Não você não poderia. Rachel…".

"Também não sabia que ela estava em casa já".

"Por segurança, nunca ande nu em casa".

"Isso é claustrofóbico".

"Ficaremos nus no quarto trancado".

"Melhor!". Ele fez cara de malícia.

"Daqui a alguns dias". Ela o alertou.

"Mãe!". Ele reclamou.

Mas Marina chegou com o pequeno para ser alimentado.

Os próximos dias passaram tão insanamente rápido quanto rápidas eram as horas que eles dormiam. Sam era esfomeado e acordava de hora em hora. Até Rachel reclamou do choro do irmão.

Arlene respeitou, com pesar, o distanciamento nos primeiros dias, mas na semana seguinte ela ia diariamente para desgosto do casal. Ela criticava tudo o que faziam, inclusive Marina, mas tratava o neto com veneração extrema, afinal, era o varão da família.

Blythe apareceu após duas semanas e ficou em um hotel próximo por três dias, para poder participar da vida do neto, House esperava que ela não aparecesse sempre com tanta frequência. Wilson os visitava assiduamente também, sempre levando algum presente.

"Wilson, você é fofo mas não precisa trazer um presente sempre que vier". Cuddy disse simpática.

"Claro que não! Essa casa já é pequena, daqui a pouco seus presentes ficarão e a família sairá". Arlene complementou para desgosto da filha.

"Mãe!".

"Eu só falei verdades".

"Me desculpe!". Wilson estava muito constrangido.

"O veneno da aranha má". House falou divertido.

"Olha quem fala…". A senhora respondeu.

"Eu posso levar de volta o que trouxe e que não for útil".

"Então é tudo… pra que seria útil esses bichos de pelúcia?".

"Mãe!".

"Pra você sentir o que passo…". House falou para o amigo.

Depois disso Cuddy limitou as visitas de sua mãe. A senhora ficou muito irritada, mas Júlia tentou amenizar a coisa toda.

"Eles são uma família tentando se ajustar a vida com duas crianças, você precisa dar espaço pra eles".

"Eu sou avó".

"Eles são os pais". Júlia dizia.

"Ele é meu único neto homem".

Então Júlia engolia o orgulho e vaidade para entender que sua mãe era difícil e não estava menosprezando suas filhas, apenas… não sabia se comunicar. "Ele não vai sumir de lá, só dê um tempo para eles. Vá visitá-lo uma vez na semana e não todos os dias".

Inútil apelo, a mulher continuou incomodada. Até o rabino conversou com ela. House não suportava mais olhar pra ela, ouvir a voz dela. Cuddy se viu obrigada a preservar sua família e seguia firme em seu propósito.

Com o passar do tempo a senhora acabou aceitando a situação, sem nunca assumir nada, simplesmente a coisa começou a mudar. Ela aparecia uma vez na semana, as vezes nem isso.

Enquanto isso... Samuel crescia saudável e ainda muito careca. Não havia sequer um cabelo naquela cabecinha lisa. Cuddy começou a se preocupar e o levou para uma geneticista contra os apelos de House. Nada errado… era questão de tempo até que o primeiro fio surgisse e surgiu… para surpresa para Cuddy: um fio loiro apareceu. Muito loiro.

Continua...


Música citada no capítulo:

Enjoy the Silence - Depeche Mode