Olá Pergaminhos e Nazarins, chegamos a o fim de outra luta em minha fanfic Aquele que Voltou.
Habilidades são postas a prova e Lakius tem um confronto que não pode vencer.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 88: O Segredo da Arte / Veja a Luz
Portão Leste
A luta em frente ao portão havia se tornado frenética, com uma grande quantidade de feras correndo de um lado para o outro, tentando matar pelo menos uma dúzia de ninjas. Quaiesse não estava feliz com a situação; para cada garota morta, outra surgia. Apesar de suas feras cumprirem suas ordens, ele ainda usava o chicote com força e frequência, a sensação de autoridade ajudava a manter sua concentração.
Um dos basiliscos conseguiu abocanhar Tia, ou seria Tina? Não importa, porque no momento em que mastigava a garota, sua cabeça explodiu.
- SÃO ARMADILHAS! SUAS CRIATURAS ESTÚPIDAS! NÃO TENTEM COMÊ-LAS, APENAS MATEM! - gritava o teocrata, chicoteando os animais que estavam próximos.
A Cocatriz, uma ave muito rápida, correndo por entre as lutas, finalmente conseguiu usar seu olhar petrificante em uma das ninjas, que virou pedra apenas para, no momento seguinte, ser esmigalhada pela Mantícora.
- SIM! ATAQUEM JUNTOS, USEM FORMAÇÃO PARA CERCÁ-LAS! - ordenou o Exército de um Homem Só, novamente estalando o chicote.
Quando uma das aventureiras conseguiu uma abertura pelas suas costas, Quaiesse a chicoteou, então a nuvem de morcegos desceu e a destroçou.
Do alto do prédio, Rapushin olhava tudo. Até agora não tinha sido perturbado, era como se o ignorassem propositalmente.
- Não sou uma ameaça - disse ele, vendo a nuvem de morcegos - eles são os olhos do Cabeça de Cuia. O que eles veem, de alguma maneira, deve ser passado para ele, então, para eles, sou apenas um curioso.
Meses atrás, como todos os outros Sentinelas, ele recebeu os mesmos presentes de sua instrutora: anéis de resistência e pulseiras de força. Além disso, um item exclusivo que melhoraria seu desempenho: ele ganhou um manto de ocultação.
Para o desagrado de CZ, Rapushin se recusou a usar qualquer um dos presentes. "Isso vai me fazer ficar mole", disse ele. "Os outros podem tirar proveito dessas coisas, mas, se eu usar por alguns meses, assim que ficar sem algum, vou virar um alvo fácil; terei perdido a prática. Não posso depender delas", um argumento que CZ no final considerou lógico. "Além do mais, onde já se viu um mendigo usando um manto de Véu da Noite?!", disse o menino, vestindo trapos sujos ao sair para uma missão.
Agora, andando até a beirada, ele viu que talvez pudesse fazer um salto de confiança, caindo sobre o teocrata, mas a distância era muito grande, seria apanhado no meio do caminho ao ser percebido como agressor. Precisava continuar a ser subestimado.
Rapushin aproveitou uma corda que se estendia até a muralha. Caminhou sobre ela até chegar à passarela e começou a descer, parecendo uma criança curiosa. Com um olhar de admiração, chegou a um ponto logo acima do teocrata, mas, para sua sorte, escorregou e caiu de costas... exatamente onde queria.
Como um gato, ele se virou em plena queda e, no último instante, puxou sua faca, que continha veneno mortal. Mas, antes que pudesse acertar o homem, este o agarrou no ar, fazendo sua faca escapar ao ser apanhado.
- Você achou que podia me esfaquear, seu ladrãozinho?! - Quaiesse disse enquanto segurava o menino pelo colarinho.
O ladino tentou se livrar apenas para ter seu pescoço apertado pelas mãos do teocrata.
- Eu particularmente não gosto disto, mas terei o prazer em te estrangular, moleque - ameaçou Quaiesse.
Rapushin sufocava, batia suas pernas e chutava, apenas para seus golpes serem bloqueados pelas vestes mágicas. Tentava se soltar do aperto, mas suas mãos eram fracas demais.
- Ablururan! - murmurou o menino.
- Hã?! -respondeu o teocrata, aproximando sua vítima para entender o que ele havia dito.
- PFRRRR! - Rapushin fez o som de peido, colocando a língua para fora, e com um sorriso cuspiu no rosto de Quaiesse. - PTUUH!*
Instintivamente, o Exército de um Homem Só jogou o menino no solo e tentou limpar o rosto. Ele sabia que ladrões e pivetes podiam ter todo tipo de coisa escondidas na boca: venenos, ácidos. Algo assim podia ter sido cuspido, mas levou alguns segundos para perceber que era apenas... catarro.
- VOCÊ VAI MORRER, SEU MERDINHA! MATEM! - ele esbravejou para seus animais.
As criaturas pararam de perseguir as ninjas.
- O QUE ESTÃO ESPERANDO? EU MANDEI MATAR! - Quaiesse gritou, estalando seu chicote.
Os lobos começaram a se aproximar, assim como as outras criaturas.
- PAREM! SE AFASTEM! EU MANDEI PARAR! - gritou ele, apontando as mãos para suas criaturas, até que percebeu.
Rapushin, que estava se arrastando pelo chão, se virou e com um sorriso e mostrou sua conquista.
- EI! CABEÇA DE CUIA! Acho que você perdeu algo! - zombou o menino com um punhado de anéis nas mãos.
- VOCÊ! VOCÊ NÃO PODE, NÃO SABE COMO CONTROLÁ-LOS!
- Nem preciso, eles se lembram de você.
Os animais, mostrando os dentes e rosnando, cercaram o teocrata, mas, antes que os lobos o pegassem, um tigre abocanhou sua cabeça, derrubando-o para um festim sangrento.
Todas as ninjas sumiram em explosões de fumaça, enquanto a maioria das criaturas fugia para o ar, pulava os muros ou se escondia no esgoto.
Rapushin se levantou e caminhou até uma sombra. Duas figuras caíram logo atrás dele.
- Isso foi esperto, talvez tenha algo...
- ... para aprendermos ainda - disse Tina, completando a frase de Tia.
- Garotas, o segredo está nos pulsos - disse o batedor de carteiras, girando as mãos com os dedos cheios de anéis.
Portão Sul
A luta de Lakyus não estava indo nada bem; ela estava enfrentando um dos maiores guerreiros da Teocracia.
Os únicos que podiam rivalizar com ele dentro das escrituras eram Zesshi Zetsumei e aquele conhecido como O Humano Mais Forte.
Apesar de a Cavaleira estar dando tudo de si, o Lanceiro não parecia precisar fazer um esforço muito grande.
Marin estava em uma das janelas, observando e esperando outra abertura para poder usar suas flechas especiais. Quando viu Lakyus em uma disputa de força com o homem, ela aproveitou a oportunidade.
O Lanceiro estava segurando o golpe de Lakyus, ela insistia em tentar empurrar a lâmina contra a haste da lança. Foi aí que ele percebeu a estratégia: uma dúzia de flechas caíram.
Com graça e habilidade, o teocrata se desvencilhou de Lakyus, girou sua arma e rebateu todas as flechas, menos uma. Aquela, por estranho que pareça, se moveu mais rápido do que as outras, uma flecha preparada para enganá-lo.
Sem nem mesmo se importar com o ferimento, ele jogou sua lança na direção de onde vinham os disparos. Marin teve apenas tempo de saltar pela janela quando o quarto onde estava explodiu com o impacto.
Rolando sobre o outro telhado, ela se levantou e começou a atirar novamente enquanto corria, buscando outro ponto de proteção. Mas o teocrata, com um gesto de mão, fez sua lança magicamente retornar.
Pegou-a em pleno ar e a girou sobre a cabeça em tal velocidade que parecia um disco, então a arremessou mais uma vez.
Como uma serra circular, a lança passou pelo prédio onde Marin corria, fazendo um corte de um lado ao outro. Quando retornou, o edifício já desabava; a arqueira não pôde ser vista em lugar algum.
Após recuperar sua arma, o Lanceiro arrancou a flecha que estava cravada em seu ombro, bem entre as placas de sua armadura divina. Ela emanava uma aura dourada.
- Magia Arcana, onde será que ela conseguiu algo assim? - disse, quebrando a flecha. - Desista, Lakyus! Você não pode vencer um descendente direto dos Seis Deuses. Esta, é a Lança de Britomart, você nunca superará esta arma divina.
- Se fosse para me intimidar com cada um que diz ser perigoso, eu nunca teria saído da minha casa.
- Palavras de bravura, mas você tem força para sustentá-las?
- Sim, eu as tenho, pois sou Lakyus Alvein Dale Aindra, descendente e herdeira do Cavaleiro Negro, e esta é sua espada demoníaca, KILINEIRAM! -gritou a cavaleira, levantando a arma.
No instante antes do poder ser emitido, o teocrata se preparou. Sabia o que deveria ser esse feitiço, pois já havia sido relatado por informantes: a espada emanaria uma onda de escuridão, cegando quem estivesse ao seu alcance.
Ele tinha plena convicção de que seus olhos divinos poderiam lidar com isso, pois a visão noturna era inerente à sua herança. Então, manteve o olhar fixo na cavaleira, até ser surpreendido.
Em vez de escuridão, o que o atingiu foi luz, luz branca e brilhante. O flash o cegou por um segundo, ele não sabia que a espada tinha sido alterada.
- CORTE DA ALMA! - gritou Lakyus.
Percebendo algo perigoso, ele preferiu rolar para o lado, evitando ser atingido. Sua visão começou a melhorar quando pôde ver o grande rasgo feito no chão onde estivera.
O lanceiro não sabia dessa origem familiar de Lakyus, uma surpresa que explicava por que ela tinha tanto poder.
- Esse golpe poderia ter me machucado - disse ele, antes de sentir algo tocar sua nuca.
- Te peguei! - falou Marin, empunhando sua balestra.
- Marin! Pare! Não o mate! Me deixe falar com ele! - pediu Lakyus.
- Vocês acham que podem me machucar? Não acredito que você possa ter mais do que uma daquelas flechas arcanas.
- Você quer apostar sua vida? - disse a arqueira, forçando a ponta da flecha contra sua cabeça.
- Não quero matá-lo, mas você precisa me escutar. Pessoas inocentes estão morrendo.
- Você não tem poder suficiente para me parar.
Então, um grande círculo de teleporte apareceu, e de dentro dele surgiram as Rosas Azuis junto com os Sentinelas da Justiça.
- Desculpe o atraso, a gente estava jogando o lixo fora. Quem a gente precisa esmurrar? - disse Gargaran com convicção.
O teocrata não gostou da mudança das possibilidades. Pelo menos uma dentro do novo grupo era alguém realmente perigoso; a feiticeira aumentava muito o risco ao se juntar nesta luta.
- Por que você protege estas pessoas? São traidores da fé.
- Essa guerra não começou por causa da fé. Eles estão usando isso como desculpa para ter vocês como aliados - argumentou a cavaleira.
- É uma guerra.
- Mesmo em uma guerra, não se pode deixar cair em atrocidades. Você, como adorador de Surshana, deveria saber o quão errado é o que estão fazendo com este povo, com seu povo.
- Eles não são meu povo. É uma guerra santa que está sendo travada, a nossa religião contra a deles.
- Oh, meu deus! Você não sabe! O exército do sul não está matando apenas os adoradores do Rei Feiticeiro, estão matando todos que não adoram os Quatro. Estão matando os adoradores do Deus da Terra e de Surshana. É um cisma em nossa religião.
O lanceiro sabia que muitos haviam sido poupados na queda de Kami Miyako, agora tinha muitas dúvidas: "Será que essas palavras eram verdadeiras?", "O Cardeal Dominic sempre privilegiou os Quatro, será que ele está mentindo para mim?", "Minha própria religião está à beira da extinção?"
Olhando para Lakyus, ele viu que ela acreditava nas palavras que havia dito. Ele precisava de respostas.
- Essa luta acaba agora! - proferiu ele, girando o braço com rapidez e destruindo a balestra de Marin. Não havia outra flecha arcana nela.
Enquanto todos empunhavam suas armas, o lanceiro levantou a sua e, com um grande balançar, golpeou em direção aos portões, fazendo com que uma onda mágica os destruísse completamente, derrubando junto parte da muralha.
Ele olhou para Lakyus e foi embora. Partiu calmamente para fora da cidade, então, com um impulso, saltou sobre o exército invasor como se fosse puxado pela lança que segurava.
Quando o homem sumiu, Gargaran caiu sentada, exausta, assim como a maioria dos outros.
- Ainda bem que ele caiu no blefe! - disse a Guerreira Pesada.
- Não acho que tenha sido isso - disse Evileye.
- Eu também espero que não - Lakyus falou com certa esperança.
...
Nota do Autor
Outras duas lutas terminam, uma pela habilidade subestimada de batedor de carteiras e a outra por uma conversa franca, Espero que tenha agradado.
Sobre a Lança de Britomart, esse nome eu dei em homenagem a uma personagem de um poema épico, sua lança em meio a batalha se arremessada encontraria o seu alvo onde quer que estivesse.
Sobre Lakius ser descendente do Cavaleiro Negro, um Godkin, eu quis dar uma origem para sua força e como uma espada tão poderosa chegou em suas mãos.
