Olá Pergaminhos e Nazarins, traz outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
A festa organizada pelos guardiões acontece.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 92: Festas, Surpresas e Presentes
Por todo lugar, agitação.
Empregadas passavam correndo.
O Senhor da Tumba não dava atenção.
Internamente, estava sofrendo.
Ainz andava pelos corredores de Nazarick vendo como tudo estava agitado.
- "Parece que realmente se empolgaram, está tudo decorado!"
De um lado ao outro, as empregadas terminavam de limpar após terem pendurado todos os enfeites, e pelo visto isso não se restringia apenas ao oitavo andar; toda a tumba estava com um ar temático.
Apesar da alegria presente por onde passava, Suzuki Satoru estava deprimido. Isso mesmo, o humano que morava dentro da cabeça do ser morto-vivo não estava contente, na verdade, estava bastante chateado. Tal data sempre o incomodou por um motivo bastante específico, mas ele não podia acabar com a alegria de seus subordinados.
Então, ele bateu com as duas mãos no rosto ao chegar em frente ao salão de festas.
- 'Certo! Então vamos arrancar logo esse curativo.'
- FELIZ NATAL, AINZ-SAMA! - gritaram todos dentro do salão ao verem seu mestre.
- Feliz Natal a todos! - disse ele, acenando.
A alegria reinou entre todos ao verem a chegada daquele que sempre ficou com eles.
Os habitantes da tumba estavam usando roupas características para a ocasião; afinal, todos os outros 41 Seres Supremos gostavam do Natal, então, quando chegava a época dos eventos comemorativos, manter a temática era sempre um momento divertido.
Até mesmo Ainz estava vestido a caráter, não por vontade própria, mas por causa da empregada de plantão responsável por escolher suas roupas diárias. O vermelho era predominante desta vez.
Os guardiões vieram cumprimentar seu mestre com saudações efusivas enquanto ele circulava pelo salão, mas os outros presentes mantiveram uma distância respeitosa; afinal, não seria conveniente uma nova fila gigante se formar apenas para ter um instante de atenção.
Tudo estava esplendidamente decorado com guirlandas, globos, estrelas, luzes e brilhos; uma música ambiente tocava ao fundo e no meio do salão havia uma mesa que parecia não ter fim, com uma quantidade gigantesca de comida típica.
As Empregadas Homúnculos e os Mordomos de Eclair se revezavam para servir, mas também para aproveitarem a festa; afinal, esta era para todos os residentes da Grande Tumba de Nazarick.
Clavu tinha preparado uma quantidade gigantesca de ponche que era servido continuamente; assim, agora podia se dedicar aos drinks personalizados com calma.
Já na cozinha de Shihouto Tokito o puro caos reinava, dezenas de pratos diferentes estavam sendo feitos ao mesmo tempo. Tão grande era o empenho na preparação, que levaria semanas para os estoques de comida voltarem à normalidade.
Em meio a tudo isso, quando teve a oportunidade, Ainz se distanciou um pouco, aproveitando que seus subordinados pareciam ter algum assunto em comum.
- Feliz Natal, Ainz-Sama!
- Feliz Natal, TW. Espero que esteja aproveitando.
- Ah! Sim, estou. Sempre gostei do Natal.
- É mesmo?!
- Sim! Minha família era bastante tradicional nessa parte.
- Para mim, sempre foi um evento comercial, frio e distante.
- É mesmo?! Pois eu acho que isso está prestes a mudar - disse o humano com um sorriso.
Albedo encabeçava um grupo que se aproximou.
- Com licença, Ainz-Sama.
- Sim, Albedo?!
- Sabemos que por tradição a entrega de um presente deveria ser apenas pela manhã, mas como já passa da meia noite, gostaríamos fazer tal coisa agora.
- Por favor! Não há necessidade...
- Por favor, Ainz-Sama, isso é de todos nós.
Neste instante, todos dentro do salão se ajoelharam e proclamaram.
- FELIZ ANIVERSÁRIO, AINZ OOAL GOWN! NÓS QUE AQUI VIVEMOS, JURAMOS LEALDADE NO DIA MAIS IMPORTANTE DA GRANDE TUMBA DE NAZARICK! O NASCIMENTO DE NOSSO SALVADOR! AQUELE QUE PERMANECEU CONOSCO! FELIZ ANIVERSÁRIO! AINZ-SAMA!
Ainz, Momonga ou Suzuki não tinha palavras, ele nunca ganhava feliz aniversário, sempre detestou o fato dele acontecer no dia de Natal, dessa forma fazendo com que sempre fosse esquecido, mesmo na infância.
Mas agora! Agora ele vislumbrava centenas de pessoas dando parabéns em fervorosa devoção. Nunca tinha sentido tamanho empenho em uma declaração.
A emoção tomou conta, seu supressor brilhou em verde, mas não foi o bastante para conter o que o morto-vivo sentia. Isso era raro, ultimamente parecia que ele estava cada vez mais distante das emoções dos vivos. Agora, uma torrente de alegria o atingia.
- Meus... filhos, apesar de terem seus próprios pais, hoje vocês são meus filhos e me deram o presente mais precioso que eu poderia receber. - ele falou com emoção genuína.
Os seres no grande salão estavam em lágrimas, dos mais frágeis até os grandes guardiões. Eles haviam conseguido.
- Por favor, se levantem, aproveitem, SE DIVIRTAM! FELIZ NATAL A TODOS! - Ainz disse, levantando uma taça.
A festa seguiu sem parar.
Todos aproveitando a ocasião.
Muita coisa para festejar.
Comida, bebida e diversão.
Ainz foi até TW assim que conseguiu um momento sozinho novamente.
- Foi você, não foi?
- O quê?
- Que armou tudo isso.
- Eu não! Seus guardiões, eles planejaram tudo. Só precisavam saber quando. Agora para eles, o Natal é por causa do dia de seu aniversário e isso nunca vai mudar.
- Como? Como descobriu?
- Adivinhei. Você comentou uma vez que detestava o Natal. Existem poucos motivos para alguém detestar o Natal. Então, eu chutei.
- Maldita sorte, hein?!
- Maldita sorte - brindaram ambos.
O Senhor da Tumba olhava as interações entre os presentes, e a alegria das crianças escalando Cocytus como se ele fosse uma montanha de gelo; isso parecia diverti-lo mais do que elas.
Nemu era a líder, Vulpesregina a destemida, Anansi e Charlotte as mais entusiasmadas.
As empregadas riam, enquanto as Plêiades interagiam de forma descontraída. Os demais seres aproveitavam a noite, mas em meio de tantos, alguém parecia sozinha.
- Por que não vai até ela? - disse o humano ao lado do morto-vivo.
- TW, você sabe o porquê. O que eu fiz com ela.
- O que você fez foi tão horrível assim? A ponto de você fugir dela?
- Eu mudei o que ela era.
- Albedo não era aquilo! Era apenas parte de uma programação tola, ela não teve escolha sobre como viveria a própria vida quando foi criada. Mas quando você a mudou, a libertou.
- Eu a prendi, a acorrentei a mim, a obriguei a me amar.
- Você fez algo infantil, mudou uma linha em algo escrito. Se você soubesse que viria para este mundo, teria feito diferença?
- Se eu soubesse, teria apenas apagado aquela frase.
- Ainda assim, se culpa por isso. Então, eu acho que você deve assumir a responsabilidade sobre seus atos, meu amigo.
- O que posso oferecer para ela? Sou um morto-vivo! Não sinto o sabor das coisas! Não tenho pele ou... você sabe o quê.
- Nem tudo precisa ser sobre isso! Você é um Overlord! É diferente. E sobre ter pele, acho que você nem precisa.
- Como assim?
- Às vezes você perde as coisas mais óbvias, hein?! Vamos lá! Você sente o toque, não é?
- Sim - disse ele pensando nos biscoitos que ele mastigou certa vez. Não tinham sabor, mas podia sentir sua textura. Então, se lembrou do primeiro dia no Novo Mundo quando apalpou o busto de Albedo e sentiu sua maciez. - Definitivamente, sim.
- Então você sente. Sente sem ter pele, enxerga sem ter olhos, cheira sem ter nariz, ouve sem ter ouvidos.
- Aonde você quer chegar?
- Nós, humanos, somos um conjunto de receptores que enviam sinais bioelétricos por um sistema nervoso para o nosso cérebro interpretar como: toque, cheiro, imagem, som. Mas você?! Você provavelmente deve possuir algum tipo de receptor mágico que envia sinais etéreos através de um sistema de mana para o que quer que seja seu cérebro metafísico.
- Então?
- Então, o que impede você de sentir sabor?
Ainz olhou para o conteúdo de sua taça. Podia sentir o cheiro, mas nunca sentia o gosto, só porque não tinha língua? O que o impedia?
Então, levou a taça à boca, apenas o suficiente para molhar os dentes. A princípio, não sentiu nada, mas ele se concentrou na sensação, no líquido,tentando lembrar-se dos sabores, tentando lembrar-se de quando ainda era vivo.
Tudo durou alguns instantes, até que algo chegou à sua mente.
- Hmm! Tem gosto de frutas - ele disse, entregando a taça para seu amigo.
Se aproximando de Albedo, ele pôde reparar no quão bonita ela estava naquela roupa natalina. Sobre sua cabeça, preso em seus chifres, havia uma coroa de visco.
- Albedo, com licença, mas você sabe sobre a tradição do visco?
- Não, meu senhor - mentiu a succubus.
- Dizem que uma mulher embaixo dele deve ser beijada - Ainz falou, segurando o queixo dela.
Então, em um único momento, tudo a sua volta pareceu congelar, e um beijo aconteceu.
Para Albedo não houve a sensação de tocar porcelana como tinha imaginado que seria beijar a boca de seu mestre. Ao contrário, o toque era macio, quente, e ela pôde sentir seu hálito.
Quando se separaram, ela estava vermelha e Ainz parecia aéreo, até que ouviu o som atrás dele.
- Aham! Acho que também tenho algo! - Shalltear falou, segurando um visco sobre sua cabeça.
- Certo, para você também então. - Ainz se abaixou e beijou a bochecha da vampira.
Devido ao seu tamanho, ninguém pôde ver onde Ainz tinha beijado Albedo, mas Shalltear sabia, sabia que o beijo que recebera era diferente. Ela só pôde se resignar que desta vez havia perdido.
Quando o mestre da tumba olhou à sua volta, uma fila já se formava com todos os cidadãos de Nazarick segurando viscos.
- Óh não! De novo não!
TW abraçava Oni enquanto observava a procissão que se formou, mas, para sua surpresa, alguns como ele, preferiram aproveitar a oportunidade para ficarem mais próximos, casais como Sebas e Tuare em um canto, Ira tento seu rosto coberto pelos tentáculos de Neuronist, Renner arrastando Climb para algum lugar, Entoma e Inta cuidando das crianças agora sonolentas, e sentados em uma cadeira de namorar, um jovem casal élfico estava embaixo de sua própria guirlanda de viscos em forma de coração.
Mare e Antilene tinham as orelhas vermelhas, mãos dadas e dedos entrelaçados, olhavam em direções diferentes, pois aparentemente ambos haviam dado seu primeiro beijo de verdade.
A noite passou num piscar.
Os convidados foram se retirando.
Felizes na festa a findar.
E a manhã de Natal chegando.
Ainz, como todos, ainda estava em sua cama naquela manhã, mas desta vez ao seu lado tinha uma mesa de bolos, geleias e chás que provava.
Ele tinha uma pena em sua mão, assim como um grande pergaminho, onde terminava a lista do que Ator de Pandora precisava selecionar no tesouro. Ninguém em Nazarick ficaria sem presentes.
Todos estavam alheios ao que seu mestre faria, então descansavam, apenas Albedo rolava em sua cama lembrando-se da noite anterior.
Mas no sexto andar, um jovem elfo acordou cedo, algo raro, podia-se dizer.
Mare, ainda usando seus pijamas, andou nas pontas dos pés até na sala da grande casa-árvore, esta que estava lindamente decorada e com sua própria Árvore de Natal. Em meio à penumbra, pôde ver que havia uma figura abaixada.
- E-eu ouvi algo, o que está fazendo?
- Bom dia, Lord Mare - disse Antilene. - Não quis acordá-lo. Eu queria deixar o meu presente para o senhor.
- É mesmo? Que presente? Posso abrir?!
Antilene entregou o pacote mal embrulhado e Mare abriu com entusiasmo, mas então suas orelhas caíram.
- É uma saia.
- Sim, meu senhor. Quando ouvi sobre a festa, pedi às outras elfas para me ajudarem. Eu mesma costurei.
- É linda - ele falou.
Antilene percebeu a estranheza de Mare.
- Eu ia fazer uma calça, mas percebi que não tinha esse direito. De mudar algo de sua criadora, então eu quis fazer uma nova saia para o senhor. Afinal, druidas usam vestidos e mantos, não é?
Mare pareceu se animar com essa nova perspectiva sobre sua roupa. Ele usava um manto curto de druida.
Mas nesse momento Antilene chegou perto do jovem elfo e sussurrou em seu ouvido.
- *Além disso, ela é dois centímetros mais comprida. Em seu aniversário, darei outra... maior.*
Um arrepio subiu pelas costas do elfo e suas orelhas ficaram vermelhas.
- Eu tenho que te dar algo em troca - Mare disse com entusiasmo e alegria renovada.
- Meu senhor, não precisa me dar nada...
- Já sei! Vou te dar o Reino Élfico!
- Quêêêê?!
...
Nota do Autor
Espero que tenham gostado da festa, ela não é cannon na obra original, eu fiz ela coincidir com o aniversário de Ainz para que ela tenha relevância para os NPCs.
Mare e Antilene são um casalzinho de elfos adolescentes, para quem esperava que eles estivessem mais... avançados... eu digo que elfos são lentos, muito lentos, se fosse de outra forma, uma raça de longa vida como eles já teria uma população gigantesca. Então tudo será devagar nesse relacionamento.
Sempre achei lógico um druida usar mantos, então quando Mare for adulto, sua saia chegará aos pés graças aos presentes de Antilene.
Os versos que escrevi me deram trabalho e existe uma versão +18 que não posso publicar. Hahahahahaha!
