24 de dezembro de 1936:

Tom tentou de tudo para não me acordar e acho isso impressionante, já que qualquer mexidinha na cama, ou até mesmo o vento passando pelas frestas das janelas me acordava.

Mas não abri os meus olhos, apenas continuei agarrada em seu tronco, sentindo suas carícias e sua magia entrando no meu corpo.

Porém, sei que percebeu, não sei mentir tão bem quanto parece.

_ Desculpa. - Sussurrou e apenas esfreguei a minha bochecha em seu peito nu. _ Às vezes você não parece um coelho e sim, um gato. - Queria morder seu corpo.

_ Tenho um gato por isso. - Continuei com os olhos fechados. _ E um chupacabra.

_ E cadê eles? - Seu cheiro era tão bom, queria ter esse cheiro para sempre.

_ Eles não queriam vir, então os deixei em Hogwarts. - Resmungou. _ Melissa e os outros vão cuidar deles. - Bocejei. _ O Tony virou um gatinho também, bem fofo, mas não sabe miar. - Preciso ver isso.

_ Tony... - Falou. _ E o outro? - Seu nome.

_ O outro não falarei. - Queria dormir mais, mas sei que não conseguiria, nem mesmo com a magia dele e acho que ele percebeu isso.

_ Seus pais chegaram já tem um tempo. - Beijou minha cabeça.

_ E o que tem? - Era a casa deles.

_ Deixei o meu paletó no jardim, com as taças e a garrafa. - Levantei a cabeça e o olhei.

_ Bom, se ele ficar com muita raiva, a mamãe pode acalmá-lo, mas provavelmente o Penny limpou o jardim. - Voltei a me deitar em seu peito.

_ Espero que seu pai não tente me matar. - Certo, isso era um problema.

_ Você não pode morrer, pense positivo. - Até parece que ele está com medo.

_ E não quero um interrogatório com os seguidores dele. - Sabia que estava me esquecendo de algo. _ Princesa.

_ Você me chamando de princesa até que não é ruim. - Fez um movimento rápido, girando seu corpo com agilidade e em questão de segundos, ele se posicionou diretamente acima de mim. _ O que está fazendo? - Estranhei.

_ Nada.

Sorriu e passou suas mãos por debaixo da minha camisola, me proporcionando calafrios em cada dedilhar.

_ Apenas tendo o prazer de tocar o meu mundo como sempre desejei. - Arranhou minha pele no processo.

_ Sou seu mundo, senhor Riddle? - Quase deixei um gemido sair dos meus lábios. _ Pensei que eu fosse a sua vida. - Levantei minha cintura, o fazendo subir a camisola até a metade da minha barriga.

_ Minha vida, minha felicidade, meu mundo, minha, apenas minha. - Falou rente a minha boca. _ A coisa mais preciosa que tenho na minha vida é você. - Minha boca ficou seca. _ Acredita em mim?

_ Se não acreditasse, você não estaria nessa posição, little lord. - Acariciei seu rosto. _ Você estaria bem longe de mim e com a minha varinha apontada para o seu peito. - Sorriu, apreciando minhas palavras.

_ Adoro quando você fica sorrindo. - Alisou meus lábios com os seus. _ Enquanto fala algo tão mórbido. - Ele é completamente louco.

_ Você não me deu o meu prêmio. - Ficou paralisado por algum tempo.

_ Não sei o que posso te dar, você já tem tudo. - Sua voz estava sedutora e suas mãos pareciam insaciáveis.

_ Tenho o seu coração? - Toquei seu peito, sentindo as batidas ritmadas.

_ Desde o primeiro dia que me chamou de irritante. - O puxei para mais perto. _ Mas tenho o seu?

_ Desde que me olhou e percebi que você me reconhecia, que não me julgaria como os outros.

_ Tantas pessoas a julgaram? - Deitou-se em cima de mim e parecia que iria me matar.

_ Não! - Gritei. _ Saia, saia de cima de mim. - Falei sem ar.

_ Não sou tão pesado assim. - Continuou em cima de mim.

_ Você parece um poste ambulante e é pesado. - Sinto o ar quente de sua boca na minha barriga e a beijou.

_ Não posso negar. - Abraçou meu corpo. _ Você ainda não me respondeu.

_ Você sabe que sim, muitas pessoas me julgaram apenas por ações ou palavras. - Como odiava essas pessoas. _ Odeio aquele olhar julgador, mas odeio principalmente o olhar de pena e parece que não sou nada, sou uma pessoa insignificante. - Franzi o cenho.

_ Você não é.

_ Eu sei, mas na época pensava assim, mas agora nem sei o que penso. - Tem muito tempo que não penso sobre isso. _ Não vejo mais olhares de pena. - Fechei os olhos e o ambiente ficou com cheiro de pera. _ Por que está usando magia?

_ Está cedo ainda, quero que você relaxe e durma mais um pouco. - Neguei.

_ Não dormimos tarde... - Bocejei e me sentia cansada. _ Isso é meio injusto, não quero dormir.

_ Dormirei também, estou cansado. - Não sei se ele dormiu, mas eu dormi.

───※ ·❆· ※───

Escutei alguns barulhos pelo quarto e o cheiro de pera impregnava o ambiente, mas não achava enjoativo, poderia ser cheiro de livros? Poderia, mas tudo bem.

_ Bom dia. - Beijou minha bochecha. _ Dormiu bem? - Acenei, sentindo o ambiente caloroso.

_ Com alguém me induzindo a dormir é fácil. - O observei. _ Bom dia. - Ele já estava arrumado, não usava um terno de três peças, mas usava um terno comum. _ Onde arrumou roupa? - Tinha esquecido de perguntar.

_ Comprei e as coloquei no closet. - Apontou para trás. _ Mas percebi que você não tem nenhuma roupa ali.

_ Está tudo na minha bolsa. - Apontei para a poltrona. _ Ali tem tudo, até mesmo a minha felicidade. - Lembrei que falei algo parecido em uma época qualquer.

_ Sério? - Ficou curioso.

_ Tem uma foto de um idiota que me importuna muitas vezes. - Sentei-me na cama e cocei os meus olhos, tombei minha cabeça para o seu peito.

_ Você tem uma foto minha? - Resmunguei. _ Como?

_ Meu primo me deu um álbum de fotos da minha família. - Levantou a sobrancelha. _ E nesse álbum tinha uma foto do vovô Abraxas com você. - Mordi sua clavícula. _ Você estava no clube do Slughorn. - Me puxou para o seu colo e fiquei sem reagir por alguns segundos.

_ E o que você achou? - Mordeu meu pescoço e agarrei sua camisa.

_ Achei que você era bonito. - E continuava. _ Que aquele olhar poderia ver toda a minha alma, mas que era uma pessoa perigosa.

_ Não mentiu. - Nunca minto em relação a ele. _ Mas não sou perigoso para você, coelhinha. - Tocou meu nariz. _ Apenas para o planeta Terra. - Beijou meu pescoço. _ Coloque roupa, seus pais estão na sala de jantar e não quero ir até lá morrer pelas mãos de Grindelwald.

_ Mas você o matou. - Essa conta não batia.

_ E mataria novamente. - Falou sério. _ Ninguém pode prejudicar você, não vou deixar. - Beijou minha mão.

_ Little lord...

_ Mas isso é passado e deixaremos isso de lado. - Tinha total razão, mas ainda queria saber o porquê de ele ter mudado apenas por ter falado aquilo.

Mas tudo que faço é concordar e sair do seu colo, indo até a bolsa, retirando uma roupa de frio.

Coloco a calça e retiro a camisola, e posso jurar que escutei o little lord prendendo a respiração, mas não olhei para ele para confirmar.

Ainda mais que é estranho ter uma pessoa te assistindo a trocar de roupa, me lembrava dos dias que estava no ministério, mas o little lord não são aqueles aurores idiotas, ou o Potter que ria quando me fazia essas cicatrizes.

_ Não sou eles. - Parei de abotoar o sutiã para olhá-lo. _ Não sou aquelas pessoas. - Levantou-se e veio até mim, sendo iluminado pela luz do dia.

O que o deixou mais bonito que antes e mesmo que alguns fios teimosos caíssem em sua testa, sabia que isso era apenas uma forma de deixá-lo mais atrativo para mim.

_ O quê? - Beijou-me e alisou as minhas costas no processo.

_ Não sou eles e não farei nada com você, sei que...

_ Sei que você não é eles, só pensei naqueles dias. - Seu olhar ficou triste.

_ Queria ter vivido o suficiente para que você não tivesse passado por aquilo, mas não tenho o dom do tempo como você. - Beijou a minha testa e me senti bem. _ Mas estou aqui e não sairei do seu lado até que você peça.

_ Acha que pedirei? - Isso é impossível.

_ Você é tão imprevisível às vezes. - Dei um soquinho em seu braço. _ Mas acho isso adorável.

_ Você acha muitas coisas adoráveis...

_ Tudo que vier de você é adorável. - Ele era uma pessoa com muitas personalidades e acho que é por isso que ele me disse que não se importava com as minhas.

_ Poderia me deixar colocar roupa? - Quase negou, mas concordou.

Terminei de colocar o sutiã e a blusa, mas ao invés de colocar o sapato, apenas coloquei uma pantufa. Faço o feitiço para esconder minhas cicatrizes e as mordidas do little lord.

_ Consegue sentir quantas pessoas tem no andar de baixo? - Talvez o papai estivesse com visitas.

_ Só tem o seu pai e a sua mãe, mas ele percebeu que tem mais uma pessoa na casa sem ser você. - Deu de ombros e também não me importei.

_ Bom, escovarei os dentes, e...

_ Posso fazer tranças no seu cabelo? - Fui ao banheiro, enquanto ria. _ Não ria, gosto de fazer isso com você. - Ficou atrás de mim e me abraçou. _ Tão pequena.

_ Já falei, você é um poste ambulante. - Fiquei o observado pelo espelho. _ Você deve ter 1,80 ou mais.

_ Quase acertou. - Beijou o topo da minha cabeça. _ Tenho 1,95. - Viu! Um poste.

Olhei para o pé dele e vi que era grande, bom, aquelas velhas de 1981 diziam que homens com pé grande tinha um pênis grosso e grande... Talvez tenham razão.

_ O que foi? - Ficou confuso.

_ Nada, só achei o seu sapato bonito. - Como poderia dizer isso em voz alta? Ainda tenho decência e vergonha.

_ Fingirei que acredito. - Isso, faz isso mesmo.

Lavei a boca e entreguei o pente para o idiota atrás de mim. O vendo pentear os meus cabelos, mas apenas percebi que ele ficava concentrado com a tarefa e suas mãos eram rápidas...

Mas seus dedos sempre foram longos e ágeis? Conseguia até mesmo ver as veias sobressalentes das costas de suas mãos e se na mão tem, nos braços também tem? E se...

_ Pronto. - Amarrou a ponta da trança com magia. _ O que foi?

_ Nada. - Me virei e fiquei na ponta do pé. _ Obrigada. - O dei um selinho e saio do banheiro. _ Vamos?

_ Vamos. - Saiu do banheiro e entrelaçou nossas mãos. _ Sou seu noivo ou namorado?

_ Você nem me pediu nada. - Saímos do quarto.

_ Devo pedir com vários buquês de flores em um castelo de diamante? - Ele realmente estava me perguntando isso?

_ Não, isso é tão idiota. - Revirei os olhos e recebi um peteleco na testa.

_ Não revire os olhos, ou voltaremos para o quarto. - Mordeu minha bochecha.

_ Não acho que você consegue fazer algo assim bem ao lado do Grindelwald.

_ Acha que tenho medo do seu pai? - Alguns minutos atrás você disse que tinha. _ Está me menosprezando, coelhinha? - Empurrou-me para a parede e quase cai da escada.

_ Pensei que tivesse. - Senti sua mão na minha cintura. _ Você terminou de ler o livro? - Começou a beijar o meu rosto.

_ Não falava nada de mais, apenas como os Dementadores foram criados e o porquê de eles estarem em Azkaban. - Dormi na página cinquenta.

_ Entendo. - Ficamos nos encarando e me lembrei de algo. _ Tom.

_ Estou ouvindo. - Acariciou meu rosto.

_ Falei que gostava de você, que posso ter um amor incubado. - Semicerrou os olhos. _ Mas não sei se amo você, porque nunca senti esse sentimento e não quero falar uma coisa que posso ter certeza agora, mas futuramente...

Riu e fiquei sem entender, ele não deveria estar me explicando, ou...

_ Vou te fazer entender o que é amor e o que é gostar. - Piscou. _ Apenas espere um pouquinho mais. - Distanciou um pouquinho e pegou minha mão para continuarmos descendo.

_ Você não...

_ Bravo? - Concordei. _ Não, estou feliz por estar assim com você. - Quero fazer essa felicidade durar.

Mas apenas concordei e antes que pudesse fazer minha boca falar alguma coisa, já estávamos perto da sala de jantar e papai falava coisas que não queria escutar no momento.

_ Ainda quero saber o motivo de ter dois pratos ao invés de um. - Merda.

_ Dia. - Entramos e meus pais me olharam pasmos demais para falar alguma coisa em pouco segundos.

_ Mon bijou! - Mamãe saiu de sua cadeira e correu até mim. _ Pensei que você não pudesse voltar a ser adulta. - Abraçou-me e tive que largar a mão do little lord para poder abraçá-la.

_ Little lord me ajudou nisso. - Seu cheiro continuava igual. _ Senti saudades, mamãe.

_ Também, mon bijou. - Beijou minha testa e ela olhou para o lado. _ E você, quem é?

_ Prazer em conhecê-la, senhora Rosier. - Tom foi galanteador e beijou a mão da mamãe. _ Me chamo Tom Riddle.

_ Um nascido trouxa? - Sorriu, fazendo suas bochechas corarem.

_ Não, um mestiço. - Sorriu ainda mais. _ Fiquei encantado com sua beleza, realmente vocês são mãe e filha. - Bajulador.

_ O senhor é tão educado. - Tom entrelaçou nossas mãos novamente.

_ Ei, ainda existo. - Olhamos para ele. _ Por favor. - Pediu para que a gente se sentasse.

E fizemos isso, mamãe no seu lugar e eu e Tom nas mesmas cadeiras de ontem.

_ Poderia me explicar o que significa isso? - Ficou sério.

Apenas peguei o pão frito e a xícara de chá já estava no meu campo de visão.

_ Bom, em primeiro lugar, esse é o little lord. - Papai engasgou-se com o chá.

_ Ele não era uma criança? - Limpou sua boca.

_ Você falou de mim, coelhinha? - Sorriu, enquanto comia seu pão.

_ Ela sempre fala de você. - Papai! Não me faça passar vergonha. _ E os olhos dela brilham.

_ Então era para o senhor que ela pedia para aprender a fazer biscoitos, bolo e essas coisas? - Mamãe, até você? _ Ela sempre saia de casa sorrindo, fico feliz que estejam juntos.

_ Não, não aceitar...

_ Ele é um Slytherin. - Os observei, fazendo a boca do papai, que ainda se mexia, parasse por alguns segundos.

_ Quando será o matrimônio? - Sua voz foi suave e sorria. _ Princesinha, deveria ter falado logo, eu não passaria tanta vergonha. - Até cantarolou.

_ Acho que estou vendo coisas, você está me vendendo? - Zombei irritada.

_ Longe de mim. - Foi cínico. _ Mas um Slytherin é muito melhor que um Black, mil vezes melhor. - Tom semicerrou os olhos.

_ Pollux ainda quer a minha coelhinha, senhor? - Papai o olhou.

_ Não aprovei e ainda não aprovo aquele garoto ter algo com a minha princesinha, não se preocupe. - Movimentou os dedos.

_ Está se esquecendo de algo importante nessa sua fala. - Chamei atenção. _ Não gosto do Pollux e nem mesmo ele. - Iria falar. _ Ele tinha uma paixonite de adolescente.

_ Isso é o que diz. - Dois Lordes no mesmo ambiente não deveria ser um caos? Por que é que parece uma conversa entre amigos?

_ Bom, você previu certo. - Dei de ombros. _ Como sempre. - Fiz biquinho, enquanto observava meu prato.

_ Que você ficaria com o seu little lord? - Concordei. _ O dia que não estiver certo, serei preso. - Ficaram em silêncio, mas apenas sorri, bufando em seguida.

_ Não ficará por muito tempo. - Pisquei. _ Irei tirá-lo daquele lugar, como prometi.

_ Acredito em suas palavras, princesinha. - Continuei comendo. _ Quais são os seus objetivos? - Voltou-se para o meu acompanhante. _ Senhor Riddle.

_ Por favor, me chame de Tom. - Você não odiava o seu nome? Mas não comentei. _ E os meus objetivos são os mesmos da minha coelhinha, se ela quer a destruição do mundo. - Engoli em seco. _ Irei destruí-lo para ela.

_ Isso é impressionante. - Mamãe falou sorrindo. _ Mon bijou falava tantas vezes em não ter um relacionamento e acabou tendo você como companheiro. - Uniu as mãos e não comentei sobre isso.

Muitas coisas estavam fora dos meus planos e até o momento não estou achando ruim, mas não queria ter ajuda e agora sei que é necessário.

Todos estavam certos em relação a mim, apenas que não sabia sobre isso na época... Será que a titia vai acertar sobre aquilo? Espero que não.

_ Só precisei de um ano para convencê-la. - Pegou minha mão e alisou. _ Que poderia fazê-la feliz. - Apertou meus dedos.

_ Quase dois. - Comentei.