_ Penny! - O abracei e ele ficou todo desconcertado.
_ Minha princesa... - Gaguejou. _ Minha princesa está muito bonita.
_ Obrigada, mas o que faz aqui? - Fiquei ajoelhada no chão e os gatinhos pulavam em cima dele, mas isso não o incomodou.
_ Meu senhor pediu que Penny falasse algo, ele disse que é para a minha princesa escrever uma carta para ele. - Estranhei.
_ Ele disse qual assunto?
_ Sobre a sua seleção e sobre os seus pais. - Deu batidinhas nas cabeças dos demônios... Quero dizer, gatos.
_ Claro, fale para ele que será a primeira coisa que farei. - Espero.
_ Tenha uma boa viagem, minha princesa. - Acenei e ele sumiu.
Voltei para o lugar e arrumei meus broches no colarinho da camisa social branca, mas os gatinhos ficaram me olhando, esperando alguma coisa.
Alisei meu anel e suspirei, mas o trem apitou antes que pudesse cochilar, o que fez os gatinhos se assustarem com a calmaria que reinava ao nosso redor.
_ Está tudo bem, é que chegamos. - Correram para o meu colo. _ Tudo bem, estou aqui. - Os abracei e arrumei as minhas coisas com ajuda da minha magia.
Vejo que já estávamos na estação de Hogsmeade... Ah! Hogsmeade existe e uau, queria ter esperado mais alguns anos para ver sendo construída.
Mas logo abandonei esses pensamentos e peguei a mala, saindo da cabine.
Contudo, os gatinhos pareciam confortáveis nos meus braços, mas eram pesados.
Porém, estavam adorando ter toda aquela atenção, pareciam que eram os reis e todos aqui eram seus súditos, mas não dava para negar que eram fofos.
_ Que fofos! - Falei. _ Aquele laranja parece ser o mais bagunceiro. - Comentou uma menina.
_ E o outro parece ser o mais comportando. - Que grande mentira, eles parecem demônios, mas não falei.
Apenas saí do trem e entreguei minha mala para o encarregado disso.
_ Primeiros anos... - Gritou um homem robusto. _ Boa noite, senhorita.
_ Boa noite, senhor. - Continuou chamando os primeiros anos.
_ Todos estão aqui? - Olhei para trás e as crianças faziam o mesmo. _ Então vamos. - Seguimos ele. _ É meio escorregadio, então preste atenção e não se percam.
O lugar não era somente escorregadio, mas também escuro e era como se as sombras se agarrassem a cada centímetro do espaço e cada passo era uma luta contra a inclinação do terreno, onde o chão se transformava em uma armadilha traiçoeira a cada movimento.
E isso me fez apertar os gatinhos nos braços, sentindo seus corpos quentes e confiantes contra minha pele.
_ Estou bem. - Lamberam minhas mãos, mas continuei fazendo percurso. _ Tenho vocês comigo para me proteger e tenho... - Olhei para o anel e apenas calei a boca.
Mas senti a umidade do ar se enrolar ao redor de mim, uma sensação palpável que pesava em meus ombros e fazia os pelos dos meus braços se arrepiarem.
Mas tudo se foi com a voz potente do senhor que ainda não sabia o nome e não tinha curiosidade no momento.
_ Vocês irão ver Hogwarts em poucos segundos. - Fizemos uma curva e vimos o esplendoroso castelo e todos atrás de mim, começaram a falar o quão magnífico o castelo era.
_ Nossa, tão grande! - Mas era tão pequeno ao mesmo tempo. _ Meus irmãos diziam que era pequeno, mas vendo por esse lado, acabarei me perdendo. - Disse um menino.
_ Cuidado! - Alguém deve ter caído, mas não parei para ver quem foi.
_ Está tudo bem aí? - Perguntou o homem com um lampião que não iluminava quase nada.
_ Está! - Gritou.
_ Então vamos lá. - E a inclinação deu espaço a cascalho e um lugar plano com um imenso lago. _ Quatro em cada barco.
Entrei em um barco e esperei as outras três crianças entrarem, mas não conhecia ninguém e continuaria assim por algum tempo.
_ Vamos partir. - Os barcos se movimentaram e algumas crianças estavam falando que queriam vomitar. _ Cuidado com a cabeça. - Gritou e todos abaixaram o corpo.
Ficamos mais algum tempo no barco, sentindo o vento suave acariciando meu rosto enquanto as águas tranquilas do lago se estendiam ao nosso redor.
Alguns estavam com medo de cair no lago, mas foram confortados com as palavras fortes que se alguém caísse, a Lula os pegaria e felizmente ninguém caiu.
_ Desçam e subam a escadaria. - Esperei os outros descerem e desço do barco, tentando me equilibrar para não cair.
Alguns já corriam pelos degraus, mas continuei dando passos pequenos e equilibrados, não queria cair com os gatinhos.
Contudo, quando entramos no castelo fomos recebidos por um espetáculo de luzes que dançavam pelas paredes de pedra centenárias.
Os corredores estavam iluminados por luzes encantadas que emitiam uma luz suave e acolhedora.
Porém, mais uma vez tivemos que subir uma grande escadaria e à medida que subíamos os degraus, os retratos encantados que decoravam as paredes pareciam nos observar com olhos curiosos e perspicazes.
Felizmente nenhum deles me conhecia... Acho.
O eco dos nossos passos reverberava pelos corredores vazios, preenchendo o espaço com uma sensação de excitação e antecipação, mas paramos quando a vimos.
Era apenas uma mulher ruiva e com trajes bruxas, mas seu semblante dava medo em qualquer um.
_ Boa noite, me chamo Selwin, sou professora de DCAT e é um prazer conhecê-los. - Como eu era a última, dou um toquinho na parede e todo o castelo vibrou.
Fazendo uma onda de energia desdobrar a partir do ponto de contato, como se o próprio edifício estivesse despertando com a minha presença.
A vibração era quase palpável, pulsando através do ar e envolvendo-me em uma aura de magia e mistério, mas logo me afastei.
_ Vocês sentiram? - Alguém perguntou e a professora ficou olhando para os lados. _ O que aconteceu?
_ Acho que teremos uma surpresa hoje. - Sorriu.
Coloquei meus gatinhos no chão e não toquei na parede novamente, mas ela abriu um pequeno buraco para os gatinhos passarem.
E eles sumiram da minha vista.
_ Vamos? - Não prestei atenção na professora falando sobre as casas, já sabia.
As portas do Grande Salão abriram e um suspiro coletivo de admiração ecoou pela sala.
Enquanto todos ao meu redor contemplavam maravilhados, não pude conter um sorriso de satisfação ao testemunhar o esplendor desse castelo.
Um turbilhão de emoções inundou meu peito enquanto observava o salão tão familiar, agora preenchido com a energia vibrante dos alunos de Hogwarts.
Senti saudades.
O teto enfeitiçado continuava sendo lindo, com seu céu estrelado e as constelações em constante movimento.
Mas as mesas cheias de alunos me enchiam de orgulho... Muito bem, amigos, vocês conseguiram e estou feliz por vocês.
Parei de relembrar o passado e prestei atenção na professora que começou a falar os nomes em ordem alfabética e como o meu era "L", iria demorar um pouco.
Continuei prestando atenção nos alunos e vejo um Corvino de 16 a 17 anos observando a mesa da Lufa-Lufa. Será que tem alguém que ele goste naquela mesa?
Sigo seu olhar e antes que pudesse ver quem era a pessoa, a professora chamou meu nome. Bom, apenas o primeiro, já que ela se engasgou.
_ Esses sobrenomes estão certos? - Aproximei-me e fiquei na visão de todos.
_ E qual é o sobrenome que está aí? - Diretor Dippet alisou sua barba e seu chapéu pontudo quase caiu de sua cabeça.
_ Malfoy e Avery. - Todos no Grande Salão pararam de falar e prestaram atenção em mim.
Isso, continuem, quero que isso aconteça.
_ Avery? - Um aluno gritou. _ Que eu saiba, só existem dois herdeiros.
_ E Malfoy não pode ter mulher, apenas um filho em cada geração. - Gritou outro.
_ Ela é uma fraude! - Nossa, pegou pesado.
_ Não tenho esses sobrenomes, senhora. - Suas sardas ficaram aparentes devido à iluminação. _ Só tenho Granger. - Devo ter outro sobrenome, mas não qual é.
_ Isso deve ser um erro, Selwin. - Na verdade, não é. _ Eu mesmo entreguei a carta para a senhorita Granger, e ela é uma nascida trouxa. - Meus olhos encheram de lágrimas e alguns falaram que isso era para as pessoas sentirem pena de mim.
Mas olha, é exatamente isso que estou fazendo e vocês podem ser inteligentes, mas sou mais.
E agradecia por estar ligada a Hogwarts, poderia ouvir cada coisa surpreendente, mas tinha que saber como usar isso ao meu favor.
Antigamente, Hogwarts só me mostrava as coisas quando queria e agora queria saber usar isso a vontade, sem ela para me indicar isso.
_ Uma nascida trouxa querendo se tornar um sangue puro, que piada. - Olha, sou um sangue puro.
Um dia vou falar todos os meus sobrenomes e quero ver vocês engolirem essas palavras. Mas, por favor, continuem, quero que o meu teatro seja perfeito.
_ Tudo bem, é apenas um erro. - Não é. _ Por favor, se sente. - Sentei-me no banquinho e o chapéu foi colocado na minha cabeça.
"Fale baixinho, senhor seletor"
Falei no pensamento, sabia que iria falar para todos o que estava vendo na minha cabeça, mas certas coisas ele poderia falar apenas para mim.
_ Ora, ora, ora, o que temos aqui? - Se remexeu na minha cabeça. _ Vejo que a viagem a fez bem, mas não sou fofoqueiro e não contarei.
"Tem certeza?"
Riu e continuou falando sobre o que via em minha cabeça.
_ Você tem coragem e isso é invejável, daria orgulho imenso para a Grifinória, como deu para o seu irmão, o meu inventor. - Falou as últimas palavras baixinho.
"Realmente dei orgulho a ele?"
Balançou em cima da minha cabeça, como se estivesse me dando a sua resposta e era um sim.
_ Sua inteligência é maravilhosa e se daria bem na Corvinal, mas é preconceituosa e não se encaixaria com os alunos de mentes abertas. - Muito obrigada, senhor seletor.
Antes que falasse alguma coisa, quatro pessoas, ou fantasmas entraram no Grande Salão e todos ficaram surpresos.
_ Olha, se não é a "filha" da dona do meu coração. - Salazar piscou e fiquei chocada demais para reagir.
Ele não mudou, bom, mudou, já que era um fantasma.
_ Você está falando da minha irmã, seu doente. - Tentou bater no Salazar. _ Você está tão pequena. - Retiro o que disse, não queria que eles viessem me ver.
_ Ela está tão fofa e olha essas bochechas, que coisa linda. - Rowena tentou apertar minhas bochechas que já tinham mais gordura que antes. _ Irá arrasar corações. - Já faço isso sem intenção.
_ Parem, vamos ver que casa ela estará. - Helga, a amo tanto.
_ Senhores. - Dippet se levantou e todos fizeram isso, menos eu.
Eles fizeram uma reverência e se sentaram novamente em seus lugares e até mesmo os alunos fizeram isso, isso só mostrava o respeito e carinho que sentiam por essas quatro pessoas.
Sentia-me feliz por eles.
_ Isso, deixe ela saber qual casa estará. - Salazar ficou olhando o chapéu. _ Continue.
_ Como desejar, senhor Slytherin. - Revirou os olhos. _ A casa amarela e preta, é aberta para todos e você não concordaria com certas coisas.
"Realmente não concordo com tudo que a Helga acredita, mas ela é uma boa amiga."
_ Ela também acha. - Suspirou, mesmo não tendo pulmões para isso. _ Agora só sobra a casa verde e prata, e você tem todas as qualidades ou para os outros, "maldições", para ser uma Sonserina.
"Então vou para a Sonserina?"
O senhor seletor não afirmou, mas sabia que Salazar ficaria muito feliz com isso e, também ficaria feliz, já que assim... Nada.
_ Como meu criador pediu na nossa primeira conversa, realizarei o pedido dele nesses anos.
"O que o Godric pediu?"
_ Meu criador pediu que não fosse benevolente apenas a escola, a Hogwarts. Ele me pediu que fosse leal a quinta fundadora. - Sussurrou e fiquei chocada demais. _ E esse dia chegou e farei o que me foi ordenado e que aceitei de bom grado.
Godric... Você fez tanto e nunca saberia se não fosse para Hogwarts, mas obrigada.
Fiquei olhando para ele e acho que entendeu, já que sorriu e fez uma mesura para mim.
Talvez ter mostrado meu nome e toda aquela conversa tenha servido para algo.
_ Não contarei nada para ninguém, mesmo que me façam falar e que me queimem, não contarei nada para ninguém. - Isso era bom. _ Afinal, você é uma nascida trouxa e para outros e para você, uma sangue-ruim. - Tentei não sorrir. _ Será difícil a sua missão, mas já me decidi. SONSERINA!
Salazar pulou e veio até mim, mas se esqueceu que era apenas um fantasma e passou por mim.
_ Isso! Venci a aposta. - Os outros ficaram com raiva do Salazar que esbanjava felicidade.
_ Isso deve estar errado, lembro que a "mãe" dela era corajosa. - Como posso ser minha mãe?
_ Todo mundo é corajoso, mas ela era muito inteligente, até mais que eu. - Rowena comentou e tirei o chapéu, entregando para a professora que estava chocada.
Porém, apenas fui em direção da casa verde e prata... Merda! Dorea estava me olhando e sorria como se soubesse de um segredo supersecreto e bom, sabia.
Sentei-me na ponta e alguns pediram que dessem mais espaço, já que eles não queriam ser tocados por uma sangue-ruim.
Acho que nem a demonstração dos fundadores mudará os pensamentos dessas pessoas e olha, não ligo, ainda mais que queria isso.
Olhei para o lado e vejo Dorea tentando sair do seu lugar, para se sentar ao meu lado, mas foi impedida por Cedrella.
_ Por que está me impedindo? - Bateu na mesa. _ Não acha estranho os fundadores darem boas-vindas a uma nascida trouxa?
_ O que acho estranho é seu entusiasmo para uma menina qualquer. - Meus ouvidos prestavam atenção nessa conversa e meus olhos prestavam atenção na seleção de casas da Lucretia.
_ Uma menina qualquer? - Zombou. _ Você lavará essa boca com água e sabão qualquer dia desses, e vou rir muito. - Lucretia foi selecionada para a Sonserina e todos queriam ser seus amigos.
Então era assim que um nascido trouxa se sentia? Nossa, que pena que não sentia empatia por eles, na verdade, não sinto por ninguém que não tenho contato por pelo menos um ano.
O que me fez mudar minha atenção para o Dippet, que falava sobre as regras da escola e logo a comida apareceu, me fazendo comer.
Olhei para a mesa na minha frente, vendo meu odiável avô, sim, Canopulous Macmillan.
E esperava que se engasgasse com esse frango e morresse asfixiado, mesmo que isso não vá acontecer apenas porque estou pedindo,
Examinei a outra ponta e vejo uma garota da Lufa-Lufa, com cabelos cacheados e parda, mas que estava um pouco irritada.
Porém, não foi a beleza da garota que me chamou atenção e sim, o quão familiar ela era, mesmo não sabendo quem era.
Talvez fosse uma Greengrass, mas ela não era loira, era o oposto.
Deixei isso de lado e continuei comendo, sentindo todo o castelo, ele era formidável e a magia que tinha, cresceu ainda mais.
Estava curiosa para saber se conseguia ver e ouvir sem estar em Hogwarts. Bom, um dia testo isso.
Terminei de comer e vejo que tinha suco de abóbora, nunca experimentei, mas será que era muito grosso ou era ralo? Entretanto, só posso saber se beber e foi isso que fiz.
Bebi o conteúdo da taça e não era ruim, era muito bom e doce, acho que era melhor que suco de laranja, mas não trocaria meu suco de laranja por esse.
Sequei minha boca e fiquei esperando a monitora chamar os primeiros anos, não poderia sair daqui, já que era uma pessoa que não conhecia o castelo.
Porém, não demorou muito para a dita cuja aparecer.
_ Primeiros anos, aqui. - Dorea se levantou e fiquei surpresa, ela era a monitora?
_ Vai lá, monitora. - Olhou para o garoto pardo e de cabelos cacheados, e deu o dedo do meio para ele. _ Sempre agressiva, ursinho.
_ E sempre o mandando se foder, babaca. - Piscou. _ Vamos, primeiro ano.
Saio do meu lugar e sigo a Dorea para fora do salão, mas ao invés de segui-la até as masmorras, entro em uma passagem que a escola fez para mim.
_ Senti saudades disso. - Toquei na parede que estava quentinha. _ Me leve até a Melissa. - Uma escadaria se formou e subo os degraus.
