TENTATIVA DE ESTUPRO.
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Não era Potter e nem mesmo o escuro, era apenas o odiável do meu avô, a única pessoa que venho tentando ficar longe, o mais longe possível, mas vejo que isso foi impossível.
Já que nossos corpos estavam próximos demais e não senti cheiro de álcool, um ótimo indicativo que estava sóbrio e não faria nada escrupuloso.
Respirei fundo e apenas pensei que tinha algo para conversar comigo e acabou me encontrando aqui. Simples, isso, nada que devemos nos preocupar.
_ Poderia me soltar, senhor Macmillan. - Falei calmamente.
_ Olha, a pirralha sabe sobre mim. - Odiava aquele risinho de canto de boca. _ Escutaram isso? - Tinha mais pessoas?
Olhei ao redor e realmente tinham mais pessoas, três, para ser mais exata e ainda tentava pensar positivo, eles vieram até aqui para falar sobre aulas de reforço... Quem quero enganar?
São todos sétimos anos e eles não vieram atrás de mim apenas para saber se tem uma vaga para as minhas aulas, o que me fez tremer e tive que morder o interior da minha bochecha para me acalmar.
Até mesmo tentei tirar o meu braço das garras daquele homem, mas ele apertou ainda mais forte, o que fez doer um pouco.
Mas sei que não precisava me preocupar, afinal, tenho Melissa, Hogwarts, meus amigos e até mesmo os alunos dessa escola.
Então, diante de mim, não vejo indivíduos, apenas objetos a serem manipulados conforme minha vontade, apenas um estalar de dedos, ou um balançar da minha varinha e eles iriam desaparecer.
Com esse pensamento continuo contemplando essas insignificantes criaturas.
_ Será que ela também me conhece? - Um corvino perguntou e vi que tinha todas as quatro casas, sem distinção.
_ Não, você é burro como uma porta. - Riu o Sonserino. _ Vamos nos divertir, sangue-ruim? - Fiz careta, ele era tão repulsivo. _ Seremos legais com você.
_ Não, muito obrigada, recuso o convite. - Tento puxar o meu braço novamente, mas essa pessoa odiável apertou novamente. _ Solte-me. - Cerrei os dentes, tentando jogá-lo para longe, mas não conseguia fazer magia no momento.
Não sei se meu corpo ficou paralisado pelo trauma de antes, ou se algo que não devia estar acontecendo, estava.
_ A cobrinha está mostrando as presas? - Sinto uma mão alisando meu rosto e senti nojo.
_ Não toque no meu rosto, seu imundo. - Riram, atiçando minha raiva e mais uma vez tento acessar minha magia, mas nem uma fagulhar saiu dos meus dedos.
Poderia continuar tentando sair do seu aperto, mas nesse corpo inútil era como se eu fosse uma formiga com vários elefantes tentando me pisar.
_ Imundo? Eu? - O Sonserino zombou. _ A única pessoa que está manchando a minha casa com a sua imundice não sou eu, é você. - Bateu no meu rosto e fiquei chocada demais para responder.
Pisquei sem parar e pensei em usar magia para calar a boca dessas pessoas, mas não conseguia e nem estava com a minha varinha para enfiar em seus olhos...
Ainda mais que não tinha mais aulas nesse horário e não precisaria usar a minha varinha para ensinar aquelas pessoas.
Respirei fundo e bati no rosto do Macmillan, o fazendo me soltar. Dei alguns passos para trás e uso isso ao meu favor, precisava entrar no meu salão para não sofrer nenhum mal.
Mas não deixo eles pensarem e corro para o banheiro, parando perto do espelho, mas a porta não estava ali... O quer diabos estava acontecendo aqui?
Soquei a parede e comecei a entrar em desespero, mesmo sabendo que Melissa me explicou que isso poderia ocorrer, não pensei que ficaria sem magia e sem meu salão numa hora dessas.
_ Vai, abre... Aí! - Minha trança foi puxada para trás, e só queria ter uma tesoura para enfiar na pessoa atrás de mim.
_ Você me magoou, sangue-ruim. - Lambeu o meu rosto.
_ Me largue. - Meus olhos ardiam e minha garganta doía, enquanto tentava tirar sua mão do meu cabelo.
_ Não. - Riram e me arrastaram para o canto mais escuro do banheiro. _ Vamos nos divertir. - Sussurrou.
_ Macmillan... - Fiquei irritada com ele me alisando, desejando no momento raspar a minha pele e queimá-la em brasas. _ Contarei para o diretor. - Olhei para cima.
_ Pode contar, ele não vai acreditar e ninguém vai. - Engoli em seco. _ Acha que nunca fizemos isso?
O Lufano avançou com um sorriso sádico nos lábios, aproximando-se lentamente enquanto se ajoelhava ao lado das minhas pernas.
Seus olhos brilhavam com uma mistura sinistra de malícia e desdém.
Sem hesitar, reuni toda a minha coragem e, com um movimento rápido e preciso, desferi um chute firme em direção ao seu rosto.
Um estalo audível ecoou pelo ar enquanto meu pé encontrava seu alvo, e um grunhido de dor escapou dos lábios do Lufano enquanto recuava, atingido pelo impacto repentino.
Um calor de triunfo percorreu meu corpo quando vi sua expressão contorcida pela dor, e uma risada escapou de meus lábios quase involuntariamente.
_ Sua vadia... - Prendeu meus movimentos dos braços e o Corvino prendeu minhas pernas.
_ Me largue! - Comecei a gritar com uma mistura de medo, raiva e adrenalina pulsando através de mim.
Minha voz ecoava pelas paredes, preenchendo o espaço com uma energia frenética e desesperada enquanto lutava para controlar minhas emoções tumultuadas, mas um soco me calou e entendi que ninguém viria...
_ Não contarei. - Soluços escapavam de minha garganta enquanto meu corpo tremia descontroladamente, sacudido por ondas de puro desespero.
Cada soluço parecia arrancar um pedaço da minha alma,
Mas por quê? Por que isso estava acontecendo? Cadê todo mundo? Cadê as pessoas que falaram que sempre estariam comigo? Que iriam me ajudar como os ajudei?
Sei que falei que não precisaria de ninguém, mas, por favor, por favor, só agora... POR FAVOR! ALGUÉM ME AJUDE...
Mamãe! Papai! Estou com medo, estou realmente com medo e preciso de ajuda, mas dessa vez ninguém está aqui.
Por favor, por favor, favor, favor...
Fiz uma prece silenciosa, me sentindo como uma criança perdida em meio à escuridão, clamando por um abraço protetor que nunca chegava.
O medo envolvia minha mente como uma névoa densa, obscurecendo qualquer esperança de segurança ou conforto.
A sensação de solidão era avassaladora, uma dor profunda que ecoava em cada fibra do meu ser.
Enquanto meus pensamentos se tornavam cada vez mais caóticos, a sensação de desamparo se intensificava, deixando-me à mercê de uma escuridão implacável.
Mas como se fosse a minha última esperança, lembrei do lema do papai e sabia que tudo poderia mudar, até as minhas crenças e ideologias.
_ Für das Größere... - Minha boca foi silenciada por um feitiço e não pude continuar.
A sensação de solidão era esmagadora, envolvendo-me como uma sombra gélida que penetrava cada parte do meu ser.
O desespero se misturava ao terror quando percebi mais uma vez que estava verdadeiramente sozinha, sem ninguém para me socorrer ou proteger.
Meu coração ardia em agonia, uma dor física que ecoava a angústia da minha alma.
Enquanto o Lufano avançava, suas mãos tentando tirar minhas roupas, meu corpo se contorcia em repulsa e medo.
Não queria aquilo, não queria perder minha dignidade, não queria ser reduzida a nada além de um objeto de piedade. Aceitaria qualquer coisa, menos ser olhada com compaixão, menos perder minha integridade e...
_ Pare de ser contorcer, já dissemos que vamos brincar. - Era o Grifano. _ Você até mesmo escolheu o banheiro. - Zombou com seus dentes amarelos. _ Um lugar com uma boa acústica para escutarmos os seus gritos. - Riu.
E esse foi o estopim para que eu tentasse morder minha própria língua, um ato desesperado para evitar o inevitável.
Já que se aquilo fosse realmente acontecer, preferia a morte a sentir o que estava por vir.
Mas a bile subiu e meu sangue, que deveria estar quente para ser usado como naqueles tempos, não estava. Nesse momento era apenas uma garota normal, sem poderes e sem ajuda.
_ Não se esqueça que aqui é úmido e o sangue vai sumir em questão de segundos. - Macmillan riu e os botões da minha camisa estavam pela metade.
Mordi mais forte a minha língua, mas o Grifinório percebeu e abriu a minha boca e supliquei.
_ Por favor, me larguem. - Isso foi um pedido sincero.
Minha respiração tornou-se curta e entrecortada, como se o ar estivesse sendo arrancado dos meus pulmões, e meu corpo não foi diferente, ele formigava, me proporcionando agonia em cada poro do meu corpo.
Como se tudo estivesse acontecendo em câmera lenta e cada botão fora do seu lugar, era uma batida errada do meu coração que doía no peito,
Contudo, ainda não aceitava isso, então, tentei chutar o Corvino ou até mesmo morder a mão do Grifano, mas não consegui, era uma inútil sem magia.
Meus pensamentos se foram quando sinto mãos alisando minhas pernas e seios... Me sinto doente e queria acabar com tudo isso.
_ Me solte! - Volto a me contorcer ainda mais.
Mas meu rosto foi estapeando fortemente, fazendo o meu sangue deslizar pelos meus lábios e impregnar na minha língua como a minha sentença e morte.
Então era aqui que terminava? Não!
_ Vadia inútil, falamos que vamos nos divertir. - Prenderam meus movimentos com um feitiço e me jogaram no chão frio e úmido.
O gemido de dor não saiu, mas o meu subconsciente tentava me acalmar para o pior.
Lembra, Leesa? Quando isso acontecia quase todos os dias? Que éramos jogadas no chão como um verme e aquelas pessoas pisavam em nós?
Não se sente com raiva dessas pessoas que estão fazendo isso agora?
Você sabe que não consigo usar nenhuma das duas magias e não sinto minha conexão com Hogwarts.
Você está colocando a sua vingança em cima de sua dignidade, acho isso surpreendente vindo de você.
Suspirei e fechei meus olhos, desistindo de tudo, apenas escutando quatro pessoas se ajoelhando no chão e se aproximando do meu corpo. Seria estuprada e só poderia...
_ O que vocês estão fazendo? - Meu coração quase saltou pela boca e olhei para a pessoa que estava na porta. _ Vocês querem morrer?
Era Dorea e com ela estava Charis e a Safira.
Dou um suspiro de alívio e tento não chorar, não sou uma fraca e inútil que precisa chorar para tudo, sou forte e sou mais forte que todas essas pessoas.
Então, por quê? Por que me sinto fraca nesse exato momento? Me sinto tão inútil que só queria me enterrar em algum lugar que ninguém me julgar por não conseguir sair dessa situação sozinha.
Esses pensamentos foram subitamente tirados da minha mente por sentir a magia que me prendia se soltando e me sentei rapidamente.
Abotoei a minha camisa e tentava não mostrar as minhas mãos tremendo enquanto fazia isso.
Dorea se ajoelhou no chão e olhou para mim, preocupada.
_ Você está bem? - Não, não estou.
_ Estou. - Sorri. _ Não deixaria nada acontecer comigo, você sabe quem sou. - Apenas uma pessoa fraca que pensa que é forte, que pensa que nada irá me acontecer, ou que sou superior a todos aqui, mas vejo que não sou.
_ Isso é um alívio. - Tentou me tocar, mas me esquivei. _ Devemos contar isso para o diretor. - Crispou os lábios e sei que ela percebeu, mas apenas acenei.
_ Mas não agora, estou cansada. - Vejo os quatro levarem um esporro do Charis e da Safira. _ Vou para o meu salão. - Ele vai abrir agora?
_ Vai lá. - Olhou em volta e ficou preocupada, mas sorri para tranquilizá-la. _ Qualquer coisa me chame ou peça alguém para me chamar. - Escondi minhas mãos que tremiam. _ Os gatinhos já estão no seu salão.
Por que eles conseguiram entrar e eu não? O que diabos aconteceu que não consegui entrar no meu salão? Na verdade, o que aconteceu durante esse tempo? Minha magia se foi e minha conexão era como se não existisse...
_ Vocês estavam indo para as masmorras? - Engoli minhas aflições para fazer a minha voz sair.
_ Sim, mas acabamos escutando coisas no banheiro e estamos aqui. - Mexeu nas mãos.
_ Agradeça os outros para mim. - Vou até o espelho, esperando a porta aparecer e ela apareceu, o que me aliviou.
_ Tudo bem...
Abro a porta, não me importando se a Dorea e os outros descobriram sobre esse salão, isso não era importante no momento.
A porta se fechou e como se possuída por um frenesi, minhas mãos arranhavam minha própria pele, os dedos se contorcendo em busca de alívio.
O som oco das batidas repetitivas da minha cabeça ecoava no ambiente, enquanto uma vertigem avassaladora se apoderava de mim, trazendo consigo ondas de náusea que pareciam arrastar minha sanidade para longe.
As palavras reverberavam incessantemente em minha mente, como um mantra acusador que me afogava em culpa e autor reprovação.
Uma sensação de impureza, indescritível e sufocante, enlaçava cada fibra do meu ser, me sentia contaminada, manchada por algo que não podia ver nem compreender completamente.
A urgência de me livrar dessa sensação era avassaladora, pulsando em minhas veias com o terror crescente:
Suja, suja, suja, suja, suja, suja, suja, suja... Estou suja.
Preciso tirar isso, estou suja, estou suja.
Cada repetição ecoava como um lamento desesperado, arrastando-me ainda mais fundo na espiral de desespero e agonia.
Minha garganta doía e coçava, e mesmo a arranhando, ela não parava, todo o meu corpo estava formigando.
Isso era pela sujeira, não era?
Tiro minha capa pela agonia e a jogo no chão, enquanto subia a escadaria uma sensação de sufocamento me envolve, como se o ar fosse um luxo inacessível.
Minha mão se fechou com firmeza no corrimão, em uma tentativa desesperada de me ancorar à realidade enquanto luto para encontrar ar suficiente para meus pulmões famintos.
Finalmente, não suportando mais, cedo ao desespero e me deixo cair no degrau mais próximo, onde me encolho, sentindo-me à beira da asfixia.
Com as mãos pressionadas contra minha boca, um grito sufocado lutava para romper o silêncio, enquanto minha cabeça batia de encontro à grade do corrimão.
Cada golpe ecoava como um sinal da agonia que me consumia, uma manifestação física do desespero que tomava conta de mim.
Um arrepio de náusea fez meu estômago se contorcer, anunciando o iminente colapso.
Num gesto instintivo, abaixei as mãos a tempo de evitar o vômito nelas, permitindo que a descarga ácida se espalhasse pelos degraus abaixo.
O líquido repugnante escorria entre meus dedos, manchando o concreto frio da escada.
Enquanto a sensação física de mal-estar me dominava, lágrimas brotavam dos meus olhos, rolando livremente pelas minhas bochechas em uma torrente de emoções descontroladas.
Cada soluço era um eco do turbilhão interno que me envolvia, uma mescla vertiginosa de desespero, medo e exaustão, que parecia não ter fim.
_ Estou suja, estou suja... - Continuei dizendo, ao mesmo tempo, que me arranhava e socava a minha cabeça.
Deitei-me no degrau em que estava e a vontade de vomitar não passou ou o formigamento no meu corpo.
Abracei o meu corpo e tentei focar a minha visão em algum ponto de luz, mas nada tirou os meus pensamentos daquele momento.
_ Você é tão inútil. - Funguei.
Abracei ainda mais o meu corpo e tentei me consolar, afinal, sempre consegui me consolar sozinha, sempre que acontecia algo comigo, estava sozinha e tinha que juntar os meus cacos.
Nas minhas crises tinha que respirar e me estapear até estar bem novamente. Estar no "normal" aceito pela sociedade, mas e se eu não ligar para isso?
Vou poder ser eu mesma ao invés de me esconder com máscaras? Porém, uma pessoa forte parece não ter sentimentos para os outros.
Não culpo a Dorea por pensar que iria me safar daquelas pessoas, já que me vê como uma santa, uma Deusa que nunca chorou e sempre tem uma resposta na ponta da língua.
Mas não sou assim, tenho sentimentos, choro, rio e me divirto... Só quero ser reconhecida.
"Você é apenas um humano e não um robô sem sentimentos."
Olhei para o meu anel e o beijei, mas logo o limpei, ele não poderia ficar sujo...
Isso fez que a saudade que sinto por si aumentasse e apenas um desejo crescente aparecesse no meu peito.
Quero vê-lo, mesmo que não se lembre de mim, quero vê-lo.
Quero ser reconhecida por seus olhos, quero me sentir bem e não sozinha, quero ser humana e não um robô e, não quero ser a deusa dessas pessoas, só quero ser eu.
Suspirei, devo ser patética, mas passei a metade da vida sem contato com outras pessoas e estou aprendendo a controlar meus sentimentos e isso leva tempo.
Sou como um bebê dando os seus primeiros passos e são tão lentos que me sinto empacada na vida, me sinto atrasada.
Mas quero vê-lo, porém, não quero que ele me veja assim, talvez eu consiga mais uma vez catar os meus caquinhos, consigo superar isso mais uma vez.
Sempre consegui e não será agora que não serei capaz.
Contudo, só preciso colocar tudo no lugar para pensar na vingança perfeita para aqueles quatro, só preciso de tempo.
