Não reparei muito, apenas sentia falta do bosque que já esteve aqui. A passagem se abriu e não penso, apenas passo por ela.
Faço um Tempus e vejo que era apenas seis horas da manhã, ainda estava cedo e dava para me arrumar.
Porém, devo tomar mais cuidado com o little lord. Contei muitas coisas pensando que dava para apagar de sua mente, mas agora devo tomar cuidado com cada palavra que falo... Ou posso apenas esquecer isso.
Ele não parece que vai contar os meus segredos para o mundo e devo confiar nele, mas será que devo?
O que estou pensando? Claro que posso confiar, ele é o meu porto seguro e devemos confiar um no outro...
Saio da passagem, olhando ao redor com cuidado, e deixei escapar um suspiro de alívio. Não queria mais problemas logo cedo.
Entrei no banheiro e meus pés se apressaram até a porta do meu salão, que já estava ali, me esperando. Com um movimento rápido, entrei e comecei a subir as escadas em direção ao terceiro andar.
Abro a porta do meu quarto e antes de retirar as minhas roupas, vejo pelo espelho que um dos coelhos do meu broche sumiu, na verdade, arrebentou a corrente.
Vou até o espelho e vejo que o único coelho que estava no meu colarinho era o de rubi.
Respirei fundo e não deixei os pensamentos pessimistas me assombrar, apenas que deveria fazer uma coisa, deveria pedir ao papai que me faça outro, porém, onde perdi o outro? Será que foi quando... Esqueça.
Olho em volta e vejo que a caixa da varinha das varinhas estava tremendo como antes, mesmo a prendendo em uma caixa reforçada com magia, ela queria fugir.
Como se isso fosse possível.
Vou até ela que estava em cima da mesa e dou três toquinhos na caixa, dizendo:
_ Você precisa se comportar, ou você quer ser quebrada? - Parou de se mexer. _ Boa menina. - Dou alguns passos para trás e ela não fez mais nada, o que me motivou a ir até o banheiro para tirar minhas roupas e objetos.
O espelho quebrado não existia mais e nem mesmo o sangue carmesim no chão, isso me deixava um pouquinho melhor que antes.
Mas parei de prestar atenção nisso, e olhei para a banheira que já estava pronta, será que foi a Debby? Será que Melissa sabe o que aconteceu?
Entro na banheira e chamo as duas, não queria ficar com perguntas que poderiam ser respondidas.
_ Você está bem? - Perguntou apreensiva. _ Minha mestra, me puna, eu não mereço ser mais o fantasma da sala precisa. - Ficouchorosa. _ Não pude prever alguém desligando a nossa ligação e sua magia...
_ O quê? - Agarrei a beirada da banheira. _ Alguém cortou a nossa ligação e minha magia? Foi o diretor Dippet? - Não, isso não faz sentido, por que seria ele?
_ Foi na sala dele, mas não sei se foi ele exatamente. - Deu de ombros. _ Perdi conexão com tudo e estava frio. - Tremeu. _ Minha mestra, alguém pode ter planejado isso. - Isso deu para entender desde o momento que minha magia não respondia aos meus comandos.
_ Fique de olho em todos os professores, principalmente em Dumbledore.
_ Farei o meu melhor. - Fez uma mesura, mas não saiu, porém, Debby achou a oportunidade para falar.
_ Estava na cozinha, mas não sabia o que estava acontecendo e peço que me perdoe, minha mestra. - Ajoelhou-se no chão e não impedi.
Mesmo que Debby seja um elfo livre, não poderia mudar sua crença que sou sua mestra e não me oponho a isso, já que ela tem liberdade de escolha.
_ Errei em me assegurar de sua segurança. - Semicerrei os olhos e as lembranças do momento vieram, mas os sentimentos não.
_ Entendo. - Sorri para elas, deslizando minhas mãos para a água que continha espuma. _ Ainda bem que aqueles três estavam por perto.
_ Sim, mas devo ficar mais forte nesse tempo que terei você por perto, não deixarei isso acontecer novamente. - Isso nunca mais voltará a se repetir, mesmo que precise morrer por isso.
_ Também preciso ficar mais forte. - Em magia e tendo aliados. _ Continuarei tomando banho, então, vejo vocês mais tarde. - Mesmo assim, não foram.
_ Ensinará os alunos novamente? - Por que não faria isso?
_ Sim, mesmo que alguns cheguem cansados de Hogsmeade, tenho que ajudá-los a fazerem seus trabalhos e a se preparem para as provas finais. - Tombei a cabeça para o lado.
_ Certo, arrumarei a sala. - Melissa sumiu e apenas suspirei.
_ Vou ajudá-la. - Concordei. _ Fique bem, minha mestra. - A vejo sumir.
Enquanto a água quente envolvia meu corpo na banheira, minha mente permanecia em um estado de quietude.
Todos os pensamentos pareciam ter se dissolvido no ar úmido do banheiro. Um cansaço profundo se instalava em mim, pesando em meus ossos, como se cada gota d'água fosse uma tentativa de lavar a exaustão que se acumulava dentro de mim.
Talvez ele estivesse certo. Talvez eu devesse parar de ser tão individualista, de pensar que posso resolver tudo por conta própria.
A verdade é que ninguém consegue alcançar grandes feitos completamente sozinho.
E é hora de aceitar que preciso de apoio, de compartilhar o fardo com aqueles que estão dispostos a caminhar ao meu lado.
Apenas preciso parar de ser teimosa... Saio da banheira, pegando a toalha para me secar enquanto pegava a escova e a pasta para escovar os dentes.
Quando terminei, peguei minhas roupas e as coloquei no cesto de roupa suja, mas os objetos voltaram comigo para o quarto, enquanto sentia o gosto de menta na boca.
Vou até a luminária e deixo o broche ali, colocando a roupa e meus anéis.
Mas o broche continuava me forçando a pensar se deveria escrever uma carta para o papai contando tudo que aconteceu, ou se devo apenas escrever um bilhete para ele?
Não, isso não vou contar, quero matar aquelas pessoas com as minhas próprias mãos e esperar alguns anos para isso acontecer pode ser bom.
Dei batidinhas no meu rosto e esqueço isso, pegando minha capa no processo e faço os meus livros flutuarem. Olho ao redor e não vejo os meus gatinhos.
_ Melissa, onde estão os dois? - Perguntei para o nada e a escola me mostrou os gatinhos caminhando pelos corredores. _ Obrigada. - Coloquei os anéis e arrumei o meu colar.
Vou até a minha varinha e a coloco no coldre do pulso, a observando. Devo começar a levá-la para qualquer lugar, já que mesmo sem magia, poderia furar alguém.
Saio do quarto, descendo a escadaria e indo em direção da porta, a abrindo e uma voz me assustou.
_ O diretor está a chamando. - Santo Merlim.
A olhei, vendo que estava ali com mais três pessoas e elas olhavam para a porta do meu salão.
_ Você quer me matar do coração? - Apertei minhas roupas, sentindo meu coração bater violentamente no peito, me sufocando por alguns segundos.
_ Desculpa. - A loira estava sendo sincera.
_ Mudando de assunto. - Minha atenção foi roubada pelo Ector. _ Você pode ficar tranquila, não perguntarei como existe uma sala aqui, já que você tem muitos segredos e não quero desvendar nenhum. Não sou curioso. - Levantou as mãos.
_ E a curiosidade matou o gato. - Safira comentou. _ Também não quero saber, fique tranquila.
_ Você está bem? - Charis perguntou e apenas concordei, me encostando na porta. _ Mesmo achando que não está, você não vai nos dizer nada mesmo. - Bufou.
_ Você me conhece tão bem.
_ Se realmente conheço, por que não sei se você está dizendo a verdade ou não? - Nem mesmo sei se estou dizendo a verdade ou não. _ Espero que exista uma pessoa que consiga desvendar você. - Arrumou os óculos que caia.
_ Por que o diretor está me chamando? - Mudei de assunto e vou em direção da porta, saindo do banheiro com eles atrás.
_ Bom, aqueles filhos de uma...
_ Olha a boca, Dorea. - Charis a cutucou, me colocando no meio do grupinho.
_ Aqueles desgraçados sem mãe foram até Dumbledore, dizendo que você que estava querendo transar com eles. - Isso era tão normal que nem mesmo me surpreendi. _ Nojentos.
_ E Dumbledore meio que acreditou. - Safira suspirou. _ Devemos continuar a nossa revolução, mas devemos acelerar o processo. - Não tinha resposta para isso ainda.
_ O que você acha que devemos fazer? Gritar no meio do Grande Salão e pedir que façamos uma revolução? - Ector zombou. _ Vocês só têm meses para nos ajudar, e nós. - Apontou para ele e Dorea. _ Temos um ano pela frente.
_ E tenho seis. - Subo a escadaria. _ Conseguiremos ter mais pessoas do nosso lado nesses poucos meses que resta. - Eu acho.
_ Ajudaremos da melhor forma. - Safira parecia melhor.
_ Mas agora não podemos fazer muita coisa. - Dorea pontuou o obvio. _ E mesmo se falássemos para o diretor que o que aconteceu com você foi uma tentativa de estupro. - O que realmente foi. _ Ele não vai acreditar em nós, ainda mais sendo Sonserinos.
_ Corvino. - Charis pontuou.
_ Lufana. - Deu de ombros.
_ E nem estava com vocês. - Ector me olhou. _ Mas finjo que também estava.
Chegamos na entrada do escritório do diretor e paro perto de uma das estátuas.
_ Quero falar com o diretor. - A escadaria surgiu e antes que pudesse subir o primeiro degrau, tive que dar alguma segurança a eles. _ Vejo vocês daqui a pouco.
_ Não demore. - Dorea falou.
_ Se demorar, invadiremos esse escritório. - Ector estalou os dedos.
_ Derrubaremos a escola. - Safira disse com raiva.
_ E chamarei os aurores. - Tão prestativos. _ Quer que eu chame alguém?
_ Grindelwald. - Fiz que os livros ficassem ao lado deles.
_ Claro, como se eu soubesse como contatá-lo. - Sorri e comecei a subir a escadaria.
Bati à porta e escutei um entre, me fazendo abri a porta e ver todos os diretores de casas e o próprio diretor, mas isso não me amedrontou.
Apenas continuei andando, observando os quadros e quase parei quando vi aquele quadro da época do Godric, era aquele que Salazar estava importunando. Ele me olhou horrorizado, mas se calou como se não tivesse visto ninguém.
O senhor seletor fez uma pequena mesura, do seu jeito e apenas acenei, subindo os pequenos degraus e ficando na frente daquelas cinco pessoas.
_ Bom dia. - Falei e alguns me olharam enojados, como se eu fosse uma coisa nojenta e asquerosa.
_ Não acho que a senhorita Granger tenha feito algo desse tipo. - Slughorn falou. _ Ela é uma boa aluna e aqueles quatro são pessoas do sétimo ano e ela é do primeiro. - Sempre foi tão lógico? _ Eles parecem gigantes e ela apenas um Pelúcio.
_ Slughorn, por favor. - Começou o diretor da Corvinal. _ Uma garota pode muito bem seduzir... - Não, não era o professor Flitwick.
_ Ela é uma criança, coloque isso na sua cabeça.
_ Primeiro, por favor, se sente. - Diretor Dippet me pediu e me sentei. _ Aceita uma bala de caramelo? - Estranhei, mas não neguei.
_ Obrigada. - Peguei a bala e a coloquei na boca, sentindo quase imediatamente a vontade de falar tudo... Idiotas.
Porém, acho que 1936 ainda não era proibido usar isso em menores de idade.
_ O que aconteceu ontem? - Ficaram me olhando.
_ Eu saí da sala precisa...
_ O que você fazia nela? - Dumbledore perguntou.
Então ele sabia sobre a sala...
_ Estava ajudando os alunos a fazerem os seus trabalhos.
_ Por quê? - Franzi o cenho, mas continuei.
_ Eles pensaram que seria uma boa ideia me ter como professora de reforço.
_ Então os meus alunos melhoraram em poções por sua causa? - Slughorn sorriu abertamente. _ Acho que devo fazer uma competição de quem será o meu sucessor. - Não quero. _ Tenho o Marius e agora a senhorita Granger.
_ Nem pense nisso, meus alunos em Herbologia ficaram mais interessados em mexer na terra do que antes. - O homem falou.
_ Acho que se Flitwick estivesse aqui, ele estaria rindo. - Falou o diretor da Corvinal. Ele era professor de Trato das Criaturas Mágicas.
_ Mas você é apenas um primeiro ano. - Dumbledore pontuou. _ Você só ajuda os primeiros anos?
_ Não, ajudo todos e consigo entender uma matéria em questão de segundos. - Mentira. _ Por isso que Dorea me pediu para ajudá-los. - Franziu o cenho, mas não discutiu.
_ E depois de sair da sala precisa? - Dippet retornou o assunto.
_ Senti vontade de ir ao banheiro enquanto descia a escadaria. - Cerrei os punhos. _ Então, fui ao segundo andar, mas antes de entrar no banheiro... - Meus olhos encheram de lagrimas e minha boca abria e fechava. _ Fui agarrada pelo senhor Macmillan e pedi para ele me soltar, mas ele falou que poderíamos nos divertir.
_ Eu avisei. - Slughorn festejou, mas ficou preocupado. _ É melhor expulsá-los, onde já se viu algo desse tipo acontecer numa escola de prestígio como Hogwarts?
_ E o que mais? - Dumbledore incentivou.
_ Chegaram mais três pessoas. - Solucei e mordi meus lábios. _ Um Corvino, um Sonserino e um Grifinório. - Suspiraram. _ Pedi novamente que eles me soltassem, mas eles apenas começaram a... Me alisar. - Minhas mãos tremiam. _ Tentei pegar a minha varinha. - Mentira. _ Mas não consegui e então bati no senhor Macmillan. - Funguei. _ Tentei fugir, mas ele pegou a minha trança e me prendeu.
_ Então a senhorita Black, o senhor Black e a senhorita Alax vieram, e a tiraram da posse daquelas pessoas? - O diretor perguntou.
_ Sim. - Mexi nas minhas mãos.
_ Vejo que não está mais usando o seu broche. - Slughorn comentou.
_ Eu os perdi. - Não sabia onde, mas perdi.
_ Eles já estão no último ano, expulsar eles agora... - Dumbledore se calou pelos olhares dos outros.
_ Uma criança quase perdeu a sua dignidade, estou pouco me fodendo se eles estão no último ano. - O Lufano comentou. _ Acho que expulsão é melhor.
_ Concordo com o Erbet. - O Corvino comentou.
_ Mandarei uma carta para os pais deles e eles serão expulsos. - Diretor Dippet comentou. _ Não aceitamos essa conduta dentro dessa escola, ou em qualquer outro lugar. - Ele me olhou. _ Também mandarei uma carta avisando os seus pais...
_ Já os avisei, acabei de mandar uma carta para eles. - Mentira.
_ Não quer que eu...
_ Não precisa se incomodar, senhor. - Sequei meus olhos. _ O senhor deve ter muitos afazeres.
_ A senhorita é uma boa criança, mas se continuar assim, acho que já tenho uma pessoa para suceder um desses professores. - Fiquei impressionada.
_ Acho que devemos competir. - O Lufano comentou. _ Ela é ótima em Herbologia.
_ Isso é meio injusto, ela não faz a minha aula. - Falou o Corvino.
_ E em poções ela é excepcional. - Já posso sair?
_ Ficarei de olho em sua segurança. - Dumbledore falou me observando. _ Espero grandes coisas da senhorita.
_ Obrigada. - Segurança o escambau, quer me vigiar.
_ Você pode ir, senhorita. - Me despeço de todos, fazendo o mesmo percurso de antes e saio do escritório.
