7. A visita

Eu estava terminando de me arrumar, quando escutei uma batida na porta.

— Entra! — gritei sabendo muito bem quem era.

— Vamos logo, Swan. Eu não quero pegar trânsito.

— Calma aí, eu já estou terminando de me arrumar — respondi do meu quarto.

— Você é muito enrolada! Falei que queria sair cedo.

— Ainda é cedo e já estou pronta! — apareci na sala.

Eu estava usando uma calça de alfaiataria pantalona azul marinho, com uma blusa branca de dentro e o blazer da mesma cor. Percebi que nossas roupas combinavam. Seu terno também era azul marinho e a blusa de dentro branca. Segurava sua maleta preta, os cabelos penteados para trás.

— Não sei porque demora tanto tempo para se arrumar, só nascendo de novo para você ficar bonita.

— Hahaha, você acha que me esqueci que já me chamou de gata?

— Foi um momento de relapso. De costas todo mundo fica bonito.

Eu andei e fiquei atrás dele. Hum… realmente suas costas eram largas e tinha uma pintinha em sua nuca, que dava vontade de beijá-la.

PARE! AGORA MESMO COM ISSO. ISABELLA MARIA SWAN!

— Você com certeza não é todo mundo.

Ele bufou se virando de repente e percebi como ficamos próximos. Nós nos encaramos e senti o ar ficar mais pesado ao nosso redor.

Pelo jeito minha arritmia tinha voltado e eu esqueci de marcar a consulta com o cardiologista. Meu coração com certeza tava com algum defeito.

— É melhor a gente ir logo — ele disse passando por mim.

Eu soltei minha respiração e peguei minha bolsa, seguindo-o pelo corredor.

Nós iríamos visitar nossa cliente. Angela estava presa em um presídio especial, que ficava para o lado leste do estado. Se não conseguíssemos comprovar sua inocência, no júri e ela fosse declarada culpada, com certeza iria para um presídio federal, de segurança máxima.

Deveríamos evitar isso.

Fomos no carro de Edward, discutindo sobre o caso e furos nas evidências que tínhamos encontrado e que iríamos usar a nosso favor.

— Ainda está cedo, acho que dá tempo de tomar um café, pode ser?

— Claro — concordei, estavamos quase chegando.

Ele parou o carro em uma cafeteria e descemos. Fizemos nossos pedidos e sentamos em uma mesa de frente para o outro enquanto esperávamos.

Eu queria falar algo, mas ainda me lembrava dele sendo hostil dizendo que não seríamos amigos.

Edward pegou seu celular e mexeu nele, ignorando minha existência. Para não ficar o observando como uma trouxa, peguei o meu também procurando alguma coisa interessante para fazer.

Suspirei ao ver as mensagens no grupo com meus pais.

— Minha mãe não para de perguntar de você — falei sem conseguir segurar a língua imensa que tinha.

Ele pigarrou.

— Você não contou que a gente terminou?

Eu suspirei e levantei o rosto, surpresa por seus olhos claros estarem em minha direção.

— Ainda não, vou dizer quando encontrá-la pessoalmente — dei de ombros.

Nossos pedidos chegaram.

Ele deu um gole no seu café descafeinado e eu bebi o meu latte macchiato.

— Me dá seu celular.

— O que vai fazer?

— Anda logo, Swan — eu entreguei meu celular para ele.

Edward se arrumou e esticou o braço.

— Sorria — percebi que estava na câmera frontal e ele sorriu.

Há quanto tempo eu não vinha um sorriso daquele em sua Cara Azeda?

Eu me inclinei um pouco e sorri. Ele tirou uma selfie nossa.

— Oi, senhora Swan. Está tudo bem, estamos trabalhando em um caso importante. — mandou um áudio e me entregou o celular.

Eu o peguei, meus dedos roçando em sua mão. Ele soltou rápido e voltou a comer como se nada tivesse acontecido.

Olhei a conversa, mamãe estava mandando vários corações e mandando ele chamá-la de Renée.

— Você não precisava fazer isso.

— Tudo bem — deu de ombros.

Eu voltei a comer em silêncio, ignorando mais uma vez todos aqueles sentimentos que gritavam dentro de mim.

Quarenta minutos ele estacionava o carro em frente ao presídio. Eu não gostava de estar ali, era um clima tão hostil e pesado, mas era preciso em meu trabalho e tinha aprendido a lidar com isso.

— Sabe, se não quiser entrar, pode esperar aqui fora — Cara Azeda falou desligando o motor.

— Até parece que vou perder isso — abri a porta saindo do carro.

Ele me alcançou logo.

— É melhor eu começar falando primeiro com ela. — falei, depois que passamos pela área de identificação e revista, esperávamos ela em uma sala de visita.

Era pequena, apenas com uma mesa fria de alumínio e cadeiras, todas parafusadas no chão.

— Por que?

— Ela pode se sentir mais à vontade comigo.

Edward bufou.

— Eu falo melhor que você.

— Quem te enganou? Eu com certeza vou me sair melhor, só espere e veja.

— Tudo bem, mas se eu ver que não tá indo bem vou interromper.

— Ok. — concordei a contra gosto.

A porta se abriu e duas agentes entraram com nossa cliente no meio. Usava uma calça e blusa cinza, o cabelo preso e algemas.

Apesar de tudo, Angela com certeza era uma mulher jovem e ainda bonita, mesmo com o uniforme da prisão e sem maquiagem.

Eu tinha pesquisado um pouco sobre sua vida, seu pai era um pastor e Ângela foi contra ele, quando se emancipou aos 17 anos e começou a modelar.

Sua carreira desenrolou rápido e logo ela tava fechando vários contratos com marcas famosas e viajando o mundo trabalhando. Ficou ainda mais famosa ao se envolver com um ator, quando tinha vinte anos, o relacionamento durou pouco e não havia nenhuma polemica envolvida.

Estava no auge da carreira com 24 anos quando se casou com Ben Cheney com menos de seis meses de relacionamento. Ele era um deputado conhecido no país. Isso fez a relação deles sempre ser acompanhada por todos. Ele até ia em alguns desfiles dela e a acompanhou em uma premiére de um filme de comédia, que fez um personagem secundário, ela estava querendo investir na carreira de atriz também.

Formavam um lindo casal, mesmo com a diferença de idade de vinte anos.

Quando foi presa suspeita da morte do marido, muitos ficaram divididos e foi bastante hostilizada. Seu pai foi um dos poucos que desde o começo falava que apesar de estar distante da filha, não acreditava que ela tinha feito isso.

Ângela se sentou na cadeira e os policiais saíram .

Ao olhar para ela com mais atenção, eu pude ver como parecia triste e seus olhos sem brilho. Sabia que aquilo podia fazer parte de sua personagem, mas senti uma sensação de sinceridade.

— Bom dia, nós somos da Volturi Law, sou Bella Swan e esse é meu colega, Edward Cullen. Estamos aqui a pedido de Aro e seremos seus advogados.

— Os dois? — perguntou surpresa.

— Sim, nosso chefe acha que assim podemos realizar um trabalho melhor, você tem algum problema com isso? — perguntei na esperança que ela quisesse que eu expulsasse Edward dali.

— Não, nenhum.

Eu suspirei e o Cara Azeda me encarou como se pudesse ler meus pensamentos.

— Não temos muito tempo, preciso que me fale tudo que se lembra daquela noite e do seu relacionamento com seu marido.

Falei sem rodeios. Não iríamos ler o depoimento dela, para não atrapalhar suas memórias ou qualquer informação que ela possa ter modificado e não se lembrar.

Edward ligou o gravador de voz.

Ângela suspirou.

— Eu conheci Ben em um evento e podem não acreditar, mas me senti atraída por ele assim que o vi. Eu não sabia que ele era um político antes que fossemos apresentados. Nós nos encontramos por acaso algumas noites depois e bebemos juntos, eu… eu me apaixonei de verdade por ele — fungou. — Ben era um homem íntegro e direto, não como os meninos da minha idade que só faziam joguinhos e não assumiam compromissos… Nós começamos a nos relacionar sério, mas a mãe dele nunca gostou de mim e sempre se interpôs no nosso relacionamento… Mesmo assim nos casamos em segredo e tudo parecia perfeito. Nós só brigávamos por coisas bobas e nos acertamos logo depois, ele apoiava meu trabalho e meu desejo de ser atriz. Naquele dia… eu… eu…eu tinha uma um compromisso a trabalho… Ben me disse que iria me buscar depois que acabasse, mas falei para ele me esperar em casa… Quando cheguei eu… ele… — Angela começou a chorar mais forte.

Edward tirou um lenço do bolso e deu a ela. Ela limpou seu rosto, mesmo com as mãos algemadas.

— A casa estava escura e estranhei aquele fato… Quando abri a porta e liguei as luzes… eu vi.. Ben estava caído no chão, sangue escorria de sua cabeça. O corpo dele ainda estava quente, quando o toquei. Eu não fiz isso… eu juro. Eu amava Ben. — lágrimas escorreram do seu rosto.

— As câmeras não filmaram ninguém entrando na casa e não há outros registros, e se passou mais de vinte minutos da sua chegada e a chamada da polícia. Isso é o principal motivo que a levou como suspeita do caso.

— Eu já expliquei isso, eu fiquei em choque, paralisada… não sabia o que fazer. Demorei para sair daquele torpor e conseguir ligar para polícia. — fungou.

Eu e Edward nos encaramos. Teríamos que apelar para o lado emocional com o Jurí.

— Vocês tinham algum problema na relação?

— Não, nós nos amávamos muito. Mesmo com nossa diferença de idade, Ben era… nós só discutíamos por causa de sua mãe.

— A mãe dele? — franzi meu cenho.

— Sim, ela nunca concordou com nossa relação. Ela sempre foi controladora na vida de Ben, mesmo ele já tendo mais de quarenta anos, ela o tratava com um adolescente. Ben não queria mais seguir na política, mas ela queria que ele se lançasse a pré candidato para o governo. E começaram a brigar muito e dizia que eu era a culpada por tá influenciando Ben a sair da política, mas eu nunca faria isso, desde o começo ele se mostrou desgostoso com a vida que levava. Ele sabia de alguns casos de corrupção no partido e queria entregar, mas se sentia de mãos atadas sem saber como reunir provas.

— Se não o matou? Suspeita de alguém?

— Não.. não sei quem possa ter feito isso… mas…. mas…

— Mas?

— Eu sei quem sabe toda a verdade. Vocês têm que encontrar Steven.

— Quem é Steven?

— Ele era nosso jardineiro, ele estava em casa. Ele sabe de tudo… mas por algum motivo ele sumiu, a justiça nunca conseguiu localizá-lo.

Eu e Edward nos entreolhamos.

— Por que você acha que ele sabe de algo?

— Porque antes de ser presa ele me ligou… E me pediu desculpas por ser fraco e que precisava sumir, depois disso eu nunca mais o vi… Eu sei que ele estava em casa, Steven era nosso amigo mais próximo, Ben o tratava como um irmão. Ele inclusive morava na casa de hóspedes, ao fundo.

— E qual era o sobrenome dele? Onde acha que pode estar?

— Eu o conhecia como Steven Kelly… mas só quando tentei localizá-lo que descobri que seu nome era falso.

Eu suspirei. Seria impossível encontrá-lo.

— Acha que ele pode ser o verdadeiro culpado? — Edward perguntou.

— Não, Steven nunca faria isso. Por favor, meu último advogado não achou que isso daria em algo, mas eu sei que Steven sabe a verdade… se eu pudesse conversar com ele pessoalmente… vocês tem que me ajudar. Eu sei que posso convencê-lo a falar a verdade. Ele deve ter fugido por medo, ele sempre foi medroso, mas eu sei que ele amava e se preocupava com Ben, eles tinham uma relação de irmãos.

— Nós vamos fazer de tudo para encontrá-lo e descobrir a verdade. — Cara Azeda prometeu me surpreendendo.

— Você sabia sobre o seguro de vida que Ben tinha? — perguntei.

— Não, nunca ele me contou algo sobre isso. Só descobrir depois.

— Mas o gerente informou que uma mulher ligou dias antes no banco querendo saber sobre isso e se apresentou como a esposa de Ben.

— Não fui eu, eu tenho meu próprio dinheiro que ganhei com meus desfiles, eu nunca fiquei com Ben pensando em riqueza. Na verdade, ele sempre brincava que iria largar a política e eu teria que sustentá-lo, porque eu ganhava mais que ele.

Eu suspirei.

Nós conversamos mais alguns detalhes de seu caso e tiramos algumas duvidas, antes de nos despedir.

Saímos em silêncio daquele local.

Eu respirei fundo quando passamos pelo portão, ao sentir o ar puro e a tensão deixar um pouco meus ombros.

— E aí? Você acredita nessa história dela? — perguntei quando andávamos para o carro

— Ela é nossa cliente, temos que acreditar se quisermos ganhar esse caso. Mas caso seja a culpada, ela com certeza deveria ter sido uma atriz.

Eu concordei.

— Então o que vamos fazer? Quem será que ligou no banco querendo saber do seguro?

— Não tenho ideia. Mas acho que encontrar Steven é o único jeito de descobrirmos a verdade nesse caso. Talvez ele seja o culpado — Edward falou.

Eu suspirei.

— Eu não sei, ela falou com tanta convicção que não era ele.

— Então, porque ele fugiria? Isso tá muito mal explicado, vamos ter que encontrá-lo.

— Mas como vamos fazer isso? Até o nome que ele usava era falso.

— Deixa isso comigo — falou todo cheio de si.

— Com você? — dei um risinho.

— É, eu tenho meus meios.

— Espero que sejam legais.

– Bem…

— Edward! — empurrei seu braço.

Ele riu.

— Relaxa Swan, só vou falar com um amigo detetive…

— Hum, me mantenha informada.

— É, claro.

Edward apertou o alarme do carro e estávamos nos aproximando. Ele parou de repente colocando a mão no capô e se curvando um pouco.

— O que foi? Você tá bem? — perguntei preocupada, ele parecia mais pálido e nada bem.

Senti uma sensação ruim, passar por mim, como se algo muito ruim fosse acontecer.

— Ah, nada… só passando um pouco mal. — pareceu se forçar a dizer.

— É melhor eu dirigir.

— Não precisa — arrumou sua postura, mas não parecia nada bem. Sua testa suava um pouco.

— Edward você não está bem. Não vou arriscar minha vida assim. E se passar mal enquanto dirige?

— Eu já disse que estou bem — pareceu bravo e abriu a porta do carro.

Eu fui mais rápida, passei por ele e me enfiei dentro, sentando no banco do motorista.

Ele me encarou.

— Sai daí.

— Não, entra logo.

— Bella!

— Vamos logo, sou uma excelente piloto só para você saber.

Ele enfim suspirou e fechou a porta do carro entrando do outro lado.

Eu liguei o carro e acelerei saindo do estacionamento.

Ele encostou a cabeça no encosto do banco, fechou os olhos e respirou fundo.

— Você quer ir para o hospital? — perguntei não gostando de vê-lo daquele jeito

— Não precisa, acho que o café não me fez bem. Um antiácido vai me ajudar.

Respondeu e abriu sua maleta. Puxou de dentro um frasco branco e tomou dois comprimidos, sem água.

O frasco não parecia ser antiácido, mas não comentei nada, apenas sentindo aquela sensação se intensificar.

Uma sensação que eu não queria enfrentar.

Pela primeira vez me perguntei se Edward Cullen escondia um segredo.

EDWARD CULLEN PDV

Eu afrouxei um pouco a gravata e respirei fundo, assim que entrei no meu escritório.

Sentei na cadeira. Meu peito doía um pouco e parecia difícil de respirar.

Não conseguia acreditar que isso tinha acontecido na frente dela.

Nós estávamos passando mais tempo juntos e isso era ruim.

Bella era esperta e sabia que ia começar a desconfiar.

Lembrei de quando a vi naquela manhã, ela estava tão linda que por um momento eu quis contar tudo para ela.

Contar que queria ficar ao seu lado, mesmo sabendo que isso poderia fazê-la sofrer.

Mas eu não podia, não podia fazê-la sofrer. Eu não seria egoísta assim.

Eu tinha que ser forte e resistir.

Escutei uma batida na porta e tentei me recompor rápido.

— Chefe, como foi com a cliente? — Jasper perguntou.

— Não muito bem, vamos ter que trabalhar muito para conseguir convencer o júri.

— Eu acho que o Sr. Volturi acertou quando colocou você e Bella juntos, vocês com certeza vão conseguir isso.

Eu só me arrumei na cadeira.

Ele pigarrou.

— Você quer mais alguma coisa? — o encarei.

— Seu aniversário está chegando, o pessoal queria sair para comemorar com você e…

— Não. Deveria tê-lo demitido quando falou para todos sobre isso.

— Mas chefe…

— Sem discussão, Jasper. Me deixe sozinho, tenho que trabalhar.

— É claro, chefe.

Ele saiu da sala.

Eu suspirei.

Por um momento, tinha me esquecido que esse dia estava chegando.

O dia do meu aniversário. O pior dia do ano.

Esperava que esse dia chegasse e passasse o mais rápido possível.


Nota da Autora:

Oii amores, antes de tudo eu escrevo a fic conforme vou postando então pode ser que eu tenha que fazer algumas alterações como modifiquei o capítulo passado. Eu tinha colocado que era um recurso que eles trabalhariam, mas lembrei que o caso dele provavelmente iria para o tribunal de júri e achei que ficaria mais interessante colocar isso na história, então agora eles vão trabalhar para provar a inocência dela perante o júri.

Eu não entendo nada de direito, se estiver fazendo algo errado e alguém souber melhor podem me avisar kkkkk

Enfim, agora voltando ao capitulo. O que acharam?

Muitas já sabem o que o Edward tem, algumas ainda pareciam em duvida mas acho que agora não tem mais né. Porém, vou deixar a história desenrolar para vocês entenderem mais hahaha

Só confiem em mim, que nos meus fins sempre são felizes... eu acho hehe

O que será que aconteceu para o Edward não gostar de comemorar o aniversário? No próximo vamos descobrir e esses dois vão se juntar mais :)

ansiosa para saber o que acharam do capítulo, continuem comentando e acompanhando

Beijos