Childhood Dream Of Draco Malfoy
Por Ginsy
[Harry Potter x Draco Malfoy]
Capítulo V
Matar era uma palavra forte.
Harry Potter empurrou os grandes portões de Hogwarts.
Mas com certeza Malfoy era uma criatura cruel o suficiente para praticar aquele ato criminal, e com a força do pensamento, ele apressou os seus passos desejando evitar o inevitável. Para sua grande surpresa, Malfoy parecia ter encarnado a figura de um monge, ou então ele apenas se estava controlando bastante para não esmurrar Bletchley bem no centro da face, que ocupava o lugar de usual o goleiro da Sonserina, talvez agora não por muito tempo, Harry pensou.
Harry chegou aos campos de Quidditch e foi recebido com um mar de olhares envolvidos num silêncio mortal que pairava sobre o grupo de sonserinos como uma nuvem negra. Uma plateia de gente àvida e feroz, com vassouras nas mãos e bolas espalhadas pelos relvados, não parecia de facto um cenário muito apelativo aos seus olhos, mas a sua atenção estava unicamente posta em Malfoy.
Harry tropecou quando uma figura de cabelos negros curtos esbarrou nele com uma certa prontidão. Ele massajeou o braço ao perceber que era Pansy Parkinson que furiosamente tentava furar a multidão de Sonserinos instalada envolta de Malfoy.
— Draco, você está bem? — Ela pegou no rosto machucado de Malfoy como se Malfoy fosse algum tipo de bola de cristal frágil e virou a face para tentar analisar o estrago feito em sua bochecha.
No momento em que Pansy virou o rosto dele, Malfoy parecia ter notado a presença de Harry que não deixava de esconder uma certa curiosidade a uma distância considerável.
Malfoy pegou no pulso de Pansy e afastou a mão dela para longe.
— Vocês estão olhando o quê? O treino ainda não acabou para vosso infortúnio e eu estou extremamente chateado por isso nem se atrevam a deixar-me ainda mais chateado.— Ele reforçou. — Caso contrário vocês terão de encontrar outro dormitório para dormir hoje.
Malfoy ainda conseguia ser terrivelmente aterrador apesar das circunstâncias.
Ele ficou sentado no relvado ao lado das reservas de toalhas e garrafas de água e pegando-o de surpresa, Pansy Parkinson sentou ao seu lado, ajeitando os seus fios de cabelo levemente.
— Desta vez você terá que me contar o que você fez de tão idiota para Draco nem se dar ao trabalho de vir aqui excurraçar você.
Um quanto dissimulado Harry tentou olhar de esguelha para a garota ao seu lado. Ela mantinha as pernas esticadas, fazendo um reluzante contraste entre a pele branca dela e a relva quase como certo chamando à sua atenção, a saia era curta pronta a atrair atenções indesejadas, mostrando mais de metade das coxas nuas de Pansy e Harry engoliu a seco, se a garota fizesse algum movimento brusco ele poderia ver a calcinha dela, não que ele ansiasse pelo momento. A expressão encavacada estampada no seu rosto ávido deveriam, por outro lado, ter dado uma outra impressão a Pansy, porque ela começou rindo feito histérica atraindo até a atenção de Malfoy, Harry percebeu pela visão periférica.
— Oh, você realmente é como todos os outros, Potter. — Disse ela suavemente, provocativa ela subiu a bainha da saia uns centímetros. — Você nunca ficou com ninguém da Sonserina, eu poderia ser sua primeira.
— Vocês Sonserinos devem ter qualquer anseeio compulsivo por grifinórios. — Ele acabou dizendo, os seus olhos não desgrudando das pernas da garota.
— E você deve gostar de ser repremido sexualmente. Liberte seus pensamentos púdicos, Potter, você não gosta de garotas?
Harry inclinou a cabeça para o céu nublado tentando procurando um pouco de paz de espirito.
— Me deixe em paz.
— Oh você está ficando corado. — Ela disse, um tom alegre irritante enquanto se inclinava nada inocente sobre o seu colo. — Você é muito engraçado Potter, se não fosse por Draco, você seria meu. — Ela sussurou-lhe com um sorriso no rosto e mordeu o lóbulo da sua orelha, se afastando rapidamente com uma expressão dissimulada.
Ah sim, Harry imaginou, o monitor tirano que tinha proibido a Sonserina de ter contacto com Harry Potter. Malfoy havia sido tão convicente a pregar a sua palavra como um crente devoto que todos os sonserinos acreditavam vivamente que Potter era um amuleto de olho gordo com duas pernas e um grande tufo de cabelos negros.
— Você está tentando corromper o nosso querido menino de ouro, Pansy? — Harry baixou o olhar e Draco Malfoy estava bem na frente deles de pé, parecendo um gigante aterrador de dois metros, com os braços cruzados sobre o peito e uma expressão de poucos amigos, mesmo que Harry fosse na verdade mais alto que ele.
— Potter é que me estava comendo com os olhos. — Ela disse simblante e uma expressão de ultraje surgiu na face de Harry.
— Você é que está assim- — Ele gaguejou, o olhar de desaprovação de Malfoy recaindo sobre si. — Assim-
— Você está agindo como se nunca tivesse visto um par de pernas na vida, Potter. Feche os olhos se o está incomodando. — Malfoy acabou dizendo. Ele parecia mais normal, de certa forma, até um pouco divertido. O seu temperamento parecia mais estável. Harry permitiu relaxar-se.
— Eu estava tentando, até que ela me mordeu.
— Você com certeza irá bater uma punheta pensando em mim hoje. — Pansy acabou dizendo, os seus olhos negros vidrados em Harry.
— Você, minha menina, nós teremos uma conversinha logo à noite. — Malfoy acabou dizendo mas não soava a uma ameaça. Pansy sorriu.
— Vocês podem falar amanhã? — Os dois sonserinos franziram as sombracelhas ao mesmo tempo, aquilo foi assustador, Harry pensou. — Eu gostava de falar com você hoje.
Malfoy pareceu pensativo por uns momentos.
— Certo. Fale então.
Harry entrecalou o seu olhar com Pansy e Malfoy. Pansy era a que parecia mais ansiosa em ouvir o que Harry tinha para dizer. Malfoy por outro lado, não esboçava qualquer emoção.
— Podemos falar mais logo, sozinhos? — Ele murmurou a ultima parte, a palavra saindo da sua boca quase que de forma inaudível.
— Isso é um quanto perverso da sua parte. Pretende arrastar-me para onde? — Malfoy returquiu, havia um brilho maniaco por detrás das suas iris cinzentas.
Harry arregalou os olhos. Suas palavras não haviam sido claras o suficiente? Malfoy viu a expressão descrença no rosto dele e arqueou levemente a ponta do lábio. Pansy riu brevemente, achando aquilo tudo um quando hilariante.
— Draco o comerá vivo se você lhe der a chance. — Ela disse antes de se levantar e Malfoy deu-lhe uma cotovelada e fuminou-a com o olhar.
— Então? — Harry acabou perguntando assim que Pansy se foi embora, despedindo-se de Malfoy com um forte beijo na bochecha e um aceno malicioso a Harry.
— Espere por mim na infermeiria, mais vinte minutos. — Malfoy acabou dizendo e deu-lhe costas, voltando a sua atenção para o treino de Quidditch.
Harry estava sentado numa das macas e não passava nada despercebido. As aulas já tinham acabado durante aquele dia e ele havia-se deixado relaxar na grifinória o resto do anoitecer, isso explicava as roupas casuais que ele estava usando, muito simples e ao mesmo tempo muito chamativas por serem claramente roupas do mundo muggle. Ele vestia uma sweather cinza e umas calças fato de treino pretas, algo bem comum. A maior diferença é que não estava usando as suas botas usuais, ele sentia-se rasamente mais baixo, isso incomodava-o.
Saindo apressada do pequeno armário, ele viu Madam Pomfrey quase tombar para o lado quando o viu na infermeira. A mulher idosa levou as mãos ao ar e Harry sabia que estava pronto para levar um raspanete.
— Diga lá rapaz, onde você se magou agora? — Ela encaminhou-se na sua direção e Harry esticou os braços tentando impedi-la de se aproximar. Mas ela interpretou aquilo como se Harry estivesse indicando que tinha ferimentos nos braços, e arregaçou prontamente as mangas da sweather deste enquanto Harry se debatia furiosamente para se tentar explicar.
— Não, não eu estou bem. Quer dizer, eu estou mas Malfoy-
Ela se afastou repetidamente dele, a mão na cintura e um rápido movimento de desaprovação com a cabeça m.
— Você brigou novamente com o Sr. Malfoy? — Ela suspirou. — Vocês dois só aprendem quando um de vocês matar o outro, não é?
Por falar no desgraçado, Malfoy abriu a porta da infermeiria e parou momentaneamente na lomba, os pequenos olhos analisando o cenário com a cabeça ligeiramente inclinada, parecendo uma criança.
— É uma boa altura ou estou interrompendo algo?
— Venha cá, pobre coitado, Harry não lhe dá um momento de descanso, não é? — Ela puxou Malfoy pelo pulso arrancando o rapaz à força para dentro da infermeiria, fazendo Malfoy grunhir em dor e lançar a Harry um olhar de desespero. — Onde é que Harry lhe bateu?
— Eu? — Harry quase que berrou em indignação.
Malfoy sorriu na sua direção, fingido e totalmente idiota causando um leve arrepio no corpo de Harry.
— Está vendo minha bochecha? Ele me deu um soco com muita força. Eu acho que ele tem inveja do quão bonito eu sou.
Harry no seu lugar revirou os olhos e ficou olhando de lado para Malfoy o tempo todo enquanto Madam Pomfrey lhe fazia um curativo rápido.
— Espero que você tenha gostado dos minutos de atenção que você recebeu, erradamente. — Harry disse com um certo desprezo, as mãos dentro dos bolsos das suas calças fato treino.
— Não se preocupe, acredito que ainda estará para vir o momento em que uma mulher lhe dará atenção.
— Bem, — Harry começou parando no caminho, a meio de um amplo e vazio corredor de Hogwarts, Malfoy esbugalhou os olhos na sua direção.
— Você com certeza não quer falar comigo aqui. — Malfoy começou. — Você disse que queria falar a sós comigo.
— Então, — Harry olhou ao seu redor, não havia sinal de uma alma. — Nós estamos sozinhos.
— As paredes têm ouvidos.
— E você tem uma boca extremamente irritante. Dá para você ficar calado, apenas um segundo? — Harry percebeu que a sua resposta havia sido um bocado bruta, aquilo era algo que ele deveria melhorar em si mesmo. — Nós podemos ir dar uma volta aos pátios de Hogwarts, se você quiser.
Malfoy deu de ombros e começou andando, Harry seguiu-o. Ele acabou não percebendo se Malfoy estava chateado ou se estava apenas fazendo o que Harry pedira, de qualquer das formas aquilo era irritante. Estava frio lá fora, a noite era gélida e havia nevoeiro pairando sobre os vastos relvados, Malfoy apenas continuo andando, até que Harry decidiu que aquilo estava demorando tempo demais.
— Eu queria desculpar-me.
A sua voz não soou bem como ele havia planeado. Não havia rigidez no tom e nem era muito confiante, quase como se não fosse sincero, mas ele realmente estava arrependido. Malfoy virou-se na sua direção, os braços cruzados sobre o peito, e mordendo levemente a bochecha. Claro que ele havia ouvido o que Harry disse, mas não parecia acreditar no que ele havia dito.
— Você está tentando ganhar um lugar no céu agora? Você já fez demasiadas coisas erradas, deixe para lá. — Malfoy disse devagar, o tom calmo, e continuou andando com Harry ao seu lado.
— Eu realmente não deveria ter dito aquilo- Você sabe.
— Não é o que você pensa? Você não precisa de se desculpar por dizer o que todo o mundo pensa. A diferença é que você tem a sua ousadia extraordinária para me o dizer na cara. O que é absolutamente ridiculo, devo dizer. Isso pode custar todos os dentes da sua boca.
— Eu fiquei pensando sabe, e percebi que não provas suficientes para acusar você assim.
— Muito nobre da sua parte. — Malfoy disse calmamente enquanto as corujas cantavam ao longe. — Então era só isso? Posso ir agora? Ou você pretende continuar a manter-me em cativeiro aqui?
— Eu acho que nós deveriamos falar também sobre o assunto dos Dementadores.
— Oh, isso erá custar a minha noite inteira, poderá ser amanhã? Eu tenho tréguas a estabelecer com Pansy hoje, além disso, eu ainda não tomei banho. — Disse ele indicando a roupa grudada ao seu corpo suado.
— Se eu o levar à Sonserina você acha que Zabini irá arrancar quantos dedos meus?
Malfoy revirou os olhos com um breve sorriso de lábios finos.
— Só os seus dedos? Você está sendo generoso, Potter. Volte para o seu dormitório se você não quer um choque de realidade. — Ele disse colocando uma mão no seu ombro num segundo e noutro segundo caminhando sozinho para a Sonserina.
Harry acabou esquecendo de perguntar a Malfoy onde eles se deveriam encontrar. A sua noite havia sido tranquila, o primeiro dia de dezembro trazia consigo chuva miúda e madrugadas baças, aquilo significava que eles não poderiam dar um breve passeio novamente pelos pátios de Hogwarts. Não lhes sobrava muitas escolhas nesse caso, Harry pensou prontamente numa sala de aula, era um sítio sossegado e quieto, aquilo daria para eles conversarem calmamente durante a noite posta.
Malfoy imediatamente rejeitou a ideia.
— Eu preciso de uma mudança de cenário.
O que ele precisava era de uma mudança de carácter, Harry pensou de imediato. No entanto, ele não contestou numa tentativa frustada de reconstruir a sua moral.
Ele tinha pensado muito sobre a sua atitude.
— Então você quer ir onde?
Malfoy deu de ombros, a resposta dançava prontamente na ponta da língua, um sogrinho maroto brotou na sua face, as intenções maliciosas eram notórias.
— Para a Grifinória.
Havia grandes riscos de Malfoy não sair de lá vivo. Harry acenou negativamente com a cabeça.
— Nem pense, eu não quero causar um infarto em meu melhor amigo, eu sei que você nåo simpatiza muito com Ron, mas ele é precioso para mim.
— Simpatizar é um verbo generoso.
Harry acreditava que sim.
— Fora de questão. E a biblioteca?
— O propósito todo de uma biblioteca é estar em silêncio, caso você nunca tenha reparado.
Harry bufou e inclinou-se novamente sobre a secretária, as mãos ligeiramente atrás das suas costas suportando o seu peso. Ele olhou uma vez mais para Malfoy que esperava por uma resposta, apoiado na beira do tampo da secretária à sua frente com os braços dentro dos bolsos das suas calças e os pés cruzados.
— Não é boa ideia levar você para a Grifinória. — Harry disse, mas ele parecia mais estar falando consigo mesmo do que propriamente com o rapaz à sua frente.
— Ao menos seus amigos não precisam de perseguir você para descobrirem onde você está. Que mal eu poderia fazer. — Malfoy disse inocente olhando pela janela.
— Eu estou mais preocupado com o que Ron lhe poderá fazer.
Malfoy sorriu malévolo, um sorriso torto de lábios finos. Deveras assustador. Talvez ele estivesse preocupado com a pessoa errada.
— Você sempre me pode defender, não é, Potter? Ou você deixará ele me dar uma surra?
Harry bufou totalmente resignado. Malfoy caminhava ao seu lado como uma criança feliz, como se ele estivesse prestes a receber um grande saco de doces, aquilo fez Harry ainda bufar mais alto, que merda ele estava fazendo? Desde quando se tinha tornado tão submisso dos caprichos daquele idiota? Pelo menos Malfoy estava vestido de forma mais casual, calças pretas sociais e uma camisola de malha meia estação, sem o brasão da Sonserina em seu peito ele não parecia tão aterrador.
— Tape os ouvidos. Eu não quero visitas indesejadas durante a noite.
Uma criança feliz e bem comportada, Harry notou. Malfoy não contestou e a porta da Grifinória abriu, batendo Harry de caras com Hermione e Ginny na sala comunal, pelo menos não havia sinais de Ron ele notou. O sorriso de ternura no rosto das duas garotas rapidamente desvaneceu ao verem a figura esguia e alta de cabelos platinados bem atrás de Harry, com um sorriso no rosto não muito habitual. Malfoy não deveria ser uma pessoa que sorrisse muito no seu dia a dia, pois o seu sorriso estava longe de poder ser considerado fraterno e bonito, e pelo rosto avermelhado de Ginny, ela parecia assustada.
— Nunca fui recebido com tão pouco entusiasmo em um dormitório. — Malfoy acabou dizendo, permanecendo de pé ao lado de Harry numa postura que não indicava nada além de "bastardo". — Que sofás horríveis, acho que estou ficando com a pressão baixa.
— Harry o que ele está fazendo aqui? — Hermione indagou rapidamente, fingindo que Malfoy não tinha acabado de cuspir o seu usual sarcasmo. — Por que você o trouxe aqui?
— Falando assim até parece que eu coloquei um Imperius nele. — Malfoy rapidamente cortou. — Potter está melhor que nunca. Agora a parte importante, onde é que está Weasley? Quero ver as sardas dele saltarem quando ele me vir pisando o território dele.
— Você não está ajudando, Malfoy.
— Não era a minha intenção. Então, ele está onde?
Harry mordeu o lábio. Malfoy tinha voltado ao seu estado arrogante.
— Eu e Malfoy vamos subir, eu preciso de resolver umas coisas com ele. Coisas de monitores. — Harry agarrou o pulso fino e puxou-o através da sala comunal da grifinória. Malfoy fazia caretas enquanto olhava para a decoração.
— E você precisava de trazer ele aqui, Harry? — Hermione disse um quanto alto.
— Ele me pediu. — Harry respondeu antes de subir o lance de escadas e empurrar Malfoy para dentro dos dormitórios do sétimo ano, que para sua sorte, estavam vazios.
— Seu grifinório bruto, cuidado com os meus ossos. — Malfoy reclamou massajeando o seu pulso, numa falsa lamentação enquanto os olhos cinza analisavam o quarto ao seu redor, e logo uma expressão de desgosto surgiu na sua face.
Malfoy sentou-se na cama mais perto da porta. Harry, por sua vez, sentou-se na beira da cama da frente aquela que Malfoy estava sentado e esticou as pernas, as costas repousavam na cabeceira da cama, sob o olhar atento do outro. A pergunta inevitável surgiu:
— De quem é esta cama?
Um sorriso esnobe brutou na face de Harry.
— Ron.
Ele ouviu um resmungo de Malfoy que era parecido a um "Por Merlin, que horror" e rapidamente se levantou.
— Tire esses pés nojentos daqui. — Malfoy agora ajeitava-se na ponta da cama de Harry e encostou-se a um dos quatro mastros de madeira ao redor da cama, nos pés da cama, de frente para Harry. Os seus olhos atentos continuavam a julgar o local. — E estas cortinas... — Malfoy tocava em tudo parecendo uma criança curiosa, mas com cara de quem estava totalmente enojado. — Isto é o que os grifinórios usam para se esconderem quando precisam de privacidade? — Zombou.
Harry olhou para as cortinas vermelhas presas ao redor da cama e deu ombros para Malfoy.
— Então isso significa que você nunca trouxe ninguém para aqui? Nem você nem ninguém. — Malfoy começou medonho reparando no resto das cortinas igualmente presas. — Devo sentir-me lisonjeado ou devo fugir? Eu bem vi a maneira como você olhava para Pansy mais cedo. Isto, — Ele disse indicando as cortinas. — Explica tudo.
— Ela é que se sentou ao meu lado. Você queria que eu olhasse para onde?
— Tinha um treino de Quidditch decorrendo bem na sua frente dos seus olhos, seu idiota.
— A parte emocionante já tinha passado, eu adoraria ter presenciado o momento em que a bugler voou no seu rosto.
— Se você tocar nesse assunto novamente eu atiro você da Torre da Astronomia. — Cuspiu. — Mas como é que você ficou sabendo tão rápido?
— Eu estava vendo o treino.
— Claro que você estava, seu grifinório batoteiro. Onde?
— Daqui. — Harry apontou para a pequena janelinha ao lado da sua cama e Malfoy rapidamente se levantou e sentou-se no parapeito da janela, vislumbrando da visão que eles tinham no topo de Hogwarts.
— Isto é incrível. — Malfoy balbuciou olhando para os pátios de Hogwarts através da pequena janela. — Eu aconselho vivamente você a atirar Weasley daqui, Potter. Talvez ele voe.
— Vou pensar nisso. — Harry acabou dizendo, fechando levemente os olhos enquanto Malfoy permanecia olhando pela pequena janela, ele parecia fascinado, Harry deixou-o estar.
— Você sabe, — O loiro começou. — Na sonserina nós estamos debaixo de àgua, a única visão que nós temos é plantas aquáticas que nos indicam a direção do mar e a Lula Gigante.
— Isso não é um pouco assustador?
— Estar a trinta metros do chǎo parece-me mais assustador. — Disse Malfoy inclinando-se suavemente sobre o parapeito. — Estamos no sétimo andar, não é? É o inverso da sonserina. Você pode ver os Dementadores daqui.
De repente, já não soava muito excitante.
Harry abriu um olho com a afirmação feita. Aquilo era verdade, ele só não esperava que fosse das primeiras coisas que Malfoy apontasse naqueles poucos minutos.
— Por falar em Dementadores, você pode fechar a janela e voltar a sentar-se aqui?
Malfoy fechou a janela e voltou a sentar-se no mesmo sitio onde estava sentado antes, nos pés da cama, encarando Harry, as pernas cruzadas assim como os braços, empurrando suavemente as pernas de Harry para o lado oposto.
— Tente convencer-me então. Eu estou pouco me importando se você concorda ou não com o meu ponto de vista, Bones e McGonagall com certeza irão votar a favor, por isso se esforce e seja simpático comigo. — Malfoy sorria fechado, parecendo tão convencido. Ele realmente estava se achando, Harry pensou.
— Esta conversa não servirá de muito se você não tem a menor intenção de perceber o meu ponto de vista.
— E quando é que eu disse que não queria perceber? Nós estamos aqui, não estamos? Comece, ande Potter, eu quero ouvir as suas palavras didáticas.
Harry mordeu o lábio tentando disfarçar o seu nervosismo, ele não se havia debruçado muito sobre o assunto e no que diria quando o momento chegasse, ele pensou que as palavras iriam deslizar naturalmente pela sua boca, mas ele havia-se esquecido de um pormenor um quanto significativo, o pormenor dele estar falando com Malfoy e não com um dos seus amigos e ter de ser àquele sonserino pretensioso quem Harry tinha a tarefa de explicar um ponto de vista, logo Malfoy.
Aquela era uma missão absurda.
Mas Malfoy continuava à sua frente esperando uma palavra, e aquilo não estava deixando Harry muito confortável. O rapaz estava sentado na sua cama encarando tudo menos Harry, ele percebeu que ao menos Malfoy estava tentando aliviar um pouco a tensão que estava instalada entre eles não o pressionando.
— Bem, — Harry começou saindo de seu silêncio. — Eu já tive vários episódios um quanto infelizes com Dementadores, e eu não quero que se voltem a repetir, eles até podem dar uma sensação de segurança, mas ninguém entende que do mesmo modo que outros indivíduos não podem entrar em Hogwarts, nós também não podemos sair. Deixa a crer que os verdadeiros prisioneiros somos nós.
— Não foi você que disse que isto não era Azkaban?
— Não deveria parecer.
— E você está querendo ir passear para algum lado em específico? Pretende ir se encher de cerveja amanteigada durante a madrugada? Você tem um vasto pátio aqui, Potter, existe muito por onde você pode esticar as suas pernas.
— Você nem pelo pátio de Hogwarts pode andar livremente, se você se aproximar demasiado dos portões de ferro ou se você voar um pouco demais com a vassoura você estará cruzando um limite que supostamente é considerado seguro. Eu acredito que você se recorde e não tente desmentir, — Harry rapidamente disse ao ver Malfoy abrir a boca para falar. — Eu vi você tentando se desviar.
— Você e sua mania de me perseguindo estão deixando as coisas complicadas para mim. — Malfoy bufou, ajeitando-se levemente sobre a coberta. — Foi um lapso meu. Acho que ficou entendido para mim e para você que existe um limite traçado até no ar.
— Eu não acho Dementadores seguros. — Harry acabou dizendo o óbvio. — São criaturas de magia negra, alimentam-se da nossa felicidade e vivem quase em desespero para consumirem almas, não sabem fazer distinções entre alunos como Cho Chang disse. — Malfoy revirou os olhos com essa constatação. — E são criaturas que com muita dificuldade são afastadas, nem todo o mundo sabe invocar um expectrum patronum, e eu acredito que você também não saiba, Malfoy.
— Isso aprende-se. Estamos numa escola, acho que estamos no sítio certo.
— Além disso, se Voldemort invadir o Ministério da Magia os Dementadores irão ficar sobre o seu comando sem sombra de dúvidas, e não convinha que isso acontecesse enquanto os Dementadores estão dentro das estruturas de Hogwarts. Com certeza é um dos planos de Voldemort, ele deve estar mortinho para colocar mãos no Ministério. — Harry tomou ar. — Dementadores são inimigos prontos a virar costas quando não houver mais forma de sobreviverem, eles irão se virar para os alunos quando não houver intrusos dos quais se alimentarem. Eu não posso deixar que você vote a favor de colocar mais.
— Então Hogwarts irá ficar sem proteção. Quando o seu padrinho Sirius estava sendo procurado em Hogwarts os Dementadores também estavam lá fora.
— Sim, e dois dos meus três infelizes episódios com dementadores foram devidos a isso. E veja bem quem eles estavam tentando proteger. — Harry disse. — A situação não é muito diferente de agora.
— Então você pensa fazer o quê?
— Eu pretendo acabar com os Dementadores em Hogwarts e mandá-los novamente para o Ministério. É mais perigoso tê-los aqui do que haver um intruso a tentar entrar em Hogwarts. E Hogwarts está protegida por diversos feitiços, talvez McGonagall possa caprichar um pouco neles e durante as aulas poderiam ser ensinados mais feitiços de defesa. Eu posso reabrir a armada de-
Malfoy suspirou fortemente interrompendo o raciocínio de Harry e olhou novamente para a janelinha, admirando o céu estrelado ao longe.
— Bem, em sua defesa, a experiência não foi nada agradável. Quanto mais eu me desviava, mais ele parecia perceber de antemão os meus movimentos, foi aterrador.
— Eles seguem instruções simples e cumprem-nas facilmente, além que você é um aluno ainda, você teve sorte.
— Talvez eu não teria caido e partido minha preciosa perna.
— Você teria ficado em estado vegetativo, que é bem pior.
— Não me relembre disso. — Malfoy deu-lhe um pequeno pontapé. — Eu estava tentando ser corajoso.
— E parece que esse seu desvaneio está começando a deixá-lo descuidado. Você teve uma experiência perto da morte e agora você pensa que é imortal, qual é o seu plano?
— Oh realmente Potter. — Malfoy disse num múrmurio, dando-lhe outro pontapé na perna para tentar mostrar a sua indignação, ao qual Harry grunhiu em dor fingida. — Nem todas as minhas ações têm más intenções. Aqueles segundos com Pansy deviam ter deixado você louco. Para a próxima deixe os seus pensamento dentro da sua cabeça, você é muito óbvio.
— Ela é uma garota, e é muito bonita. — Malfoy deu-lhe novamente com o pé na canela. — Você pode parar de me bater, seu idiota. — Harry desviou a perna antes que Malfoy conseguisse pontapea-lo uma terceira vez.
— Estou trazendo você de volta a seus sentidos, seu imbecil. A pequena Weasley deveria lamber os meus pés por estar castigando você com esses seus desejos impuros com alunas da Sonserina enquanto ela está lá em baixo esperando o herói de infância dela descer a escadaria e espetar-lhe um beijo na boca.
— Você com certeza tem fantasias sexuais bem mais exóticas e obscuras que eu, talvez eu devesse bater em você. — Disse Harry retribuindo o pontapé. — Ou então não, você é capaz de gostar.
— Qual é a ideia que você tem da Sonserina, ahm? Um bando de sádicos e masoquistas sedentos por sangue e com roupas de latex todas as sextas? Deixe de ser estúpido.
— E não é?
Malfoy arregalou os olhos e desmanchou-se a rir.
E ele não parecia estar fingindo, pequenas gotas começaram enchendo os olhos de Malfoy, aquele idiota, ele pensou. Harry arqueou levemente as costas para chegar perto de Malfoy e colocar uma mão sobre a sua boca tentando abafar o riso descontrolado.
O rapaz tentou afastar a mão de Harry da sua boca pegando no pulso e empurrando-o mas perdendo a força à medida que se recordava dos segundos anteriores e no final, Harry conseguiu que as gargalhadas fossem diminuindo gradualmente.
Ele sentou-se no centro da cama, relativamente mais perto de Malfoy, as suas pernas também cruzadas.
— Se não fosse pelo respeito e a amizade que eu tenho com Zabini eu próprio o convidaria para ir experimentar as loucas, porcas e imundas madrugadas de sexta na Sonserina. Você é um grande idiota sabia, Potter, mas você até tem a sua piada.
— Como eu poderia não notar não é?! Você sempre parece bastante contente na minha presença, como eu poderia não reparar no seu largo sorriso de dentes durante todos estes anos.
— Eu já ri bastante com você, fique sabendo. Você se lembra quando a Weasley lhe deu aquela carta se declarando com uma canção ranhosa?
— Isso foi vergonhoso.
— Por isso, muito engraçado. Eu adoro vê-lo passar vergonhas. — Malfoy limpou as lágrimas que ameaçavam escapar no canto dos olhos. — Mas já faz algum tempo que você está me deixando entediado, agora você fica sempre com esse ar sério no rosto, você sofreu algum desgosto amoroso? Quero parabenizar a culpada.
— Eu não tenho tempo para ficar trocando cartas de amor e beijos no corredor. Está uma guerra ocorrendo, caso você não tenha dado por ela ainda.
— Oh, um romance trágico não deixa de ser um romance. — Os olhos de Malfoy desceram da sua face para o seu tronco e Harry sentia-se despido subitamente, apesar de estar completamente vestido. O olhar de Malfoy era extremamente desconfortável, mas não havia muito para onde ele fugir. — O seu corpo parece estar em forma, por isso eu vou ter de culpar a sua personalidade insolene e arrogante por você não conseguir desencalhar.
— A sua moral é extremamente duvidosa, eu também não estou vendo você com ninguém, talvez seja pela mania de superioridade.
— Eu ao menos ainda tenho o meu charme, independemente do quão ruim você acha que eu possa ser.
— Talvez eu passe mais tarde na Sonserina e troque umas palavras com Pansy.
— Fora de questão. — Malfoy cortou seco. — Você vai-se resumir à sua insignificância e bater uma sozinho. Eu não quero a sua presença a imundar a Sonserina, caso contrário teria de queimar tudo, seria uma dor de cabeça.
Passar demasiado tempo com Malfoy estava fazendo Harry começar a achar um fundo de piada no sarcasmo dos sonserinos, e sorriu.
A mísera claridade da noite iluminava em parte as maçãs ossudas do rosto lívido de Malfoy, deixando-o extremamente atrativo aos seus olhos, mas Malfoy sempre havia sido muito bonito, então a conclusão a que tinha chegado já não era nenhuma novidade, principalmente quando as roupas pretas faziam um contraste tão chamativo e elegante com o seu tom de pele.
Voltou aos seus sentidos quando Malfoy lhe deu um outro pontapé no joelho.
— Você pode babar um pouco menos? Eu presumo que deva estar difícil para você ver um garoto tão bonito como eu na sua cama, num dormitório vazio e não poder fazer nada, mas você tem que se controlar.
Aquelas palavras fizeram Harry engolir a seco.
Ou então, não era bem isso. Ele não tinha notado o momento em que Malfoy se tinha aproximado dele surrateiramente, aquele idiota com certeza o estava provocando porque não era possivel que eles estivessem aquela distância antes e Harry não tivesse notado.
Harry rastejou um pouco para trás até bater de costas na cabeceira da cama. Malfoy viu Harry ficar ligeiramente incomodado com a próximidade, e apanhando Harry de surpresa, a ponta do lábio ergueu-se como um sorriso malicioso.
— Eu vou andando antes que Weasley arranque minha cabeça e use ela como lenha. — Disse ele se erguendo da cama e sacudindo as calças.
— Eu levo você. — Disse Harry prontamente se levantando e vestindo uma sweather por cima da tshirt que tinha vestida.
— Muito nobre, nem parece que estava fugindo de mim a sete pés há dez segundos atrás, mas você pode apenas levar-me à porta, — Harry ia a dizer algo, mas foi cortado pela voz de Malfoy enquanto desciam o lance de escadas para a sala comunal. — Eu gostaria de ter os meus minutos a sós antes de chegar à sonserina e repensar na sua atitude medíocre, eu devo ser muito assustador, visto que ser feio não é uma questão.
Apenas Hermione e mais três alunos do primeiro ano se encontravam na sala comunal, e quase Hermione não daria pela presença deles se uma voz chamar à sua atenção. No momento em que Harry ia a abrir o quadro da Dama Gorda para Malfoy sair, Ron vinha a entrar. O amigo recuou dois passos e olhou para um retrato da Dama Gorda com uma expressão confusa, formando pequenos vincos na testa.
— Deixe passar Weasley, eu estou tentando ir embora ou você quer que eu passe a noite aqui?
Harry viu Malfoy descer a escadaria que daria ao sexto piso de Hogwarts sem mais nada dizer, deixando claro como as àguas do Lado Negro a indiferença que nutria por Harry e para trás um ruivo muito desorientado.
— Aquele era Malfoy?
— Era. — Hermione disse ao longe. — Parece que Harry tem algumas coisas para nos explicar.
Harry acabou explicando, mas tanto Hermione como Ron pareciam vidrados na ideia que Malfoy eram um ser místico traiçoeiro cheio de más intenções.
Harry lembrou-se da expressão no rosto de Hermione. A garota estava acostumada a ser confiável e compreensiva, mas ele não se lembrava de ver um ponto de compreensão esboçado no rosto de Hermione.
Mas eles estavam falando sobre Malfoy, e Malfoy também era o inimigo.
Claro que Malfoy não era como Voldemort, Harry pensou tentando sentir-se minimamente menos deprimido, Voldemort enchia-o tão facilmente de raiva e ódio com a mesma facilidade que um fosfóro incendeia uma floresta.
Malfoy, por outro lado, é mais do tipo que lhe oferece um abismo de estabilidade que você nunca será capaz de atingir.
— Ah, claro, o sonho de criança de Malfoy. — Disse Hermione remexendo-se inquieta no relvado, ajeitando a sua saia. — Usando a desculpa de solidariedade para cair nas suas boas graças e o converter para o lado negro.
— Lá porque ele ajudou você nesta, não significa que ele continuará a se comportar assim.
Harry estava sentado com os joelhos arqueados enquanto olhava para um ponto desfocado entre Ron e Hermione. Ele estava encostado no tronco da árvore e totalmente ignorou as palavras de Ron, o amigo estava deitado de barriga para baixo fingindo estar fazendo o dever de casa, e Hermione estava sentada, de esguelha espionando o que Ron estava fazendo.
— Pelo menos a conversa que eu e ele tivemos não serviu apenas para passar o tempo.
— Ah sim, já me tinha esquecido disso. Espero que no final tenha valido cada segundo do seu tempo, Harry. — Ron disse. — Estar trancado com Malfoy no mesmo cómodo deve ser aterrador.
Hermione estreitou os olhos castanhos e olhou de esguelha para Harry com uma expressão fechada.
— Sim, porque Harry parecia extremamente incomodado com a presença de Malfoy. — Hermione acabou dizendo sem alterar as suas expressões faciais e Ron apenas arqueou uma sombracelha em confusão.
Por falar em Malfoy, Harry viu ao longe uma cabeça de cabelos platinados sair debaixo das arquibancadas com as mãos nos bolsos do manto e uma face que não deixava transparecer qualquer emoção, o mesmo rapaz passou reto por eles sem lhes dirigir o mais mísero olhar. Harry semi cerrou os olhos reparando uns míseros segundos depois que um outro rapaz que carregava o crachá da Sonserina avidamente tinha acabado de sair do mesmo sitio de onde Malfoy havia saido mais cedo, também com a mesma expressão nula no rosto. O sonserino lançou a Harry um olhar desconfiado e rapidamente seguiu em frente, entrando igualmente pelos portões de Hogwarts.
Harry mordeu o lábio.
— O que vocês acham de Theodore Nott?
Ron largou rapidamente a pena escriba com um grande sorriso no rosto e um olhar brilhante.
— Um grande trapaceiro. — Ele disse rapidamente. — Vocês viram o que ele fez no último jogo contra a Lufa-Lufa? Ele literalmente empurrou Smith da vassoura.
— Ele não empurrou Zacarias Smith da vassoura, Ron. — Hermione prontamente corrigiu, para grande infortúnio de Ron que revirou os olhos. — Ele ao lançar uma quaffle acabou jogando-a contra Smith.
— Não seja inocente. — Ron respondeu. — Malfoy está sempre colado a Nott como se ele fosse um troféu, Nott é atualmente o melhor goleiro da Sonserina, ele sabia o que estava fazendo, não foi Harry?
Os dois amigos encaravam Harry como falcões.
— Nott provavelmente estava querendo lesionar o seu adversário, Smith também é um bom goleiro, então faz sentido. — Hermione acabou bufando com as palavras e voltou a atenção para o livro.
— Toda a equipa da Sonserina é uma trapaceira. — Ron disse. — Mas se você quer a minha opinião, eu não gosto dele.
— Você também não gosta de ninguém da Sonserina, Ron.
— Digá lá uma pessoa que você goste então.
Hermione pousou também a pena escriba sobre o pergaminho.
— Eu gosto de Astoria Greengrass. Ela é muito inteligente, e está várias vezes na biblioteca, claro que eu não me dou com ela, ela é puro sangue.
— E daí? — Harry indagou.
— Oh, Harry. — Hermione sorriu simpaticamente. — Puros sangues na Sonserina é o pior tipo de pessoas com quem você poderá cruzar em Hogwarts. Uma coisa é um puro sangue na Grifinória como Ron, outra coisa é um puro sangue na Sonserina como a família Greengrass, ou a família Nott, ou se você quer um exemplo mais perto de si, Malfoy.
— Malfoy fala comigo e ele é puro sangue.
— Primeiro, você é mestiço Harry. E segundo, o facto de Malfoy falar com você e ficar provocando você o tempo todo não significa que ele goste de si ou que nutra a mais pequena empatia pela sua pessoa, você melhor que ninguém deveria saber disso, então se você está começando a pensar que ele não é assim tão maldoso ou que algures no futuro Malfoy poderá vir a tornar-se uma boa pessoa, pense no caso do quinto ano quando Umbrige era diretora e você foi torturado todo o ano por causa de Malfoy, e assim você pode tirar o cavalinho da chuva.
E por falar em chuva, míseras gotas começaram caindo. Rapidamente eles guardaram os livros nas sacolas e começaram em passos apressados percorrendo o largo pátio de Hogwarts até abrirem as portas de Hogwarts com os mantos molhados e pigando o chão de pedra.
"Pst."
Harry pensou que fossem as vozes da sua cabeça que mais uma vez planeavam pregar-lhe uma surpresa, mas assim que olhou na direção de onde tinha vindo o som ele teve a certeza que era consigo.
Os olhos imperativos de Malfoy não mentiam.
— Vocês podem ir andando, eu já vou ter com vocês à Grifinória.
Ron tentou ajudar Hermione a carregar os livros e tentou arrancar-lhe uns quantos mas Hermione deu-lhe uma estalada na mão.
— Você vai onde, Harry?
— Eu lembrei-me que preciso de ir tratar de um assunto, não é importante. Eu estou lá em poucos minutos, vocês nem vão dar pela minha falta.
— Bem, até logo então Harry. — Hermione despediu-se com Ron bem atrás dela e subiram o primeiro lance de escadas mais perto.
Harry tirou o capuz enquanto se dirigia na direção de Malfoy, porém Malfoy puxou-o pela manga do manto para ele se apressar a aproximar-se, rapidamente se arrependendo ao perceber que o manto de Harry estava molhado, e tentou limpar às calças do uniforme com uma expressão de nojo.
— O que você quer?
Malfoy encostou-se á parede de pedra e ficou fitando-o de alto a baixo e cruzou os braços sobre o peito, o olhar atento sobre o silencioso corredor estava deixando Harry ansioso.
— Posso dormir na Grifinória hoje?
