— Meus pais achavam que o mundo seria melhor com ele. - Não me importava se ele estava escutando ou não. _ Queria saber a opinião de outras pessoas que compactuavam com suas ideias, afinal, era apenas uma criança que não entendia muito do mundo em que vivia.

— Cresci com os meus pais e eles me ensinaram os costumes puristas, então acreditei e aceitei os costumes. - Suspirou. _ Me arrependo de ter chamado a Granger de sangue-ruim, mas se o Lorde tivesse ganhado, não teria esses pensamentos, então é meio nebuloso o que iria pensar se ele tivesse ganhado. Afinal, ele estava louco.

— Louco? Que tipo de loucura estamos falando?

— Das piores. - Tirou do seu bolso uma pequena maleta. _ Vou te dar algumas poções para a sua anemia e queimaduras, mas para os ossos. - Tentou achar palavras. _ Preciso pegar mais algumas poções, não sabia de seu estado.

— Não preciso disso, sei que se não falar nada, vou morrer e se eles pegarem o que eles querem, também vou morrer.

— Talvez fique em Azkaban.

— Não é preferível morrer? Sei que não existem mais Dementadores naquele lugar, mas não quer dizer que ficou um mar de rosas.

— Você é estranha, alguns que seguiam a palavra, preferiam delatar os seus iguais para ser inocentado e ter a sua aclamada liberdade.

— Karkaroff. - Concordou.

— Mas tem outros que preferiram ficar calados e seguir aquele homem até a sua morte.

— Os Lestrange. - Falei.

— Sim, mas você. - Alisou os cabelos para trás. _ Você quer saber a opinião de um ex Comensal e sabe que morrerá, mas prefere isso. - Riu um pouco. _ Não sei se você é burra ou se faz.

Não dou a minha opinião, já que não tinha uma para começo de conversa.

— Aqui, vou ajudá-la a tomar as suas poções, mas quando eu voltar, espero que você esteja um pouco melhor.

— Se eles me mostrarem os benefícios de ficar nesse lugar, estarei muito melhor.

— Zombar das coisas é sua mania de fugir um pouco da realidade?

— Virou psicobruxo e não estou sabendo?

— Ou pode ser para fugir de certas perguntas. - Não me respondeu e nem mesmo o respondi.

O homem destampou o vidrinho e me ajudou a beber o líquido, o gosto era horrível, parecia que estava bebendo creolina.

— Não cuspa.

— Beba isso no meu lugar. - Engulo o conteúdo do primeiro frasco.

— Não sou eu que está doente. - Zombou, depois fala de mim.

Ele iria falar mais alguma coisa, mas a parede começou a se mexer e alguém estava ao lado de fora.

— Malfoy. - Era Harry.

— Potter. - Draco não parou de me ajudar a beber o outro vidrinho para olhar para o homem atrás de si.

— Pedimos para você vir para ver se ela tinha alguma doença transmissível e não para você tratá-la.

— E eu que pensei que sua testa tinha se curado quando derrotou aquele homem, mas vejo que apenas piorou a sua inteligência. Claro, se você tivesse um pouco de QI.

— Malfoy!

— Sim, esse é o meu sobrenome, caso tenha se esquecido. - Tenho que concordar com o Weasley, somos parecidos. _ Sou médico e é meu dever tratar qualquer um que venha precisar do meu auxílio, seja uma pessoa das trevas ou não.

— Então seus serviços não serão mais...

— Você não me dá ordens, Potter. Não sou um dos seus aurores para você falar qualquer coisa e eu apenas calar a minha boca. - Terminou de me dar as poções e se virou. _ Só vou parar de vir aqui se o próprio ministro me pedir. Mas fora isso, continuarei vindo para tratar essa criança.

— Isso é o que veremos. - Ele se aproximou e ficou me olhando. _ Está na hora de você contar o que sabe. - Estalou os dedos e dois bruxos entraram na sala, vindo em minha direção. _ Leve-a para a sala.

Já terei um interrogatório, que maravilha.

Pegaram os meus braços, me puxando para fora da cama e vejo ela voltar o que era antes, apenas um colchão fino.

— A levite, suas pernas estão quebradas...

— E você acha que me importo em dar um tratamento especial para uma Comensal?

— Ela não tem a marca.

— Vários não tinham, mas sabemos que eram. - Saiu da sala e os dois bruxos o seguiram, enquanto me arrastavam pelo braço.

Não quis olhar para trás e encontrar um olhar de pena, odiava esses olhares, eram cansativos e punitivos para a minha alma.

Eram como se tudo que aprendi e vivi, fossem nada, apenas um grão de areia.

Não prestei atenção em minha volta, já dava para saber pelo barulho que tinha muitas pessoas ali. Sou colocada em uma cadeira e meus braços e pernas foram algemados.

Olhei para cima e vi várias pessoas me olhando, tinha o ministro, o chefe dos aurores, chefe de algum departamento e mais algumas pessoas que tinha chefe como título. Alguns vestiam roupas pretas e outras vermelhas.

— Isso é um julgamento? Meus leitores precisam saber exatamente o real motivo dessa convocação de última hora. - Sua voz era sedosa, aveludada e tinha um bom timbre.

Acariciava os sentimentos de quem a ouvia, era uma sensação boa.

— E você seria? - O ministro perguntou.

— Desculpe-me a apresentação tardia, me chamo Annelise Skeeter e estou aqui para apurar os fatos para O Pasquim.

Alguns riram e outros fizeram sons de surpresa, não poderia ver as pessoas de trás, mas o que estavam à minha frente pareciam em dúvida e chocados.

— O Pasquim? O antigo jornal de loucos? - Alguém zombou.

— Isso não importa. - O ministro começou a falar. _ Hoje convoquei vocês para uma grande notícia para o Mundo Bruxo, conseguimos capturar a pessoa que pode nos trazer a verdadeira paz. Essa menina que vocês estão vendo, é a pessoa que pode nos dar as informações que tanto buscamos.

— Ela tem informações que podem nos levar para os Comensais sem marca e informações dos aliados daquele homem. - Harry falou e a confusão se instaurou no ambiente.

— Traga o Veritaserum. - Alguém gritou e várias pessoas começaram a concordar.

— Iria pedir para vasculhar as memórias...

— Memórias podem ser falsificadas. - Aquela pessoa gritou.

— E Veritaserum pode ser burlado se a pessoa tiver convicção de sua inocência. - Hermione falou. _ Todos esses jeitos que os senhores estão pensando, nos darão informações falsas, talvez até mesmo o seu nome venha cair por uma palavra dessa garota.

— Absurdo! - Continuaram gritando suas opiniões fúteis.

— Então a torture-a, essa gentinha não merece um tratamento piedoso, temos que fazer o que eles sempre fizeram.

— Mas ela é apenas uma criança. - A jornalista respondeu. _ Talvez ela não tenha culpa.

— Todos têm culpa.

— Vocês irão prejudicar uma criança? - Em sua voz dava para saber sobre seus sentimentos, ela parecia triste.

— Entregue a bolsa e podemos libertá-la com uma contenção mágica. - Iriam retirar minha magia.

— Não. - Falei e alguns tentaram vir até mim para roubar a bolsa, mas foram parados por alguns aurores.

A sala era tão escura; não era aconchegante, mas a cor até que era bonita. Mas preferia azul, era uma boa cor.

— Aberração! Ela não merece opção de escolha, vamos, andem logo e a torture. - Alguém pode calar a boca desse homem?

— Não sejam tão extremos, temos tempo para decidirmos o destino da criança. - O ministro tentou apaziguar as coisas, mas não funcionou.

— Começaremos pelas informações que conseguimos dessa menina. - O subsecretário falou e organizou o papel que leria. _ Estamos na presença de Leesa Avery, nascida em 1991, não temos o dia do seu nascimento ou mês. Mas provavelmente tem 15 anos; seus pais são Byella Avery e Asmus Macmillan; mortos algumas horas atrás. Seu avô se chama Canopulous Macmillan e ele já foi notificado sobre a morte do seu filho.

— Como eles foram mortos? - A jornalista perguntou.

— Duelo, a senhora Weasley e seu marido estavam lutando contra eles e acabaram fazendo que os dois tivessem traumatismo craniano, aqui está a autópsia. - Fez que alguns papéis fossem distribuídos.

Queria dizer para todos que ele estava mentindo, mas por que faria isso? Para eles se lembrarem que existo e começarem a discutir novamente, o que iria fazer comigo?

Era melhor ficar quieta e apenas escutar o que esses idiotas estavam falando.

— Foram tarde, menos gente idiota no mundo.

Eu só queria saber quem era ele, talvez em um dos meus ataques de raiva, conseguisse adrenalina o suficiente para conseguir andar e pular no seu pescoço, arrancando um pedaço da sua garganta com os dentes.

Parecia uma cena maravilhosa para mim.

Vejo o ministro começar conversar com alguns homens que eram do júri e fico pensando qual seria a tortura. Estava preparada para elas? Talvez.

— Antes de decidirem o meu destino, quero que saibam que nunca fiz nenhum mal para vocês. Não achava certo as palavras puristas dos meus pais, mas fui criada com essa educação e não posso mudar o que já está gravado em minha alma, só não entrego essa bolsa por puro egoísmo. Essas são as minhas palavras finais.

— Dê a ela dez gotas de Veritaserum. - A maioria comemorou, ninguém sobreviveria três gotas dessa poção, nem mesmo o Lorde.

— Isso é um absurdo, apenas três gotas iriam fazer aquele-que-não-deve-ser-nomeado falar seus segredos mais íntimos. - Gostei dessa jornalista. _ Vocês não podem fazer isso, o mundo culpará vocês.

— Ou vai nos agradecer, senhorita Skeeter. - Harry falou ríspido.

Um inominável veio até mim, com um vidrinho em mãos e agarrou fortemente a minha mandíbula para que eu abrisse a minha boca.

Tento algumas vezes escapar, mas não consegui um resultado positivo. Poderia suportar a tortura, mas Veritaserum não iria conseguir.

Sinto a poção sendo colocada na minha boca, gota por gota e comecei a contar quantas gotas conseguia sentir com a língua. Mas foi difícil, contei 25, mas ele não iria colocar quinze a mais, ou iria?

Saiu de perto de mim e sinto a necessidade de contar tudo, até mesmo a minha pequena paixonite por ambientes na cor azul.

— Qual é o seu nome? - Não sou uma Malfoy, não sou uma Malfoy, e tenho certeza de minhas palavras.

— Leesa Avery... - Mordo a língua, mas a dor não adiantou. _ Malfoy.

Escutei suspiros de surpresa, mas podia escutar alguns dizendo que a poção não estava funcionando.

Então eles analisaram que perguntas fariam para me testar, perguntas essas que colocariam tudo em risco. Até mesmo a minha dignidade.

— Nome de sua mãe.

— Byella Avery Malfoy.

— Poderia me explicar como meu sobrenome foi parar na boca dessa criança? - Essa voz...

— Lucius, está um pouco atrasado. - O ministro não parecia aborrecido. _ Conhece essa menina?

— Não. - Sentou-se em um lugar que conseguia vê-lo. _ O senhor deve saber que minha família só pode ter um filho por geração.

— Então a poção não está funcionando, aumente a dose.

E dessa vez nem mesmo consegui mexer a cabeça, só conseguia sentir a minha boca sendo aberta e a poção sendo despejada na minha língua, essa poção parecia Imperius, podia pensar e ver, mas minhas ações não pareciam corretas.

Não prestei atenção na quantidade de gotas que caíram na minha boca, mas me senti doente, queria vomitar, mesmo sabendo que não sairia nada.

— Qual é o seu nome?

— Leesa Avery Malfoy. - Dessa vez, nem tive o pensamento de tentar não falar, a poção não estava me deixando fazer isso.

— De novo, dê o vidro todo. - Aquele homem gritou, sendo concedido o inominável a fazer isso.

Mais uma vez ele veio até mim e jogou todo o conteúdo do vidrinho na minha boca.

Alguns diziam que já era demais para uma pessoa aguentar e outros estavam rindo. Não sabia de mais nada.

— Nome?

— Leesa Avery Malfoy. - Minha boca se encheu com gosto de sangue e escutei alguém gritando.

— Aquilo não parece sangue. - As pessoas começaram a dizer, mas ninguém ligou para o sangue que saia da minha boca.

— Talvez ela realmente esteja falando a verdade, vocês já pensaram nisso? - Draco entrou na sala e me olhou sem expressão. _ Papai, se não traí a Astoria...

— Não traí sua mãe. - Era casos de família ao vivo.

— E o vovô? - Lucius me olhou e fez uma pergunta sem autorização do ministro.

— Quem são os pais de sua mãe?

— Laverne Avery e Abraxas Malfoy.

O sangue que saiu da minha boca não parava de escorrer pelo meu queixo e caia em algum lugar da minha roupa.

— Laverne? A filha expulsa e apagada dos registros da família Avery em 1952? - Alguém perguntou e concordei. _ Incrível.

— Mas isso não irá fazer a família Malfoy proteger essa garota, nos registros ela só tem Avery e a família Avery foi extinta. Então ninguém tem o direito de tirar essa garota daqui. - O ministro bateu o martelo.

Mas todos se perguntavam se aquilo estava certo, afinal, era de três famílias do "Sagrados Vinte e Oito". Contando a família do meu avô.

— Isso está indo longe demais, ela só tem 15 anos e ainda é uma criança perante a lei, trouxa e bruxa. - A jornalista falou e alguns concordaram.

— Você não poderia ser um pouco como a sua mãe? Ficando quieta para depois publicar meias verdades? - Aquele homem deveria morrer.

— Não sou igual a minha mãe, só quero escrever a verdade e os meus leitores irão saber de cada detalhe desse "julgamento" de uma menor de idade.

— É sobre ela ser de menor? Podemos resolver isso. - O ministro olhou para o subsecretário. _ Peça a emancipação dessa garota.

— Irei fazer isso imediatamente.

— Mas isso é crime! - Gritou e foi puxada pelos braços pelos aurores que estavam ali.

E pude vê-la, ela era bonita e interessante, de um modo estranho.

— Meus leitores irão ficar sabendo dos crimes que estão acontecendo aqui. - Foi a última coisa que falou antes de ser expulsa à força.

— Qualquer coisa que aquela mulher publicar será retirado do ar, escutaram? - Pensei que a luz defendia opiniões, mas estava errada novamente.

Será que o Lorde estava certo em querer dominar o Reino Unido e matar todos que não eram puros?

Ele realmente estava certo em querer matar todos da luz? Antigamente não tinha opinião sobre esse assunto, porque queria ver os dois lados, queria saber seus motivos, opiniões e ideais.

E agora que sei um pouco sobre as pessoas que se intitulavam de luz, acho que as trevas não seja tão mal assim, ela foi criada por opiniões divergentes e sua ideologia não parecia ruim.

Matar trouxas e nascidos trouxas não parece uma má ideia, ou talvez seja.