_ Sou apenas uma fiscal de realidades e essa pessoa iria acabar matando o senhor, e não queremos que seus planos deem errado. Então, até mais. - Levantei-me e levitei a mulher, mas o meu braço foi agarrado.
_ Não sou idiota. - Pensei que fosse.
_ Se não é idiota, não deveria... - Não posso falar. _ Faça uma boa matança, meu senhor. O futuro é esplêndido com o senhor no poder, até algum dia no futuro. - Retiro sua mão do meu braço e saio dali.
Caminho devagar e não olho para trás, só espero que ele volte para o lugar que deveria estar. Vamos lá, seja mais uma vez burro e idiota que sei que você é.
Mas não posso dizer que ele era fraco, para um mestiço, ele tinha muito poder e era sufocante, pensei que fosse morrer por asfixia. Não sei como consegui falar com ele. Foi tão legal.
Encontrei os garotos no beco e deixei a mulher no meio dos dois.
Retirei o vira-tempo do meu pescoço e entreguei nas mãos de Scorpius.
_ Na próxima vez não brinque com o tempo, ele é muito perigoso.
_ Segunda mãe, por quê...
_ Scorpius. - Ajoelhei-me no chão e segurei suas mãos. _ Seu pai foi um homem extraordinário e me sinto muito feliz por tê-lo conhecido.
Peguei um vidrinho na bolsa e retirei uma memória, era a morte do meu irmão.
_ Aqui, com essa memória você vai saber do que estou falando, só espero que você me perdoe e me entenda. - Guardei a varinha.
_ Segunda mãe, o que você... - O abracei e beijei suas bochechas.
_ Saiba que a família Malfoy foi a minha primeira família e me deu tudo que sempre desejei, fui feliz mesmo estando naquele lugar. Apenas quero que me perdoe. - Cheguei perto do seu ouvido e sussurrei. _ Vou mudar tudo e vou fazê-lo continuar vivo.
Ficou perplexo, mas não queria prolongar a despedida, apenas coloquei o vira-tempo no seu pescoço e me levantei do chão.
_ Vão, vocês precisam retornar.
_ Mas e você? - Alvo me perguntou.
_ Se ela voltar, ela vai ser morta. - Concordei. _ Espero que você continue sendo a minha segunda mãe. - Levantou o dedo indicador e me mostrou um anel. _ O anel Avery é bonitinho. - Sorriu e levantou o seu mindinho. _ Me prometa que vai me levar para a estação.
_ Prometo. - Entrelaço os nossos dedinhos e faço os nossos dedões se beijarem.
Mordi meus lábios para não chorar na sua frente, não deveria ser fraca neste momento.
O vejo dar a mão para Alvo e Alvo segurou a mulher.
_ Te vejo quando eu nascer. - Sorriu e girou o vira-tempo. _ Te amo, mamãe. - Desapareceu e não suportei mais a dor no meu peito.
Caio de joelhos e comecei a chorar como uma criança, e até tento tapar a minha boca para não sair nenhum soluço, mas não consegui conter.
Era doloroso demais perder sua família para o tempo. Um foi tirado de mim pela morte e outro pelo tempo...
Não nasci para ser feliz? Nasci para ser usada e massacrada pelas entidades? Por favor, não aguento mais.
_ Chorar sozinha no escuro não é uma das melhores situações. - Não conhecia essa voz, olhei para a pessoa e era uma senhora. _ Vamos, eu te faço chocolate quente. - Estendeu sua mão.
_ Não conheço a senhora.
_ E nem mesmo eu a conheço, mas não gosto de ver uma moça tão jovem chorando por aí. Chorar com alguém é muito melhor que chorar sozinha. - Acenou. _ Venha, não se acanhe, não posso morder mais.
_ O quê?
_ Falta de dentes, escove os dentes quando ainda tem todos eles em sua boca. - Sorriu e realmente não tinha muitos dentes.
Levantei-me e tento secar minhas lágrimas.
_ Não as seque, o seu rosto vai ficar todo vermelho. - Foi à frente e a segui. _ Hoje é uma noite belíssima, não acha?
_ Se for para perder pessoas importantes na sua vida, concordo.
_ Você não os perdeu, eles continuam em suas memórias, conte com elas para te dar forças.
_ Você já perdeu alguém? - Abriu um portãozinho e o fechei quando passei por ele.
_ Perdi minha família, mas sei que existem alguns por aí, só que não os conheço, infelizmente.
_ Sinto muito.
_ Tudo bem, não ligo muito para isso. - Abriu a porta de sua casa e todas as luzes foram acesas. _ Espero que não se importe com uma casa modesta. - Entramos na casa.
_ Não, está tudo bem, já fiquei em lugares piores. - Ela me olhou e me toquei do que falei. _ Bom, é muito bonita a casa da senhora, bem rústica e...
_ Não continue, não vai melhorar em nada. - Concordei e olhei para uma foto. _ Vejo que se interessou pelo meu sobrinho-neto. - Franzi o cenho.
_ Grindelwald era o seu sobrinho?
_ Neto. - Complementou e foi para a cozinha.
Olhei mais uma vez e o homem era bastante bonito, principalmente pelos seus olhos bicolores e cabelos loiros branquicentos medianos.
_ Ele era bastante bonito. - Vou para a cozinha, me sentando na cadeira que estava em frente ao balcão.
Abaixei o capuz, o deixando nos meus ombros.
_ Manipulou muitas pessoas com sua beleza, até mesmo a mim. - Glorificou-se. _ Seu sorriso e palavras eram algo que sempre o invejei.
_ Você acha que ele seria páreo para você-sabe-quem?
_ Grindelwald foi fisgado por uma pessoa. - Mudou de assunto. _ Um homem, na verdade. Ele o prometeu o mundo e Grindelwald gostou da ideia, mas esse homem deu para trás.
_ Dumbledore? - Ela me olhou enquanto esquentava o leite.
_ Sabia que o cheiro de tempo não vinha dos garotos e sim, de você. - Fiquei confusa. _ Viajou por muitos anos no tempo?
_ Não, só consegui colocar as mãos em um vira-tempo hoje. - Olhou-me de esguelha. _ E você sabia dos garotos?
_ O cheiro de seu corpo é muito forte apenas por uma viagem. - Viu o leite ferver. _ E sim, vi os garotos chegando e partindo, você fez bem.
_ Não acho, perdi alguém para a morte...
_ A morte não significa que morreu, a pessoa está viva em seu coração e memórias, só não pode esquecê-la.
_ Acho que não consigo esquecê-lo. - Concordou.
_ Presumo que não tenha um vira-tempo para voltar, ou você planeja ficar?
_ Pretendo fazer um, não posso ficar aqui.
_ Muito difícil, mas acho que você consegue, suas mãos parecem ser habilidosas.
Olhei para as minhas mãos que estavam com cortes e ossudas.
_ Se você está dizendo.
_ Ainda não sei o seu nome. - Deveria dizer o meu nome? _ O meu é Batilda Bagshot, talvez você me conheça por alguns livros. - Fiquei surpresa e animada.
_ Alguns? Por Merlim, a senhora está sendo modesta.
Vasculhei minha bolsa e peguei o livro que Draco me deu em um dos meus aniversários.
_ A senhora é maravilhosa, por favor, me dê o seu autógrafo.
A mulher ficou com as bochechas coradas e colocou a mão na boca, enquanto desligava o fogo, indo até o balcão para fazer o chocolate.
_ Agradeço o elogio. - Entregou-me o chocolate quente.
Ela chamou uma pena e tinta, tomando o livro de minha posse. Ela me olhou, esperando algo e falei:
_ Leesa.
_ Sem sobrenome? - Estranhou, fazendo suas rugas ficarem mais nítidas.
_ Nessa época ainda não era nem nascida, não posso...
_ Diga-me o seu sobrenome, aquele que te faz sentir bem e confortável de usá-lo.
_ Malfoy. - Sorriu e fez uma dedicatória. _ Obrigada. - Bebo um pouco do chocolate.
_ De nada, acho que a senhorita irá ficar um bom tempo aqui. - Iria falar. _ Vira-tempo demora para ser fabricado, tenho um quarto de hóspedes no segundo andar.
_ Tenho dinheiro, posso...
_ Nem pensar, e se pessoas do futuro vierem te matar? Já pensou?
_ A senhora estaria em perigo.
_ Que bobagem, se for realmente para morrer, devo agradecer a Merlim por me apresentar uma menina tão educada e zombeteira.
_ Peço desculpas.
_ Você não sente isso. - Estava certa. _ Acho que o que você precisa é de aprender a manipular pessoas e não ser manipulada por elas.
_ Você está dizendo que...
_ Vou te ensinar, Grindelwald teve que aprender com alguém, ninguém nasce sabendo, nem aquele homem que você conversou por breve segundos.
_ Você realmente viu tudo.
_ Sim, foi interessante. - Deveria ter sido mesmo. _ Mas não acho que ele acreditou em você, mas deixou você ir, por enquanto.
_ Ele é burro, não deve ter mais racionalidade para pensar que menti. - Riu.
_ Vá, tome um banho e me espere no quarto do final do corredor, acho que você precisa cortar esse cabelo, está horrível.
_ Fiquei presa por bastante tempo. - Deixei a caneca no balcão e me levantei.
_ E Grindelwald queria o mundo e o Lorde quer apenas o Reino Unido, Grindelwald manipulava com palavras, mas o Lorde...
_ Faz as pessoas o temerem por ações. - Concordou. _ Então o Lorde é mais perigoso que Grindelwald.
_ Você vê a diferença na forma em que os chamamos, um podemos dizer o seu nome e outro não. - Era estranho pensar por esse lado.
Peguei minha bolsa e coloquei o livro nela, indo em direção à escadaria, mas parei antes de continuar.
_ Por que não me dedura?
_ Você é muito desconfiada. - Zombou.
_ Não é um extinto normal?
_ Quer que eu jure pela minha magia? - Iria dizer não, mas concordei. _ Realmente é muito desconfiada.
_ Apenas não quero ser traída. - Riu e se aproximou de mim.
_ Não erga os muros de seu coração, acabará se machucando quando eles desabarem, você ainda é jovem para ficar ranzinza. Não deixe o tempo fazer você aprender, faça o tempo aprender com você. - Segurou minha mão e deu batidinhas nela. _ Escute os conselhos dessa velha.
_ Você ainda não jurou. - Bufou e chamou sua varinha, falando:
_ Juro pela minha magia que nunca irei dizer, pensar ou escrever para as autoridades ou outras pessoas que escondi uma viajante do tempo chamada Leesa Malfoy. - Uma tatuagem apareceu no seu pulso. _ Satisfeita?
_ Muito. - Solto minha mão e subo a escadaria.
_ Você me lembra alguém. - Gritou.
_ Espero que essa pessoa seja boa. - Gritei de volta.
_ Ela não é, não para o mundo.
Comecei abrir as portas para ver onde era o banheiro e quase no final do corredor o achei.
Abro a porta, entrando.
O banheiro não era chique, mas dava para o gasto, na verdade, não deveria ser exigente, mas estou sendo.
Tiro minhas roupas e as deixo no chão com a minha bolsa.
Antes de ir para o chuveiro, vejo que no armarinho tinha um espelho. Não queria me ver, mas, ao mesmo tempo, queria. Vou até o espelho e fico me observando.
Antigamente minhas bochechas eram um pouco gordinhas, mas agora, agora elas eram tão fundas que dava para ver a mandíbula e o maxilar com perfeição.
Meus olhos estavam fundos, não tinha mais aquela vida neles, estava horrível. Meu nariz estava torto ou ele sempre foi assim.
Tinha anos que não me via no espelho e era estranho voltar se ver novamente.
Os meus cabelos nem se fala, pareciam palha em vez de cabelo, estavam tão quebradiços e ressecados. Horríveis.
Meus lábios estavam rachados e sem vida, mas o meu rosto... O meu rosto estava tenebroso.
Tinha tantas manchas e machucados que só queria me esconder. Meu bebê me viu assim, o que ele deve ter pensado? Ele sentiu nojo? Não, ele me abraçou, pegou na minha mão...
