Respirei fundo, caminhando para o chuveiro.
Tomei o banho que não tomava há muito tempo, acho que posso ver sangue saindo do meu corpo e sujeira saindo dos meus cabelos.
Eles estavam imensos, batiam na minha bunda e às vezes me incomodavam.
Preferia cabelos curtos, mas não tinha uma tesoura para cortá-los ou uma varinha no ministério.
Pensei que fosse chorar, mas não saia nada, talvez a mulher estivesse certa. Não os perdi, mas não iria ficar aqui sem fazer nada, iria matar cada ser humano que se tornou da luz, que é contra a mim.
Vou matá-los, vou destroçar, dilacerar os seus corpos, quero vingança contra aquelas pessoas e terei.
Farei desse mundo um inferno para todos, até mesmo para aqueles que convivem comigo, vou matar todos os trouxas e sangue-ruins.
Matarei todos sem sobrar um.
Meu coração batia muito rápido no meu peito, mas essa sensação inebriante que corria à solta pelo meu corpo me fazia rir.
Sim, matarei eles, seja homem ou mulher, criança ou idosos. Todos estarão na minha lista.
E imaginar que tive medo do Potter quando o vi. Sim, tinha medo dele, mas ele matou uma pessoa muito importante para mim.
Esse medo que estava no meu corpo e me fez tremer em sua presença, não poderia se tornar ódio?
Saberia me conter, conter esse medo e matá-lo na hora certa.
_ Enlouqueceu aí dentro? - Gritou a senhora atrás da porta.
_ Acho que sim.
_ Bom, enlouquecer não é ruim, apenas continue tendo a racionalidade.
_ Acho que ela foi para bem longe. - Digo rindo.
_ Bom, cada louco tem seus problemas, não vou me meter no seu, vai que é doença.
_ Obrigada pelas palavras motivadoras.
_ De nada, e não demora, não me casei com o dono da luz e nem da água.
_ Desculpa. - A escutei resmungar.
Fecho o registro e dessa vez peguei uma toalha para me secar, a toalha não era fofa, mas não iria reclamar, era melhor do que nada.
Peguei minhas coisas do chão e saio do banheiro com a toalha sendo segurada. Vou em direção ao quarto que ela me disse para ir e vejo que ela estava olhando para a rua.
_ Os Potter morreram, mas acho que você já sabia disso. - Apontou para a rua movimentada.
_ Sim, mas o garoto sobreviveu, infelizmente. - Coloquei minhas coisas na cama de solteiro.
_ Você sofreu muito. - Aproximou-se, olhando para o meu corpo e algumas partes ela não podia ver. _ Vai ficar cicatrizes, mas posso deixá-las esbranquiçadas em vez de avermelhadas.
_ Agradeceria. - Ela me pediu para me sentar e fiz o que pediu.
_ Retire a toalha, suas costas merecem mais da minha atenção.
Já fiquei nua para várias pessoas, uma senhora não é nada comparado àquilo. Deixo a toalha na cintura e vejo a mulher se sentar atrás de mim.
_ Que linda maldição, sabia que o relógio está girando? - Fiquei surpresa. _ Vejo que não sabia.
_ Ele sempre ficou parado.
_ Talvez tenha ativado quando você viajou pelo tempo. - Sinto algo gelado nas minhas costas. _ Você pode se sentir um pouco desconfortável, mas aguente.
_ Já senti coisa pior.
_ Sim, sim, percebo isso. - Suspirou. _ Poderia me dizer o motivo de suas risadas?
_ Matarei todos, sem sobrar uma alma viva para contar as histórias das pessoas da Luz. - Riu.
_ Lembro-me de uma pessoa dizer exatamente isso para mim.
_ Vejo que não deu certo.
_ Infelizmente, espero que sua vingança dê certo, mas sempre use a sua inteligência e não as emoções, ela atrapalha às vezes.
_ Acha que vou errar o caminho?
_ Essa pessoa errou.
_ Não sou essa pessoa.
_ Espero que realmente não seja. - Pegou meus cabelos e começou a cortá-los. _ Seus olhos parecem a maldição Avada, são lindos.
_ Algumas pessoas já me disseram exatamente isso.
_ Eles estão certos. - Mostrou-me os meus cabelos. _ Irão crescer, não faça um chilique.
_ Não farei. - Toquei os fios dos meus cabelos e eles estavam nos meus ombros. _ E nem está tão curto assim. - Fez evaporar as mechas em suas mãos.
_ Para não vir um engraçadinho e fazer uma poção. - Entendi. _ Agora cuidaremos do seu rosto, está horrível.
_ Está tão ruim assim? - Que pergunta besta, já não confirmei isso no banheiro?
_ Está igual ao rosto de Dumbledore, só que mais feio.
_ Por Merlim. - Riu e me virei para ela.
Apontou sua varinha para o meu rosto e disse algo, me fazendo sentir um pouco de formigamento e umas fisgadas em certos lugares.
_ Prontinho, seu rosto foi mais fácil. - Toquei o meu rosto e não senti dor ou feridas, até o meu nariz torto se endireitou. _ Não me agradeça.
_ Ok. - Levantou minhas pernas e caio para trás na cama.
_ Seus tornozelos estão horríveis, não sei como continuou em pé. - Passou mais uma vez aquele troço gelado e um arrepio percorreu o meu corpo. _ Prontinho. - Levantou-se.
_ Iria... - Ela me interrompeu.
_ Não fique lendo até tarde, eu acordo cedo. - Fiquei surpresa. _ Não, não sou vidente. - Ela se foi.
_ Essa mulher é estranha.
_ Eu escutei. - Gritou de sabe-se lá onde.
Não respondo e apenas retirei da bolsa as minhas roupas que usei por alguns anos e as roupas que usei nessa noite.
As coloquei no chão e estalei os meus dedos, as transformando em poeira. Deixaremos o passado para trás ou viver nele.
Peguei uma muda de roupa e a coloquei, porém, antes que começasse a mexer na bolsa, uma bandeja de comida apareceu.
_ É melhor comer, não quero ver você morta de fome amanhã. - Gritou.
_ Obrigada. - Peguei a bandeja e começo a comer.
Como devagar, mesmo estando com muita fome, não queria passar mal.
Quando terminei de comer, deixei a bandeja no chão e limpei minhas mãos nas roupas, mexendo na bolsa que Draco colocou na minha bolsa. Isso ainda era confuso.
A bolsa era preta de veludo, bem a cara dele. Porém, continha cartas, um bolo de cartas e agora sei o motivo dele ter escrito tantas.
Ele deve ter sofrido muito com a perda da Astoria, já que gostava muito dela.
Deixo as cartas em cima da cama e vejo o que mais tinha, tinha um saquinho de dinheiro, esqueci de dizer a ele que já tinha dinheiro, bastante dinheiro para a época que pretendia ir.
E ainda tinha o saquinho de dinheiro que nunca usei desde 2007, era pouco, mas talvez naquela época fosse muito.
Tinha roupas de 1900 até 2000. Gostei dos vestidos, eles não eram floridos; eram lisos e apenas tinham uma cordinha de veludo como detalhe; alguns tinham botões pequenos e feitos de prata. Fofo.
Tinha chapéus e era estranho, mas para a época que iria, tinha que usar quando fosse sair.
Encontrei livros de história trouxa e bruxa dizendo sobre a guerra... Guerra, por Merlim, esqueci que viveria em duas guerras.
A Segunda Guerra Mundial trouxa e a Guerra Bruxa Global devido Grindelwald. A guerra de Grindelwald começou mais ou menos em 1920 e a guerra trouxa ocorreu em 1939.
Estava no meio do fogo cruzado e tinha a Blitz em 1940. Esse Lorde não poderia ter nascido depois que essas guerras tivessem acontecido? Santo Merlim, não nasci para isso.
Bom, não posso recuar depois de perder tanto.
Dou um suspiro e continuo mexendo, encontrando um colar com um pingente muito pequeno, era um "M" feito de prata.
Mas era estranho, parecia que tinha algo dentro desse pequeno "M".
Aproximei o pingente, vendo que tinha uma foto e era uma da família Malfoy, a minha família. Era no dia que a tia Cisa inventou que aquele dia era o meu aniversário. Scorpius ainda era um bebê.
Puxei a corrente de prata, vendo que tinha um bilhete preso na corrente.
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"Para se lembrar da melhor família que existe nessa realidade. Esqueça a família Avery, eles não prestam."
-Tia Cisa-
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Essa mulher era demais.
Coloquei o colar no pescoço e me senti um pouco melhor. Mexi mais um pouco e escutei um barulho na bolsa e eram livros...
_ Accio livros. - Cinco pilhas de livros saíram dessa bolsinha minúscula e me levantei para olhar os livros.
Eram sobre as artes das trevas, magia de cura, magia da luz e diários. Peguei um diário e essa letra era da tia Cisa, ela realmente escreveu tudo desde 1800 até 2019 em dez livros? Essa mulher não era apenas demais, era sensacional.
Esses livros irão retirar esse tédio impregnado do meu corpo, obrigada, tia Cisa.
Deixo o livro em uma das pilhas e volto para a bolsinha para ver se achava mais alguma coisa. Encontrei algumas fotos com um laço as prendendo e tinha um anel.
Para não perder nada, virei a bolsa de cabeça para baixo e começo a sacudi-la, fazendo sair um saquinho.
Peguei o saquinho na mão e vejo que era pó de vira-tempo, muito útil para fazer vira-tempo.
Mas esse pó era raro e proibido... Pensei que teria que ir à Travessa do Tranco para consegui-lo.
Deixo o saquinho de lado e pego o anel que tinha três diamantes negros, cada um enfileirado e com tamanhos diferenciados, mas eram minúsculos. O anel era feito de ouro negro.
Devo agradecer às aulas de etiqueta ou não saberia que isso vale mais de um milhão de galeões.
O anel não era exatamente redondo, porque quando chegava perto das três pedras preciosas se curvava um pouco para o lado, fazendo que as duas pontas nunca se conectassem.
_ Accio carta do anel. - E apareceu.
Deixei o anel em cima das fotos para abrir a carta que mais uma vez não era uma carta. Por Merlim, ele acha que papel é o quê? Capim?
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"Quando descobrir, não brigue comigo, não fiz por maldade. Use-o no dedinho, você vai entender quando colocá-lo."
-Dragon-
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Draco, Draco, o que raios é esse anel? Espero que não seja um rastreador... Bom, não vou usá-lo, apenas vou deixá-lo guardado, talvez não seja a pessoa certa para ele.
Pego as fotos e vejo que era da minha família.
Tinha até mesmo a Astoria em algumas das fotos, ou quando Draco buscou Scorpius na estação e o garoto não parava de sorrir com as vestes verdes da Sonserina.
