_ Sim, me perdoe. - Segurei a sua mão e me levantei com a sua ajuda.
Fiquei olhando o arco que quase esmagou os meus pés e olho para a pessoa que me ajudou, ele estava me encarando. Uau, ele é muito bonito.
Seus olhos azuis cinzentos eram deslumbrantes, suas vestes verdes e refinadas faziam aquele homem ser atraente para qualquer um que o olhasse.
Sua estatura alta e seus ombros largos fariam qualquer homem ou mulher o desejar, seus cabelos castanhos escuros eram medianos e batiam em seus ombros, mas pareciam sedosos e suaves ao toque.
Seu rosto era longo e fino, com os lábios volumosos e avermelhados, o nariz não era pequeno e nem grande, suas bochechas delineadas tinham certa protuberância. Ele era simplesmente bonito.
Vejo que nossas mãos ainda estavam unidas e retiro minha mão da sua com delicadeza.
_ Perdoe-me por ser rude, mas...
_ Salazar, por Magic, não corra assim... - Vejo uma mulher segurando a barra do seu vestido azul-escuro.
Seus cabelos eram grandes e negros, seus olhos negros eram como um céu escuro sem estrelas. Sua pele branca fazia um lindo contraste com o seu vestido, mas ela parecia ser maior que eu alguns centímetros.
Entretanto, duas pessoas chegaram com ela.
Um era um homem robusto com barba volumosa e ruiva, seus olhos castanhos ficavam vermelhos devido à luz do sol, mas usava vermelho e Dragon iria odiá-lo.
E ao seu lado tinha uma mulher rotunda de vestido amarelo, um pouco menor do que eu, mas era linda e havia um sorriso caloroso em seus lábios, o que fazia seus cabelos castanhos ganharem vida com seu olhar caloroso, mesmo tendo olhos azuis...
Espera! Verde para Sonserina, azul para Corvinal, amarelo para Lufa-Lufa e vermelho para Grifinória...
Ah, não! Não me diga que estou em algum ano em 990? Poderia estar tirando fotos com os dinossauros, mas estou aqui com os fundadores de Hogwarts. Você é uma estúpida, Leesa. Estúpida!
_ Acho que ele encontrou uma pessoa, por isso que saiu correndo. - Provavelmente Godric falou.
Não deveria falar, não deveria nem estar aqui, mas como já estou. Vamos ficar na chuva para se molhar ainda mais.
_ Desculpe-me, mas poderiam me dizer em que ano que estou?
Não daria uma de louca de tentar adivinhar o ano ou dizer que sou uma pessoa doida por andar de calças e não... O que seriam isso? Vestidos? Sem paciência para história.
_ 993. - Salazar respondeu primeiro. _ A senhorita poderia me dizer o seu nome? - Salazar era cortês?
Livros de histórias eram realmente falsos, claro, tinha 90% de verdade, mas os 10% foram os mocinhos que escreveram...
_ Me chamo Leesa. - Não iria dizer o meu sobrenome. _ E vocês? - Vamos dar uma de sonsa.
Rowena olhou para a peça gigante do meu vira-tempo e ficou me olhando desconfiada.
_ Acho que não precisamos dizer o nosso nome. - Disse a mulher. _ Essas runas são para viajar no tempo, sempre li em livros, mas nunca imaginei que daria certo.
_ A senhorita é bastante perspicaz. - Sorri. _ Tentei fazer um vira-tempo e acabei errando algumas coisas.
_ Uma viajante do tempo, isso é fantástico. - Helga falou.
_ Mas perigoso, a senhorita acabará sumindo se falar algo que não deve. - Salazar estava certo.
_ Não planejo falar coisas que não devo, senhor.
_ Pare de ser rabugento, Salazar. A menina parece assustada.
Olhei para o lado e vejo que estava em Hogwarts ou onde deveria ser ela, já que só tem algumas torres e a ponte.
_ Vocês estão quase construindo Hogwarts. - Falei empolgada, mas quando eles me olharam, tapei a boca. _ Finjam que não ouviram o que falei.
_ Hogwarts? - Perguntaram-me.
_ O quê? Essa escola não vai se chamar Hogwarts? - Os homens olharam para as mulheres e elas pareciam envergonhadas.
_ Não contem sobre os nomes que demos. - Rowena olhou para o lado emburrada. _ Esse parece muito melhor.
_ Então está decidido, a nossa escola se chamará Hogwarts. - Godric parecia feliz e muito alegre.
_ A senhorita voltará? - Olhei para Salazar e ele me lembrou de algo importante.
_ Só fiz um vira-tempo e ele está naquele estado. - Apontei para a peça gigante. _ Então tenho que ficar aqui por um tempo. - Observaram minhas roupas. _ Trocarei, ainda não quero ser morta por trouxas dizendo que sou uma bruxa, mesmo sabendo que sou... Bom, vou indo, foi ótimo conhecer vocês.
Tento seguir o meu rumo, mas as quatro pessoas me impediram de continuar, espera, eles vão me sequestrar para saber mais do futuro? Sinto muito, mas só sei o básico sobre vocês.
_ Venha conosco, podemos nos ajudar e a senhorita nos ajuda com sua sabedoria do futuro. - Rowena parecia feliz, feliz demais.
_ A senhorita está dizendo para eu ir com vocês e ser usada?
_ Iremos nos usar. - Helga completou. _ A senhorita parece querer tempo para fazer aquilo. - Apontou para atrás de mim. _ E podemos te dar isso sem problemas, mas para construir aquela escola precisamos de paciência e de conhecimento e a senhorita...
_ A senhorita parece ter tudo isso. - Salazar terminou e ficou me encarando.
_ Preciso de um lugar para dormir, preciso ter refeições adequadas, ouro, talvez uma varinha e não quero ficar perto de um basilisco. - Digo a última frase olhando para Salazar que franziu a testa, parecia com raiva.
_ Por Magic, Salazar. Conversamos que não teríamos um basilisco entre nós. - Helga começou a discutir com Salazar.
Rowena e Godric ficaram cada um do meu lado e bateram as mãos bem na minha frente, me fazendo ficar sem entender.
_ Apostamos que os dois iriam brigar novamente devido ao basilisco. - Godric riu, olhando a discussão.
_ Estávamos perdendo a esperança. - Rowena olhou para o céu e era quase o final de tarde. _ Mas a senhorita chegou e ganhamos a aposta.
_ O que vocês ganharam? - Pergunto vendo os dois brigando.
_ Nada, apenas a satisfação de ver essa cena acontecer. - Rowena deu de ombros. _ Fazemos apostas desde quando éramos crianças, mas Salazar está na nossa frente ainda, ele é quase invencível.
_ Ele ganhou tantas apostas assim?
_ Sim, infelizmente. - Disseram.
Vejo os dois pararem de brigar e nos olharem. Salazar me olhou com raiva e pensei que meus dias aqui estavam contados, mas Helga parecia que iria azarar alguém, esperava que não fosse eu.
_ Bom, infelizmente a diversão acabou. - Suspirou. _ Vamos, temos que ir ao mercado de céu aberto para comprar algumas coisas. - Godric me deu um tapinha nas costas. _ Vai ser divertido ter mais uma pessoa conosco, não acham?
_ Divertidíssimo... - Salazar me olhou enquanto dizia: _ Posso matá-la?
_ Salazar! - Disseram os três.
_ Para quê? Para me dar de comida para o seu basilisco? Acho que ele não gostará do meu sangue. - Vou até ele.
_ Não descobriremos até eu tentar. - Aproximou-se. _ Você é minúscula. - Ficou me observando de cima a baixo.
_ E você é um idoso de quadro. - Parecia irritado.
_ Pequena idiota.
_ Quadro falante irritante! - Queria ser mais alta alguns centímetros e dar um soco nesse idiota.
Retiro o que disse, ele não é cortês e os livros são 100% verdadeiros.
_ Pequena menina.
_ Isso não é tão ruim. - Duvidei de sua capacidade de insultar alguém. _ Ficou sem palavras, cobrinha irritante?
_ Olha aqui, sua...
_ Sua, o quê? - Queria que continuasse.
_ Temos que ir. - Rowena veio até nós e nos empurrou para que andássemos. _ Infelizmente não podemos continuar construindo a nossa escola, mas por hoje já está bom, fizemos um corujal.
_ Falando em corujal, coloque um feitiço de limpeza, aquele lugar é um nojo. - Scorpius me contou em uma de suas memórias.
Sim, vi as outras memórias, e só faltava do Dragon...
_ A pequena idiota queria o quê? São corujas e elas fazem suas necessidades.
_ Posso matá-lo? - Pergunto enquanto o olhava.
_ Vocês são idênticos. - Disseram.
_ Não sou igual a ele/ela. - Dissemos com raiva.
Já sentiu raiva de alguém depois de falar pelo menos meias-palavras? Então, estou sentindo essa raiva nesse exato momento. Inferno, esse cara tinha que ser tão insuportável assim?
Claro, a culpa é minha, mas eu lá ia saber que a Helga já tinha um problema com o basilisco que ele logicamente vai colocar na escola. Sou inocente e culpada.
Mas me declaro inocente de todas as acusações.
_ Ela precisa de roupas. - Salazar ficou olhando para o lado enquanto dizia isso. _ Ou poderá ser morta por alguém.
_ Está preocupado comigo? - Sorri.
_ Não, estou preocupado comigo e não quero morrer tão jovem. - Idiota.
_ Acho que podemos transfigurar as suas roupas para um vestido, e bom, os seus sapatos irão ser escondidos pela roupa. - Helga sorriu e apontou a sua varinha para mim e um vestido apareceu no meu corpo. _ Branco está bom?
_ Pode ser preto? - Concordou e o vestido simples ficou preto. _ Obrigada.
Salazar andou mais rápido e apenas revirei os meus olhos, já que ele era um idiota infantil.
Minha bolsa ficou perfeitamente no meu lado e comecei a caminhar com eles, não sabia se iríamos aparatar ou se iríamos em Hogsmeade. Hogsmeade existe? Acho que não.
Olho para trás e vejo a peça do meu vira-tempo no chão.
_ Deixaremos aquilo daquele jeito?
_ Talvez ele seja de algum uso para Hogwarts. - Rowena comentou.
_ Ok, então.
Antes que chegássemos em qualquer lugar, não aguentava mais segurar o meu vestido, não por estar com as mãos doendo, era por preguiça. Então fiz que o vestido fosse até a metade das minhas pernas. Muito melhor.
Ninguém percebeu e não iria ligar se percebessem, era confortável não ter nada para segurar.
Descemos uma ladeira e vi que no lugar em que deveria ser Hogsmeade tinha um mercado ao ar livre. Bom, acho que o fundador de Hogsmeade é apenas um pirralho ainda.
_ Quero encontrar um duende. - Godric disse animado.
_ Por quê? - Continuei andando.
_ Quero que ele faça uma espada para mim, quero uma espada que represente a bravura e a coragem, não é interessante?
_ Claro, mas por que um duende? Não poderia ser um bruxo?
_ Bruxos são preguiçosos, mas duendes sabem fazer algo perfeitamente se o derem uma boa peça de ouro. - Sorriu indo para algum lugar do mercado.
_ Também estou à procura de algo valioso. - Helga comentou observando cada barraca. _ Quero algo que faça todos entenderem que devemos brindar, celebrar algo que aconteceu na nossa vida, seja algo ruim ou bom. - Ela não me olhou e logo foi para outro lugar.
_ E a senhorita? - Pergunto para Rowena.
_ Quero algo que me mostre a personificação da sabedoria e da beleza, quero algo que me faça entender o motivo da minha sede de conhecimento ser mais extrema do que dos meus amigos. Será que é tão difícil conseguir algo assim? - Foi até uma barraca de livros.
Fico olhando ao redor e acabei vendo que Salazar estava ao meu lado, era só o que me faltava.
_ Não vai me perguntar o que procuro?
_ Não, não estou interessada em sua vida.
_ É realmente uma irritante.
_ O que fiz para te irritar tanto? É devido ao basilisco?
_ Com toda a certeza, ninguém iria descobrir que coloquei um basilisco na escola.
_ Vai nessa, acha que descobri como? Sendo sua descendente? Com certeza não, descobri porque todos os livros de história contam que Salazar Slytherin colocou algo mortal na escola, ninguém sabia o que era, até que um idiota abriu o lugar que o senhor deixou o seu bichinho e matou uma pessoa.
_ Não tenho culpa que isso aconteceu ou vai acontecer. - Fiquei perplexa. _ Não colocarei o basilisco para matar pessoas.
_ O quê?
_ É sério, quero colocar o basilisco para proteger os alunos. - Olhei para ele e comecei a rir. _ Por que a senhorita está rindo?
_ Que piada horrível. - Sequei minhas lagrimas. _ O senhor quer colocar na escola algo que apenas com um olhar já mata, e o senhor está me dizendo que quer colocar um basilisco para proteger as crianças?
_ A senhorita falando desse jeito até parece que sou um assassino.
_ Mas... - Fiquei quieta, observando uma barraca que vendia varinhas, talvez lá tenha uma varinha para mim.
_ A senhorita não tem uma varinha?
_ Ter eu tenho, mas ela não vai me obedecer para sempre. - Peguei a varinha na minha bolsa. _ Tive que ameaçá-la para ela fazer alguns feitiços.
Salazar pegou a varinha da minha mão e começou analisá-la, pensei que ele só fosse bom em poções e feitiços, mas percebo que não.
Mais alguns segundos de análise e ele pegou a minha mão, alguns olharam torto para nós, mas não liguei.
O homem colocou a ponta da minha varinha na palma da minha mão e um feitiço saiu dela, fazendo minha mão coçar.
_ Sentiu isso?
_ Sim. - Peguei minha mão e comecei arranhá-la para parar de coçar.
_ Essa varinha não sente que a senhorita é a dona dela ou tem respeito pela...
_ Me chame de Leesa ou você, isso de senhorita ou senhora é uma merda. - Seus lábios curvaram um pouco.
_ Pequena menina. - Revirei os olhos. _ Continuando, essa varinha não tem respeito pela... Por você.
_ Isso já sabia.
_ Você não pode ficar com uma varinha que na primeira oportunidade que tiver poderá te matar.
_ Varinhas não matam sem um bruxo por trás.
_ Talvez essa varinha caia em mãos inimigas e você acabe falecendo por ela. - Segurou as duas extremidades da varinha e partiu ela no meio. _ Pronto, ela não vai te machucar.
_ Mas agora estou sem varinha e falei para ela que se ela não se comportasse iria tirar fibra por fibra... - Começou a rir, me fazendo ficar surpresa.
_ Você iria torturar uma varinha?
_ Com toda a certeza. - Sorri, enquanto era conduzida até a barraca de varinhas. _ Estou sem dinheiro.
_ Se você conseguir encontrar uma varinha adequada, eu pago.
_ Obrigada. - Observei as varinhas que tinham ali.
_ Ah, senhor Slytherin. Veio comprar uma varinha nova? - Disse um homem barrigudo.
_ Não, hoje só estou a acompanhando para ver se ela encontra uma varinha adequada.
_ Ah, por favor, experimente qualquer uma.
_ Provavelmente elas irão se partir, queimar ou fugir de minhas mãos, tem certeza de que os senhores querem que eu faça isso? - Ficaram me olhando e cada um respondeu de um modo.
Salazar concordou, mas o homem discordou enquanto balançava a cabeça.
_ Qualquer varinha quebrada pagarei o prejuízo. - Ele está falando em rico, não entendo essa língua.
Mas já que ele se ofereceu para pagar, não vou me fazer de rogada e desperdiçar essa raridade.
Peguei uma varinha pequena e era lilás, que tipo de madeira faria uma varinha lilás?
Mas ela se partiu em três pedaços diferentes e os dois me olharam abismados. Avisei, não reclamem.
_ Isso é... - O homem tirou a varinha partida da minha mão. _ Tente essa.
_ Posso? - Pergunto para Salazar e ele olhou para a varinha quebrada.
_ Pode, ter uma varinha quebrada em três partes deve ser o seu limite.
_ Espero. - O homem sussurrou.
Peguei a varinha marrom e ela vibrou na minha mão, quase me fazendo pular de alegria, se ela não tivesse evaporado na minha mão.
