As meninas também estavam ao seu lado e as coisas flutuavam e se colocavam no lugar com magia. Salazar largou minha mão e disse:

_ Somos pessoas que não gostam de correr, ao contrário de certas pessoas. - Salazar alfinetou.

_ Não, isso se chama velhice. - As meninas riram.

_ Você também está velho. - Salazar sorriu enquanto provocava.

_ Todo mundo que está aqui é velho, menos eu, tenho apenas 15 anos. - Sorri enquanto terminava de subir o morro.

_ Mas você é a mais nova de nós. - Helga falou enquanto se deitava na grama. _ O céu está realmente impecável e você nunca decepciona, Rowe.

_ Tento o meu melhor. - Fiquei observando o céu e era tão bonito.

Fiquei tanto tempo olhando para um teto preto, que me esqueci das belezas que esse mundo possui. Tão mágico, tão meu.

_ Está olhando para o céu imaginando todos caídos aos seus pés? - Salazar sussurrou no meu ouvido e me arrepiei.

_ Você me conhece tão bem. - Continuei olhando para o céu. _ Se você visse agora uma estrela-cadente, o que você pediria?

_ Que a pessoa que passei admirar ficasse para sempre ao meu lado e você?

_ Não sei. - Escuto os três começarem a bater palmas e os pés. _ O que eles estão fazendo?

_ Dançando. - Riu e me puxou para a pequena roda que se formou.

Não sabia onde estava saindo o som da flauta ou como eles sabiam perfeitamente quando bater os pés e as mãos. Mas era algo intenso e interessante.

Não sabia o ritmo da música, mas logo peguei o jeito, mas de um jeito desengonçado.

Todos estavam rindo tão contentes que meu peito inflou de felicidade e pensei se poderia ficar aqui, se poderia parar esse momento para sempre.

Rodamos as saias dos nossos vestidos em nossos corpos e fizemos várias caras e bocas para os dois que batiam palmas, nos vendo rodar envolta deles.

A música se acalmou, mas meu coração não, ele queria mais dessa sensação, desse sentimento entorpecente.

Salazar fez uma mesura e fiz outra, e logo me puxou pela cintura para que dançássemos.

Dançávamos como dois loucos e os três batiam palmas no ritmo, porém, meus pés tentavam acompanhar aquela dança maluca, mas envolvente.

Giramos e quase pisei em seus pés milhares de vezes, mas nada me impedia de continuar sorrindo. Godric me retirou do aperto de Salazar e dançou comigo.

Ele ria enquanto me girava no lugar e ria enquanto Salazar falava alguma coisa com sua face rabugenta de sempre. Soltei-me de Godric e puxei Rowena para a dança.

A conduzia enquanto a via rir tanto que pensei que pudesse ter dores em suas bochechas. As palmas batiam no ritmo do meu coração e logo soltei a Rowena para puxar Helga.

A melodia ficou feroz e meus pés se alegraram por algum motivo. A Lufana era uma dançarina maravilhosa e me conduziu com perfeição.

Nesse momento agradecia muito Draco por ter tido a paciência de me ensinar a dançar.

Vejo pelo canto do olho Salazar e Godric dançando juntos, e queria uma câmera para guardar essa memória maravilhosa.

A dança estava terminando e as risadas não paravam.

Era assim que era ser livre? Essa felicidade era tão boa, era mágica e era um sentimento inesquecível.

A música acabou, mas a minha respiração estava rápida, fazendo meu peito subir e descer, mas Helga estava vermelha, porém, era algo fofo.

_ Nunca me diverti tanto. - Estava empolgada. _ Isso foi tão maravilhoso.

_ Devemos fazer mais, se você gostou. - Helga sorriu e fez uma mesura e logo fiz outra. _ Você dança super bem.

_ Você também. - Foi se sentar na grama.

_ Vejo que se divertiu. - Salazar ficou ao meu lado e concordei sorrindo. _ Você fica muito bonita quando você está se divertindo, fica linda quando está sorrindo. - Colocou uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha. _ Você é a coisa mais...

_ Salazar, venha, tome um pouco de rum comigo. - Godric o levou para longe de mim e fico imaginando o que mais iria falar.

Ele gostava de mim? Não sou tão estúpida com o QE baixo. Mas o que fiz para ele gostar de mim?

Não fiz nada, apenas fui simpática com ele e se ele gosta de mim, então a pessoa que ele queria que ficasse aqui, provavelmente sou eu.

Mas não poderia ficar, não largarei minha vingança para ficar aqui, não sirvo para ficar aqui, não sirvo para ter alguém ao meu lado.

Sou egoísta, sou extremamente controladora e tudo tem que ser do meu jeito.

Olhei para Salazar que sorria feliz...

Sou bem melhor sozinha e assim não machuco ninguém com o meu jeito egoísta.

O amor me anestesiou de tal forma, que tenho medo de me machucar novamente e tenho medo de perder as pessoas novamente, tenho medo.

Romance não vai entrar em meu corpo e no meu coração, vou pegar esse amor e destruí-lo com os meus próprios dedos. Mesmo que isso doa na pessoa que disse que ficaria para sempre comigo.

Ninguém fica para sempre...

_ Leesa, prove um pouco de vinho. - Rowena gritou e vou até ela.

_ Bom, nunca provei vinho. - Sentei-me ao seu lado.

_ Se ela ficar bêbada, você que cuidará dela. - Salazar gritou enquanto engolia todo o conteúdo do seu copo.

_ Como você sabe que ela vai ficar bêbada apenas com uma taça? - Helga perguntou desconfiada.

_ Sabendo. - Não disse mais nada, mas peguei a taça, provando o conteúdo.

O gosto doce da uva era algo que me fazia querer beber todo o conteúdo da taça, mas quando engoli o líquido completamente, veio aquele toque amargo do álcool. Não era ruim, era muito melhor do que aquele whisky que provei.

_ Gostou? - Rowena perguntou colocando a mão na boca.

_ Sim, é muito bom. Bem melhor que whisky. - Concordaram.

Ficamos conversando e Godric inventou que iria montar uma fogueira e com ajuda do meu lumos, ele montou rapidamente.

Deixo o lumos morrer aos poucos e fico aquecendo minhas mãos na fogueira.

Os três estavam bêbados e diziam coisas com coisas, mas Salazar olhava a fogueira sem nenhum propósito aparente e acho que ele percebeu o meu olhar.

Ele veio até mim e estendeu sua mão e mais uma vez aceitei. Levantei-me com sua ajuda e olhei para o lado, vendo os três rindo de algo e saímos sem que percebessem.

_ Eles irão falar muito amanhã quando acordarem, mas não ligue muito.

_ Estarei dormindo quando eles gritarem com você. - Riu. _ Salazar, eu... - Parou e apertou os meus braços.

_ Não quero escutar isso.

_ Mas você nem sabe o que vou falar.

_ Sei, porque sei que você percebeu, mas sou um idiota dos infernos e não quero escutar essas palavras saindo de sua boca. Deixe-me iludir com os meus sentimentos e pensamentos.

_ Salazar, mas isso...

_ Não me importo.

Estava tão sério, que não consegui dizer para ele que agradecia os seus sentimentos, mas não os aceitava por puro medo dele ir embora como todas as pessoas que se foram.

_ Temos que libertar alguns elfos, vamos. - Foi à frente e fiquei alguns segundos vendo-o caminhar.

Espero que em outra realidade eu tenha o escolhido, ele era perfeito demais para não ser escolhido.

Corri até ele, ficando ao seu lado, mas não falamos. Entretanto, sua mão pegou o meu braço e aparatamos em outro lugar, um lugar desconhecido por mim.

_ Não se preocupe, não estou te sequestrando para vender os seus órgãos. - Falou brincando. _ Só estamos no bairro que aquele homem mora.

_ Nunca pensaria nada tão mórbido sobre você.

Não falou e me conduziu até a frente de uma casa, ela não era simples, mas não era grandiosa como a de Salazar.

_ Ele ganha muito dinheiro, mas não gasta um pouco para aumentar a casa. - Salazar fez careta. _ Tão pequena.

_ Não vamos entrar em um debate de como ele deveria gastar o dinheiro dele, temos uma pequena missão.

_ Pequena? Só vamos tirar todos os elfos dessa casa e matar o homem. - Revirou os olhos e olhei em volta.

Agradecia imensamente por essa rua ter iluminação, mesmo sendo apenas fogo.

_ Vamos entrar pela frente ou por trás?

_ Você quer bater na porta e dizer: olá, estou batendo na sua porta, porque vou te matar, por favor, não grite. - Salazar disse.

_ Ranzinza.

_ Realista.

_ Godric iria amar escutar você falando assim. - Não falou e fomos para a porta dos fundos.

Abriu a porta devagar e mesmo assim, rangeu um pouco, mas não ativou nada e ninguém gritou perguntando quem era.

Acho que eles ainda não tinham barreiras para evitar um caso de assassinato ou algo do tipo.

Não que esteja reclamando, assim está ótimo, poupa muito tempo e o trabalho fica mais fácil assim.

Entramos na casa e tento não roer minhas unhas pelo ambiente escuro. Sinto Salazar segurar minha mão e fomos primeiro para o subsolo, só iríamos ver quantos elfos tinham naquele lugar.

Descemos a escadaria de pedra e o cheiro daqui era muito pior do que do mercado. Escutei resmungos e aqui tinha um pouco de iluminação, mas era bem fraca.

Olho para as celas e alguns elfos pareciam estar desmaiados, porém, outros nem conseguiam olhar para nós ou falar algo.

Vejo uma porta que estava meio fechada e largo a mão de Salazar, indo até ela, talvez tivessem mais elfos ali.

Abro a porta e antes que conseguisse ver o que tinha ali, os meus olhos foram tapados por Salazar.

_ O que você está fazendo? - Coloquei minha mão em cima da sua.

_ Não acho que você queira ver isso. - Franzi o cenho e fico tentando imaginar o que teria naquele lugar. _ Sairemos daqui...

_ Salazar, me deixe ver.

_ Não. - Disse sério e nenhum tom de brincadeira pôde se escutado. _ Você não merece ver isso.

_ Pedirei novamente. - Estalei os meus dedos e faço um lumos flutuar entre os meus dedos, ouvindo um suspiro. _ Tire.

_ Você promete ficar calma?

_ Prometo. - Cruzei os dedos.

Retirou sua mão em cima dos meus olhos e vejo o que estava tentando me esconder...

Era uma sala com várias prateleiras e nelas tinham cabeças e mais cabeças de elfos.

Algumas com todos os orifícios costurados e outras com os olhos esbugalhados. Mas o que estava tentando me impedir de ver não eram essas cabeças e sim, o que estava na cama que tinha no meio da sala.

Caminhei até o pé da cama, observando a elfa morta e estirada no colchão. Ela foi estuprada e pelo estado da cama, foi recente o ato violento e imoral.

_ Era isso? - Perguntei o olhando. _ Sly, já vi muitas coisas nessa vida e ver um estupro não é a coisa mais tosca e macabra que já vi. - Voltei a olhar a elfa. _ Você deve imaginar que existam híbridos de elfos por aí e até mesmo híbridos de gigantes. Alguns podem ter sido com consentimento dos dois, mas tem alguns casos...

_ Leesa, você falando assim até parece que não tem sentimentos.

_ O que mais tenho são sentimentos, Sly. Alguns mais densos do que os outros e tento esconder, tento mascarar esses sentimentos para não enlouquecer de vez e é difícil, mas estou praticando.

_ O que você vai fazer? - Veio até mim e apertou os meus ombros.

_ Liberte os elfos, todos eles, sem nenhuma exceção. - Franziu a testa. _ Irei atrás do homem que fez isso, vou me deliciar com os gritos e fazer ele se rastejar no chão com as tripas saindo de si. Acha que isso é bom o suficiente para ele?

_ Leesa, você não é... - Tentou alisar o meu rosto e agarrei o seu pulso.

_ Não, Salazar. Sou exatamente desse jeito, você que apenas viu o lado que eu quis que você visse. Sou completamente insana e não vou parar até que tudo seja destruído e se você não está comigo, está contra mim.

_ Leesa, estou com você, mas não acho que você...

_ Então é mentira? Falei que iria destruir o mundo, falei que iria fazer todas aquelas pessoas que me fizeram mal morrerem, e você. - Apertei o seu pulso. _ Você me prometeu que sempre ficaria comigo.

_ E cumprirei.

_ Então por que me olha assim? Como se eu fosse alguém totalmente diferente da pessoa que você idealizou na sua cabeça? Salazar, matarei pessoas e isso não são palavras jogadas ao vento, é a realidade. - Suspirei. _ Você está me olhando do mesmo jeito que a minha mãe e o meu primo me olharam... Você tem medo de mim. - Larguei o seu pulso e saio da sala.

Subo os degraus e faço o lumos desaparecer, fazendo a escuridão tomar conta do ambiente novamente.

Fechei meus olhos e respirei fundo, os barulhos se foram e só podia sentir minha pele se arrepiar pelo vento que passava por algum lugar.

Abro os meus olhos e meu coração acelerou.

Meu sangue ferveu em minhas veias e isso me deu mais vontade de perseguir a minha presa, de ver o sangue vermelho deslizar pelo seu corpo enquanto perdia a vida.

Dei alguns passos e sinto com a minha magia se ele estava no quarto e estava.
Passei minha língua pelos meus lábios e os sinto rachados por algum motivo.

Subo os degraus devagar, não estava com pressa.

Minha magia não era densa e impura como de outras pessoas que estavam no caminho das trevas, a minha era calma e límpida. Apenas fazia o que eu queria e sempre me acariciava quando gostava dos meus pedidos absurdos.

Ela nunca mudou, mesmo matando pessoas e as torturando, ela nunca mudou enquanto eu sofria naquele lugar, nunca mudou.

Deslizei meus dedos pela parede de pedra, sentindo tudo ao meu redor, seja um grão de poeira ou até mesmo um rato passando no andar de baixo.

Parei na frente da porta do homem que não me importava de saber o nome e faço minha magia abrir a porta devagar.

O medo da escuridão estava se tornando excitação e minha boca tinha um sorriso amplo, mas era sem o meu consentimento.

Entrei no quarto e deixei minha magia me redirecionar para saber se era realmente o homem que conheci no mercado de hoje. Não queria matar uma pessoa inocente.

Minha magia identificou o homem, era realmente ele. Então vamos nos divertir...

Estalei os meus dedos e faço aquele cômodo ter o feitiço Abaffiato. Antes de começar a me divertir, queria observá-lo, mesmo não o enxergando perfeitamente.

Sinto algo me cutucando e olhei para baixo, vendo minha magia que havia trazido uma faca. Ela era tão fofa.

_ Você me entende tão bem. - Alisei aquela massa esbranquiçada. _ Você sabe o que fazer, não sabe? - Subiu na cama como uma cobra e começou a enforcar o homem.