_ Sim. - Digo o óbvio, indo até a sua mesa e retiro de cima dela um estilete.

_ Para que o estilete? - Fiquei na sua frente, reabrindo o corte do meu dedo e faço que o sangue caísse nas costas da mão de Salazar. _ Olha, até que gos...

_ Não, não quero ouvir. - Não aconteceu nada. _ Queime. - O sangue borbulhou e Salazar gritou.

Peguei sua mão e tentei mexer no sangue sem que o tocasse, o fazendo se mexer, mas continuou queimando. Salazar estava aguentando bem, talvez tenha percebido que estava fazendo um pequeno experimento.

_ Você já fez o que tinha que fazer? - Falou entre dentes.

_ Aguente mais um pouco.

_ Por que não faz com você?

_ Talvez não funcione, já que o sangue é meu.

_ Você não testou para saber. - Tinha um bom ponto.

Sequei o sangue e o escutei suspirar em alívio. Bom, pelo menos descobri que posso controlar o meu sangue, algo bom tinha que vir desse experimento.

Mas ainda tenho algumas dúvidas, uma dessas dúvidas é o porquê de ter esse sangue e essa marca em minhas costas?

O que tudo isso significava?

Isso tudo era devido à minha maldição de tempo? Mas o que significava essa maldição? Como a consegui? Por que a tenho?

E a cobra? Já tem dias que ela não girava mais ou falava e o vira-tempo brilhava cada segundo que se passava. O que isso queria dizer? Estava morrendo? Meus dias aqui estavam acabando? Perguntas sem respostas.

_ Espero que você trate essa queimadura, boa noite. - Poderia curá-lo, mas não queria fazer isso.

_ Pensei que ficaria aqui, já tem dias que você...

_ Naquela noite. - Me virei para ele. _ Estava com preguiça de voltar para o meu quarto, mas agora não estou, então, boa noite. - Girei a maçaneta.

_ Você ainda continua com raiva, não é? Pelas minhas palavras e da forma que olhei você.

_ Pensei que iria ser aceita do jeito que sou, Salazar. - Apertei a maçaneta. _ Mas ninguém, nem você, nem Dragon e nem mesmo a titia aceitaram o meu jeito de ser. Mas está tudo bem, acho que já me acostumei a não ser aceita pelas pessoas que mais prezo na minha vida.

Abro a porta e saio por ela.

Fiquei alguns segundos no corredor tentando colocar tudo em ordem para não surtar.

Não sei se a família Malfoy iria me aceitar, não, eu sei. Eles não iriam aceitar a pessoa que me tornei, não iriam aceitar uma pessoa que está matando pessoas por vingança e prazer.

Contudo, aceitaram o jeito que era antes, mas nunca iriam me aceitar desse jeito, já que eles não aceitaram quando o Lorde estava enlouquecido.

Dragon até mesmo me olhou estranho quando falei que iria matar a família Rowle...

Fui aceita, mas não completamente. Porém, na época me senti completa e feliz, agora só sinto um vazio que nunca pensei em sentir.

Sinto falta, falta de alguém que me complete, mas quem?

Volo para o meu quarto e a vela continuava queimando. Fechei a porta e fiquei olhando a mesa, deveria continuar o feitiço de display, mas não estava com paciência para isso.

Então apenas mexo minha mão e todas as coisas que estavam na minha cama foram colocadas na bolsa.

Vou até minha cama e me deito nela, puxando os cobertores e abraço a bolsa.

Ainda tenho que consertar essa mania, um dia, um dia conserto...

───※ ·❆· ※───

Todos estavam na mesa e o silêncio já estava me dando agonia. Eles estavam comendo e se olhavam de vez em quando, mas ninguém falava nada.

Já tinha uns bons minutos que estava sentada nessa mesa e os observava. Nem estou com vontade de repetir o café da manhã, a única coisa que queria saber, era o que estava acontecendo?

_ Tudo bem, estou cansada desses joguinhos, poderiam me dizer o que está acontecendo?

_ Estamos há dias tentando fazer o núcleo da escola... - Rowena suspirou.

_ E não temos nada que simbolize as nossas casas além dos nossos animais. - Helga encostou sua cabeça na mesa.

_ E por que não me perguntaram? - Olharam-se e depois me olharam.

_ Boa pergunta. - Godric estalou os dedos e revirei os meus olhos.

_ Pensei que iríamos nos usar, foi isso que vocês queriam desde o começo e já estou usando vocês, não deveriam me usar?

_ Não pensamos mais... - Falo mais rápido que Rowena.

_ Os símbolos, não é? Bom, peguem papel, pena e tinta.

_ E o núcleo? - Salazar me perguntou. _ Uma escola de magia precisa ter um núcleo, ela precisa estar viva para ajudar os alunos.

_ Posso ver se existe alguma coisa comigo que me informe como vocês podem fazer esse núcleo. - Deve ter alguma pasta comigo para me informar isso.

_ Podemos ir para Hogwarts em vez de ficar aqui. - Helga voltou a vida e estava animada.

_ Ótima ideia, vamos lá. - Rowe se levantou, na verdade, todos se levantaram.

Eu só queria voltar para o meu quarto e continuar criando o feitiço, mas já que abri a boca e disse que iria ajudar, nada mais justo fazer isso. Vamos lá, talvez descubra algo incrível.

Levantei-me da cadeira e vou até o segundo andar para pegar a minha bolsa, talvez, enquanto estiver fazendo vários nadas naquela escola, encontre algo que faça o núcleo.

Pego minha bolsa e a coloco atravessada no meu corpo. Desço novamente para o primeiro andar e todos estavam me esperando, acho que sempre me esperam, nunca ao contrário.

_ A escola já está pronta? - Saímos de casa.

_ Não, ainda não, mas falta pouco e Salazar comprou mais elfos, eles são tão disciplinados que Hogwarts irá demorar menos de um mês para ficar pronta. - Rowena estava empolgada.

_ Ele não comprou mais elfos. - Sussurrei. _ Vocês já têm a cor de suas casas? - Os perguntei.

_ Pensei que você soubesse. - Salazar cutucou minha bochecha. _ Como sempre.

_ Saber, eu sei, mas quero saber o motivo dessas escolhas.

_ Gosto de verde.

_ E a prata?

_ Tem prata? - Ficou sem entender.

_ Vamos, não temos tempo a perder. - Godric estava muito animado e logo os vejo aparatar.

_ Vamos? - Salazar ofereceu o seu braço. _ Sei que você está com raiva de mim, pequena rata. Mas quero te recompensar por isso.

_ Visite Hollow comigo e compre um pedaço de terra para mim.

_ Faço até a casa que você eventualmente irá morar.

_ Não morarei lá. - Peguei o seu braço, sumindo do bairro que a casa de Salazar ficava. _ É apenas um lugar que tenho um sentimento misto.

Olhou-me e começamos a andar para o castelo.

_ Que sentimento misto é esse?

_ Tristeza e alegria. - Apenas falei isso.

Entramos no castelo e uma sensação gostosa acariciou minha magia, me fazendo sentir muito bem aqui. Era como se tivesse que estar aqui, como se tudo que fiz fosse para esse momento.

_ Encantador, não acha?

_ Sim. - Distanciei-me dele e vou até a parede de pedra. _ Mágico. - Sussurrei, enquanto tocava a parede que vibrou ao meu toque. _ Tem certeza de que não tem magia nessas paredes?

_ Certamente, verifiquei várias e várias vezes. - Tocou a parede e não aconteceu nada. _ Por quê?

_ A senti vibrar.

_ Talvez essa escola sinta que você é mais que uma viajante do tempo, pequena rata.

_ E o que ela sente?

_ Que você é a quinta fundadora...

_ Uma fundadora fantasma? - O perguntei.

_ Podemos colocar dessa forma, já que você irá sumir por anos e irá retornar como um fantasma.

_ Não acho certo ser...

_ Você não tem que achar nada, a escola que tem. - Impressionante como ele é sempre cheio de si, ódio.

_ Você às vezes é insuportável e odeio essas horas.

_ Saiba que sempre amo a sua petulância e arrogância. - Aproximou de mim e beijou minhas bochechas. _ Sou completamente rendido por você, pequena rata. - Fico surpresa. _ O gato comeu a sua língua?

_ Salazar, vamos. - Godric gritou. _ Venha, Leesa. Temos que fazer o nosso brasão.

_ Farei o melhor que puder. - Distanciei de Salazar.

_ E um dia mato você, Godric. - Gritou.

_ Irá me matar com amor? Adoraria. - Zombou e corri até ele. _ Venha, vamos para o Grande Salão, conversaremos melhor sobre os símbolos e cores.

_ Claro. - Olhei para trás e Salazar falava alguma coisa baixinho. _ Venha, não fique resmungando como um velho.

Sorriu e ficou ao meu lado.

_ Ah, aí estão vocês, pensei que tivessem caído do precipício e morrido estrebuchados no chão. - Às vezes Helga me dava medo.

_ Já pensei que eles estivessem em outro lugar, fazendo outras coisas. - Rowe sorriu nada inocente.

Essas leitoras ávidas me dão medo.

_ Vocês me dão medo. - Sentei-me ao lado de Helga. _ Mas vamos lá, quem quer ser o primeiro? - Peguei as coisas da bolsa, já que ninguém se lembrou de trazer.

_ Eu. - Helga levantou a mão. _ Só sei que quero o texugo como símbolo, mas quero algo a mais, entende?

_ Falarei o que tem em seu brasão e seus significados, se você quiser mudar. - Concordou. _ Isso é muito estranho.

_ Por quê? - Godric perguntou.

_ Porque no final de tudo, vocês irão escolher o que eu falar, não faz difer...

_ Mas quero saber o que o futuro realmente pensa sobre esses símbolos que criamos sem a sua intervenção. - Rowe me interrompeu.

_ Ok, vamos lá. - Peguei a pasta de Hogwarts, essa bolsa tinha tudo, menos a minha felicidade. _ Helga Hufflepuff; casa da Lufa-Lufa; as pessoas que entrarão em sua casa serão nobres, leais, justos, honestos, corajosos e respeitosos.

_ Isso define tanto a Helga que me deu sono. - Salazar bocejou e revirei os olhos.

_ Existem seis animais em seu brasão. O texugo é o principal, é claro. - Mostrei para todos o brasão. _ A abelha significa dinamismo e trabalho árduo, o caramujo...

_ Tem caramujo? - Godric ficou olhando para Helga que deu de ombros.

_ Sim, tem um caramujo e significa perseverança, mas o cordeiro. - Apontei para o cordeiro no topo. _ Representa gentileza e paciência, o cão representa vigilância e lealdade.

_ Tudo do bom e do melhor é para ela, que coisa, não? - Resmungou novamente.

_ Você está com inveja, Salazar?

_ Estou me tremendo de inveja.

_ Não ligue para ele, ele está com sono. - Godric deu de ombros.

_ Pensei que tivesse dormido. - O observei.

_ Certas palavras me incomodaram a noite toda, pequena rata. - Deitou sua cabeça na mesa e fechou os olhos. _ Quando for a minha vez, apenas me dê um beijo na bochecha, escutou, pequena rata?

_ Claro. - Pisquei para Godric que sorriu. _ Continuando, o javali sugere a resistência; as folhas de faia demonstram tolerância; os braços cruzados são o símbolo do trabalho duro; o losango é o símbolo da constância; a coluna é o símbolo da firmeza e por último, a mão, que representa a fé e a justiça.

_ E as cores?

_ A sua casa tem duas cores, o preto e o amarelo; que representam o trigo e à terra. Geralmente o amarelo está relacionado a coisas alegres e divertidas, já na psicologia diz que é do pensador prático. Preto está associada à elegância. - Lembrei do Dragon. _ E mistério.

_ Posso ficar com essa folha e observar o brasão? Talvez mude alguma coisa. - Tirei a folha e a entreguei. _ Obrigada.

_ Quem é o próximo? - Godric olhou para Rowena que deu de ombros. _ Ok, Godric Gryffindor; casa da Grifinória; as pessoas que entrarão em sua casa serão corajosas, sinceras, controladoras, ciumentas...

_ Tem certeza de que não está falando características do Salazar? - Estava com as bochechas vermelhas.

_ Tenho. - Rowena segurou o riso. _ Continuando, eles são determinados, impulsivos, aventureiros, teimosos e competitivos.

_ Só falou coisa boa. - Salazar zombou e pensei que estivesse dormindo.

_ Durma antes que eu te dê um soco. - Deu um tapa na cabeça de Salazar.

_ Acho que esqueci de comentar que alguns podem ser briguentos

Salazar gargalhou e Godric ficou ainda mais vermelho.

_ Sobre o seu brasão. - Mostrei a folha para Godric. _ O sol representa glória e esplendor; a cabeça de boi.

Mostrei o símbolo que estava quase no final do brasão.

_ Representa bravura; o unicórnio é o símbolo da coragem e força; as folhas representam a superação de seus temores e por último. - Apontei para o grifo. _ O grifo é um símbolo de bravura e coragem de desafiar a morte, e claro, tem o leão como representante de sua casa.

_ E as cores? - Rowena perguntou interessada.

_ São vermelho e dourado, o vermelho está conectado com o elemento fogo, mas também representa paixão, movimento e energia. O dourado representa o sol, a abundância e ao poder. - Entrego a folha para ele.

_ Me deixem por último. - Em nenhum momento abriu os olhos.

_ Rowena Ravenclaw; casa da Corvinal; as pessoas que entrarão em sua casa serão inteligentes, conhecedoras, criativas, mentes abertas, independentes, peculiares, tolerantes, curiosas e bons amigos.

_ Tão Rowena. - Resmungou, mas Rowena estava empolgada demais para retrucar.

_ Sobre o seu brasão. - Pego a folha que tinha o brasão da Corvinal. _ A águia representa que você pode voar a alturas que ninguém consegue; o corvo é sinônimo de inteligência; a coruja representa a sabedoria; a raposa e o cisne representam animais sagazes e inteligentes. - Apontei para a última coisa do brasão. _ O livro aberto representa toda a importância dos estudos para os Corvinos, e particularmente adoro essa cor.

_ Tão linda, não?

_ Com toda a certeza, a cor de sua casa é azul e bronze, a casa do elemento ar. Na psicologia, o azul representa confiança, responsabilidade e lealdade. Mas também pode ser uma cor calmante e pode ser comparado ao nível mais alto da inteligência, o bronze pode representar a independência e força. - Entreguei a folha e ela só faltava correr como uma louca pelo Grande Salão.

_ Leesa, eu te amo. Você sempre irá morar no meu coração e isso é muito importante, não apenas para mim, mas, para todos nós. - Rowena fungou e abraçou a folha.

_ Isso me deixa muito feliz, Rowe. - Realmente me deixava.

Sorri de lado e olhei para Godric que estava preso em seus pensamentos, bom, acho que ele não poderá me ajudar a acordar o belo adormecido.

_ Salazar, vamos, preciso falar sobre o seu brasão.

_ Estou dormindo.

_ Então fique sem saber. - Semicerrou os olhos e ficou me observando.

_ Sou sempre maltratado. - Bufou e levantou o seu corpo para observar melhor a sua folha.

_ Não, você que é dramático.

_ Sou o drama em pessoa. - Bom que sabe.

_ Salazar Slytherin; casa da Sonserina; as pessoas que entrarão em sua casa serão extremamente inteligentes, ambiciosas, determinadas, senso de autopreservação, fofoqueiras, leais para apenas aqueles que merecem, raciocínio rápido, esforçadas, astutas, egoístas, dramáticas...

_ Ei, isso são qualidades? Por que parece que você está me insultando?

_ Mas não estou, são as qualidades de sua casa, e a maioria das pessoas de sua casa são ótimos líderes e só pensam em si.

_ Está me insultando.

_ Não, estou o elogiando. - Bufou e ficou olhando o seu brasão. _ O pavão representa poder, ressurreição e imortalidade. - Só consigo me lembrar dos pavões do tio Lucius. _ O basilisco...

_ Ah, não, você colocou um basilisco no seu brasão? - Helga perguntou incrédula e Salazar revirou os olhos.

_ Não comece, Helga. Você tem um caramujo no seu brasão.

_ Caramujo são inofensivos.

_ Tem alguns que matam. - Olharam-me. _ Vamos continuar, o basilisco representa o temor de todos que o contemplam; a lua crescente representa a glória maior; a coroa. - Apontei para ela e vejo Salazar sorrir. _ É o símbolo da superioridade; o carvalho representa força e antiguidade; o cisne é o símbolo da perfeição e o jaguar representa ferocidade e poder. E claro, tem a sua cobra.

_ Gostei, acho que não mudarei nada, tem tudo que acho admirável.

_ Se você está dizendo. - Dou de ombros. _ Prata e verde representam sua casa, o elemento mais próximo de representar a sua casa é a água. O verde tem uma conexão sobrenatural, pode ter uma conexão com as fadas ou pode representar a desgraça e a morte.

_ Já entendi que a minha casa é a coisa mais perfeita do mundo. - Sorria muito e fico encantada com o seu sorriso espontâneo.

_ Mas também pode representar energia e renascimento, mas no mundo bruxo o verde representa status social. Já o prateado representa prestígio e riqueza. - Pegou a folha e ficou a olhando. _ Bom, esses são os seus brasões e o que eles representam.