_ Você nunca nos contou sobre isso.
_ Não queria, acho que me lembrar desse juramento é como um castigo, poderia ter feito tanta coisa e poderia ter escapado com Dragon, poderia ter ficado com a titia e...
_ Poderia ficar aqui. - Concordei.
_ Odeio ter que viajar no tempo e pensar que todas as pessoas que estou convivendo... - Mordi meus lábios. _ Irão morrer, que tudo que estou vivendo aqui, não passará de uma lembrança. Então, me desculpe... - Abraçou-me e não reagi por alguns segundos.
_ Você está carregando o mundo nas costas, mas ninguém percebe isso e está tudo bem, terá pessoas que irão compartilhar esse peso com você. - Disse baixinho e o abracei fortemente. _ Queria que fossemos capazes de te ajudar, Leesa. Mas não somos fortes o suficiente para isso, não podemos ir com você.
_ Está tudo bem, já me acostumei. - Minha voz saiu abafada.
_ Ninguém está acostumado com a solidão do tempo, você pode controlá-lo, mas isso não impede de você sofrer as consequências e não impede de você ver aquelas pessoas que você chama de amigos e de família desaparecer.
_ Tenho que ser forte...
_ Mas você já é, apenas não reconhece isso. Mas um dia, um belíssimo dia, você conhecerá a pessoa maravilhosa que você é. Você acha que Salazar te ama apenas por você ter um rostinho bonito? Não, ele te ama por seu caráter, por seu nariz em pé, por seu jeito mandão e implicante de ser.
_ Você está me elogiando ou me insultando? - Abaixou sua cabeça para me olhar.
_ Estou elogiando. - Secou minhas lágrimas com seu dedão. _ Você é especial, Leesa. E agradeço muito por você ter aparecido em nosso caminho, mas também fico triste por pensar na nossa despedida. Para mim, você é a minha irmãzinha. - Beijou minha testa e aquele lugar coçou devido a sua barba. _ Sempre será lembrada por nós.
_ Vocês também, para sempre. - Tentei não deixar as lágrimas caírem. _ Vocês são os meus primeiros amigos.
_ E você terá muito mais.
_ Espero...
_ Você será feliz, Leesa. E aplaudirei sua felicidade de onde estiver.
_ Obrigada, Godric. - O abracei novamente. _ Obrigada, de verdade.
_ Agora chega de melancolia, quero mostrar algo legal que a Helga criou há muito tempo. - Concordei me distanciando dele.
Sequei minhas lágrimas e o segui até a sua mesa, me sentei na cadeira disposta e fiquei observando tudo que estava ali. Tinha até mesmo balinhas de caramelo.
_ Posso pegar uma? - Pergunto sobre as balas.
_ Fique à vontade. - Peguei e a coloquei na boca. _ Aqui, esse livro vai ficar numa torre trancada e apenas será tocado por cinco pessoas durante todo o milênio.
_ E por quê? - Mordi a bala, não tinha paciência para chupá-la.
_ Esse é o livro que dirá se uma criança mágica é capaz de entrar para a nossa escola, o livro ficará numa torre com apenas uma pena. - Me mostrou a pena.
_ Nunca ouvi falar desse livro.
_ Fiquei surpreso por não ler nada sobre ele na sua pasta, mas fico contente por isso, isso quer dizer que ninguém sabe sobre esse livro. O livro se chama "livro da admissão" e a pena de "pena da aceitação".
_ Então à pena pegará um pouco de tinta...
_ Não precisa de tinta, essa pena é puramente mágica e não precisa de nada para escrever no livro. Só de uma demonstração de magia em algum lugar desse mundo e, ela vai flutuar até o livro e escrever o nome, porém, o livro pode simplesmente fechar e não aceitar o nome que a pena quer colocar.
_ Isso quer dizer que a criança não foi aceita.
_ Exatamente.
_ Posso tentar escrever um nome?
_ Fique à vontade, esse livro, como eu disse, só será tocado por cinco pessoas antes de ser trancando em alguma torre de Hogwarts. - Concordei e peguei o livro.
Ele era grande, mas não era imenso. Suas páginas eram amareladas e podia sentir um pouco de magia nele, mas nada avassalador quanto Hogwarts; era calmo, como o silêncio da noite.
Peguei a pena e fui passando as páginas, elas não tinham numeração, mas sabia que pelo menos as cem páginas seriam apenas para aquele ano ou para os próximos.
Continuei passando as páginas até que senti um puxão na minha magia e parei, observando uma data aparecer.
Alunos de 1936:
Era essa a página que estava procurando, era com ela que iria incluir meu nome e só esperava que o livro me aceitasse, se não, tudo que fiz foi por nada.
Escrevi meu nome, esperando algo acontecer.
Leesa Granger
As letras sumiram e apareceram outras no lugar e fiquei um pouco irritada.
Leesa Avery Malfoy /
_ Por que esse livro não aceita o sobrenome que estou tentando colocar?
_ Ele não aceita sobrenome que não é realmente seu.
_ Mas se eu trocar no futuro?
_ Você nasceu naquela família?
_ Não.
_ Então não. - Que idiotice.
_ E se a pessoa for adotada? - Ficou pensativo.
_ Acho que se a pessoa souber que é adotada, aparecerá o verdadeiro nome, mas, se não souber, terá o nome dos pais adotivos. - Era apenas uma hipótese, será que devo tirar algumas memórias? Não, não faria isso.
_ Mas não faz sentido, o little lord deveria ter descoberto então que era um Slytherin ou um Gaunt. - Não pensei na minha mãe, pelo que me lembro, ela não tinha Malfoy, apenas Avery. E se tivesse, não teria tomado um vidro de Veritaserum.
_ Mas a família colocou esse sobrenome nele?
_ Não.
_ Então o livro não vai considerar, ele só vai colocar o sobrenome que a família colocou.
_ Então, como o Dragon me fez uma Malfoy e ele é a minha família, tenho Malfoy. - Concordou. _ Então me explica isso aqui, agora tenho um sobrenome de barras oblíquas e não estou sabendo? - Mostrei a ele e ficou confuso.
_ Mínima ideia, talvez você tenha outro sobrenome, mas ainda não saiba.
_ Agora esse livro não gosta de dar spoiler? - Riu. _ Estou falando sério, qual é, tenho Dumbledore no nome e não sei? Imagina, filha de Dumbledore, que tragédia.
_ Quem é Dumbledore?
_ Ninguém importante. - Deixo a pena na mesa. _ Então na minha seleção terá Avery e Malfoy, perfeito. - Faço uma careta. _ Sofrerei bullying por causa desse livro.
_ Por que tenho a impressão de que você gostou muito de saber disso? - Meus lábios começaram a subir e sorri amplamente.
_ Porque estou feliz de saber disso e meus planos de ser a rejeitada irá funcionar perfeitamente, talvez até melhor.
_ Fingirei que sei do que você está falando.
_ Me tire mais uma dúvida. - Ficou esperando. _ Se esse livro tiver o nome de uma criança e do nada ela morre, o que acontece?
_ O livro riscará o nome da criança. - Entendi...
_ Melissa, me traga o livro que você jogou na minha cabeça, por favor. - Falo para o nada e logo um livro caiu. _ Obrigada. - Peguei o livro antes que caísse no chão. _ Aqui, o feitiço se chama Rursus.
_ Obrigado. - Pegou o livro e me levantei.
_ Espero que a lembrança que você for colocar na cristaleira não contenha...
_ Você. - Falou primeiro.
_ Sim, não posso correr o risco de eles descobrirem sobre mim antes da hora.
_ Como você quiser. - Sorriu desanimado. _ Mas você aparecerá no quadro, pedirei que eles cubram o seu rosto e apenas mostre o seu sorriso.
_ Godric...
_ Insisto.
_ Tudo bem. - A parede ao lado se abriu, a escola já sabia que já estava de saída. _ A família Greengrass existe?
_ Ela existe, quer que eu chame o patriarca da família?
_ Gostaria muito disso, na verdade, chame todas as pessoas que você conhece que tem o sobrenome Greengrass. Preciso salvar uma pessoa importante.
_ Não mexa tanto no tempo.
_ O que pode acontecer de ruim? Acabar desaparecendo? Não me importo muito com isso, Godric. Talvez seja até melhor que eu suma. - Entro na passagem. _ Sala precisa, ok? - A parede abriu para a direita e uma pequena escadaria surgiu. _ Obrigada.
Começo a subir e abro a porta de madeira, vendo a Melissa voar pela sala como uma doida.
_ O que houve?
_ Estava esperando por você, já fiz aquilo que me pediu. - A pedi para procurar formas diferentes de uma pessoa se tornar imortal e de proteger suas Horcrux, se não tivesse outra forma de imortalidade.
_ Encontrou algo bom? - Fechei a porta e vou até ela.
_ Mais ou menos. Vem, eu te mostro. - Levou-me até uma das mesas dos fundos e tinha vários livros abertos. _ Primeiro, sim, tem outro jeito de ser imortal, mas é estranho. A pessoa tem que ter matado e se matou uma pessoa, só pode partir a alma em um pedaço. - Apontou para o livro.
_ Mas tem um limite de quanto você pode partir sua alma. - Apontei para o número. _ Dez, se ultrapassar você ficará deformado e sua sanidade perdida.
_ Acho que esse feitiço é uma melhoria do feitiço original, já que o seu Lorde repartiu 7 vezes sua alma da última vez. - Espera.
_ Como você sabe disso? Não contei isso. - Ficou assustada. _ Melissa, como você sabe dessas coisas? Não deixei você entrar na minha cabeça e...
_ Você falou comigo, não se lembra?
_ Não me coloque como a louca da história. - Digo irritada. _ Como você sabe sobre essas coisas?
_ Acho que estou escutando alguém me chamar. Adeus. - Desapareceu e fiquei aqui, olhando para o nada como uma idiota.
_ Ela pensa que vou esquecer sobre isso? Está muito enganada, posso não descobrir hoje, mas descobrirei, seja por bem ou por mal. - Começo a ler novamente o livro.
O feitiço realmente é uma melhoria do feitiço original e nele você precisa de objetos que geram sentimentos a você.
Pode ser uma pena ou até mesmo um anel, mas esse feitiço só funciona dez vezes, passou disso você se tornará uma pessoa totalmente diferente, como o Voldemort, ou pode até mesmo virar uma cobra para sempre, algo terrível.
Mas será que funciona? Ou eram apenas hipóteses jogadas num livro idiota? Precisava de alguém para testar, mas quem?
Bom, continuando. Esse feitiço tem reações quando está sendo executado, um mestiço terá olhos vermelhos quando o fizer, e um puro se tornará uma cobra... Às vezes preferia ser uma mestiça.
Entretanto, um sangue-ruim não poderá fazer esse feitiço por ser fatal no seu corpo trouxa.
E o feitiço era muito doloroso, deveria ter uma pausa de pelo menos cinco minutos para que a alma que sobrou em seu corpo não quebrasse.
Virei a página e algo me chamou a atenção, na verdade, me fez lembrar de uma das cartas do Dragon.
Ele me disse que meu juramento foi de alma, então estou tecnicamente presa nas mãos do little lord. Pelo menos não estou ligada a ele como esse feitiço.
Esperava que quando o ajudasse, o meu juramento anulasse e pudesse viver bem e bem longe dele.
Ligação de alma
Era isso que estava escrito naquela página e o seu conteúdo me surpreendeu um pouco. Era para criar uma Horcrux humana e talvez o little lord quisesse criar uma.
Bom, se ele pudesse amar...
"A ligação de alma só poderá ser feita tendo algum sentimento pela pessoa que deseja se unir"
Unir em que sentido? Carnal ou em matrimônio? E por que uma pessoa iria criar esse feitiço?
"A Horcrux mais forte só poderá ser feita tendo o amor retribuído, as almas irão se partir e irão se unir se tornando apenas uma."
Ah, agora sei o porquê desse feitiço ser criado. Essa é uma Horcrux altamente forte e não será destruída por espadas contendo sangue de basilisco ou um dente de basilisco. Isso é uma boa.
"Não será gravado ou mapeado por ninguém, apenas será sentido por seu companheiro(a)"
Obs.: se o cônjuge acabar se apaixonando por outro(a), o feitiço de selamento por alma irá ser quebrado e a alma irá retornar para seus devidos donos.
Obs.²: se o parceiro estiver sob a poção Amortentia, o feitiço de ligação de alma será anulado e a alma irá para os seus devidos donos.
Obs.³: mas, para as almas não voltarem para as pessoas que fizeram o feitiço, a pessoa que envenenou o seu "amado" com Amortentia, deverá dar doses contínuas ou as almas irão voltar para as pessoas que deveriam estar e eles continuarão imortais.
Virei a página e lá tinha mais alguns parágrafos explicando sobre esse feitiço. O little lord não ama, então ele não poderá usar esse segundo feitiço, mas e se ele amar alguém?
Tudo pode acontecer, nada é impossível, se é possível ter várias outras realidades e ter outras Leesa, por que o little lord não pode amar?
Claro, a pessoa que ficar com ele terá alguns miolos a menos, mas que amor não tem um pingo de loucura? Bom, os saudáveis... Continuando.
"A alma irá se partir e entrará no corpo da pessoa que escolheu amar, mas, tudo que sentir, o seu amado também sentirá. Seja angústia, felicidade ou excitação.
Mas se fizer sem amar o seu par, os dois irão sofrer as consequências da junção de almas. A morte.
Mesmo tendo Horcrux, elas irão se partir e sua alma irá ser queimada até não sobrar nada."
Simplificando, você está fodido se trair a pessoa ou se apenas tentar fazer esse feitiço para ser imortal. Bom, esse é um feitiço que não será usado por bastante tempo.
Passo a página, vendo que tinha mais um feitiço e esse faria as suas Horcrux desaparecerem para todos, menos para você e outras pessoas.
Você teria a localização de sua Horcrux em seu pulso em uma tatuagem e apenas seus filhos e cônjuge poderiam ver a tatuagem. Fora eles, ninguém mais poderia ver.
Era algo interessante, muito interessante. Deveria jogar esse livro na cabeça do little lord, quando ele estivesse em Hogwarts, já que não quero me aproximar dele.
Quero estar bem longe daquela pessoa, quero viver uma vida tranquila, se pode considerar manipular pessoas e o mundo como uma vida tranquila.
Fecho o livro e respiro fundo, estou cansada. Quero férias, quero me sentar na praia e ver as ondas se quebrar, só quero fazer essa "missão" o mais rápido, mas, ao mesmo tempo, quero que demore.
Vai entender.
Faço que o livro volte para o seu lugar e fico pensando no que faria agora. Já fiz minhas poções, mas preciso fazer meu salão Comunal, só que não tenho a menor ideia de como começar. Posso deixar isso para mais tarde.
Preciso arrumar cobaias, mas não posso raptar pessoas quando o sol continua no céu. Preciso fazer isso de noite, será mais fácil.
Não pedirei ajuda a Salazar, não quero que ele brigue comigo pelas coisas que farei e preciso de abortos e bruxos.
Abortos para testar a minha poção e bruxos...
