_ Por que você está mostrando suas mãos?
_ Por nada. - Abaixei as mãos. _ Então, você volta para Hogwarts e pergunta ao Godric e se ele concordar, a gente fecha o contrato, mas, se não...
_ Ele concordará.
_ Se você está dizendo. - Dou de ombros. _ Tenho que ir em um lugar, o vejo em Hogwarts. - Retirei uma pasta na bolsa. _ E leve isso com você, é sobre algumas barreiras e alas que poderão ser úteis para Hogwarts, está explicando tudo. - Modifiquei as essas barreiras, mas ninguém precisa saber disso.
_ Não voltará hoje?
_ Vou, apenas quero que você leve isso e estude com os outros. A escola está quase pronta e quando estiver, não poderei ser vista pelos alunos...
_ Por quê? Você já está sendo vista por todos, mas não pode ser vista pelos alunos?
_ Essas pessoas apenas contarão para seus familiares que em um ano qualquer apareceu uma mulher estranha. Mas os alunos poderão escrever sobre mim e dizer que existiu uma mulher misteriosa que zanzava pelos corredores do castelo.
_ Tudo bem. - Pegou a pasta da minha mão. _ Espero você para o almoço.
_ Ok. - O vejo desaparatar.
Olho para os lados e falo o feitiço, idealizando o lugar onde os duendes deveriam morar nesse tempo.
Sinto um pouco de vertigem, como se estivesse aparatando pela primeira vez.
Odiava essa sensação, sempre me dava vontade de vomitar depois de alguns segundos.
Fecho meus olhos e me agacho no chão, tentando recuperar os sentidos.
Minha boca estava salivando excessivamente e já conseguia sentir o gosto do meu vômito.
Coloco meus cabelos para trás e começo a respirar fundo, não quero vomitar, você é meu corpo e deve me obedecer.
Vamos lá, me obedeça pelo menos uma vez... Não deu certo, no minuto seguinte já estava vomitando tudo que havia comido.
_ Ninguém me obedece nessa vida, nem mesmo o meu corpo. - Abro meus olhos, fungando o nariz para me recompor. _ Odeio o mundo.
Depois de alguns segundos, me levantei e fiquei bem longe daquele local que vomitei, que nojo.
Faço um feitiço de limpeza no meu corpo e boca, me sentindo muito melhor. Observei em volta e era tudo estranho.
Um lado tinha apenas vegetação verde e o outro tinha apenas terra avermelhada, toda a vegetação daquele lado estava morta.
Tento sentir o ar para saber se tinha algum feitiço e tinha uma barreira para que bruxos e trouxas não pudessem ver o verdadeiro lugar que se encontrava, a casa dos goblins. Eles são tão engenhosos que me dava arrepios.
Vou em direção da terra morta e paro poucos centímetros de ultrapassar a linha que separava as duas terras. Levanto minha mão, tocando a barreira com a minha magia e a faço tremer.
_ Abra. - Sussurrei e a barreira abriu um buraco que dava para passar duas pessoas.
Passo por ela e vejo várias casas feitas de um material que não sabia o nome, mas era prateado e parecia muito resistente. Algumas casas estavam coladas umas nas outras e tinham até mesmo prédios. Tão moderno.
Começo a vaguear pelas pequenas ruas de paralelepípedos e percebo que os goblins eram ótimos em construir coisas e organizar seu mundo.
_ Um humano conseguiu entrar. - Gritou um goblin ao longe.
Todos os goblins saíram de suas casas para me ver. Que ótimo, sou a atração do dia.
_ Saudações, senhores goblins. Venho para encomendar algo de vocês. - Eles se olharam e não disseram nada. _ Tenho ouro e algo que poderá lhes ajudar a serem reconhecidos pelo mundo bruxo. - Aproximei-me.
_ Que coisas são essas? - Um goblin robusto apareceu.
_ É o rei! - Gritaram alguns goblins.
_ Saúdam o rei. - Disseram outros.
_ Meus cumprimentos ao rei dos goblins. - Faço uma mesura. _ Que sua prata e ouro nunca se esgote, mas que sempre transborde. - Alguns goblins suspiraram.
_ Nunca vi um bruxo sendo educado. - Veio até mim. _ O que quer conosco?
_ O senhor deve ser o rei Ragnuk, o primeiro. - Ficou surpreso. _ Ouvi muito sobre o senhor, me chamo Leesa. - Estendo minha mão para ele, que ficou a olhando, mas não hesitou em apertá-la.
_ Uma bênção dos goblins... - Sussurrou, mas todos ouviram. _ Venha, se você tem uma bênção, deve ser uma pessoa importante para nós. - Começou a me puxar e só queria entender como ganhei uma bênção...
Será que foi naquele dia que o senhor Caspra foi na minha cela? Mas não senti nada de diferente, ele apenas me arranhou sem querer... Será que foi assim que ganhei a bênção?
Entramos em uma casa formosa e era bem melhor do que aquelas casas de Hollow.
_ Por favor, se sente. - Sentei-me na cadeira e fiquei observando o lugar.
Parecia uma casa de um humano, não era pequena e nem muito grande, era um tamanho ideal.
Sempre pensei que as casas dos goblins seriam minúsculas devido ao seu tamanho, mas vejo que me enganei.
_ O que posso ajudar? - Sentou-se na minha frente.
_ Venho pedir que faça quatro coisas para mim e claro, darei ouro para essas coisas, mas só peço que não tente roubar essas coisas no final ou diga para os seus goblins que foi roubado. - Parou de sorrir. _ Venho do futuro, senhor. Então sei do que estou falando.
Tiro da minha bolsa uma pasta, o entregando para que descobrisse que não estava mentindo.
_ Isso é...
_ Tudo que sei sobre o senhor e tudo que você fez e fará. - Outro goblin entrou e ficou me observando.
_ Ah, aí está você. Venha, Gringotts. - Então esse deve ser o goblin que construirá Gringotts. _ Esse é meu filho, se tornará o próximo rei quando me for. - Disse enquanto lia a pasta.
_ Prazer em conhecê-lo, senhor Gringotts. - O goblin acenou e se sentou ao lado do pai.
_ Então foi você que deixou um buraco na nossa barreira...
_ Posso consertar quando estiver indo.
_ Espero que faça isso. - Semicerrou os olhos negros.
_ Vejo que fui muito egoísta, mas, me diga. O que posso fazer para a senhorita? - Peguei outra pasta e o entrego.
_ Quero que faça esses quatro objetos com a prata e o ouro mais puro que você tiver, mas que essas joias sejam da mais alta qualidade. - O goblin sorriu e pegou a pasta.
_ Isso custará um bom preço, está disposta a pagar quinhentos galeões? - Continuou sorrindo.
_ Senhor, estou disposta a pagar dois mil galeões para você. - Ficaram chocados. _ Só peço que não fale nada e me entregue os objetos sem dizer que foram roubados. - Retiro da bolsa um saquinho contendo mil galões. _ Aqui tem mil galões, os outros mil serão entregues quando você terminar essas coisas.
Joguei o saquinho na mesa, fazendo o rei pegar um galeão que saiu rolando do saquinho e o mordeu.
_ Verdadeiro. - Sorriu. _ Farei o melhor possível.
_ Confio nas suas mãos talentosas, apenas espero que essas coisas não demorem tanto, tenho urgência.
_ Em menos de seis meses você terá essas coisas e não se preocupe. - Seis meses... Tudo bem.
_ Isso me tranquiliza. - Olhei para Gringotts. _ Tome. - Retiro outra pasta da bolsa. _ Você ou algum de seus descendentes fez um banco chamado Gringotts em 1474, mas você pode fazê-lo antes. Isso é um presente.
Olharam-me animados e me levantei.
_ Irei, não posso me atrasar. - Levantaram-se e deixaram as pastas em cima da mesa.
_ Sua entrada sempre será permitida e sua bênção nunca desaparecerá devido a sua generosidade.
_ Agradeço imensamente por isso. - Sorriram e me levaram até o buraco da barreira.
_ Mandarei um dos meus para lhe entregar a sua encomenda.
_ Estarei em Hogwarts. - O rei concordou.
_ Mas saiba que nós só aceitamos sua visita devido a sua educação e principalmente...
_ A bênção. - Gringotts completou.
_ Eu sei, obrigada por tudo. - Estalei meus dedos e a barreira começou a se fechar. _ Até algum dia. - Desaparato dali.
_ Não demorou tanto. - Por Merlim.
_ Você realmente quer me matar, Salazar. - Riu e veio até mim.
_ Estava esperando, pensei que demoraria mais.
_ E por que você está me esperando? Você deveria estar no castelo e não fora dele.
_ Encontrei alguns ingredientes para a minha varinha e queria a sua ajuda. - Tinha me esquecido que ele queria fazer uma varinha.
_ Tudo bem, mas, e se eu não chegasse agora? Você ficaria esperando até anoitecer? - Deu de ombros enquanto começamos a andar. _ Você entregou a pasta para os outros? - Concordou. _ Isso é bom.
_ Tinha duas chances, uma você iria voltar rapidamente e não me cansaria e a outra iria esperar até anoitecer e iria me cansar.
_ Pelo menos voltei cedo.
Entramos no castelo que vibrou devido a minha chegada, ele gostava bastante de mim. Não poderia dizer que não gostava dele.
Fui até a parede e dei leves batidinhas nela.
_ Sei que você sentiu saudades, está tudo bem. - Alisei a parede que ficou quente.
_ Ainda fico impressionado com o castelo gostando mais de você do que de nós quatro. - Ri com essa informação.
_ O castelo gosta de todo mundo, mas tem uma conexão comigo, entende?
_ E continuo achando impressionante. - Escuto Melissa falar de algum lugar.
_ Sua sala ficou pronta.
_ Minha sala? - Que sala? Eu não... Será?
Começo a correr em direção da escadaria que me levaria ao segundo andar e Salazar gritava, correndo atrás de mim. Minha sala... Minha sala Comunal? Mas como?
Vejo a parede se abrir e era uma passagem, a escola percebeu minha euforia e estava tentando me ajudar, ela sabia de tudo, era impressionante.
Passo pela passagem e continuo correndo, agradecia muito por ter feito todos os meus vestidos baterem até as pernas, não aguentaria segurar a barra do vestido para correr.
Saio da passagem e estava no segundo andar, de frente para a porta do banheiro. Meu coração batia forte no meu peito e não sabia se era pela corrida ou se era devido à ansiedade.
Minha sala...
Entro no banheiro e a porta com o coelho apareceu, mas não tinha coragem de entrar.
_ O que aconteceu? - Salazar me perguntou sem fôlego. _ Que sala?
_ Acho que é a minha sala comunal, mas só fiz a poção e iria pedir aos elfos para me ajudarem a decorá-la. Mas na hora fui sendo chamada por Godric e acabei esquecendo.
_ Então vamos entrar. - Pegou minha mão e nos levou até a frente da porta. _ O que significa o coelho?
_ Mínima ideia. - Salazar tentou abrir a porta, mas o coelho o mordeu.
_ Aí. - Soltou a maçaneta, olhando para o pequeno corte em sua mão. _ Ele me odeia.
_ Ele também me mordeu, mas abriu a porta, diferente de hoje.
_ Talvez só você consiga abrir. - Fui até a maçaneta e a girei.
Empurro a porta devagar e fico impressionada pelo que tinha na sala. Antes ela era branca, mas agora ela era exatamente aquilo que pensei.
Puxei Salazar para entrar e ele ofegou surpreso. Tinha a cúpula de vidro no teto que me mostrava uma visão encantadora do céu azul.
Tinha até um pequeno bar do lado direito do primeiro andar, havia sofás e poltronas de couro que pareciam confortáveis.
Até tinha uma passagem que provavelmente me levaria para a sala precisa, como Melissa disse que poderia fazer.
Armários para algum propósito, um quadro que poderia colocar avisos ou algo do tipo, uma lareira espaçosa com um coelho pulando nos tijolinhos da lareira.
Era lindo.
_ Por que o seu salão tem 3 andares? Isso é meio injusto.
Não o respondo e fico encarando um símbolo. O meu brasão.
Era o mesmo do meu quarto e sabia exatamente o que representava, bom, quase. Já que não sabia o que representava o coelho.
Mas a cor do brasão era estranha, era quase como se fosse transparente. Era algo surreal.
O coelho estava no meio do brasão, ele era o animal da minha casa e parecia estar dançando, mas era o coelho da entrada. Fofo.
Em cima do coelho tinha um pequeno vira-tempo, na primeira vez pensei que fosse um relógio, mas não tinha engrenagens para isso. E atravessando o vira-tempo tinha a espada do Godric.
Sim, a espada do Godric, o motivo de estar ali? Mínima ideia. Pensei que era uma espada comum, até que fiquei observando aquela espada ao longe e a base era exatamente igual a espada de Godric.
Agora que brasão estava em um tamanho maior que do quarto, deu para decifrar de quem era a espada em questão de segundos.
E até pensei que o símbolo ao lado do coelho fosse apenas algo insignificante, mas não era. Eram duas flores.
Gostava de saber os significados de flores, era um passatempo. A flor de lótus representava o recomeço, já que elas nasciam em lodo ou um lugar menos provável de nascer algo.
Em seu caule tinha uma borboleta e isso representava recomeço e um novo começo.
Como se dissesse para deixar o passado para trás e recomeçar, era bem a minha cara para ter esse símbolo.
Porém, o outro lado tinha uma libélula, pequena, mas tinha.
_ Sabe o que significa a libélula? - Pergunto para o homem que olhava para tudo, menos para o brasão.
_ Libélula? - Apontei para o brasão. _ Nem tinha visto. - Revirei os olhos. _ Simboliza poder de adaptação às circunstâncias.
E o último símbolo tinha uma ampulheta, tudo no brasão dizia que não era desse tempo, dizia que estou recomeçando e mesmo caindo, iria me levantar. Era tão eu.
_ Se tudo que pensei estiver aqui, no segundo andar deve estar cheio de livros e no terceiro andar é os dormitórios. - Larguei a mão de Salazar.
_ Espera. - Parei e o olhei. _ Antes de você começar a correr novamente, quero que você teste essas coisas. - Tirou do seu bolso dois potinhos e fui até ele.
_ Minha magia vem do meu sangue e não do meu núcleo, acha que isso vai dar certo?
_ Isso é algo interessante, mas não saberemos se vai dar certo se não tentarmos. - Suspirei e passei a mão no primeiro potinho.
_ Isso é pó de estrela? - Sorriu e concordou. _ Isso é tão raro, só consegue quando uma estrela morre quando cai na terra. Tenho ferramentas com esse pó e sempre pensei que foi esse pó que me fez parar aqui. - Mas não foi, foi o pó de vira-tempo.
_ O pó de estrela tem a função de conectar coisas com perfeição, mas isso não quer dizer que não vai dar errado. - Ele tinha razão. _ E isso era da minha mãe. - Entendi.
Era bastante bonito as pequenas estrelas voando no potinho, mas elas morreram ou dormiram.
_ Acho que também não deu certo. - Salazar me olhou e franziu a testa, mas não falou.
_ É, tem razão, não deu certo, mas tentaremos isso aqui. - Ele me mostrou o segundo potinho e tinha apenas uma lasca de madeira. _ É uma experiência da minha mãe, encontrei quando estava esvaziando a casa.
_ Mas é lindo. - A madeira era azulada com manchas pretas e lilases, jurava que tinha estrelas serpenteando a madeira. _ Isso são estrelas? - Lembrei-me da primeira varinha que experimentei nessa época. Era madeira lilás.
_ Sim, essa madeira tem pó de estrela, madeira queimada por um feitiço das trevas, sangue cristalizado de basilisco e... - Parou de falar.
_ O quê? O que tem o lilás?
_ Uma memória ou um sentimento. - Franzi o cenho sem saber o que isso deveria significar.
_ Como assim?
_ Também não sei. - Deu de ombros.
_ Ou você sabe e não quer me contar?
_ Um dia você descobrirá.
_ Poderia me contar agora. - Negou.
_ Gosto do mistério, agora passe a mão. - Bufei contragosto.
Passo a mão e a pequena lasca começou a vibrar, crescendo sem parar e até saiu do potinho, me fazendo dar um passo para trás por ver o galho de árvore.
_ De novo, essas coisas me odeiam. - Mas ele sorria. _ Por que você está sorrindo?
_ Nada, só achei interessante. - Deu de ombros. _ Bom, vai se divertir com seu salão, vou procurar mais coisas para testar e a vejo no almoço. - Correu para fora da minha sala.
Ele parecia ansioso e afobado, mas por quê? Deu errado o seu experimento, ele não deveria estar irritado?
Vai saber.
Observei em volta e dou um gritinho de felicidade, isso era incrível!
Sinto-me feliz, muito feliz.
