_ Senhorita Helga, você continua me impressionando com seus feitiços incríveis. - Senhor Castle Greengrass sorria enquanto observava o quadro que ficamos até de madrugada para ser pintado.

Os meus amigos gostaram das coisas que estavam com eles. Godric surtou quando viu o cabo da espada na sua cintura e Helga falou que aquela taça era exatamente como ela imaginou.

O quadro estava perfeito e ninguém percebeu o vira-tempo, ou perceberam e não falaram.

_ O mais interessante, senhor Greengrass. É que esse feitiço você pode apenas se sentar e pensar em algo sem realmente ter essa coisa ao seu alcance.

_ Inacreditável. - Estávamos no escritório do Godric e todos estavam ali.

Salazar importunava um quadro, Rowena olhava para os livros e os organizava medindo os tamanhos.

Godric apenas estava sentado e lia alguns papéis, mas Helga, bom, ela estava mostrando o quadro e explicava o seu novo feitiço.

E eu estava sentada em cima da mesa do Godric, brincando com o peso de papel. Estava entediada, não deveria estar aqui e se um aluno chegasse?

Preciso sair daqui, mas não posso. Tão complicado.

_ Senhor Greengrass. - O chamei. _ Preciso perguntar uma coisa para o senhor.

Sua família estava dando uma volta em Hogwarts, já que um dos seus filhos faria 11 anos em poucos meses.

_ Sua família tem alguma maldição ou conheceu uma pessoa que por acaso disse que amaldiçoaria vocês? - O sorriso no rosto do homem estagnou e ele me olhou com seus olhos negros intensos.

Ele estava com raiva.

_ Quem é a senhorita? - Olhou para Godric. _ Godric, o que isso significa? - Não deixei Godric falar.

_ Significa que o senhor e sua família correm perigo, e quero ajudar para que nada ocorra. - Semicerrei os olhos. _ Ou isso já aconteceu e o senhor está escondendo.

Todos pararam de fazer suas coisas e nos olharam.

_ Olha, só quero ajudar, não sou nenhuma estranha... Bom, sou, mas só quero ajudar. - Na verdade, fiquei tão ocupada com tudo que nem sei como devo ajudar esse homem.

Espero que tenha um livro com um feitiço na sala precisa, ou devo ficar mais tempo aqui e... Quanto mais fico aqui, mais quero ficar aqui.

_ Castle, apenas confie nela. - Salazar falou e veio ao meu auxílio. _ Confio a minha vida a ela, ela não vai te decepcionar. - O observei.

_ O rabugento do Salazar confia em uma mulher? Está chovendo e não estou sabendo? - Zombou.

_ Ela não é uma mulher qualquer, Castle. - Não me olhou. _ Apenas confie em mim.

_ Tudo bem. - Ele me olhou e disse: _ Meu filho, meu filho do meio foi pedido em casamento por uma mulher e ele não aceitou, disse que só iria se casar por amor. A mulher não gostou e jogou algo nele e... - O vejo franzir a testa. _ Uma pessoa forte e que me ajudava muito, ficou fraca e nem consegue sair da cama. Ele...

_ Tudo bem, apenas me leve até onde ele está e quero conhecer toda a sua família. - Só não prometo que vou curá-lo de imediato.

Deveria ter falado isso.

_ Ok, só vou esperar a minha esposa e meu filho caçula aqui e podemos ir. - Concordei.

_ Preciso ir em um lugar primeiro, já volto. - Saio da mesa e a parede se abriu para mim.

Passo por ela e dou três batidinhas enquanto andava, pensando no lugar que ela já sabia onde me levar. Sala precisa.

Abro a porta e antes que pudesse entrar completamente na sala, um livro foi jogado em minha direção, me fazendo abaixar.

Podia até sentir o ventinho do livro em minha cabeça, mas o barulho do livro caindo foi tão alto que pensei que poderia ficar surda.

_ Você quer me matar? - Observei o livro grosso e pesado no chão.

_ Pensei que conseguiria pegar o livro.

_ Claro, iria conseguir pegar um livro que estava vindo em minha direção na velocidade da luz. - Revirou os olhos e peguei o livro no chão.

Tão pesado. Poderia ter morrido com esse livro, poderia ter ido para minha quarta vida. Que tragédia!

_ Melissa, me diga uma coisa antes de tudo, descobri quem era o meu verdadeiro pai? - Melissa ficou me olhando.

_ Sim, não sei como, mas você sempre descobre. Talvez você deva conhecê-lo na sua viagem para o futuro.

_ Talvez, será que... Se o encontrar, o que devo falar? Oi, sou sua filha e você é meu pai e... Você sabia sobre mim?

_ Se ele não procurou, não quer dizer exatamente que ele saiba sobre você, não se esqueça da sua vó. Ela nunca contou para o seu avô que tinha um filho dele. - Ela está certa.

_ Será que a mamãe, ela... Ela criou essa poção por causa dela, ou criou essa poção para a minha vó? Porque não faz sentido de ela ter criado algo desse tipo, e por que ela...

Paro de falar e fico pensando a respeito. A mamãe sempre tentava criar vira-tempos, mas nunca pulava décadas ou anos.

Então como ela foi para o passado e conseguiu engravidar de mim? E por que ela não ficou lá? Ela sempre falava para salvar o Lorde e me ensinou a fazer vira-tempos, mas nunca me deixou fazer um, por quê?

_ Você tem essas respostas? - Discordou. _ Por quê? Não te contei?

_ Na verdade, você nunca ligou para isso. Então, nunca perguntei. - Eu era estranha.

_ Mamãe foi ensinada a fazer vira-tempos, mas com algum propósito. - Andei pela sala. _ Ela me disse que iria para o passado salvar a mãe dela, talvez, ela conseguiu fazer esse vira-tempo, mas não caiu na época da minha vó e acabou acontecendo alguma coisa para ela desaparecer.

_ Isso é possível, mas, por que ela não ficou lá?

_ Porque estava grávida e ela era casada, mas o papai... Asmus, descobriu que, talvez, aquele filho não fosse dele ou era, e ele descobriu que ela estava apaixonada por outro. - Coloquei o livro na mesa, estava pesado demais. _ Ela perdeu o bebê e ficou arrasada, mas ela sempre ia para o passado sem que as pessoas soubessem.

_ E teve você? - Concordei. _ Mas por que ela não ficou lá?

_ Aconteceu alguma coisa com o meu pai e ela não queria ir para o passado. - Discordei. _ Não faz sentido, ela criou um feitiço que cai na mesma realidade?

_ Você criará um, não é impossível.

_ Certo, então vamos continuar com essa linha de raciocínio. - Concordou. _ Ela engravidou de mim e meu pai morreu? Mas ela poderia voltar no passado e salvá-lo.

_ Mas ela não criaria um loop? Você conhece bem esse loop, já que vive em um, quase em um.

_ Ou. - Sorri para ela. _ O pó de vira-tempo do seu vira-tempo só pudesse fazer mais uma viagem e ela deveria voltar para o futuro, já que ela era casada.

_ Não sabia que pó de vira-tempo tinha limite.

_ Tem, descobri isso fazendo o meu vira-tempo, aquele do quarto. - Compreendeu. _ Talvez tenha sido por isso que acabei parando aqui.

_ Talvez, é possível.

_ Se soubesse disso quando ainda estava na casa da titia, teria aberto a ampulheta e colocado mais. - Balancei a cabeça. _ Não, gostei de vir aqui, foi bom. - Só espero saber quantas viagens no tempo o meu anel consegue fazer com apenas um grão de pó de vira-tempo.

_ Então o seu pai morreu, sua mãe foi para o futuro e disse que estava grávida do seu... Asmus. E por que ela não voltou?

_ Talvez o vira-tempo que ela usava, não necessariamente foi ela quem fez e sim, alguém que ela conhecia e a deu. - Minha cabeça já estava doendo. _ E o vira-tempo que ela usou, quebrou e ela não conseguiu fazer outros.

_ Mas...

_ Por isso que coloquei na minha cabeça que a minha mãe me fez jurar por magia para salvar o Lorde. - Nossa, sou demais. _ Porque o meu pai está na época do little lord.

_ Parabéns.

_ Mas por que ela não queria que eu fizesse vira-tempo? - Observei as estantes de livros. _ Apenas me mostrou como fazia.

_ Você era a única coisa que ainda restava do seu pai, talvez não quisesse te perder.

_ Não, não acho possível isso, ela pode ter sido a minha mãe, mas não era tão bondosa ou meiga. Ela tinha um propósito, mas qual? Se ela quisesse que eu salvasse realmente o Lorde, deveria saber fazer um vira-tempo, mas isso não é...

Espalmei minhas mãos na mesa, sentindo a textura lisa e fria, tentando colocar o meu passado na minha cabeça para desvendá-lo, mesmo que isso não seja tão fácil como pensei de início.

Suspirei e fechei meus olhos, tentando esquecer as chamas verdes e as palavras de Melissa.

Deveria pensar como Byella, mesmo não sabendo como ela pensaria, não mais.

_ Tenho que pensar que na minha primeira vida, ela queria que eu o reerguesse, e provavelmente disse para começar no ano que ele entrou na escola.

_ Provavelmente.

_ Na segunda vida, ela mudou para salvar, talvez... Isso é uma hipótese, mas, talvez, tenha falado para ela ou ela...

_ Ela se lembra do passado? - Concordei.

_ Então ela não iria me deixar mexer em vira-tempos...

_ Já pensou que você mexeu, mas você excluiu isso de sua cabeça?

_ Tinha me esquecido disso. Então, a Byella foi para o passado salvar a mãe, fez aquela poção para a minha vó, mas talvez ela tenha usado em si.

_ E depois?

_ Ela não caiu onde queria e acabou conhecendo o meu pai, ela poderia ter tirado a memória dele. Porém, ele pode ter sido um seguidor de Grindelwald, ou ela não tinha varinha.

_ Ela não é boa em magia sem varinha? - Nunca a vi fazer magia sem varinha, mas e se ela soubesse? São tantos "e se".

_ Não, mas talvez ela tenha se apaixonado, porém, tinha o Asmus para voltar e ela estava grávida dele. Hum... - Bati a ponta dos dedos na mesa. _ Mas por que ela não voltou para o futuro? Minha cabeça está doendo de tanto pensar.

_ Talvez esse homem não a tenha deixado voltar, ou ele pegou o vira-tempo.

_ Certo, então por que os dois não foram para o futuro?

_ Por que ele deveria querer ficar com o seu mestre, já pensou nisso?

_ Mas e se ele não for seguidor de Grindelwald?

_ Talvez tivesse algo importante para fazer em sua linha temporal e a sua mãe era casada, ele não podia aparecer no futuro. - Estalou os dedos como se fosse obvio. _ Loop temporal, Leesa.

_ Certo, bom, então na minha primeira vida fui usada para que a minha mãe conseguisse ficar com o meu pai, que felicidade. - Lembrei de algo. _ Melissa, e se a minha mãe e Asmus são casados por alma? - Ficou chocada.

_ Isso iria explicar o motivo dela não ter voltado no tempo e sim, pedido a você para reerguer o Lorde na sua primeira vida.

_ E isso também explicaria muitas outras coisas, mas também não explica. Como meu avô descobriu que não sou filha do Asmus?

_ Talvez ele tenha feito um teste de paternidade e descobriu que você não era sua neta.

_ Isso faz um pouco de sentido. - Queria bater minha cabeça na mesa devido à dor me assolava. _ Mas, ele me chamava de cria do diabo...

_ Sua mãe era uma Avery e Malfoy, talvez ele esteja falando de sua linhagem e não do seu pai. - Melissa era muito inteligente.

_ E mais uma coisa, para terminar o assunto. - Prestou atenção. _ Por que a minha mãe sempre falava que iria ter uma infância melhor se salvasse o Lorde? Não seria adulta? Na época tinha quinze anos.

_ Bom... - Flutuou pela sala. _ Você colocou memórias em suas cabeças, talvez, você tenha colocado algo na cabeça dela que dizia que isso era possível.

Bom, eram apenas hipóteses, só irei descobrir realmente a verdade quando for vê-la, ver meu verdadeiro pai ou ler o diário.

Paro de pensar nesse assunto e abro o livro jogado em mim, mas suas páginas passaram rapidamente.

"Infirma Caritate"

Era o nome do feitiço e espera, como que existia esse feitiço se Draco nem sabia qual era a maldição de sua esposa?

_ Esses livros são do futuro?

_ Bom, talvez. - Sorriu e apenas suspirei. _ Já falei, Hogwarts é igual os duendes, sabemos sobre o futuro e o passado. Qualquer livro do futuro já está aqui, só não podia contar, vai que você começasse a fazer perguntas que não poderia responder?

_ Mas poderia abrir o livro e ver a data de publicação dele. - Sorriu sapeca.

_ Acha que os livros vão logo para a página que você quer apenas por querer? Não, isso é uma maneira de você não descobrir.

_ Mas o diário...

_ Hogwarts é um lugar que não muda com o tempo, então você pode morrer mil vezes, mas suas coisas pessoais que você guardou, ficará aqui. - Sentou-se no ar. _ Claro, se alguém roubar, não estará mais aqui.

_ Compreendo. - Vou até a primeira página do livro e vejo a data de lançamento dele, era 2040.

Scorpius teria 34 anos.

Volto para onde o livro me levou e começo a ler o feitiço.

Falava sobre a maldição ou o feitiço, e claramente tinha um contrafeitiço para isso, mas não quero ler ele ainda, quero saber mais sobre essa maldição que fez a esposa do meu primo morrer.

Porém, deveria ter ido direto para o contrafeitiço.

Essa maldição era por um motivo bem simples.

"Eu o amo, mas você não me ama e quando seu amor parar de amá-la, você morrerá e sofrerá as consequências do meu amor por ti."

Então a bruxa que jogou essa maldição amava o filho da família Greengrass, mas ele não aceitou por talvez, amar outra pessoa.

Mas essa pessoa o amou e prometeu o mundo, mas essa pessoa começou a gostar de outro, que lástima.

Contudo, por que a Astoria morreu? Draco amava a Astoria e ela também o amava... Um estalo se fez em minha cabeça, me fazendo dar alguns passos para trás depois entender.

Por Merlim, ele me amava? Aquelas cartas dizendo que sempre estaria comigo, que eu era a primeira razão do seu viver e que não queria ter me perdido.

Aquelas vezes que ele me olhava estranho, aquela vez que o Scorpius disse que o Dragon não queria me ver, ou aquela vez que o abracei e ele ficou rígido, mas me abraçou de volta.

As promessas e o motivo dele ter parado de usar os dedinhos para fazer o nosso juramento.

Ele me amava, e isso tudo significava apenas uma coisa, eu matei Astoria!

Não exatamente eu, mas por minha culpa a Astoria não está viva. Astoria gostava do Draco e Draco gostava dela, ele me disse isso.

Porém, também me disse que devido à maldição ela ficou mais fraca, mas quando deu à luz, eu não existia na vida do Dragon, então, o que houve para isso acontecer?

Volto para o livro e a Melissa ficou me olhando sem entender. Tudo bem, nem mesmo me entendo às vezes.

Continuo lendo o livro e algo me chamou a atenção.

"Não tenha filhos, em hipótese nenhuma. O amor que seu cônjuge dará para o seu filho, fará você enfraquecer. Mas se tiver, não o deixe amar mais ninguém, ou isso matará você."

Espero que Scorpius não tenha lido esse livro onde quer que esteja. Ele ficaria arrasado por descobrir que sua mãe ficou fraca porque Dragon começou amá-lo.

Ou que se apaixonasse por alguém, mataria sua mãe... Bom, também tenho uma parcela de culpa, se não tivesse conhecido Dragon, a Astoria não teria morrido e eles seriam uma família feliz...

"Todos só deverão amá-lo, seja o filho único, separe os seus pais ou os mate-os, ou você que será o prejudicado."