_ E se ninguém quiser? - Cygnus perguntou, me retirando dos meus pensamentos.

Mas já sabia a resposta para aquilo.

_ Então, quero uma casa e apenas 100 milhões de galeões. - Sorri. _ Vocês conseguem isso, não conseguem?

_ É um absurdo!

_ Você está fazendo esse escândalo por que acha que a sua esposa não vale esse pouco de dinheiro? - Pisquei algumas vezes. _ Olha, fui generosa, mas tudo bem, posso aumentar para 500 milhões, o que acha? Infla o seu ego um pouco? - Abria e fechava a boca.

_ Querido...

_ Não se esqueça, que isso apenas cobre a sua esposa e não o seu filho, ou você não quer salvar o seu filho? Quer ter uma mancha na parede... Não, espera. Você quer que o seu pai queime o rosto de seu filho na tapeçaria? Que vergonha para a família Black.

O vejo respirar fundo e apenas bebo mais um pouco do chá. Estava bom.

A Violetta me olhava como se eu fosse um monstro, olha, talvez eu seja.

Parei de me importar com muitas coisas, perdi muitas coisas para esse olhar me preocupar, mas se fosse aquele olhar de pena... Ainda odiava aquele olhar.

Ainda odiava me lembrar daquele dia que saí da casa daquele velho, que abaixei a cabeça para ele, que estúpida.

Poderia tê-lo matado, poderia ter falado para a gente seguir na direção que Byella queria seguir, mas não teria conhecido as pessoas que abandonei.

Não quero mudar o meu passado, mas quero mudar o passado dos outros.

_ Como saberei que o que você está dizendo é verdade? - Cygnus me perguntou.

_ O que você quer saber? - Ele não tinha uma reposta pronta para isso. _ Olha, vamos fazer o seguinte, vamos fazer um contrato, se a sua esposa passar de amanhã, você fará que seus filhos, netos, bisnetos e assim por diante sejam meus aliados. - Iria falar. _ Mas se eles não quiserem ser meus aliados, você me dará 500 milhões e uma casa. Porém, se sua esposa morrer amanhã, o contrato será inválido e só voltarei aqui em 1925 para ajudar o seu filho, Marius. Claro, se assim desejar.

_ Preciso pensar pri...

_ Desculpe, mas não tenho tempo para isso, é pegar ou largar, a escolha é sua.

_ Você está brincando com vidas alheias apenas por diversão. - Cerrou os punhos e gostei de ver a raiva alheia.

_ Se a sua esposa morrer ou se você deserdar Marius, isso vai me prejudicar de alguma forma? - Zombei. _ Não, não vai. Então não me importo se você vai fazer o contrato ou não. - Perderia pessoas ou dinheiro, mas tudo bem.

_ Dalack, chame um duende e diga que é urgente, pagarei o quanto ele quiser. - Cygnus mandou o elfo ir e tive vontade de rir.

Devo trocar esse chá por vinho e brindar comigo? Adoraria, e obrigada, titia, por me ensinar a manipular pessoas a fazerem o que quero.

"Segunda lição: dê opções, mas pressione a pessoa para que ela escolha aquela opção que você deseja."

Um dia a procuro e conto tudo para a senhora, agora, tenho que ficar sentada enquanto espero um duende.

_ Mamãe? - Olhamos para uma menina e seus cabelos castanhos estavam trançados. _ Onde está Dalack? Preciso da ajuda dele.

_ Ele foi fazer algo para o seu pai e já volta. - A chamou e me apresentou. _ Essa é a Cassiopeia e essa é... - Ela não sabia o meu nome.

_ Me chamo Leesa e é um prazer conhecê-la, senhorita Cassiopeia. - A menina sorriu.

_ Gostei da sua roupa. - Suas bochechas coraram. _ Ela é bonita, como você. - Entrelaçou as mãos.

_ Fico feliz por isso. - Tinha um bom tempo que não via crianças. _ O que você gosta?

_ De brincar ou de comer? - Sentou-se ao meu lado.

_ Pode ser os dois, talvez, quando você tiver dez anos, eu possa trazer algo para você e seus irmãos, o que acha? - Ela não parecia uma pessoa ruim.

_ Isso é... - Olhou para os seus pais.

_ Tudo bem, minha flor. - Violetta parecia uma boa mãe, mas a minha também parecia... Aparências enganam.

_ Gosto de bonecas, também gosto de ver meu irmão lendo e ele lê aquelas coisas chatas para mim, mas acho legal. - Sussurrou. _ Também gosto de ver o pequeno Marius andando, e fico pensando: fui assim?

_ E o que mais? - Ficou empolgada.

_ Gosto das roupas bonitas que a mamãe compra, mas não se compara a sua. - Suas bochechas continuavam rosadas. _ Gosto de fazer tranças nos cabelos da minha mãe, às vezes irmão Pollux me deixa fazer em seus cabelos ou o papai. - Olho para Cygnus que estava vermelho de vergonha. _ Mas não posso fazer com o irmão Marius, mamãe disse que ele é muito pequeno ainda.

_ Sua mãe está certa, deixe ele crescer mais um pouco e aí você poderá fazer. - Parecia que poderia pular no sofá de tanto que gostava de ser ouvida.

_ Gosto de brincar no jardim quando não está frio, irmão Pollux sempre vai comigo e ele diz que é para não me perder.

_ Falando em jardim, vocês precisam dar um jeito naquele jardim, a casa é linda, mas o jardim. - Ficaram pasmos. _ Continue.

_ Fico conversando com meu irmão sobre Hogwarts, existe uma lenda que existe uma quinta fundadora. - Oi?

_ Sério? - Tentei transparecer surpresa, o que não foi difícil.

_ Sim, diz que quem encontrar o fantasma dela, será seu protegido e ninguém nunca a encontrou. - Será por que, não é? _ Alguns dizem que existe um Salão Comunal secreto, mas ninguém achou e dizem que quando a descendente da quinta fundadora chegar, os fantasmas dos quatro fundadores darão boas-vindas.

_ Isso é incrível. - Quem passou isso para os outros? _ Mas como começaram essas suposições?

_ Acho que foi pela família Greengrass. - Violetta disse. _ Não foi? - Olhou para o marido.

_ Sim, não sei como começou, mas desde os tempos antigos, dizia que se os alunos fossem no sétimo andar e dissessem o nome certo de uma pessoa, um mundo mágico apareceria.

_ Então as pessoas começaram a supor que tinha um quinto fundador, um homem, mas isso foi tirado de circulação quando Phineas encontrou um quadro atrás da cristaleira de memórias, e claramente, Phineas queria saber mais sobre o quadro e teve que ver as memórias de Godric. - Cygnus a interrompeu e continuou.

_ Papai disse que a memória tinha uma quinta pessoa, uma mulher, mas não mostrava o seu rosto ou sua voz, apenas o seu sorriso, e que era um belo sorriso.

_ Também disse que o quadro tinha três mulheres e dois homens. Então, os alunos começaram a dizer que existia uma quinta fundadora, uma fundadora – fantasma, ou a fundadora sorridente.

Pedi Godric para não ter nada sobre mim em suas memórias e olha onde estamos? Quase fui descoberta, mas pelo menos eles achavam que a mulher virou um fantasma.

Suspirei, tudo bem, vou relevar, já que está morto e não posso matá-lo novamente.

Mas Dragon estava certo, zombo das coisas para fugir da realidade ou das perguntas que não quero responder.

_ E o que ele achou mais curioso era o segundo colar que a mulher estava usando. - Fiquei interessada.

_ Papai achou que era um relógio, mas disse que poderia ser um vira-tempo.

_ Então uma suposição veio. - Violetta comentou sorrindo. _ A mulher, a quinta fundadora, é uma viajante do tempo. - Sim, vocês acertaram.

_ Isso é inacreditável.

_ Queria ter encontrado algo sobre a fundadora quando ainda estava em Hogwarts, mas a única coisa que encontramos foram quatro palavras. - Violetta ficou chateada.

_ Nunca soubemos o que significavam e espero que eles consigam. - Falava de seus filhos.

_ Eu sei que vamos. - A menina disse feliz. _ Eu ou Pollux, também tem o irmão Marius e a irmã Dorea, alguém encontrará alguma coisa.

_ Sim, vocês vão. - Sorri.

_ Meus senhores, Dalack trouxe o duende. - Dalack retornou e vejo quem era.

_ Senhorita Leesa, quanto tempo. - Era Caspra Gringotts, e ele não cumprimentou a família Black, mas veio até mim.

_ Senhor Caspra, realmente é muito tempo sem nos ver. - Levantei-me e o cumprimentei. _ Ainda não sei de nada sobre essa época, mas não ficarei por muito tempo. Mas, como tem passado?

Apertou minha mão e ficou muito feliz por isso.

_ A senhorita conheceu os meus ancestrais e eles ampliaram a bênção que coloquei, isso é bom. - Seus dentes pontiagudos ficaram mais afiados. _ Obrigado pela contribuição e generosidade que teve com os meus ancestrais.

_ Só quis retribuir o que o senhor fez por mim naquele tempo. - Soltou minha mão.

_ Que me lembre, você deveria estar em algum ano em 1930, e não em 1920.

_ Mudança de plano. - Concordou e foi se sentar em outro sofá. _ Em vez de Gringotts abrir depois, abriu antes?

_ Sim, dois anos depois de sua partida, e o dinheiro que a senhorita nos deu naquela época foi fundamental para isso.

_ Fico feliz.

_ Vejo que já se conhecem. - Cygnus olhou para a filha e ela se despediu de mim.

_ Como não posso conhecer a mulher que ajudou tanto o meu povo? Seria uma lástima se não conhecêssemos a Leesa... Desculpe, não posso falar seu sobrenome ainda.

_ O sobrenome dela é importante? - Parecia quase enojado.

_ Talvez um pouco mais novo que a família Black, mas tão antigo quanto, ou devo colocar o outro sobrenome? Que me lembre, você tem dois.

_ Provavelmente tenho três, mas o terceiro preciso descobrir qual é.

_ Entendo, que pena que você não pode fazer um teste de herança.

_ Na verdade, posso. - Ficou surpreso. _ Devo fazer um em 1930? - E 5?

_ Estarei no aguardo. - Sorri. _ Vamos começar?

_ Estava esperando por isso. - Cygnus reclamou, mas não importamos.

_ Esse contrato valerá mesmo se você não colocar o seu sobrenome? - Violetta tinha uma ótima pergunta.

_ Senhor Caspra?

_ Você ainda não nasceu nesse tempo, mas, nos registros de Gringotts existe você. - Tão estranho.

Nem existo nessa realidade, mas devido à magia dos duendes, existo para eles, como existo para Hogwarts.

_ Será melhor colocar o seu sobrenome, senhorita Leesa. Todos eles.

_ Mas o terceiro ainda não sei.

_ Coloque apenas os dois, irá valer. - Concordei, me lembrando de algo.

_ Tenho uma casa em Hollow, e quero realmente tê-la conforme a todas as leis do nosso mundo.

_ Me procure quando realmente ficar naquele tempo. - Concordei. _ Vamos começar?

_ Claro. - Começo a falar sobre o contrato e minhas condições.

Cygnus não falou nada, apenas escutou. Era o que pensava, até ele falar:

_ Coloque que em 1925, se a Leesa não voltar para salvar o meu filho e minha família da desgraça, que esse contrato será anulado e ela só receberá 250 milhões de galeões e nenhuma casa. - Concordei.

_ Por favor, assine. - Caspra me entregou os três papéis e assinei todos eles, passando para o casal.

_ Leesa Avery Malfoy? Isso... Como é possível? - O casal estava um pouco pasmo.

_ Traição? - Dou de ombros, acho que eles esqueceram que sou uma viajante do tempo, talvez a tenha assustado muito quando falei que ela morreria.

_ Isso deve ser um engano, um Malfoy só pode ter um filho, homem, por geração, e é a maldição deles. - O quê?

_ O que quer dizer com maldição? - Fico sem entender, Dragon nunca...

Mas Dragon perguntou para o tio Lucius se ele traiu a tia Narcisa e me lembro muito bem daquela conversa e os casos de família.

Então por que essa mulher está me dizendo que a família Malfoy só pode ter um filho por geração?

Não sou uma Malfoy? Não, isso deve estar errado, sou uma Malfoy.

_ Caspra... - Olhou-me.

_ Você é uma Malfoy, mas não posso dizer qual é a maldição de sua família, já que não sei.

_ Vocês sabem?

_ Infelizmente não, só sabemos que eles não podem ter mais de um filho homem e nenhuma filha. - Franziu o nariz. _ E bom, nenhum Malfoy tem o sobrenome da mãe, por isso que deduzi que você não era uma Malfoy, mas isso deve ter mudado no...

_ Se você é uma Malfoy, como não sabe disso? - Pessoas inteligentes me dão raiva.

_ Traição. - Repeti, o deixando sem fala.

Bom, minha mãe só tinha Avery, então é compreensível esse questionamento.

Violetta parou de olhar para nós e assinou os pergaminhos, passando para o duende.

Caspra assinou e me entregou uma cópia que coloquei na minha bolsa.

_ Bom, tenha uma boa manhã, voltarei. - Caspra se levantou e entregou uma das cópias ao casal. _ Pegarei mil galeões no seu cofre, senhor Black.

_ Tudo bem. - Caspra foi embora e o casal me olharam. _ Agora é a sua vez.

Peguei o livro na bolsa e comecei a folhear, afinal, não havia lido aquilo ainda e deveria ter feito isso antes de ter vindo para cá.

Mas tudo bem, encontrei e espero que dê tudo certo.

_ Vamos lá. - Levantei-me e fui até a mulher, fazendo um símbolo na sua testa que a fez desmaiar. _ Ela vai dormir por algumas horas, e tenham uma boa manhã, Black. - Guardei o livro, dando alguns passos para trás.

_ Mas... - Não o deixei continuar e saio da casa.

Deveria estar correndo, mas apenas estava andando rapidamente, e deveria girar o meu vira-tempo aqui e sumir deste ano, mas queria saber se aquele velho era...

_ Estou aguardando por bastante tempo, senhorita Leesa. - Passei pela barreira e lá estava ele. Grindelwald.

_ Não perguntarei como me conhece, seu crânio ou suas visões devem ter contado. - Sorriu e estendeu seu braço que aceitei. _ O que quer de mim?

_ Fiquei curioso quando passei a ter a mesma visão. Uma mulher caindo em cima da mesa de uma das minhas reuniões com os meus seguidores e ela dizia que deveria voltar para o seu tempo. - Sua voz era melodiosa e seus cabelos loiros eram excêntricos demais.

_ Fui eu? - Olhou-me com aqueles olhos bicolores e riu.

_ Não, não foi. Foi uma mulher chamada Byella. - Paro de andar. _ O que foi?

_ Que lástima, você é o meu pai? - Ficou surpreso, pasmo, na verdade.

_ O quê?

_ Devemos fazer um teste de DNA? Acho que nossas sobrancelhas se parecem, somos pálidos também, mas se fosse antigamente. - Bufei. _ A gente não iria se parecer em absolutamente nada.

_ Não entendi muito bem como a senhorita chegou nessa suposição surreal. - Estávamos parados na calçada, e me perguntava o porquê de ter falado isso.

_ Tenho uma maldição do tempo, minha mãe é do futuro e meu pai é do passado. Não sei quem é meu pai, e você disse que a minha mãe, a mulher que caiu na sua mesa... Só liguei os fatos.

_ Mas ela já está grávida...

_ Ela perde o bebê em 1981, meu padrasto pensa que ela está traindo-o e a faz ter um aborto. - Se isso também não for feito por mim.

As memórias e não a morte do meu irmão.

E o que ele pensaria se eu dissesse que quero matar a minha mãe?