_ Quando você nasceu?
_ Dez anos depois, em 1991. - Estava completamente pasmo e absorto em pensamentos. _ Não deveria estar contando isso ao senhor, mas parecia plausível.
_ Vamos tomar um café, temos que conversar, filha. - O olhei sem entender muito bem como ele aceitou isso sem querer provas concretas que sou sua filha.
_ Ok, mas saiba, que não estou no passado para ajudá-lo. - Às vezes meu QI é algo que me surpreende.
Consegui ligar os fatos sobre a minha paternidade rapidamente, mas para saber que Draco Malfoy gostava de mim... Não liguei os fatos.
Pensei que ele me via como irmã e ele era casado, tinha até filho. Por Merlim.
_ O que a traz aqui? Ainda mais visitando a família Black.
_ Por que quer saber? Para me manipular depois? - Sorriu e estalou os dedos, fazendo seus cabelos mudassem de cor.
_ Preto combina mais com os seus cabelos, não acha, narizinho? - Agora tenho até apelido.
_ Concordo, papai. - Sorri e continuamos a nossa caminhada. _ Minha mãe já foi embora?
_ Não, ela está na minha casa, tirei o vira-tempo dela e ela não pode fugir.
_ Por quê?
_ Por que o quê?
_ Por que tirou o vira-tempo dela?
_ Bom, se uma mulher do nada cai em sua mesa, na sua casa, em um lugar que ninguém mais poderia ter acesso além de você e seus seguidores. Você não iria prendê-la e privá-la da liberdade até conseguir tudo que deseja?
_ Sim, você tem um bom ponto. Mas por que está aqui?
A rua continuava deserta e nem mesmo carros passavam por perto, apenas tinha casas que pareciam vazias.
_ Vi você chegando em uma das minhas visões e sempre me perguntei quem seria você. Mas nunca tive curiosidade para te procurar, até que as visões sobre você ficaram mais frequentes e isso me irritou um pouco.
_ Sou uma pessoa que irrita muitas pessoas.
_ Mas o que mais me irritou foi aquela profecia e nunca fui de fazer profecias, isso era coisa da titia...
_ Batilda? - Ele me olhou e concordou. _ Ela consegue fazer profecias? - Será que foi por isso que Dumbledore foi atrás dela para falar da profecia ao invés de procurar outras pessoas?
_ Sim, desde muito nova.
Por isso que ela disse aquelas coisas sobre profecias. Santo Merlim! Cada vez que piso no passado descubro mais coisas. Impressionante.
_ Ela não me contou isso. - Fico emburrada. _ Mas, que profecia?
_ "A garota que seria a ruína e a derrota, virou a salvação, saiu do futuro e irá reerguer o passado nebuloso e catastrófico que tantos queriam dizimar. As mortes estão presentes em sua caminhada pela destruição e a linha do destino irá se unificar com a junção. O fracasso da luz é iminente e nem com o sacrifício daqueles que os amam, será páreo para contê-la... O bem e o mal irão ser derrotados e a grande rebelião irá ser encerrada quando uma risada for ouvida e salvas de palmas forem batidas."
Ah, a profecia que Dumbledore contou para a titia. Bom, naquela realidade foi a professora Trelawney que a teve, mas aqui foi o Grindelwald. E mais, a profecia era sobre mim, que piada de mau gosto.
_ Ela está mais completa do que a última vez que a escutei. - Ficou sem entender. _ Uma pessoa a teve e contou algumas partes sobre ela.
_ Bom, sinto que está faltando uma parte nessa profecia, mas nunca vi mais nada. - Parou de falar quando entramos em uma cafeteria e era trouxa, ele não odiava trouxas?
Entretanto, não sabia que esse lugar deserto tinha uma cafeteria, mas se aquele ônibus doido tivesse parado um pouco mais para baixo, poderia ter visto.
_ Bom dia, tem uma sala privativa? - A mocinha me olhou e olhou para o meu possível pai. O quê? Ele não está me sequestrando.
_ Pai, vou querer alguns doces para comer enquanto falamos. - Pego o cardápio.
_ Claro, pegue o que você quiser. - Rico.
_ Ah, tem, tem sim. - Realmente, ela pensou que estava sendo sequestrada. _ É no segundo andar na sala 7. - Entregou a chave.
_ Vou querer isso. - Apontei para o doce. _ Isso, isso e isso aqui. - Fiquei pensativa em outros. _ Talvez isso aqui também, e chocolate quente. - Anotou. _ E você? - Perguntei para o meu possível pai.
_ Apenas um chá de hortelã com algumas gotinhas de mel. - Sorriu educado e a mocinha corou.
Fico o observando e ele era bastante bonito, não poderia negar. Cabelos pretos –loiros – olhos bicolores, nariz fino e lábios charmosos. É, minha mãe tinha bons olhos.
_ Ok, levarei quando ficar pronto. - Concordamos e subimos a escadaria para o segundo andar.
Não demorou tanto para que víssemos nossa sala, o que me ajudou a não a andar, já estava cansada.
_ Pensei que odiasse os trouxas. - Abro a porta, entrando no cômodo.
Era aconchegante, mas nada tão luxuoso, era simples e bonito. Sentei-me no sofá e fico observando o homem que se sentou a minha frente.
_ Não gosto, mas também não desgosto, eles são essenciais para nós e você deve querer saber sobre a profecia, eu presumo.
_ Não me importo com essa profecia. - Estranhou. _ Como a titia me disse uma vez, elas são mutáveis.
_ Como conheceu a titia?
_ Ela me ofereceu chocolate quente quando estava na pior e me deu conselhos incríveis, que na época eu era muito teimosa para escutar. - Dou de ombros. _ O que você quer de mim?
_ Que me ajude, quero unificar o nosso mundo...
_ E quero destruí-lo, não dará certo e temos opiniões divergentes. - Franziu a testa.
_ Por quê? - Reformulou a frase. _ Por que quer destruir o nosso mundo?
_ Quando você ficar preso por mais de dez anos e ser torturado pela pessoa que todos glorificam como a luz e a salvação. Você entenderá o motivo. - Sorri.
Ele só ficaria preso e morreria nas mãos de Voldemort, mas não seria torturado.
_ O que posso fazer para convencê-la? - Ele está me perguntando isso? Ele poderia apenas tentar me manipular. _ Não acho que posso usar a voz passiva e compassiva com você.
_ Mas você não tentou. - Cruzei as pernas.
_ Seria uma tentativa falha, você é a minha filha e tem meu sangue, com certeza sabe quando estão a manipulando.
_ Ainda estou aprendendo e talvez você conseguisse o que tanto deseja.
_ Não faria isso com você. - Alguém bateu à porta e demos a permissão para entrar.
_ Os seus doces, seu chocolate quente. - Colocou na mesinha de centro. _ E o seu chá, querem mais alguma coisa? - A mocinha perguntou.
_ Não, obrigada. - Sorri e ela se foi. _ Você não faz isso por que sou sua filha? Bom, como eu disse, é apenas uma teoria.
_ Se eu ligasse para o sangue e parentesco, não teria matado alguns dos meus parentes. - Zombou. _ Isso não é nada para mim, narizinho.
_ Acho que a titia sabia sobre o nosso parentesco, já que quando Dumbledore estava na casa dela, ela me apresentou como Leesa Grindelwald. - Bebericou o chá. _ Você gosta dele?
_ Gostar é uma palavra interessante, talvez eu o tenha amado. - Sabia! _ Não é desse jeito que você está pensando. - Merda.
_ Se não é romântico, qual jeito é? - Peguei um dos doces e o comi, sentindo que não era tão doce quanto queria.
_ O amava pela pessoa que ele era, pela forma que pensava e pelo jeito que me tratava. Amava ele por ser quem ele era e o amava por me deixar ser quem sou. - Continuou bebendo o chá. _ Amar não tem quer ser romântico e sexual, Leesa. Você pode amar conversar com uma pessoa, ou amar estar na presença de alguém. Existem muitas definições para a palavra amor, você só precisa saber qual é a sua.
_ Não quero me apaixonar e não amo ninguém. - Limpo minha mão para pegar a caneca. _ Apenas gosto, mas já quis muito ser amada e amar alguém, mas...
_ Isso a machucou e você criou uma barreira de defesa, típico. - Sorriu.
_ Sim, típico. - Estava com saudades de beber esse líquido fumegante. _ Não posso ajudá-lo na sua guerra, então me perdoe.
_ Por quê? - Cruzou as pernas. _ Estou apenas curioso. - Tirou algum pelinho invisível em sua roupa extravagante.
_ Tenho um juramento e tenho que salvar o futuro Lorde das Trevas. - Levantou a sobrancelha que não estava mais loira. _ Sim, você perde. - Sorri abertamente. _ Que pena, papai.
_ Pirralha atrevida. - Comecei a rir.
_ Já fui chamada de tanta coisa, que isso até é fofo.
_ Você quer fazer um teste de herança? - Alisei meus dedos pela caneca.
_ Hoje não, tenho que partir em poucos minutos. Talvez em 1935, o que acha?
_ Não a verei por mais de 15 anos?
_ Você colocando assim, parece que não quero vê-lo. - Riu de lado. _ Voltarei em 1925 e você provavelmente estará em Nova York, mas posso encontrá-lo se isso for possível.
_ Por que eu... Deixa pra lá.
_ Irei para Nova York quando tiver feito o que tenho que fazer em 1925, mas talvez você possa me ajudar e darei uma ajudinha. - Sorrimos.
_ O que posso fazer pela minha querida filha? - Coloco a caneca no lugar sem mais nenhum conteúdo nela.
_ Você aceitou isso muito de boa, tenho medo. - Pego outro doce, tentando ver se era mais doce para o momento agridoce.
_ Não me leve a mal, mas ter uma filha de trinta anos é meio que engraçado...
_ Vinte e oito, tenho vinte e oito anos. Não aumente mais dois anos. - Sempre terei 28 e não 31...
_ Ok, me perdoe, só acho que você não mentiria para mim e só quero me adaptar a ideia de sermos parentes.
_ Entendo. - Pisquei algumas vezes. _ Bom, em 1925, quero que você sequestre uma criança bruxa e leve para esse endereço.
Estalei os meus dedos e um papel com o endereço e os nomes apareceu entre os meus dedos.
_ Quero que o bebê tenha cabelos pretos, olhos verdes e...
_ Você quer uma cópia sua. - Pegou o papel dos meus dedos e o leu. _ Trouxas?
_ Sim, preciso estar perfeitamente disfarçada para as coisas que devo fazer. - Concordou. _ E se tiver uma criança, será bem melhor para fazer os papéis em Gringotts e não precisarei manipular uma comunidade inteira. Então, quero que coloque no cesto da criança um bilhete com o meu nome.
_ Inteligente, mas e se essas pessoas não aceitarem o bebê? Tenho permissão de usar Imperius? - Balançou o papel em seus dedos.
_ Claro, faça o quiser, só não mate eles. - Revirou os olhos.
_ Mas como você tomará o lugar dessa futura criança? Você usará poção Polissuco?
_ Não, tenho algo muito melhor que isso.
_ Que seria?
_ Não posso contar. - Observou sua xícara e falou:
_ Presumo que você matará a criança, não é? - Iria discordar, mas já tinha planejado isso. _ Não poderia usar Obliviate? - Discordei. _ Por quê?
_ Se uma profecia ou o futuro são voláteis, o que me garante que a força de vontade da garota não consiga reviver suas memórias? - Não tenho o feitiço da Leesa, então a morte era a única opção.
_ Poderia destruir a magia da garota. - Tremi apenas por me lembrar daqueles dias. _ A criança será uma bruxa e não um trouxa imundo.
_ Claro, aí a garota vai atrás de seus pais e eles descobrem que sou uma impostora. - Bufei. _ Não quero erros no meu caminho e se para isso preciso matar uma criança, assim farei.
Nada ficará no meu caminho, não sou aquela garota que hesitou em matar o bebê Potter.
_ Agora, quando for para Nova York, tome cuidado com Credence, ele é o que você procura.
_ E o que procuro? - Colocou o papel no bolso.
_ Não sei, não sou você. - Os doces se foram e não tinha mais nada para fazer aqui.
Limpo minha boca com o guardanapo e me levanto.
_ Gostei da nossa conversa, o vejo em 1925.
_ Irá assim para 1925? - Olho para a minha roupa e concordei.
_ Não quero vestir aqueles vestidos que não tem cintura e são horríveis. E não quero usar aquelas calças com boca larga. Já disse, são horríveis.
_ Se você está dizendo.
_ Você disse que pagaria, então já estou indo e até mais. - Antes que pudesse chegar na porta, ele falou:
_ E se não formos pai e filha? Você está me contando coisas que podem a prejudicar. - Ri e ele tinha um pouco de razão.
Mas, isso não era um problema, já que o little lord não queria se tornar Lorde depois que Grindelwald foi derrotado, ele queria quando o "papai" ainda estava no poder e se esse homem subir ao poder, estarei ao lado do little lord para derrotar o meu pai.
Que engraçado, não?
_ Em nenhuma das minhas hipóteses e teorias errei, não será dessa vez que errarei, e até mais tarde, papai. - Antes que fosse embora, perguntei: _ O que você fazia no Nôitibus?
_ Vi que você entraria naquele ônibus estranho e achei que seria uma boa ideia de ver como você era.
_ Então deu um destino qualquer? - Pessoa estranha.
_ Sim. - Concordei e saio da sala, descendo a escadaria.
Despeço da mocinha e agora me perguntava onde iria achar um lugar tranquilo para viajar no tempo novamente.
Bom, vamos procurar um beco, não posso sumir na frente de uma cafeteria. Ainda não quero ser descoberta pelo mundo todo.
Atravesso a rua que continuava sem movimento e entro no beco mexendo no display do anel.
Mas antes de ir para 1925, confiro se estava tudo certo com o grão de pó de vira-tempo e sim, estava tudo bem.
Agora vamos para 1925.
Os barulhos ficaram mais altos e só queria entender o motivo disso, afinal, só se passaram cinco anos, mas a poluição cresceu ainda mais, que horror.
Pelo menos não precisaria pegar o Nôitibus, ainda estava no mesmo bairro que a família Black morava.
E onde tomei café com o meu possível pai.
O bairro que a família Black morava era silencioso antigamente, mas parece que alguém viu oportunidade de ganhar dinheiro e aqui virou quase um centro comercial.
Vamos parar de tentar entender como em menos de cinco anos mudou muita coisa, ou acabarei sofrendo uma crise existencial.
Saio do beco; enquanto me arrumava e andava em direção da rua que a família Black decidiu ser dela e apenas dela.
Olho para os lados e tinha muitas mulheres rindo e comprando doces... Pessoas gostavam de doces.
E mais uma vez as pessoas olhavam para o que eu estava vestindo e mais uma vez não liguei, se ligasse para tudo, teria me isolado.
Paro antes de fazer a curva para entrar na rua dos Black. Esqueci de comprar presentes! Nossa, como sou burra.
Vamos voltar e fazer alguns cálculos matemáticos. Cassiopeia tem 10 anos agora e ela me disse que gostava de roupas bonitas e ainda deve gostar.
Pollux tem 13 anos e está na escola, mas vi que ele gostava de ler, talvez eu tenha um livro raro na minha bolsa.
Marius era um bebê e não sei o que ele deve gostar, mas Dorea é apenas uma criança de cinco anos, o que ela deve gostar? Será que se eu der dinheiro para todos os quatro eles me perdoam?
Para que fui dizer que compraria presentes? Posso voltar no passado e me dá um tapa?
A roupa e o livro já tenho, era só diminuir um vestido e estaria perfeito, mas e para os outros dois?
Um menino de 7 e uma menina de 5 anos...
A menina deve gostar de bonecas ou ursos de pelúcia, mas e o garoto? Ele ainda não tem magia, mas terá. Talvez uma vassoura?
Devo ir ao Beco Diagonal? Bom, vamos lá, pelo menos já faço o teste de herança.
