Paro no meio fio e levanto o meu braço, vendo o Nôitibus aparecer na esquina e parar... Esqueci que eles não podiam passar por aqui.

Corro até o ônibus e entro nele.

_ Acho que a conheço. - O homem me olhou enquanto me sentava. _ Não conhecemos ela, cabeça de bagre?

_ Sei lá, não tenho olhos e sou cego, seu idiota. - Continuava adorável.

_ Bom, acho que a conheço. - Deu de ombros. _ Mas sei lá, conheço todo mundo, mas também não conheço ninguém.

_ Faço de suas palavras as minhas. - Sorrio antes de me segurar para não morrer.

_ Qual lugar? - Mordeu o cigarro entre os dentes amarelados.

_ Caldeirão Furado. - Gritou para o motorista e pego o jornal em seu paletó puído.

Abriu o jornal e vejo Grindelwald, o que ele aprontou dessa vez?

_ O que esse homem fez? - Apontei para o jornal.

_ Ah, Grindelwald...

_ Gente boa, ele. Gosto dele e me casaria com ele, se ele falar para latir, eu falaria: au-au. - A cabeça gritou, em fazendo rir.

_ Não ligue para ele, deve ser a demência chegando mais cedo. - Concordei rindo. _ Grindelwald está chamando os seus seguidores para uma reunião, não sei o motivo e nem a impressa sabe, mas parece ser sério.

Talvez ele tenha visto a Segunda Guerra Mundial chegando, ou viu o little lord nascendo...

_ E essa coisa preta, é o quê?

_ Não tem um nome, mas todos os bruxos conseguem ver, menos os trouxas e dizem que quando você toca o símbolo, essa névoa preta lhe reconhece como seguidor e você é teletransportado para o lugar da reunião. Claro, são hipóteses. - Deu de ombros.

_ Se eu pudesse sair daqui... - Disse a cabeça chorosa. _ Seria um seguidor. Ah, que mundo cruel em que vivemos.

_ Mas você não odiava os Black? - Zombei. _ Pensei que odiasse o Grindelwald também. - Começou a gritar enquanto fingia chorar.

_ Os Black... - Soluçou. _ São um bando de filhos da...

_ Olha a boca.

_ Odeio eles, mas o senhor Grindelwald... - Sorriu banguela. _ Ele é um homem lindo, sensato, esbanja poder e eu daria o meu cérebro para ele, já que não posso dar o meu...

_ Olha a boca. - Sacudiu o jornal. _ Não acho que ele aceitaria o seu cérebro. - Concordei.

_ Chegamos. - Estávamos no Caldeirão Furado.

_ Obrigada. - Levantei-me e saio do ônibus.

Poderia ter aparatado, seria mais rápido, mas a pressa é inimiga da perfeição. Vamos lá, não foi tão ruim.

Observo em volta e tudo estava bem agitado, porém, vivi por muito tempo em um lugar que não existia a maioria dessas coisas e preciso me acostumar novamente.

Entro no estabelecimento, passando por todos e indo até os fundos, mas o cheiro de cerveja até que era confortável. Acostumei-me com as bebedeiras dos meus amigos e álcool não faltava na casa de Salazar.

Entretanto, a ficha ainda não caiu, mas quando cair, tenho que ter chocolate quente e cobertas quentinhas. Vou chorar até virar um panda.

Fico de frente para a parede e tento me lembrar a combinação. Tem tanto tempo que não venho aqui.

_ Precisa de ajuda? - Vejo uma mulher com seus filhos.

_ Acabei esquecendo a combinação e tem muitos anos que não venho em Londres. - Sorriu e ficou ao meu lado.

_ Não tem problema, também esqueço sempre e preciso ter um bloquinho para saber a combinação. - Mostrou o bloquinho de notas.

_ Isso seria muito útil. - Apontou sua varinha e fez a combinação. _ Eles irão para Hogwarts ano que vem? - Passamos pela passagem.

_ Sim, eles não querem ir para Sonserina, mas aposto que vão. - Zombou. _ Esse é Luca. - Era o maior. _ E esse é Claudian.

_ Olha, Sonserina não é ruim, apenas mal compreendida. - Não menti. _ Tenho que ir, obrigada por me ajudar.

_ De nada. - Deu tchau e continuo a minha caminhada, tentando não encostar em ninguém na rua torta.

Primeiro vou ao Gringotts, depois vou para as lojas e para a Travessa do Tranco, precisava de uma chave de portal que me levaria para Nova York.

Bom, antes disso precisava saber se vassoura estava na moda nessa época, ou que cor deveria ser a boneca ou ursinho? Crianças são difíceis.

Subo os degrauzinhos e vejo que não tinha nenhum guarda, será que ainda não existem ou eles preferiram não colocar guardas aqui? Bom, tanto faz.

Entro no banco torto que vibrou e todos os duendes pararam o que estavam fazendo para me olhar. Que legal, isso deveria acontecer?

_ É ela? - Começaram os cochichos.

_ Sim, é ela, e ela finalmente chegou.

Aceno para os duendes, caminhando pelo lugar luxuoso demais para os meus olhos, era tão ostensivo, porém, não mudou nada.

Nem mesmo onde os duendes ficavam, como se estivessem em carteiras escolares altas demais para o seu tamanho e entre e outros pensamentos, vou até o duende que me chamava.

_ Bom dia, queria ver o senhor Caspra. - Fui respeitosa. _ Ele está disponível no momento? - Olhou-me de cima a baixo com seu nariz pontiagudo.

_ Pensei que seria maior.

_ Serei, um dia. - Arrumou os óculos.

_ Tudo bem, vamos, eu levo você. - Ele não parecia muito contente comigo, mas tudo bem, não posso agradar todo mundo.

Saiu do seu lugar e apareceu depois de alguns segundos ao meu lado, pegando minha mão para ir para os fundos. Onde teria os trilhos, o vagão e o escuro...

Porém, a escuridão não veio e sim, velas que não se importavam com a minha respiração.

_ Essas velas não irão se apagar, então não precisa ter medo. - Devem saber disso devido às perguntas que mandei me fazerem. _ Fomos ensinados sobre a senhorita. Entediante, mas foi interessante. - Tocou na porta ornamentada de joias. _ Ela está aqui. - A porta se abriu. _ Entre.

_ Obrigada por me trazer aqui.

_ Hum. - Muito simpático.

Entro na sala, vendo Caspra sorrir para mim enquanto faço uma pequena reverência.

_ Senhorita Leesa, pensei que fosse vir em 1935 e não dez anos antes do planejado. - Mostrou a cadeira de ouro e me sentei.

_ Tenho que ajudar a família Black como está dizendo o contrato.

_ Isso, bem lembrado. - Entrelaçou as mãos a sua frente. _ Pensei que apenas pegaria os 250 milhões e fugiria.

_ Não sou tão mesquinha assim, se prometi e assinei meu nome em um contrato, vou honrar com ele.

_ Isso que me deixa impressionado, você sempre faz aquilo que não quer fazer. - Isso era verdade, mas queria fazer o garoto ter magia. _ Bom, o que faz aqui?

_ Quero fazer um teste de herança.

_ Mas o seu sangue...

_ Consigo controlá-lo.

Que estranho, Caspra não conhecia a Leesa que conseguia controlar o seu sangue? Será que ela procurou outros duendes? Ou aconteceu alguma coisa com Caspra?

Bom, talvez ele só tenha esquecido ou nunca falei sobre o meu sangue para os duendes de Gringotts, uma ótima hipótese.

_ Só me diga uma coisa, essa mesa é feita de magia? - Toquei na mesa escupida nas extremidades com algum desenho estranho.

_ Não, foi feita manualmente. - Bom, isso é bom. _ Aqui, corte o seu dedo. - Mostrou a adaga de prata.

_ A adaga é feita de magia?

_ Não. - Ok, devo estar parecendo uma estranha.

Corto meu dedo e deixo pingar na mesa, o fazendo ficar sem entender, mas ele entenderia. Entrego a adaga e o vejo limpá-la, até que me concentro no pergaminho.

O peguei e o pressiono no meu sangue.

───※ ·❆· ※───

Teste de herança:

Nome: Leesa Avery Malfoy - esperando a confirmação do terceiro sobrenome.

Data de nascimento: 17/ 07/1991

Mãe: Byella Avery Macmillan - esperando confirmação do terceiro sobrenome.

Pai: Gellert Grindelwald

Herança de criatura: -

Alma gêmea: -

Alma: -

Número do cofre: 1231

Herança: -

Acordos: -

Cônjuge: -

───※ ·❆· ※───

Ah, deveria ficar feliz por saber a minha data de nascimento? Era estranho pensar que nunca fiz meu aniversário no dia certo, e nunca faria.

Bom, devo parar de pensar em aniversário, não envelhecerei mesmo.

_ O que quer dizer esperando confirmação de sobrenome? - Mostro o pergaminho para ele.

_ Bom, sua mãe lhe deu o sobrenome do seu pai, mas para isso acontecer, o seu pai precisa confirmar que aceita você e não podemos ficar colocando sobrenomes em qualquer pessoa.

Então o livro de Hogwarts não era um fofoqueiro, ele apenas não podia confirmar o meu terceiro sobrenome, e isso era bom.

_ E se ele vier aqui e confirmar.

_ Você terá Grindelwald em seu nome. - Mas aí Hogwarts colocaria Grindelwald e todos suspeitariam e não queria isso.

Deixaremos que ele confirme que sou sua filha em 1936. Ainda quero seguir o que planejei por esses anos todos.

_ O sobrenome que minha mãe precisava de confirmação era Malfoy, mas para isso o meu avô precisaria reconhecê-la. - Caspra concordou. _ Mas Dragon...

_ Ele é a sua família e você não tinha Malfoy, sua mãe não colocou esse nome em você. Apenas colocou Avery e Grindelwald, mas Grindelwald precisa de confirmação. - Sorriu. _ Mas se você não fosse uma Malfoy, o seu primo não conseguiria colocar o sobrenome dele no seu.

_ Por isso que você tem tanta certeza de que sou uma Malfoy. - Concordou. _ Bom, não quero ter Grindelwald ainda, então, deixarei isso para outra hora.

_ Já vai?

_ Tenho que comprar algumas coisas e ir à mansão Black. Então, sim, já vou.

_ Seu pai veio aqui. - Fiquei confusa.

_ Por quê?

_ A criança que ele pegou tem magia. - Iria falar algo a mais, mas se calou. _ Ele queria fazer a criança sumir do mapa.

_ Como sabe se uma criança tem magia? - Mesmo pedindo uma, ele poderia ter pegado um aborto.

_ Conseguimos saber disso se fomos sensitivos e seu pai é um.

_ Que maravilha. - Brinquei.

_ Os seus pais a aceitaram sem precisar de manipulações, eles colocaram o nome de Leesa, como estava escrito no bilhete.

_ Pelo menos isso está certo, a criança só não pode morrer, não antes de eu ir para aquele tempo. - Franziu a testa já enrugada. _ O que foi? Falei algo de errado?

_ Você mudou, senhorita Leesa.

_ Não perguntarei se é para melhor, sei que não é. - Dou de ombros. _ Antigamente tinha medo de tanta coisa, mas fiz desses medos o pavio para me movimentar.

_ Você matará uma criança? Irá matar uma criança que poderia ser seu afilhado? - Meu sorriso despencou.

_ Não fale coisas que não compreende, Caspra. Não estou matando meu afilhado. - Levantei-me. _ E se mais uma vez sair de sua boca essa estupidez, posso reverter tudo que o banco Gringotts adquiriu, tenha isso como aviso. - Peguei o pergaminho e o coloquei na bolsa.

_ Está ameaçando...

_ É surdo? Falei que é um aviso, até 1935, Caspra. - Saio da sala e ando para sair do banco.

Ele tremia enquanto caminhava para sair dele e alguns duendes me olhavam temerosos.

Saio do banco e não sabia para qual lugar ir primeiro, devo ir à Travessa do Tranco ou comprar os presentes?

Olho para o lado que continha o beco e sigo aquela direção, Travessa do Tranco estava mais perto.

Dou apenas alguns passos em direção aquele lugar que parecia mais estranho que me lembrava e continuaria seguindo em direção da loja que precisava, porém, quando passei por dois bêbados, eles me fizeram revirar os olhos.

_ Olá, gracinha. - Não parei.

_ Venha aqui, vamos nos divertir. - Tomara que morra engasgado.

_ Sua carinha está séria, o que houve? O namorado brigou com você? - Riu um dos homens que me seguia.

_ Se continuarem me seguindo, vocês não irão gostar. - Revirei os olhos. _ Cuidem deles, bebê. - Minha magia saiu de mim e começou a brincar com aquelas pessoas.

Idiotas, não se mexe com uma mulher que entra nesse lugar, ainda mais sozinha. Ela pode ser a reencarnação do Capeta ou é louca.

Observo as lojas estranhas e continuei procurando uma em específica, mas se me lembro bem, ela tinha um nome bem estranho... Achei.

"Utilidades Nada Úteis"

Na verdade, tem bastante coisa útil nessa loja, tipo, muita coisa mesmo.

Dou três batidinhas na porta, a fazendo ficar entreaberta, mas uma varinha apareceu antes que pudesse entrar.

_ Senha? - Disse uma voz rouca.

_ Hitler vai se foder, Grindelwald faça chover, Dumbledore morra e com ele renasça a juventude das trevas. - Espero que seja a mesma senha, não queria ser expulsa daqui.

_ Gostei, as pessoas só falam do Grindelwald, um bando de otários. - Abriu a porta e um garoto com um cachimbo lesepfeife sorriu. _ Ainda não perdi o olho. - O quê? _ Vamos, entre.

Quando comprava as coisas aqui com a mamãe era um senhor, mas ele também tinha os olhos perfeitos. Então por que ele falou que ainda não o perdeu? Estranho.

Porém, aqui não mudou muito, tinham os balcões contendo várias bugigangas visíveis, estantes atrás de si e o cheiro de pinho que não saia de jeito nenhum do meu nariz.

Entretanto, o senhor que sempre estava sério atrás do balcão realmente não existia e o homem a minha frente era de certa forma bonito.

_ O que vai querer? - Arrumou o quimono em seu corpo, tirando uma de seus braços da manga.

_ Uma chave de portal que me leve para Nova York. Ida e volta. - Sorriu abertamente, parecendo um gato preguiçoso com seus cabelos longos e negros.

_ Custará uma grana. Sabe, Londres e Nova York são quase polos opostos. - Encostou-se no balcão.

_ Pago 100 galeões. - Gargalhou, fazendo que aquilo me fizesse ver as tatuagens em seu corpo.

_ Coitada, estava vivendo na era da pedra? Cem galeões não valem nem o meu esforço para trazer... - Tragou o conteúdo do cachimbo e jogou no meu rosto. _ A chave de portal até você.

_ Mas não tenho muito dinheiro. - Digo ansiosa.

_ Querida, acha que sou estupido? Gosto de infortunar as pessoas, mas não sou estupido. Agora, quero que me dê mil galões.

_ Mas...

_ Nada de lamentações, sei que isso não é nada comparado o que você tem. - Sorriu e odiava o seu sorriso.

_ Então, muito obrigada, mas lamento informar que não posso comprar nada da sua loja. Até mais. - Continuou sorrindo e saio de sua loja.

Essa foi a primeira vez que não consegui comprar algo no menor preço, acho que nem todos caem como patinhos nas minhas lamentações de pobre moça.

Tudo bem, posso ir naquele cara. Acho que ele já existia nessa época, e como não sou uma pessoa conhecida, será mais barato.

Mas agora o problema é: o que comprarei?

Desisto, não sei o que comprar para crianças, sou horrível nisso. Seria muito mais fácil se aquelas coisinhas fossem um pouco maiores para conversar e poderia ter perguntado o que elas gostavam.

Sinto um formigamento nos dedos e era a minha magia voltando para o meu corpo. Fofa.

Mas o que eu gostava quando era criança?

Encostei-me na parede e fico olhando para o céu. Não consigo responder essa pergunta, já que a minha infância não foi regada de regalias. Era tão pacato e torturante.

Acho que posso dar doces, será que é chato dar doces para uma criança? Ela não poderá brincar e só poderá comer algumas vezes.

Talvez eu compre doces, pelúcias, uma vassoura e um kit infantil de fazer poções. Bom, espero que elas gostem disso.

Volto a andar e olho em volta. Isso seria cansativo...