13 novembro de 1925:
Duas horas, duas malditas horas de compras, vou me matar, já que não era possível que comprar coisas para crianças fosse tão difícil.
Bom, pelo menos já comprei tudo e estou morrendo de calor, mesmo não fazendo calor.
Odeio ficar suada e quando o suor entra nos meus olhos e os faz arder. Ódio!
Seco o suor da testa e aparato dali, não estava mais com paciência para ficar aqui. Saio do beco que continuava deserto, gostei desse beco.
As lojas de doces ainda estavam cheias e tinham algumas filas, talvez essas lojas realmente sejam boas, além daquela que fui com o Grindelwald.
Bom, se em 1935 ainda tiver elas, devo experimentar os doces.
Arrumei minha bolsa, constatando que estava um pouco pesada, talvez tenha comprado muita coisa. Viro a esquina e dou três batidinhas na barreira, a fazendo se abrir para mim.
Dessa vez queria que eles soubessem sobre mim, não quero mais invadir propriedade alheia.
Continuo a minha caminhada e as árvores não mudaram nada, continuam exatamente iguais.
Porém, vejo duas crianças correndo na minha direção e minha vontade era de correr, mas não para elas. Vamos lá, são só crianças, elas devem ser iguais ao pequeno Dabrian.
E falando nele, provavelmente foi ele quem começou a lenda sobre mim, já que não acho que foi seu irmão, porém, Godric teve sua parcela de culpa.
Entretanto, isso não deveria ter acontecido, mas já que aconteceu, vamos continuar como se isso fosse apenas uma lenda e nada mais.
_ Você! - A criança que batia na minha barriga gritou. _ Você finalmente chegou. - Sorriu feliz. _ Lembra de mim? Bom, sou Cassiopeia. - Sorria tanto que suas bochechas poderiam estar doendo.
_ Lembro. - Cutuquei sua bochecha. _ Ainda gosta de roupas bonitas? - Sorriu ainda mais. _ Vejo que sim. - Olhei para o lado e vejo um garoto que batia nos meus ombros. _ Pollux?
O garoto acenou, sorrindo. Ele havia mudado, claro que mudaria, ele era apenas um pirralho de 8 anos quando o conheci, mas agora era um pirralho de 13 anos.
Seus cabelos pretos estavam dando alguns cachos nas pontas, acho que puxou os cabelos do pai, mas seus cabelos não estavam mais penteados para trás, estavam divididos ao meio e não era feio. Era fofo.
Seus olhos não estavam tão negros quanto antes, estavam castanhos. Talvez fosse a luz do dia que dava essa impressão.
_ Você não deveria estar na escola? - Suas bochechas coraram um pouco, talvez fosse o frio.
_ Mamãe pediu ao vovô que me liberasse dois dias para comemorar o aniversário da irmã Dorea.
_ Entendo, vamos para dentro? Está esfriando e suas bochechas estão ficando vermelhas por conta do frio. - Viro os dois e caminho no meio deles. _ Sua mãe está bem?
_ Sim, papai queria te encontrar para agradecer, mas não encontrou você. - Porque sumi por cinco anos.
_ Só que o papai briga muito com os nossos tios e primos devido ao nosso irmão Marius. - Pollux falou me examinando. _ Ele realmente é um aborto?
_ Sim, mas irei curá-lo e tudo ficará bem. - Cassiopeia bateu palminhas, balançando suas tranças e Pollux deu um suspiro.
_ Confiamos. - Disseram.
_ Ficará para o aniversário da irmã Dorea? - Cassiopeia perguntou.
_ Não, só quero dar alguns presentes a vocês, e curar o seu irmão. Tenho que viajar novamente. - Pollux concordou seriamente, mas Cassiopeia ficou chateada. _ Gostam tanto assim de mim? Não fiz muita coisa.
_ Não fez? Salvou a nossa mãe, salvará o nosso irmão, e salvará a nossa família das calúnias que sofremos. - Parecia um adulto. _ Sei que para isso tudo acontecer, você e o papai fizeram um acordo, mesmo assim, você salvou a nossa família e devemos muito a você.
_ Não cresça tão depressa, Pollux. - Dei batidinhas em seu ombro. _ Quando você olhar para o passado, irá querer a sua infância novamente, mas é apenas um conselho de boba. - Franziu a testa. _ E fique longe dos trouxas, não quero visitá-lo em Azkaban. - Tremeu de medo, mas não continuei.
Mexer no tempo tem consequências, contar sobre os acontecimentos previstos tem suas consequências. Mas lembre-se, não estou sendo burra ou idiota contando isso para Grindelwald ou para essa família. O futuro já iria mudar desde que pisei os meus pés no passado.
Ele já mudou e se eu contar algo aqui, ou algo lá, não irá mudar tanto quanto todos devem estar pensando. Afinal de contas, não existo.
Passamos pelo jardim e ele estava bem cuidado, intervenções são precisas, ainda mais para deixar um jardim horroroso ter vida novamente.
_ A nossa família gastou muito tempo cuidando do jardim, obrigada. - Cassiopeia riu e abriu a porta. _ A mamãe pediu que fossemos te buscar, para o caso de você fugir novamente.
_ Não fugi, tinha que encontrar o meu pai. - Dou de ombros e entro na casa.
Pollux fechou a porta, porém, continuava quieto, talvez tenha o assustado demais. Isso é uma pena, poderia trocar dicas de como fazer sangrar uma pessoa quase até a morte, acho que terei que encontrar outra pessoa que queira saber dessa informação.
_ Ela chegou? - Ouvi Violetta falar, aparecendo no corredor.
Ela continuava belíssima e seus cabelos loiros estavam impecáveis.
_ Leesa, quanto tempo. - Veio até mim.
_ Para mim só faz duas horas que não nos vimos. - A abracei. _ Espero que esteja bem e saudável. - Concordou.
_ Estou, tudo graças a você e sua magia estranha. - Segurou minha mão. _ Venha, os outros estão no jardim dos fundos.
_ Espero que esse jardim esteja impecável como o da frente. - Cassiopeia riu e Pollux segurou o riso.
_ Você é bastante direta, não é?
_ Tento sempre o meu melhor e enrolação não é comigo. - Isso era verdade, para que iria rebuscar as minhas palavras?
_ Bom, o jardim está impecável, como pode ver. - Abriu a porta e pude ver um amplo jardim que estava bem cuidado, até mesmo tinha duas crianças brincando com o Cygnus.
Estranho, a família Black consegue ser harmoniosa ou fui eu que fiz esse milagre acontecer? Não, não posso levar tudo que muda como a minha interferência, talvez eles sempre tenham sido assim. Apenas nunca demonstraram.
Saio da casa, fazendo Cygnus parar de sorrir... Não queria ver o seu sorriso também, idiota.
_ Leesa.
_ Cheguei. - Fui até os três. _ Como prometido.
_ Demorou. - Disse sem expressão.
_ Não, não demorei. Nunca disse que voltaria no primeiro dia de 1925, se você pensou isso, a culpa não é minha. - Sorri. _ Então esses são Marius e Dorea? - São fofos.
Marius tinha cabelos negros com algumas mechas loiras, mas que deixava bem aparente que gostava de suas mechas.
Ainda mais por prender o seu cabelo em uma fita verde, fazendo que suas mechas ficassem em um belo contraste com seus cabelos negros.
Seus olhos eram a escuridão total, mas não sentia medo, sentia a necessidade de me aventurar nessa escuridão, isso era estranho.
Já Dorea era a única loira da família, tirando a sua mãe. Seus cabelos tinham tranças que aposto que foram feitas por Cassiopeia, mas suas bochechas eram gordinhas e me olhava com muita concentração.
Seus olhos eram lindos, mesmo sendo castanhos escuros. Ela parecia ser uma boa criança ou que aprontava muito com seu irmão mais velho.
_ Você deve ser a Leesa, não é? - Dorea deixou cair sua cabeça para o lado. _ A moça bondosa que ajudará o meu irmão?
_ Já fui chamada de muita coisa, mas bondosa deve ser a primeira vez. - Não que me lembre quando as pessoas me elogiam.
_ Devo pedir perdão, então? - Ficou receosa.
_ Não, eu que devo agradecer o elogio. - Olhei para o seu irmão. _ O que foi? - Parecia ansioso.
_ Realmente serei igual aos meus irmãos? - Falou baixinho.
_ Bom... - Abro minha bolsa, pegando a poção. _ Tome, isso aqui dirá se você pode ter magia. - Suas mãozinhas tremiam e olhava para todos. _ Não quer? - Não pegou a poção.
_ N-não é isso... - Respirou fundo. _ Como é ter magia? Dói?
Agachei para ficar no seu tamanho e o fiquei observando, tentando desvendar tudo que ele sentiu nesses anos.
_ Você tem magia, Marius. Mas o seu núcleo está quebrado, isso vai consertar, confia em mim? - Balançou a cabeça concordando. _ E não dói, você nem perceberá que tem magia até fazer a vela se acender sozinha. - Pisquei.
Entrego a poção para ele, a fazendo destampar, mas seus pequenos olhinhos observaram todos novamente, tentando saber se beberia ou não, mas ele bebeu.
Bom, se ele morrer, devo fugir para bem longe... Estou brincando, não fiz aqueles testes à toa.
Entregou-me o vidrinho e me levantei, o observando. Mas todos me examinavam, como se fosse me matar a qualquer segundo.
_ E agora? - Piscou ansioso.
_ Entregue uma varinha a ele. - Cygnus entregou sua varinha para o seu filho. _ Agora apenas a balance.
O garoto olhou para todos e mordeu os lábios, mas sacudiu, fazendo uma parte do telhado se quebrar.
Ainda bem que não terei que arrumar aquilo.
_ Fiz aquilo? - Ficou surpreso e olhou para os seus pais que estavam fascinados pela destruição.
_ Sim. - Violetta foi até o garoto e o abraçou. _ Você tem magia, meu amor. Mamãe está tão orgulhosa. - E imaginar que se não fosse por mim, esse garoto nem estaria mais na família Black.
_ Obrigada. - Cassiopeia tentava secar as lágrimas. _ Você é a nossa salvadora. - Sorriu e me abraçou.
Fico surpresa, mas a abracei de volta, não sou salvadora de ninguém, isso que fiz era apenas para o meu bel-prazer.
_ Teremos mais uma coisa para comemorar amanhã. - Pollux me confidenciou. _ Obrigado. - Lembrei de algo.
_ Você já se casou? - Negou. _ Por quê?
_ Meus pais disseram que posso escolher quem eu quisesse para me casar. Então posso escolher quem eu quiser, menos... - Não continuou.
_ Menos sangue-ruins? - Acenou. _ Entendo. - Pelo menos não vai ter filhos com 13 anos.
_ Tenho que ir. - Cassiopeia desgrudou de mim e ficou me olhando. _ Mas tenho presentes.
_ Por que você não fica mais um pouco? Você sempre vai embora tão rápido.
_ Tenho algumas coisas para fazer, tenho que ir atrás do meu pai. - Belisquei sua bochecha. _ Não se preocupe, iremos nos encontrar novamente. - Só espero que a Dorea não se lembre de mim.
_ Em que ano?
_ Talvez em 1940? - Não falaria o ano que voltaria.
_ Tão longe. - Disseram.
_ Vocês não querem presentes? - Sorriram. _ Aqui. - Retiro da minha bolsa uma caixa grande e a entreguei para a Cassiopeia. _ Vestidos.
_ Uau. - Colocou a caixa no chão e abriu a tampa. _ Nossa, eles são lindos e tão... - Modernos, sim, eu sei.
_ Aqui. - Entreguei alguns livros para Pollux que leu os títulos e seus olhos ficaram esbugalhados. _ Não gostou? - Fiquei confusa.
_ Isso... - Sorriu. _ São livros que nunca ouvi falar na vida. - Agradeceu.
_ Bom, como os outros estão ocupados, vou deixar os presentes deles com vocês, ok?
Tirei vários brinquedos, ursos e bonecas, deixando tudo no chão, já que não ficariam sujos por estarem embrulhados.
_ Você não comprou muita coisa para aqueles dois? - Cassiopeia ficou observando os embrulhos.
_ Talvez, não sabia o que eles gostavam. - Dei de ombros. _ Então comprei um de cada. - Acho que exagerei. _ Bom, estou indo.
_ Mas... - Os olhei e eles se calaram.
_ Até um dia. - Pollux deu seu adeus e Cassiopeia apenas deu tchau.
_ Até. - Caminhei devagar e antes que saísse do jardim, sou parada por uma mão em meu braço.
Olho para trás e era Cygnus. O que ele queria?
_ Em 1920, você me disse que o preço de 500 milhões só cobria minha esposa. - Bem lembrado. _ O que pedirá dessa vez?
_ Nada. - Tirou a mão do meu braço e franziu a testa. _ Ainda não sei o que pedirei, mas... - Aproximei-me dele. _ Espero que você avise os seus filhos, que se eu pedir um favor, é para fazer sem reclamar. Entendeu, Black?
_ Tudo bem, mandarei fazer um acordo sobre as suas palavras.
_ Ótimo, o encontro em qualquer dia ou ano. Adeus. - Entro na casa, passando pelo corredor e saindo dela.
Agora vamos procurar aquele homem, preciso ir para Nova York antes de ir finalmente para 1935. Como será que é lá? Tudo parece estar tão tranquilo, mas a guerra já está se aproximando, as duas guerras.
Saio do terreno da mansão Black e aparato dali.
Sinto um ar frio e salgado batendo no meu rosto, me fazendo observar todo o lugar.
Vendo que perto do precipício o homem que estava procurando, estava ali, vestindo roupas de pescaria e tendo um "cajado" em mãos.
O campo aberto continuava o mesmo de antes, me fazendo caminhar até o homem que me observava.
_ Em que posso ajudar? - Estava desconfiado.
_ Preciso ir para Nova York, tem como me ajudar? - Sorriu abertamente e bateu duas vezes com o pé no balde.
_ Trinta galeões. - Pelo menos não é mil.
_ Aqui. - Pego na bolsa um saquinho e o entrego. _ E não ficarei por muito tempo lá...
_ Uma passagem de ida e volta? - Concordei. _ A chave estará no mesmo lugar que ela a levou, mas irei querer mais 30 galeões.
_ Tudo bem.
_ Em dez segundos. - Fiquei olhando o balde girar. _ Cinco. - Faltavam alguns segundos. _ Um. - Entro no balde e sinto tudo girar.
Cambaleio um pouco para frente e olho para os lados, constatando que estava em um beco imundo com um cheiro horrível. Queria voltar para aquele beco de Londres.
Suspirei e olhei para trás, vendo o balde sumir, bom, isso é bom. Arrumei minhas roupas e saio do beco, já que aqui era um pouco pior que Londres.
Tão cheio e movimentado, prefiro lugares vazios e sem cheiro de poluição. Acho que morrerei intoxicada.
Agora vamos ver onde estou, preciso estar em Manhattan e acho que aqui não é, ou é, nunca vim para Nova York, mas já fui para outros lugares dos EUA.
_ Com licença. - Paro um garoto que vendia jornais. _ Poderia me dizer onde fica o Edifício Woolworth? - Ficou me olhando e esperou. _ Dou dez dólares, se você me disser onde fica.
_ Siga reto e vire a próxima esquina, você verá o prédio branco e não tem erro, já que ele é o mais bonito e o maior de todos. - Sorriu e retirei da bolsa uma nota de dez dólares. _ Obrigado, irmã mais velha. - Pelo menos não é tia.
Devo agradecer a Byella por deixar o dinheiro comigo, ou não teria dinheiro trouxa. Acho que tem mais de 50 dólares, algumas libras e o restante eram galeões.
Continuo andando e não fico observando ao redor, queria chegar logo e sair o mais rápido daqui.
Ano que vem o Newt estará aqui, deveria pedir ao papai que pegasse um autógrafo? Isso seria hilário.
Viro a esquina e vejo o belíssimo prédio branco da MACUSA, ou para os mais íntimos, lugar retrógrado.
As leis deles eram tão passadas e retrógradas que me davam dor de cabeça.
Atravesso a rua movimentada e faço um sinal com a mão sem que ninguém percebesse.
O prédio era incrivelmente bonito e esplendoroso, e era branco, muito branco.
