Passo na porta giratória e lá estava o ministério/congresso dos EUA. Os guardas me olharam e dei bom dia para eles, esperava que fosse bom dia.

Não coloquei horário no meu vira-tempo, não estava me importando se chegaria nesse ano ou em outro, de noite ou de manhã.

Começo a subir a escadaria, vendo que tinha elevadores subindo e descendo, janelas e mais janelas e uma foto imensa da ministra. Tão estranho.

_ Com licença, a senhorita tem uma audiência ou algo assim? - Paro de subir e olho para o lado, constatando um homem robusto.

_ Estou procurando o senhor Percival Graves. - Sorri. _ Poderia me informar qual é a sala dele?

_ Não posso fazer isso, senhorita. - Coçou a nuca. _ Ele é uma pessoa ocupada...

_ Struddos, essa senhorita é uma conhecida minha. - Observo meu pai descendo a escadaria do ministério.

Esse homem continuava bonito mesmo com outro rosto e estatura, as roupas combinavam perfeitamente com seu rosto simétrico e cabelos negros com algumas mechas em branco.

_ Leesa, quanto tempo. - Acenei.

_ Muito tempo sem nos ver, senhor Graves. - Sorriu e ficou observando o homem ao meu lado.

_ Bom dia, senhor Graves. - Olhou-me pela última vez e se foi após nos cumprimentar.

_ Vamos, vou te levar a minha sala. - Estendeu o seu braço e aceitei. _ Pensei que nunca chegaria, como foi a viagem?

_ Foi produtiva. - Olhei para o elfo que limpava as varinhas dos bruxos. _ Fui ao Gringotts e fiz o teste de herança. - Olhou-me de esguelha e entramos no elevador.

_ Para o seu escritório, senhor? - Perguntou o elfo maltrapilho e rouco.

_ Sim. - Não disse mais nada.

_ Subindo. - Fiquei observando o lugar, era tão diferente do ministério britânico.

Não era tão escuro quanto aquele lugar e a luz do ambiente era bem proporcionada, quase me apreciar a visita.

_ Nunca veio aqui? - Sussurrou.

_ Não. - O elevador abriu e saímos, dando apenas alguns passos no piso brilhante.

_ Ah! Aí está o senhor. - Viramos e vimos uma mulher... Era a ministra.

_ Senhora ministra. - Papai falou, a fazendo sorrir, mas logo me observou. _ Deixe-me apresentar, essa ao meu lado é uma conhecida minha. Leesa... - Não sabia como prosseguir.

_ Leesa Malfoy. - Acenei.

_ Britânica? - Sua voz era poderosa.

_ Sim, estou visitando um velho amigo da família e me lembrei que Graves trabalhava aqui. - Tentei não revirar os olhos.

_ Não sabia que conhecia britânicos. - Papai foi modesto. _ Os selvagens.

_ É assim que somos chamados? - Levantei a sobrancelha. _ Que interessante...

_ Tenho assuntos importantes para tratar com o senhor. - Não se importou comigo e agradecia por isso. _ Grindelwald está aqui, em Nova York. - Sim, ele está na sua frente.

_ Minha senhora, isso deve ser um engano. - Franziu o cenho. _ Grindelwald não deveria estar na França? - Só em 1927, papai.

_ Também pensei nisso, mas meus investigadores viram Grindelwald ontem em uma das ruas menos movimentadas de Manhattan. - Crispou os lábios pintados de batom.

_ Investigarei esse acontecimento, deixe comigo. - Tão sério.

_ O senhor é um dos únicos em que posso confiar. - Será que o turbante aperta a cabeça dela? Preciso parar de pensar em coisas assim.

_ Fico honrado pelas suas palavras. - Disse em voz alta.

Continuamos a nossa caminhada, entrando na sala espaçosa e bem iluminada. Sentei-me no sofá e uma caneca de chocolate quente apareceu na mesa de centro, onde continha alguns doces.

Sorri por isso e começo a comer.

_ Você demorou. - Sentou-se na minha frente.

_ Tive que comprar alguns presentes para a família Black, mas estou aqui, não fique irritado. - Esse doce era maravilhoso, derretia na boca e nos dedos.

_ Não estou, apenas estive ansioso.

_ Por quê? Aconteceu alguma coisa que não sei? - Limpei minha mão.

_ Várias. - Cruzou as pernas. _ Mas a mais importante é que vi Dumbledore matando uma criança. - Estranhei.

_ Dumbledore? Aquele homem da luz que não mata nem uma mosca? - Riu.

Fazendo-me lembrar da minha segunda vida em que ele e Potter mataram os meus filhos. Mas não me importava, na hora fiquei chocada, mas agora não me importo.

Não me importava com as outras vidas, mas essa, sim.

_ Sim, ele matou uma criança ou irá matar.

_ Você teve uma visão. - Concordou. _ Conte-me.

_ Ele matou uma mulher que estava em um orfanato... - Quase chutei a mesa com o meu susto.

_ Orfanato Wool? - Ficou surpreso.

_ Como sabe? Você também...

_ Não, esse orfanato é muito importante para mim, o que mais você viu? - Franziu a testa. _ Não faça isso, ficará velho.

_ Vi uma criança e ela tinha acabado de nascer, Dumbledore a matou e disse que o futuro estava a salvo agora. - Dumbledore matou o little lord... Como se eu fosse deixar!

Não estou fazendo isso tudo apenas para chegar na hora e aquela pessoa morrer como um pedaço de bosta.

_ A criança acabou de nascer, então ele irá atrás dele em 1926. - Falei comigo. _ Terei que mudar os meus planos mais uma vez.

_ Você sempre muda os seus planos. - Zombou e estava certo.

_ Mais alguma coisa aconteceu? - Bebeu um pouco de chá.

_ Credence é o obscurial, não é? - Pego o chocolate e dou de ombros.

_ Era isso que você estava procurando? Se for, é. - Bebo um pouco do líquido. _ E a minha mãe?

_ Bom, quando você se foi, ela roubou o vira-tempo, mas voltou algumas semanas atrás. - Suspirou. _ Está arrasada, já que perdeu o bebê. - Então não fui eu quem matou o meu irmão, que grande merda.

_ E aí? Já transaram? - Engasgou-se com o chá.

_ Leesa!

_ O que foi? Até parece que nunca fez isso. - Eu que deveria estar assim.

_ Sou seu pai, tenha um pouco de respeito. - Limpou a boca.

_ Mas não somos pai e filha. - Parou e ficou sem entender.

_ Não somos? O teste de herança deu... - Pego na bolsa o teste e o entrego, vendo ler aquilo como se fosse sua sentença. _ Leesa, você tem que parar de me dar susto, acabarei infartando. - Deu batidinhas no peito.

_ Como se isso fosse possível, papai. - Comi mais um dos doces. _ Preciso que você vá depois do dia primeiro de setembro de 1936 ao Gringotts.

_ Por quê?

_ Você não quer que eu tenha o seu sobrenome? - Leu mais uma vez o teste e o guardou no paletó. _ Esse teste é meu. - Balancei meu pé.

_ Mas ficará comigo. - Idiota. _ Não me chame de idiota. - Levantei a sobrancelha. _ Está escrito no seu rosto que você me chamou de idiota.

_ Mais alguma coisa aconteceu?

_ Antes de falar, farei isso que me pediu, mas tenho uma condição. - Lá vem.

_ Qual? - Arrumou suas roupas e falou seriamente.

_ Que eu seja presente em sua vida. - Quase ri.

_ Você descobriu? - Concordou. _ Serei uma pirralha o importunando...

_ Você já é uma pirralha me importunando.

_ Grav...

_ Me chame de pai, mas sem zombarias. - Pai... Posso fazer isso?

_ Pai. - Esperou. _ Se o senhor vencer a guerra, serei a sua inimiga, está preparado para isso?

_ O que quer dizer? - Alisei a caneca e suspirei.

_ Como falei, tenho que salvar o futuro Lorde das Trevas, que no caso não é você, e ele precisa vencer e vencerá. - Suspirei. _ Então, eu, a sua filha, ficará ao lado daquela pessoa. - Para não morrer de novo. _ Até que ele atinja todos os objetivos que idealizou. - Por toda a eternidade.

_ Terá uma guerra de poder. - Concordei. _ E terei que lutar contra a minha filha, por que está ao lado dessa pessoa? Você o ama? - Comecei a rir.

_ Amar? Não, o odeio tanto que ele poderia se engasgar com a própria saliva e morrer. Mas, não posso deixar que ele perca ou morra, não posso. - Deixo a caneca na mesa de centro e mostro meus pulsos cobertos pela blusa. _ Estou presa com ele, e se ele morrer...

_ Você morre? - Acenei. _ Como você pôde fazer um juramento com uma pessoa assim? - Olhei para ele e zombei.

_ O que foi? Se lembrou do seu pacto com Dumbledore? - Fez um tsc com a boca. _ O senhor não pode falar muita coisa.

_ Somos dois idiotas, não somos? - Peguei minha caneca e brindei com ele.

_ Sim, somos. - Balançou a cabeça. _ Então, o que fará?

_ Continuarei com a minha guerra sem as suas intervenções...

_ Mas não ajudarei. - Sorri. _ Não estou aqui pelo senhor, estou aqui pelo little lord, e talvez a minha mãe o ajude, mas não prometo que vencerá.

_ Se eu perder, algo que é bem provável, o que acontecerá?

_ Você será preso em Nurmengard em 1945.

_ Justo.

_ Mas se o senhor for preso, quer que eu o salve? - Ficou pensativo.

_ Faria isso por mim? - Olhei para baixo.

_ O senhor é meu pai, mesmo que eu não possa ajudá-lo e mesmo que você nunca tenha sabido sobre mim. Não quero ser mesquinha com o senhor, já que serei com a minha mãe.

_ O que quer dizer?

_ Irei matá-la. - Deixou a xícara no pires. _ O senhor deve pensar que não tenho motivos para isso, mas tenho, tenho vários.

_ Diga-me um, apenas um. - Não precisava pensar muito.

_ Quando ainda era uma criança, estava morando na casa do meu avô, o avô que eu pensava ser realmente meu avô. - Zombei. _ Mamãe e papai... Asmus, não ficavam muito em casa, diziam que estavam procurando lugares mais seguros para ficarmos. - Suspirei. _ Então ficava na casa do meu avô.

_ Ela apenas a deixou com um responsável... - Quem dera.

_ Quando me viu lendo um livro das artes das trevas, ele me pegou pelo braço e me levou para o porão. Ele me deixou ali; sem água, sem comida, sem fazer minha higiene.

Era tão parecido com o ministério, mas tão distante.

_ Mas não foi o suficiente. Ele começou a usar Crucius em mim, dizendo que era da luz e que deveria seguir isso. - Fechei os olhos, me encostando no sofá.

_ Você não deveria querer matar essa pessoa ao invés da Byella?

_ Claro, se quando falei para ela que ele fazia isso comigo, ela dizia que era para o meu bem. - Zombei. _ Até me usou para que eu fosse para o passado salvar o Lorde... - Que piada. _ Sabe o porquê ela falou isso? - Negou. _ Para poder ficar com você. Ela usou a própria filha para chegar até você, já que não consegue fazer vira-tempos que vão para décadas e eu, sim.

_ Leesa...

_ Vou matá-la, então, procure outra pessoa para passar os seus dias, já que não me importo se vai transar com ela e acabar me fazendo, e se não fizer, também não me im... - Abraçou-me.

Não havia percebido que ele não estava mais no sofá, mas era estranho ser abraçada por ele que era o meu pai. Não era o meu primo e nem meu amigo. Era... Meu pai.

_ Minha princesinha, está tudo bem. - Seu abraço ficou mais forte. _ Se esse é o seu desejo, posso até ajudá-la. - Fico confusa e levanto minha cabeça, o observando. _ Sua mãe não é importante, mas você é.

_ Pode parar de me manipular. - Beijou minha testa. _ É sério.

_ Estou falando sério, não amo a sua mãe, minha princesa. - Já mudou o meu apelido. _ A acho atraente, mas não a amo. - Ri. _ Não estou a manipulando.

_ Acho muito difícil isso, mas, obrigada. - O abracei de volta. _ É assim que é ter um pai?

_ Olha, se descobrir, por favor, me avise. Meu pai não era o melhor e estou tentando ser alguém que você não esquecerá depois que sair daqui. - Disse baixinho.

_ Acho difícil esquecer o maior bruxo das trevas. - Sussurrei. _ É sério? Princesinha? - Riu.

_ Quer que eu a chame de narizinho?

_ Aceito, mas pode me chamar assim também, sou a princesinha das trevas. - Desgrudou-se de mim e me olhou. _ O que foi?

_ Você nascerá, Leesa. - Estranhei. _ E mesmo não podendo ver o seu nascimento ou a pegando no colo quando era apenas um bebê, cuidarei de você quando ainda for apenas uma adolescente. Tudo bem? - Então, posso matar a Byella depois?

Ou apenas posso esquecer de suas palavras e matar a mulher quando a encontrá-la? Afinal, não sumirei.

_ Como sabe que não poderá me ver nascendo?

_ Apenas um palpite, já que se tivesse a visto nascer, não teria ido parar na prisão e faria um vira-tempo apenas para encontrá-la. - Apertou meu nariz. _ Você é a minha filha, afinal de contas. - Beliscou minha bochecha em seguida.

_ Não deixarei você ir, isso é uma promessa. - Mostrei minhas mãos para ele que ficou as olhando.

_ Ok. - Levantou-se e foi até a sua mesa. _ Tenho alguns presentes para você.

_ Não tenho nada. - Não se importou, trazendo duas caixinhas e se sentou ao meu lado.

_ Essa caixinha aqui. - Falou da caixinha verde com o seu símbolo. _ É um presente já que descobri que uma certa pessoa é a quinta fundadora de Hogwarts.

_ Não sei o que está falando. - Sorri.

_ Visões são muito úteis às vezes e espero que goste. - Abro a caixinha e vejo que tinha um broche de lapela com duas correntes interligando um ao outro.

O broche eram dois coelhos e que se usasse no colarinho, cada coelho ficaria em um lado do colarinho.

Cada coelho tinha uma pedra preciosa diferente em seu único olho, uma era vermelha/rubi e o outro era verde/esmeralda.

_ O que significa o coelho? - Até hoje não sabia.

_ Para alguns representa a fertilidade e recomeço de vida.

_ E para você? - Perguntei.

_ Nunca ouviu falar de Alice no País das Maravilhas? Lá, existe um coelho, um coelho branco e sabe o que ele usa? - Neguei.

_ Um relógio, mas sempre dizia que estava atrasado e precisava se apressar. Você é igual ao coelho, Leesa. Você sempre está com pressa e precisa se apressar para algo que apenas você entende, e o relógio pode se dizer que é o seu vira-tempo, você sempre precisa dele, como o coelho sempre precisou ver as horas para não se atrasar, mesmo estando atrasado.

_ Então o coelho significa pressa?

_ Ou pode ser uma metáfora para ir atrás de conhecimento e verdadeira sabedoria. - Deu de ombros.

_ Prefiro o significado da pressa. - Fechei a caixinha e a coloco na bolsa, ela estava mais leve.

Abro a outra caixinha e fico surpresa, na verdade, perplexa.