_ Acho que você deve conhecer esses tipos de ferramentas. - Claro que conhecia. _ São pó de estrela e elas são...

_ Iguais ao que tenho. - Coloco a caixinha no colo e retiro da bolsa a caixinha que a titia me presenteou. _ Não é? - O perguntei e ficou surpreso.

_ Quem a deu isso?

_ Antes de falar, quero saber outra coisa. - Esperou que eu continuasse. _ Como você conseguiu isso? - Apontei para as ferramentas.

_ A fiz. - Pensou melhor. _ Bom, quando minha era criança, encontrou uma estrela morta e a guardou, mas quando entrei para Durmstrang, ela me deu a estrela. Então fiz essas pequenas ferramentas...

_ E por que você as fez?

_ Porque essas ferramentas não servem apenas para mexer em vira-tempos.

_ Tipo? - Olhou para baixo.

_ Fabricar joias. - Examinei a caixinha. _ Fiz o seu broche. - Ficou um pouco envergonhado.

Porém, não tinha apenas chave de fenda ou essas coisas na caixinha, tinha ferramentas que poderiam realmente fabricar joias. Ferramentas que nunca usei.

_ Agora poderia me responder? - Concordei.

_ Ganhei da titia, ela disse que pediu um amigo e ele a deu. - Sorri. _ Você era o amigo, provavelmente.

_ Fico feliz em saber que isso no futuro não ficou em mãos estranhas. - Pegou minha mão e a apertou. _ Fico feliz por saber que está com você, princesinha.

_ Obrigada por me ajudar, mesmo não sabendo. - Deitei minha cabeça em seu ombro, o fazendo colocar sua mão em meu ombro.

_ Farei de tudo para ajudá-la, mesmo você não me ajudando. - Rimos. _ Quero conhecer esse seu Lorde.

_ Little lord. - O corrigi. _ Ele ainda não nasceu, porém, ele não é meu Lorde...

_ Certo, little lord. - Começou a fazer carinho no meu braço. _ Gostou dos doces?

_ Sim, estavam bons. - Respirei fundo. _ Irei para 1926 daqui a pouco.

_ Pelo menos a verei em menos de um ano.

_ Não posso garantir isso. - Afinal, ele vai ser preso em 1926 devido ao Newt. _ Quando o Newt Scamander aparecer, por favor, pegue um autógrafo para mim. - Ficou sem entender. _ Vai valer um bom dinheiro.

_ Você é viciada em dinheiro?

_ Talvez, vivi por tantos anos sem dinheiro que acabei virando uma pessoa que só quer mais e mais dinheiro.

_ Por favor, em 1936, quando você tiver o direito em meus cofres, não me mate para ter eles. - Ri por causa disso.

_ Não se preocupe, tenho bastante dinheiro e não preciso matar o senhor. - Iria falar algo, mas a porta se abriu e entrou uma mulher agitada.

_ Senhorita Goldstein, o que houve? - Ela nos olhou e ficou sem falar por alguns segundos.

Arrumou suas roupas amassadas e seu cabelo mediano, tentando não aparentar uma desordem fora de hora, o que não deu certo.

_ Desculpe-me, senhor. Mas a ministra quer ver o senhor, é uma audiência de última hora. - Ele franziu a testa.

_ Mas você não é uma garota de recados, Goldstein. É uma auror...

_ Talvez seja uma ex auror. - Ela já bateu na mulher? _ Estamos o aguardando, com licença. - Saiu fechando a porta.

_ Acho que essa é a minha despedida. - Retirou o braço do meu ombro e coloco as duas caixinhas na bolsa. _ Você sabe onde me encontrar em 1935.

_ Realmente não podemos nos ver antes? - Levantei-me e o olhei.

_ Fique bem, e não mate o Antônio, ele é fofo. - Acenou.

_ Quer aquela criatura de presente? - Parecia pensativo.

_ Seria tentador, mas não posso levar um chupacabra para Hogwarts.

_ Irei guardá-lo para você. - Quase bati palminhas.

_ Fique bem, papai.

Levantou-se e veio até mim, segurando meu rosto e beijou a minha testa.

_ Fique bem, princesinha. - Abraçou-me novamente. _ Qualquer coisa, diga... - Começou a sussurrar. _ Für das Größere Wohl.

_ Ainda não sei falar alemão. Mas não precisarei falar isso, sei me cuidar.

_ Sei que sabe, não estou temendo por você, estou temendo os seus inimigos. - Gostava dele. _ Princesinha, se você demorar demais, irei atrás de você.

_ Você precisa ir, senhor Graves. - Dei batidinhas em suas costas. _ Até 1935... - Me lembro de algo. _ Faça uma pesquisa para mim?

_ Só pedir.

_ Descubra a maldição dos Malfoy, quero saber o motivo deles terem uma maldição de só ter um filho por geração, poderia fazer isso?

_ Tentarei o meu melhor. - Beijei sua bochecha.

_ Ah, por que você está chamando os seus seguidores? - Sempre lembro das coisas quando estou indo embora, impressionante.

_ Viu no jornal? - Concordei. _ Estou pedindo que eles vão para a França, esse lugar não é bom para nós. - Entendo.

_ O vejo por aí, até mais, papai. - Abro a porta e saio por ela.

Enquanto andava, limpava minha roupa de farelo e aperto o botão para o chamar o elevador. A porta se abriu e lá estava uma mulher loira sorridente.

Entro no elevador, a fazendo ficar me observando.

_ A senhorita tem uma cabeça vazia... - Ficou fascinada. _ Nunca encontrei uma cabeça vazia em toda a minha vida.

_ O que quer dizer com cabeça vazia?

_ Britânica? - Concordei. _ Será que os britânicos têm a cabeça vazia? - Perguntou-se.

_ A senhorita está falando que não consegue escutar os meus pensamentos? - Ficou animada.

_ Sim, isso é tão inovador para mim, nunca encontrei ninguém assim, como a senhorita.

_ Consegue escutar os pensamentos do senhor Graves?

_ Ele sempre está preocupado com a filha, mas ninguém sabia que ele tinha filha. Na verdade, ninguém sabia que ele tinha família.

_ Ele é solitário?

_ Não sei, ele sempre faz as coisas tão impecável, que ninguém pensa que ele é solitário. Talvez, isso seja a forma dele não ser, não é?

_ Talvez. - A porta do elevador se abriu e saímos. _ Foi um prazer conhecê-la, senhorita...

_ Queenie, me chamo Queenie Goldstein. Prazer em conhecê-la. - Estendeu a mão e a apertei.

_ Me chamo Leesa, Leesa Malfoy, e foi um prazer conhecê-la, Queenie. - Sorriu. _ Até algum dia.

_ Até.

Desço a escadaria, saindo do prédio, mas meus olhos doem pela claridade.

Pisco algumas vezes para me acostumar e saio da frente do prédio, vamos mais uma vez para o beco que apareci.

E mais uma vez não iria para 1935, mais uma vez mudaria o caminho que tracei alguns meses atrás. Tão estranho.

Mas o que Dumbledore quer com o little lord? Ele já sabia dele? Como? Isso está tão estranho.

Vejo o balde aparecer e rodar, mas quando ganhou mais velocidade, entrei nele, fazendo que mais uma vez tropeçasse.

Sinto o cheiro do mar entrando pelas minhas narinas e isso até que me acalmou um pouco.

_ Fez uma boa viagem? - Arrumei minhas roupas e cabelo, concordando. _ Trinta galeões.

_ Aqui. - Joguei o saquinho para ele. _ Deve ser o suficiente. - Abriu o saquinho e sorriu.

_ Muito generosa, gostei da senhorita.

_ Até algum dia. - Desaparato dali.

Estava na rua do orfanato e ninguém passava ali, nem mesmo o vento. Era tão mórbido e solitário que tive a vontade de cuidar do little lord...

Mas esse pensamento se foi, não gosto de crianças, ainda mais se for o little lord.

Olho para os lados e entro em um beco sujo e nada cheiroso. Mexo pela penúltima vez no meu vira-tempo e coloco a data e a hora que nunca queria me lembrar, mas me lembrava.

31 de dezembro de 1926. A data em que tudo começou, de verdade.

O vento frio me fez arrepiar, e algo gelado caiu na ponta do nariz. Pisco algumas vezes e examino onde estava, mas o beco estava escuro e o único lugar iluminado era os postes da rua.

Porém, o mundo estava branco demais para ser possível, afinal, estava nevando.

Quanto tempo que não vejo neve? Em Hogwarts, como não podia sair, só ficava no meu salão. Então, não vi neve naquele lugar e ficava mais no meu quarto, raramente descia para ver a cúpula de vidro no teto.

Neve... Tinha tanta coisa que perdi e que estou revendo novamente.

Já vi a primavera, o verão, o outono e agora, o inverno. O mundo é realmente lindo...

Paro de pensar e saio do beco, fazendo minha bota fazer um barulho engraçado na neve. Pelo menos não vesti um daqueles vestidos ou estaria congelando.

Continuo andando na direção do orfanato e faço um feitiço de tempo. Estava quase na hora dele nascer.

Será que as mulheres levaram Mérope para dentro? Descobriremos.

Abro o portão e entro no terreno do orfanato, escutando o portão se fechar atrás de mim e abro a porta do orfanato, não me importando de ver todos os detalhes desse lugar.

_ Empurre! - Gritou uma mulher e alguns gritos ecoaram pelo ambiente. _ Está quase lá.

Será que cheguei primeiro que Dumbledore? Bom, isso seria uma boa.

Dou alguns passos e vejo em uma sala várias mulheres tentando ajudar uma mulher baixinha e magra, muito magra.

Ela me olhou com seus olhos lacrimejantes e sorri. Acha que vim aqui para salvá-la? Me perdoe, querida, mas o Lorde não precisa de você em sua vida.

_ Vida longa ao Lorde. - Apenas mexo minha boca sem que saísse som algum.

A porta que tinha se fechado foi aberta por um senhor que conhecia muito bem.

Ele me olhou e olhei para ele.

_ Leesa? Você de novo? Quantas vezes você irá mudar o futuro? - O quê?

_ O senhor me conhece? - Só o conheci uma vez.

Mas vendo as suas roupas, ele já deve ser o diretor de Hogwarts, isso quer dizer que ele é do futuro e não do passado.

_ Como conseguiu vir para essa realidade? Você não deveria estar na realidade um? - Ele queria matar todos os little lord? _ Me lembro de tê-la matado alguns segundos atrás...

_ Então essa versão minha é uma piada. - Faço minha magia prendê-lo.

_ O que está acontecendo aqui? Quem são vocês? - A mulher ficou histérica.

_ Se não quiser perder a língua, é melhor falar baixo e ajudar essa mulher parir. - Ficou quieta e voltou a fazer o que estava fazendo.

Vou até Dumbledore que tentava puxar a sua varinha do pulso, mas sou mais rápida, sentindo a varinha das varinhas tremer levemente.

_ Que ano e realidade você é? - Não falou. _ Quer que eu entre em sua cabeça?

_ Como você está aqui? - Sua barba balançou pelas palavras ditas.

_ Não existe apenas uma Leesa, Dumbledore. - Puxei sua barba para baixo e entrei em sua cabeça, vendo suas melhores memórias.

Ele estava conversando com Potter e pelo que estavam falando, eles estavam em 1995.

Dumbledore dizia que poderia acabar com aquela guerra, mas seria difícil, já que outras realidades poderiam surgir e isso viraria um loop temporal.

Mas Potter não se importou e disse que deveriam usar quaisquer meios...

"Não entendo, professor. Aquela mulher me odeia e não sei o que fiz para ela."

"Meu menino, ela contou para Severus que você matou os pais dela."

"Mas se isso for verdade, Harry não fez nada. Ele só eliminou pessoas insignificantes que devem ter matado muito mais, não é?"

"Rony, está certo. Harry não fez nada e devemos fazer de tudo para essa guerra acabar. Por favor, professor. Ajude-nos."

E Dumbledore começou ajudar, achando um livro que dava para modificar o vira-tempo e viajar por realidades e décadas no passado.

A memória tremeu e mudou, me dando uma visão totalmente borrada, até que uma voz que conhecia se fez presente, tornando tudo nítido.

"Está tudo bem, já passou."

Aquela era eu, mas não era adulta e sim, uma adolescente de menos de doze anos que segurava um bebê.

"Vou cuidar de você e você será feliz, não teremos guerra..."

No minuto seguinte, ela caiu para frente, morta e o bebê em seus braços faleceu por um jato verde.

Essa deve ser a realidade UM que Dumbledore falou.

Procuro mais um pouco para saber em que realidade ele é, mas ele ainda não sabe. Que idiota, como você viaja para o passado e não sabe qual realidade você é?

_ O que farei com você? - Cutuquei seu rosto enrugado com a ponta de sua varinha. _ Devo matá-lo e roubar o seu vira-tempo? Ou devo o ferir gravemente para você dizer para todos que nessa realidade o Lorde irá nascer e será invencível?

_ É um menino. - Gritou a mulher e isso me fez feliz.

_ Vida longa ao Lorde. - Faço um ferimento grave em seu peito, pegando o vira-tempo em seu pescoço. _ Faça uma boa viagem. - Girei o vira-tempo e vejo de relance a realidade que estava indo... Oito.

Era dessa realidade, o que significa que mudei o futuro, na verdade, congelei o futuro.

Tudo poderia mudar, menos 1995, ele era intocável até que eu fosse para esse ano, seja por viagem no tempo ou vivendo.

Porém, realmente nasceria uma Leesa aqui e transformaria esse mundo em caos, que pena que não nascerá nenhuma Leesa.

Bom, isso depende da ocasião, mas também depende da pesquisa que papai fará ou já fez.

E pensar que Dumbledore retirou essa memória de sua cabeça para que ninguém soubesse a sua realidade, mas o seu vira-tempo o entregou.

Nós nos veremos muito em breve, Dumbledore.

Sumiu e a varinha continuou em minhas mãos.

_ Não quero você, mas irei guardá-la como lembrança, ou você quer ser quebrada em mil partes? - Parou de tremer. _ Boa garota.

Coloco a varinha na bolsa e volto para a sala, minha magia acariciou os meus dedos e voltou para mim.

_ Mais um órfão. - Lamentou uma das mulheres.

_ É um bebê, ele sairá rapidamente. - Outra falou e me observou. _ Quem é você?

_ Ninguém que te interessa. - Fui até o bebê que chorava. _ Ele se chama Tom. - Era um embrulhinho enrolado em um cobertor ensanguentado, todo enrugado e feio.

_ Sim, sabemos.

_ Marvolo Riddle. - Concordaram. _ Ele será grandioso, será temido por todos e será a peça fundamental no meu tabuleiro. - Sorri enquanto observava o bebê que parava de chorar. _ Cuidem bem dele, ou vocês sofrerão as consequências. - Não por mim.

_ Está nos ameaçando?

_ Sim. - Cutuquei a mãozinha do garoto. _ Dê um banho nele e até nunca mais, meu Lorde. - Estalo os dedos e todas as memórias sobre mim e Dumbledore desapareceram das mentes daquelas pessoas.

Mas o aviso que dei continuou.

Saio daquele lugar, carregando o peso de ter tido a oportunidade de salvar Mérope Gaunt.

Mas falei que não a salvaria e quase nenhum dos meus planos eu mudei...