Continuo tomando o meu sorvete e ele estava excelente, mas o calor que estava no meu corpo se foi, trazendo um frio gostoso.
_ Não briguem. - Digo. _ Não vim aqui para ver vocês brigando por algo que já aconteceu, mas quero saber sobre algo. - Todos pararam de falar e prestaram atenção em mim.
_ O que quer saber? - Pollux perguntou.
_ Como Marius encontrou o diário do Greengrass? - Olharam para o garoto.
_ Bom, havia brigado com o meu primo e ele me empurrou na parede do meu quarto, a fazendo se abrir.
_ Por que você está brigando com o seu primo? - Deu de ombros.
_ Falei que me casaria com a irmã dele e ele ficou irritado. - Revirou os olhos. _ Ele disse que ela era apenas um bebê.
_ Mas ela não tem a idade da irmã Cassiopeia? - Dorea parecia confusa.
_ Sim, ele é um idiota, mas gosto dele. - Continuou seu sorvete.
_ Era uma passagem? - Tentei retomar a conversa.
Não sabia em que lugares a minha magia fez passagens secretas, só sabia que ela fez várias.
_ Não, era como um cômodo que interligava em algum lugar, mas ele foi fechado por outra parede e a única coisa que tinha naquele pequeno espaço era isso aqui. - Retirou do paletó o diário e me entregou.
_ Por que você carrega isso com você?
_ Valor sentimental? - Fez uma pergunta retórica. _ Não sei, só gosto de levar isso para cima e para baixo. - Compreendi e observei o diário.
O couro já estava desgastado, mas as páginas estavam amareladas pelo tempo, porém, quase no final da capa, tinha duas letras.
"D.G"
Dabrian Greengrass, o garotinho que dei a permissão para entrar na minha sala. Talvez a Melissa também o tenha deixado entrar no meu salão Comunal.
Ele se casou com uma pessoa que gostava? Foi feliz? E Julian? Ele foi o patriarca da família? Meu cérebro já estava dando indícios de querer se lembrar daquele tempo.
Ainda não, aguente mais um pouco, você aguentou por quatro dias, não pode aguentar mais algumas horas?
Abro o diário e na primeira página tinha um desenho, não da minha sala, mas de mim. Bom, deve ser eu, já que a única coisa que aparecia era o meu busto e até metade do meu rosto.
Deixando de fora os olhos, sobrancelhas... Apenas deixando o meu sorriso.
No vão do pescoço tinha uma assinatura, era de Julian... Será que Godric contou para Dabrian e Dabrian contou para Julian que não podia me desenhar?
_ Estranho, não? - Marius perguntou. _ As únicas coisas que podiam ser desenhadas da quinta fundadora eram o seu corpo e seu sorriso.
_ Talvez ela não quisesse existir para o mundo. - Dou de ombros e passo a página.
_ Se ela não quisesse existir para o mundo, por que fez uma quinta casa em Hogwarts? - Dorea perguntou.
_ Os amigos devem ter a obrigado. - Riram.
_ Você acha que os fundadores iriam obrigar a quinta fundadora? - Sim, foi exatamente isso que aconteceu.
_ Acho. - Fecho o diário. _ Posso ficar com o diário para lê-lo? Devolvo antes de você voltar para Hogwarts.
_ Qual é a sua fascinação por Hogwarts? - Cassiopeia me perguntou. _ Desde que conhecemos você, você sempre ficou interessada. Você não deveria saber disso tudo?
_ Tem razão, mas não se esqueça que posso ter vindo do futuro, mas ele mudou. - Pisquei para ela. _ E no meu futuro não existia uma quinta fundadora, ou existia e ninguém descobriu.
_ É uma bela possibilidade. - Marius concordou comigo. _ Ela não sabia sobre o irmão Pollux, e não deve estar falando mentira.
_ Por que contaria uma mentira para vocês? - Fiquei sem entender.
_ Não sei, você é tão misteriosa. - Deu de ombros, me fazendo perceber que isso não era mentira.
_ Foi por esse diário que vocês descobriram o que significavam as palavras e...
_ Sim, e descobrimos que foi a quinta fundadora que escreveu aquelas palavras nas lareiras. - Salazar, você também?
_ Descobrimos outras coisas com esse diário e até tentamos ir até o sétimo andar para chamar a tal de Melissa. Pensávamos que Melissa fosse o fantasma da quinta fundadora. - Cassiopeia confidenciou.
_ E, não é?
_ Infelizmente, não.
_ Ela é o fantasma da sala precisa, está escrito na página doze. - Marius comentou enquanto tomava o seu sorvete. _ Mamãe e papai ficaram animados por lerem esse diário e acabaram falando coisas que não deviam.
_ Sobre o sobrenome? - Concordaram.
_ Como sabe? - Pollux me perguntou desconfiado.
_ Encontrei com Sephtis Malfoy na fila do banco e ele comentou sobre isso. - Todos fizeram um "A" com a boca. _ Achou que eu era uma vidente? - Tossiu e se levantou.
_ Pagarei a contar. - Olhou-me. _ Quer mais um sorvete?
_ Não, obrigada. Acho que preciso maneirar nos doces.
_ Se você está dizendo. - Foi até o caixa para pagar.
_ Ainda é solteira? - Dorea me perguntou, limpando a boca.
_ Sim. - E fiz o mesmo.
_ Quantos anos? - Franzi o cenho.
_ Vinte e oito.
_ Gosta de crianças?
_ Não, mas não faço discriminação e trato elas com respeito. - Como queria ser tratada quando era uma.
_ Bom, meu irmão está solteiro. - Olhei para Marius. _ Não esse idiota, estou falando daquele bonitão que está pagando a conta. Sabe, ele só tem 23 anos e você 28, cinco anos de diferença. Então, o que acha? Vocês podem sair para comer e...
_ Dorea, por Merlim. - Cassiopeia apertou a ponte do nariz. _ Não pode sair perguntando para qualquer mulher bonita se quer o nosso irmão.
_ Ah, certo. - Dorea sorriu ainda mais. _ Existe a minha irmã também e talvez você goste dos dois lados. Nada contra, apoio super. - Cassiopeia se engasgou com a saliva.
_ Dorea Black! - Quase a estrangulou, bom, se não fosse pela mesa a impedindo de fazer isso.
_ Respondendo a sua pergunta, Dorea. Não estou atrás de romance e seu irmão é bastante bonito e parece ser romântico, não acho que ele terá problemas em encontrar uma esposa ou um marido. - Dou de ombros.
_ E a minha irmã?
_ Dorea! - A menina deu língua para a sua irmã.
_ Bom, Cassiopeia é bastante inteligente e sabe o que é melhor para ela e talvez ela não precise de um parceiro para ser feliz. - Cutuquei sua bochecha. _ Entendeu?
_ Chata.
_ E você? - Bufou.
_ Todos os garotos que conheço são tão insignificantes e inúteis.
_ Charlus parece gostar de você. - Marius zombou e a menina deu um dedo do meio para ele.
_ Como se eu fosse me casar com um Potter. Ele é da luz, algo abominável. - Mudei isso também?
_ Se você está dizendo. - Levantou-se pegando todos os potes da mesa para jogar no lixo. _ Já volto.
Levantamo-nos e pego o diário em cima da mesa, Marius ainda não me respondeu se poderia ficar com ele por alguns dias.
Porém, fomos para fora e ficamos esperando os dois voltarem. Marius voltou primeiro, já que Pollux estava na fila para pagar ainda.
_ Posso? - Balancei o diário.
_ Claro, ele não é minha propriedade mesmo. - Sorri e o coloquei na bolsa, vendo de relance a varinha das varinhas.
Ela continuará aqui, até que eu faça algo com ela.
Pollux voltou e bagunçou um pouco os seus cabelos, ele deveria cortar um pouco, se os seus cabelos estavam incomodando, já que a maioria dos fios estava caindo em seus olhos.
_ Você ficará por muitos dias dessa vez? - Pollux me perguntou.
_ Planejo ficar nesse ano. - Cassiopeia ficou radiante.
_ Isso seria incrível, podemos fazer...
_ Mas não irei mais visitá-los. - Seu sorriso morreu. _ Comprarei uma coruja para entregar o diário para Marius e só.
_ Não gosta da gente? - Marius perguntou. _ Fizemos algo que não a agradou?
_ Não, claro que não. Só que não posso ficar com vocês, não quero mudar mais nada, mesmo já mudando.
_ Não importamos de mudar algumas coisas...
_ Cassiopeia, sei que vocês não se importam, mas para as coisas que tenho que fazer, importa e importa muito.
_ Temos que entender o lado dela. - Pollux apertou os ombros de sua irmã. _ Espero que fique bem e chame se precisar.
_ Claro, espero que ainda morem no mesmo lugar.
_ Moramos, até mesmo o irmão Pollux com os diabinhos. - Dorea zombou. _ Papai ainda não aceitou a morte do vovô, então, a Mui Antiga e Nobre Casa dos Black ficará vazia por mais alguns anos.
_ Então... - Antes que falasse, várias capas pretas esvoaçantes apareceram e começaram a cair nos prédios do Beco Diagonal.
_ Merda, ele está aqui? - Marius gritou e a confusão se instaurou no Beco Diagonal. _ Temos que ir. - O que diabos estava acontecendo?
_ Vamos. - Pollux agarrou meu pulso e começou a correr, me fazendo correr para não cair em meus próprios pés.
_ A passagem está fechada! - Pessoas começaram a gritar. _ Tentem aparatar.
_ Tem alas de anti aparatação. - Alguém gritou chorando. _ Vamos morrer!
_ O que está acontecendo? - Gritei enquanto todos empurravam uns aos outros.
_ Grindelwald, Grindelwald está aqui. - Dorea me respondeu gritando.
_ Ah! - Mas por que estamos correndo?
_ Ele está mais de 25 dias colocando esses panos sugadores de vida para chamar atenção de alguém. - Cassiopeia gritou correndo.
Olho para o lado e vejo algo naquele pano preto e paro. Pollux largou o meu pulso e me olhou sem entender.
_ Temos que ir! - Gritou aflito, todos estavam gritando.
Não falei, apenas olhei para o coelho branco que estava naquele pano. Ele estava me procurando.
_ Ela está aqui! - Olhei em direção que a pessoa gritou e várias pessoas apareceram no Beco.
_ Procurem por ela, a visão do nosso senhor a mostrou aqui.
_ Fodeu! - Dorea nos olhou pálida. _ Se a Rosier está aqui, Grindelwald não está longe.
_ Saiba que amo muito vocês. - Marius beijou as nossas bochechas.
_ E queria pelo menos fazer sexo antes de morrer. - Dorea, por favor.
_ Queria ter conversado mais com a mamãe. - Cassiopeia estava com lágrimas nos olhos.
_ E tive uma paixonite por você! - Olhei para o Pollux que continuou me olhando.
_ O quê? O que os homens veem em mim? Juro que não faço nada.
_ Falei que tive e não que tenho. - Ainda bem. _ Era um adolescente vendo uma mulher bonita e misteriosa, com certeza teria uma paixonite em uma pessoa assim.
_ Ok, compreendo, também acho você bonito. - Dei um soquinho em seu peito. _ Só isso, não leve para o coração. - Continuei gritando.
_ Também a acho muito bonita e continua misteriosa. - Gritou.
_ Obrigada.
_ Agora, depois de todas essas revelações, podemos tentar escapar daqui? - Dorea estava quase chorando.
Dai-me paciência, Merlim!
Começo a andar em direção contrária e os Black começaram a gritar ainda mais comigo, mas em vez de seguir em frente, eles começaram a me seguir. Ei, não os convidei.
A gente já nos despediu e agora é cada um por si, então por que estão me seguindo como loucos?
_ Se você morrer, meus pais irão me deserdar! - Dorea gritou.
_ Como se isso fosse possível. - Gritei de volta e continuei passando entre a multidão.
Tropecei e quase caio no chão, mas Marius segurou o meu braço antes que isso acontecesse.
_ Obrigada.
_ Ah! - Escutei um som de surpresa. _ Mon bijou. - Olhamos para frente e vimos Vinda vindo até nós.
Ela não mudou nada, continuava exatamente igual a quase dez anos atrás, ainda mais por não ter nenhuma ruga ou marca de expressão, queria envelhecer igual ela.
Ah, espera, não envelheço mais.
_ Achei ela! - Gritou para os outros seguidores do meu pai. _ Mon bijou, sabe o quão preocupados estávamos? - Segurou o meu rosto e o amassou com suas mãos. _ Vinte e cinco dias, você me prometeu que chegaria em agosto...
_ Estamos em agosto.
_ Sim, mas quase estamos em setembro, estava tão preocupada e seu pai estava quase virando o mundo de cabeça para baixo.
_ Ele já fez isso. - Riu. _ Voltei, Vinda.
_ Bem-vinda de volta. - Me abraçou. _ Vamos? Temos que ir antes que os aurores consigam penetrar a barreira que fiz. - Era tão habilidosa.
_ Espera! - Cassiopeia chamou atenção. _ Poderia nos informar o que está acontecendo?
_ Você os conhece? - Vinda me perguntou.
_ Sim, são a família Black.
_ A primeira? - Felizmente todos estavam gritando, correndo e se empurrando para prestar atenção em nós.
_ Sim. - Dou de ombros.
_ Você quer trazer eles? Eles parecem preocupados com você. - Bom, depois de várias revelações, iria querer me deitar na minha cama e tentar organizar isso tudo, mas tudo bem.
_ Vocês querem vir? - Olharam-se e observaram Pollux.
_ Estou curioso demais para deixar essa oportunidade escapar. - Concordaram.
_ Você não tem filhos...
_ Estão com os meus pais. - Estava sério. _ Vamos?
Olhei para Vinda, que pegou minha mão e peguei a mão da Cassiopeia, e assim por diante.
Vinda estalou os dedos e o pano preto começou a flutuar pelo ar, e desaparecemos.
