Estávamos na mansão Rosier, aquela que era da Vinda.
Soltei a mão da Cassiopeia, que ficou examinando ao redor e me olhou.
_ Onde estamos?
_ Mansão Rosier. - Vinda falou. _ Não da primeira família. - Segurou os meus ombros e me levou até a sala. _ Por favor, sentam-se. - Os irmãos se sentaram em um sofá espaçoso. _ Penny, traga chá e biscoitos.
_ Penny trará imediatamente. - O elfo sumiu.
_ Vinda, me diga. - Segurei suas mãos. _ O que aconteceu com a Marietta? - Ficou surpresa.
_ Passou muito tempo.
_ Não se lembra? - Fiquei chateada.
_ Não, me lembro e foi marcante demais para não me lembrar. - Acenei. _ Marietta ficou com outra pessoa...
_ Quem? Daniel? - Apertei sua mão.
_ Não, o vilão. - Fico tentando me lembrar quem era.
_ Thomás? Aquele que descobrimos que tentou matar Marietta com veneno?
_ Sim, mas, descobrimos que ele nunca tentou fazer isso e sim, a Vanessa.
_ Filha da puta.
_ E mais, Pierre namorava realmente a Diana, mas eles acabaram ficando alguns dias na casa do pai...
_ E ela se apaixonou pelo pai do namorado?
_ Sim, mas ela não traiu, quem traiu foi o Pierre que ficou com a melhor amiga dela. - Que escroto.
_ Diana foi uma pessoa corajosa e vingativa. - Teria o matado. _ Ficou com o pai que na minha opinião era muito mais bonito e elegante que o Pierre.
_ Só pela voz já dava para imaginar que ele tinha porte. - Corou e colocou as mãos nas bochechas.
_ Sim, aquela voz rouca e aveludada. - Fico animada. _ Só de pensar naquela voz sussurrando no meu ouvido já... - Abano o rosto.
_ Pierre ficou com a Vanessa. - Tinha que ser.
Vejo Penny voltando e entregando chá para os irmãos Black, que olharam para a xícara e deram de ombros.
_ A gente não morreu, duvido muito que iriam nos envenenar com chá. - Marius pontuou o óbvio.
_ Não se preocupem, não costumo usar veneno para matar. - Vinda sorriu.
_ E aí? O que aconteceu depois? - Voltei ao tópico principal.
_ Bom, Pierre e Vanessa sofreram um acidente de carro e eles perderam os movimentos das pernas.
Parecia não se importar com eles, mas também não me importava, porém...
_ Só? Eles fizeram tanto mal para a pobre da Marietta.
_ Bom, o Pierre compete em corridas de carro e precisava das pernas para isso, a Vanessa era a dançarina número um daquele lugar.
_ Bem lembrado, tinha me esquecido. - Eles mereceram o final que tiveram. _ E a Marietta?
_ Bom...
_ Princesinha. - Olho para a porta e vejo o meu pai que continuava a mesma coisa.
Mas em seu ombro estava o Antônio ou chupacabra.
Os irmãos Black se levantaram e sacaram as varinhas, fazendo papai estranhar.
_ Papai, você está assustando os convidados. - Ri me levantando.
_ Papai? - Perguntaram em uníssono.
_ Sim, ele é o meu pai. - Tiro do seu ombro o chupacabra que ficou aninhado em meus braços. _ Coisa fofa.
_ Não mereço nem um abraço? - Olhava o bichinho como se fosse matá-lo. _ Antônio, acho que devo matá-lo...
Coloquei o Antônio na minha cabeça, o fazendo se agarrar em meus cabelos e abracei o homem ciumento.
_ Senti saudades e como tem passado? - Sorriu e alisou o meu rosto.
_ Você não mudou nada, continua a mesma pirralha atrevida. - Abraçou-me fortemente. _ Mas é a minha princesinha.
_ Não tenho como mudar muito, viajo pelo tempo e não tem como envelhecer.
_ E falando nisso, achei algumas coisas que podem ser do seu interesse. - Será que descobriu que não existo?
_ Certo.
_ E estou bem, a guerra está caminhando devagar, mas estamos ganhando. Ainda não posso lutar com Dumbledore e você sabe o motivo. - Eles não desfizeram o pacto?
_ Chegará uma hora que você terá que lutar com ele. - Fez uma careta. _ Não quer ganhar a guerra?
_ Não vamos conversar isso ainda, temos visitas. - Tinha razão.
_ Papai, esses são a família Black. Esses são Pollux, Cassiopeia, Marius e Dorea.
_ Prazer em conhecê-los, como bem sabem, me chamo Gellert Grindelwald. Vocês podem se sentar, não mordo. - Sentou-se na poltrona e me sentei ao lado da Vinda.
Tirei Antônio da minha cabeça e o coloquei no meu colo, ele era mais fofo que pude imaginar.
_ Então o "pai" que você disse que tinha que visitar era ele? - Cassiopeia me perguntou enquanto se sentava novamente no sofá com os seus irmãos.
_ Sim. - Como um dos biscoitos.
_ Está bom? - Vinda sempre foi fofa?
_ Claro que está.
_ Que bom, tentei pedir algo diferente em vez de doces. - Mexeu os dedos e até alisou o seu vestido em ansiedade.
_ Está ótimo, Vinda.
_ Vocês parecem bem unidas. - Constatou. _ Perdi alguma coisa?
_ Meu senhor...
_ A Vinda é uma mulher extraordinária e ganhou o meu respeito, tome cuidado, papai. Ou poderei roubá-la de você. - Pisquei.
_ Acha que deixaria você sequestrar a minha conselheira e confidente? - Cruzou as pernas.
_ Não sei, talvez? - Balancei o pé.
_ Ela é preciosa demais para mim, para deixar que uma pessoa a sequestre. - A mulher ficou observando os biscoitos sem dizer uma única palavra.
Papai, por Merlim. Pede ela em casamento, apoio essa união!
_ Não sou uma pessoa qualquer, sou sua filha.
_ Então posso sequestrar o seu little lord? - Franzi a testa em desgosto.
_ Tente e brigaremos. - Ninguém tira aquele pirralho de mim.
_ Faço de suas palavras as minhas. - Olhou para os Black e perguntou: _ Algum de vocês tem segundas intenções com a minha filha? - Os irmãos olharam para Pollux. _ Senhor Black, quais são suas intenções com a minha filha?
_ Nenhuma, senhor. Realmente tive uma paixonite por ela quando era um adolescente, mas agora, só a acho admirável e uma mulher muito bonita e misteriosa. - Papai sorriu.
_ Certo, não daria a mão da minha filha para um mero Black, mesmo você sendo futuramente o patriarca da família. - Por Merlim, papai.
_ Não ligue para ele, Pollux. Talvez seja a idade. - Vinda colocou a mão na boca para não rir alto.
_ Não me importei.
_ Mas eu, sim. Sou novo ainda. - Fiz careta e o observei.
Mesmo os cabelos loiros não dando para ver os fios brancos, sabia que tinha alguns, mas diferente dele, Vinda estava impecável e nenhum fio branco em sua cabeça.
_ Você tem 52 anos. - Falei o irritando. _ Velho, será que tenho que dar poções para levantar... - Jogou a almofada e a peguei antes que acertasse o Antônio. _ Está irritado por quê? Falei alguma verdade? - Deixo a almofada no meu lado e faço a xícara de chá flutuar até mim.
_ Continuando. - Olhou para Pollux. _ Só aceitarei que a minha pirralha atrevida se case com um Lorde das Trevas. - Engasguei-me com o chá e a Vinda tentou me socorrer, até mesmo Antônio ficou preocupado comigo.
_ Mon bijou, você está bem? - Tentei parar de tossir. _ Meu senhor! - Ficou preocupada.
_ Leesa, você está bem? - Tentou se levantar.
_ Estou. - Sequei minhas lágrimas e boca, olhando se me sujei.
_ Desculpe, mas para se tornar marido de sua filha, a pessoa não deveria derrotar o senhor? - Pollux perguntou e fiquei chocada.
Pollux, por favor, não coloque ideias erradas na cabeça desse velho.
_ Quero ver tentar, não existe uma pessoa nesse mundo que seja mais habilidoso que eu nas artes das trevas.
_ Isso quer dizer que a Leesa nunca irá se casar? - Dorea o perguntou. _ Ela nunca fará sexo? - Aí, Dorea. A vida não se resume a isso.
E estou sem sexo há mais de 28 anos, e não morri por causa disso e existem dedos...
_ Dorea! - Cassiopeia a repreendeu.
_ Não, ela pode se casar, mas com um Lorde das Trevas.
_ Não existe, papai. O senhor é o único...
_ Mas tem certeza? - Odeio esse velho. _ Acho que existe outro e ele é o seu protegido. - Todos me olharam e queria voar em seu pescoço e estrangulá-lo.
_ Little lord não é o meu protegido...
_ Então posso adotar aquela criança e fazê-lo o meu subordinado. - Faço minha magia colocar a xícara no pires e olhei para ele.
_ Tente colocar suas mãos nele e você a perderá. - Fico irritada.
_ Você fala que o odeia, mas o protege como uma leoa, é meio contraditória.
_ Realmente o odeio, mas...
_ Mas não quer que ele morra. - Sorriu. _ Não se preocupe, não ficarei no seu caminho, faça o que bem entender. - Ficou pensativo e sabia que continuaria. _ Mas quando aquela criança tiver 15 anos, irei vê-lo.
_ Por quê? - Ninguém estava entendendo, nem mesmo eu.
Como chegamos nesse assunto? Ele viu mais uma visão?
_ Não preciso conhecer o futuro marido da minha fi... - Pego a xícara com a minha magia e a jogo em sua direção, mas ela parou no ar. _ Bem explosiva, precisa controlar os nervos. - Colocou a xícara no lugar e o líquido voltou para ela.
_ E você precisa parar de falar asneiras, não serei nada daquele homem, nada! - Segurei Antônio e me levantei com ele. _ Estou indo para o meu quarto.
_ Espere. - Falou antes que fosse para o meu destino.
_ O que foi?
_ Darei um baile em comemoração aos dez anos da minha guerra e você precisa estar presente.
_ Que dia?
_ Em três dias. - Concordei. _ E vocês, se quiserem, estarão convidados, faço questão de ter a presença da família Black.
_ Meus pais... - Dorea levou um beliscão.
_ Toda a família Black está convidada, até mesmo os seus filhos, senhor Pollux.
_ Como...
_ Nada é escondido por muito tempo. - Sorriu. _ Espero vê-los, mandarei os convites.
_ Como é o próprio senhor das trevas nos convidando, não podemos recusar. - Falou de uma forma polida. _ Estarei no local sem falta. - Levantou-se. _ Mas receio que já deu a nossa hora.
_ Os levarei até a porta. - Vinda se levantou e os conduziu até a saída.
E me despedi deles, olhando para o homem que era o meu pai.
_ Por quê? - O perguntei, o fazendo olhar para mim.
_ Você o odeia, mas o protege com unhas e dentes, não acha isso estranho? - El estava brincando comigo, não é?
_ Parece que esqueceu o motivo disso. - Saio da sala e vou para o quarto, porém, antes que fechasse a porta, ele entrou no cômodo.
_ Não esqueci, não esqueci que você tem um juramento, mas só isso não significa muita coisa. - Ri, me sentando na cama e coloquei o Antônio nela, vendo ele ir até os travesseiros e se deitar neles.
_ Não significa muita coisa?
_ Olha para mim e Dumbledore. Temos o pacto, mas ainda quero matá-lo e acabar com tudo que ele construiu. - Retirei meus sapatos e joguei minha bolsa na cama.
Vou até ele e fico o olhando.
_ Você não tem o juramento de salvá-lo; de fazer que ele conquiste tudo que ele quer. Você não é uma maldita babá de uma criança que fará o mundo explodir.
Você não tem um feitiço o prendendo e nem sei como esse feitiço está me prendendo a ele.
_ Mas você gosta. - Alisou o meu rosto. _ Você gosta dos objetivos dele, você gosta da causa, da ideologia e você gosta dele. - Segurei o seu pulso e o apertei. _ Estou mentindo? Acha que não percebi que os Black são apenas mais alguns peões que você conseguiu para aquele garoto? Tudo que você está fazendo é por...
_ Não, não é. - Meus olhos estavam ardendo. _ Estou fazendo por vingança, quero matar Harry Potter, quero destruir toda a luz, eles me tiraram a minha família, a minha inocência.
_ Você realmente acredita em suas palavras. - Segurou meu rosto e o amassou com suas mãos. _ Realmente, a vingança a motivou a ir para o passado, mas, pense com cuidado. Tudo que você faz, você não pensa nas consequências que iriam acarretar para ele?
_ Claro que...
_ Princesinha, você pode não gostar dele, pode o odiar, mas tudo que você faz é por ele. Não feche os seus olhos para o óbvio.
Meus olhos ardiam cada segundo que passava, meu nariz estava formigando e concordei com ele. Ele estava certo.
_ Você tem razão, estou fazendo tudo por ele, sou idiota?
_ Não, você apenas acha certo o que ele quer, mas não sei o que ele quer. Não posso opinar, princesinha. - Beliscou minha bochecha. _ Está irritada ainda?
_ Estou, você começou a falar coisas sem sentido. Até mesmo falou que eu só poderia me casar com um Lorde das Trevas. - O olhei irritada.
_ Não quero que você se case, não quero perder a minha princesinha. - Beijou minha testa. _ Sei que você não irá se casar com o seu little lord, só quis irritá-la.
_ E conseguiu. - O abracei. _ Senti saudades. - Me fez cafuné. _ Pai, estou com saudades dos meus amigos, mas não consigo sentir que nunca mais irei vê-los. Não consigo chorar, não consigo lamentar... - Apertei suas roupas.
_ E isso é um problema?
_ Não deveria chorar e lamentar...
_ Leesa, nem tudo podemos parar e chorar, às vezes temos que seguir em frente.
_ Mas fiquei triste e chorei quando perdi a minha família, fiquei triste quando me despedi da titia, então, por que não consigo sentir nada? Só me sinto letárgica.
_ Filha. - Me fez olhá-lo. _ Não se culpe por não sentir nada, você já está sentindo, sentir nada é um sentimento. - Eu sei, e é um dos piores. _ Você só aprendeu um novo sentimento, não quer dizer que você não sinta saudades deles, não quer dizer que você não os apreciava.
_ Obrigada por abrir os meus olhos, precisava disso. - Acenou. _ E gostei de você não ter matado o Antônio.
_ Ele foi um bom bichinho e me ajudou a escapar. - Sorri. _ Você deveria ter me esperado.
_ Tinha coisas para fazer e ainda tenho, na verdade, nem deveria estar aqui.
_ Mas está. - Deitei minha cabeça em seu peito. _ Vi algo e isso me deixou um pouco irritado.
_ O dia que você não estiver irritado, choverá no deserto do Saara e não, não será chuva de areia. - Beliscou a minha bochecha.
_ Vi no meu crânio você matando a sua mãe. - Suspirei e não tive coragem de olhá-lo. _ Você desaparecerá...
_ Não, não vou. - Minha voz saiu abafada. _ Papai, não existo, não nessa realidade, então, por favor, não me impeça de matar aquela mulher. Diga-me que não se apaixonou por ela e que...
_ Falei que iria ajudar, não volto com as minhas palavras e se você me prometer que não sumirá quando a matar...
_ Prometo. - Meus dedos estavam normais, aquilo poderia prometer.
