_ Isso me lembra o meu tempo de escola. - Encostou-se na bancada. _ Em fevereiro, todos estavam loucos para saber qual menina seria corajosa o suficiente para presentear o seu amado com chocolate.

_ Dia dos Namorados? - Concordou.

_ O tão famoso Valentinstag, ganhei muitos bombons feito à mão. - Pegou mais um chocolate.

_ Falando nesse dia, me conta uma coisa. - Prestou atenção. _ Você gosta da Vinda? - Tossiu e suas bochechas ficaram coradas. _ Você gosta! - Isso!

_ Para de ser irritante e comece a fazer seus biscoitos. - Jogou farinha em mim, mas não me importei.

_ Não sou irritante e só disse a verdade. - Revirou os olhos e tentou pegar mais um chocolate, mas bati em sua mão. _ Para de comer os meus chocolates. - Ficou insultado e com a mão vermelha.

_ Sua pirralha atrevida, vou colocá-la de castigo.

_ Como se pudesse fazer isso. - Sorri e entreguei a panela para o Penny. _ E você, senhor Gellert, pode parar de fingir que não sente nada pela Vinda. - Olhou para o lado. _ Apoio vocês, acho ela uma mulher sensacional, então pare de enrolar algo só porque está com medo.

_ Não estou com medo. - Fiquei o olhando. _ Talvez esteja e sou apenas o senhor dela, ela não pensa em mim desse modo.

_ Já fui cega durante anos, então, não seja eu, não seja estúpido, e Vinda gosta do senhor, ela me disse. - Ficou surpreso. _ Compre flores ou compre um castelo, e declare o seu amor eterno para aquela mulher que faria de tudo para te ver bem e feliz. Não seja idiota.

_ É muito estranho receber conselhos da minha filha. - Revirei os olhos.

_ A vida é estranha. - Sou mais. _ Falei tantas vezes que não faria nada e acabei fazendo. - Suspire. _ Somos humanos, arrependemos e aprendemos com os arrependimentos.

_ Quem foi a pessoa que gostava de você e você não descobriu? - Vou para o fogão e começo a mexer no chocolate.

_ Meu primo, Draco Malfoy. - Aproximou-se.

_ Incesto? - Levantou a sobrancelha.

_ E você liga para isso? - Não falou. _ O nosso mundo é cheio de incesto, namorar o primo ou se casar com um, não é nada.

_ E você gostava dele? - Fiz careta.

_ Como irmão, não o via dessa forma. - Pensou a respeito. _ Ele era casado e tinha um filho que era o meu afilhado. - Ainda é, espero que esteja bem.

_ E se não fosse? - Fiquei confusa. _ E se ele não fosse casado? - Nunca me imaginei tendo uma família daquele loiro.

_ Não sei, talvez. - Não me importo muito de dar uma resposta conclusiva. _ Você não deveria sair? - Essa conversa já estava me irritando.

_ Está me expulsando da minha própria casa? - Pegou uma garrafinha de água e bebeu o conteúdo.

_ A casa não é sua e você não é casado com a Vinda. - Iria retrucar, mas uma voz melodiosa interveio.

_ Quem não é casado comigo? - Engasgou-se com a água. _ Meu senhor, você está bem? - Foi até o meu pai para tentar ajudar.

_ Sim. - Gaguejou, me olhando irritado, mas apenas falei:

_ Vinda, você pretende se casar? - Olhou-me. _ Sei que já conversamos sobre isso, mas você é nova e bonita. - O loiro concordou. _ E você já se aceitou, e sei que terá uma pessoa que você goste e que vai te aceitar também. - Voltei a fazer as minhas coisas e não olhei mais para os dois.

_ Não acho que qualquer pessoa se interessaria por mim. - A escutei vindo até mim. _ Mas estou feliz tendo essa vida. - Beijou minha bochecha. _ Posso considerá-la como a minha filha? - Paro de mexer no chocolate e fico supressa com sua fala, me perdendo em seus olhos verdes iguais aos meus.

_ Claro. - Isso seria tudo que sempre desejei. _ Só que, se você me considera como filha, você e meu pai são casados? - Suas bochechas ficaram coradas.

_ Leesa! - Veio até nós. _ Vinda, não ligue para a fala dessa menina, ela está...

_ Não estou doida, apenas informei um fato, ou você me fez e largou a Vinda sozinha e desamparada nesse mundo cruel? - Falei com lágrimas nos olhos. _ Você é tão cruel, abandonando a mãe de sua filha.

Ficaram pasmos e tentei não rir, porém, queria continuar esse teatro e entreguei a colher para o Penny, abraçando a Vinda.

_ Mamãe, você merece uma pessoa melhor, e você precisa esquecer desse homem que só a fez sofrer. - Abraçou-me de volta.

_ Mon bijou, não posso, eu amo seu pai como nunca amei um homem na vida. - Devemos ser contratadas para fazer novelas.

_ Mas, mamãe... - Tentei chorar ainda mais. _ Ele nos abandonou e não te merece.

_ Acabou? - Olhamos ele. _ Acho que o seu teste de herança está errado sobre a sua mãe, vocês são idênticas. - Sorrimos.

_ Somos mãe e filha, afinal. - Dissemos, o fazendo bufar.

_ Tanto faz, parece que acabei de assistir uma novela e bem dramática. - Rimos.

_ Mas não estou brincando, se sou a filha da Vinda, isso quer dizer duas coisas. Vocês são casados ou se separaram. - Ficaram se olhando. _ E prefiro a primeira opção. - Pisquei e tomei o lugar do Penny. _ Sejam felizes, vocês podem estar no meio de uma guerra, mas isso não significa que não podem encontrar o amor.

_ Sabe que as suas palavras são contraditórias com suas convicções, não sabe?

_ Só porque não quero amar ninguém, isso não quer dizer que quero que o mundo siga os meus pensamentos.

_ Você precisa parar de ficar fuxicando a vida alheia e começar a mexer na sua. - Apertou minha bochecha.

_ Mas, papai. Mexer na minha vida não é divertido, das pessoas é muito melhor. - Continuou apertando minha bochecha.

_ Fingirei que nada aconteceu...

_ Você está fugindo do amor. - Larguei a colher na panela e fugi dele. _ O amor é lindo, deixe ele entrar no seu coração! - Gritei, me escondendo atrás da bancada para fugir da colher que me jogou.

_ Volta aqui, mocinha! - Levantei-me, correndo pela cozinha e o fiz correr atrás de mim.

_ Você está velho, será que está com medo de encontrar o seu amor por causa disso? Da velhice batendo à... - Pegou a sua varinha e isso começou a ficar perigoso. _ Isso é injusto, não tenho varinha. - Gritei antes de me jogar no chão para fugir de um feitiço.

_ Espera, meu senhor. - Vinda me protegeu, minha salvadora. _ Ela falou algo interessante, até agora não vimos a nossa filha usando sua varinha. - Ela falou nossa? Ela aceitou isso muito bem.

Vamos, papai, pergunte sobre aquela palavrinha, aquele "nossa" que ela acabou de dizer.

_ Leesa, cadê a sua varinha? - Burro.

_ Não tenho uma, nenhuma varinha gosta de mim. - Levantei-me do chão e vejo que Penny já tinha colocado os biscoitos para assar, ele era tão rápido.

_ Nenhuma? - Ficou confuso e pegou sua varinha, me entregando. _ Tente a minha. - Poderia dizer a ele que já testei a varinha das varinhas, mas não quero explicar como fiz isso.

_ Ok. - Peguei a varinha e ela rapidamente voou da minha mão, fazendo o papai a pegar no ar. _ Eu avisei.

_ Isso é interessante, nem a varinha das varinhas gostou de sua magia. - Seus olhos bicolores estavam brilhando. _ Fascinante.

_ Espero que o Olívaras tenha uma varinha que goste um pouquinho da minha magia, se não, não terei varinha para Hogwarts. - Dou de ombros e me sento ao lado dos meus bebês.

_ Bom, ele é um dos melhores fabricantes de varinha e deve ter feito alguma coisa para você. - Veio até mim e bateu nos meus ombros. _ Eu te vejo em algumas semanas. - Emoldurou o meu rosto com suas mãos e beijou minha testa. _ Qualquer coisa que você não consiga resolver, você sabe como me chamar, não sabe?

_ Sei, mesmo não sabendo falar muito bem alemão. - Riu. _ Tome cuidado, sim? - O abracei.

_ Está preocupada? - Bagunçou meus cabelos e nem ligou pela sujeira do meu corpo, sujando suas roupas.

_ Estou, mas confio em você. - Beijei suas bochechas. _ Volte sem nenhum arranhão, ok?

_ Ok. - Vinda veio até nós e me abraçou.

_ Se eu conseguir, mandarei cartas para notificar sobre as nossas condições. - Parecia meio triste, por que isso parece uma despedida? _ Um duende virá aqui, não brigue com ele.

_ Por que brigaria com um duende? - O que ela está aprontando?

_ E não brigue comigo. - Beijou minha bochecha. _ Vamos? - Concordou. _ Vejo você daqui a algumas semanas.

_ Até. - Os vejo saírem da cozinha e fiquei olhando para o forno. _ Penny, se a Vinda morrer, com quem você ficará?

_ Penny ficará com a família principal, ou... - Ele me olhou e sacudiu a sua cabeça. _ Penny não pode contar, a senhora não deixou.

_ Tudo bem, entendo. - Vinda, você está planejando morrer?

Pensa que vou deixar? Sou uma pessoa que não deixará ninguém morrer, não estou mais indefesa, não estou mais presa.

E mesmo que as minhas asas não estejam curadas, consigo voar e consigo salvar pessoas importantes para mim.

Consigo, não é?

Suspirei e faço um feitiço de limpeza em mim e na cozinha, voltando tudo em perfeito estado.

_ Penny ficará olhando os biscoitos, a princesa pode descansar. - Discordei.

_ Ficarei aqui e não tenho nada para fazer mesmo. - Deitei-me no balcão e Tommy se aconchegou ao meu lado, mas Tony ficou em cima da minha barriga. _ Vocês estão ficando folgados.

Mesmo assim, os acariciei e fechei meus olhos por alguns segundos, mas para o mundo foram algumas horas.

⊰᯽⊱┈──╌❊╌──┈⊰᯽⊱

_ Minha princesa? - Sinto alguém me cutucando. _ Minha princesa, você não pode continuar dormindo, temos visitas.

_ Não ligo, mande embora. - Me virei e apertei a coisa macia que estava ao meu lado. _ Fofo.

_ Minha princesa, são duendes e parece ser importante. - Duendes, o que duendes querem comigo?

Não quero me levantar, mesmo estando na... Sinto cobertores me cobrindo e uma cama macia embaixo de mim, estranho, não dormi na cozinha?

Isso já está virando rotina.

_ Quem me trouxe para o meu quarto? - Perguntei, me sentando na cama.

_ Penny, minha princesa. - Amassou o pano nas mãos. _ Achei que a senhorita ficaria desconfortável dormindo em um lugar duro. - Sorri e me lembrei dos dias que dormi em um lugar pior que um balcão.

_ Obrigada. - Cocei os meus olhos e me levantei indo até o banheiro.

_ Penny não merece os seus agradecimentos, minha princesa. - Ficou amuado, mas não se bateu dessa vez.

_ Diga aos duendes que já estou indo. - O olhei através do espelho.

_ Como desejar, minha princesa. - Sumiu e sequei o meu rosto, voltando para o quarto e vendo os pestinhas.

_ Vocês ficarão aqui? - Calcei a pantufa.

_ "Miau". - Levantou a cabeça e continuou deitado.

_ Ok, não se matem. - Saio do meu quarto e vou para aquela sala que comi biscoitos pela primeira vez, ou quando os Black vieram comigo.

Porém, os duendes ali eram Caspra e outro que desconhecia, mas que carregavam maletas e estavam pomposos, como sempre.

_ Senhores, qual é o motivo da visita? - Os cumprimentei e me sentei.

_ Senhorita Granger. - Caspra sorriu e o outro duende ficou sem entender. _ Como sou o duende que está guardando o seu cofre, tenho que estar presente se você receber algo a mais.

_ E o senhor? - Olhei para o duende com óculos meia-lua.

_ Sou o duende que cuida dos cofres da família Rosier, tanto a principal e as ramificações. - Ah, o duende que a Vinda disse que viria.

_ Entendo, por favor, me expliquem o motivo da visita de vocês. - Cruzei as pernas.

_ Perdoe-nos por vir em uma hora tão tardia, senhorita Grindelwald... - Neguei e disse.

_ Ainda não tenho Grindelwald. - Ficou confuso e olhou para seu companheiro que apenas sorria.

_ Então, como posso chamá-la e identificá-la nos papéis? - Parecia nervoso.

_ Caspra?

_ A minha senhorita tem três sobrenomes, mas ela não pode usá-los. - Isso me lembrou de algo. _ Ela tem Malfoy, Avery e Grindelwald, mas usará Granger. - Infelizmente.

_ Diga-me uma coisa, era esse sobrenome que você disse que eu teria? - Deu de ombros.

_ Talvez. - Era tão enigmático.

_ Então a chamarei de senhorita Granger. - Concordei com o duende. _ Eu me chamo Kenny Gringotts, serei o sucessor do senhor Caspra quando vier a se aposentar em 1940. - Será que foi por isso que ele não sabia do sangue?

Mas Kenny não deveria se lembrar de mim como o Caspra se lembrava? Algo aconteceu com esses dois, mas o quê?

_ Estarei em suas mãos, senhor Kenny. - Sorriu. _ Então, por favor, comece.

_ Ah, sim. - Acho que tinha se esquecido. _ A senhorita Vinda Rosier foi ao banco para me procurar, já que deseja uma pessoa como herdeira de suas propriedades e fortuna.

_ Sou a herdeira? - Concordou e vejo Caspra sorrir. _ Você está se lembrando do passado? - Levantei a sobrancelha.

_ Sim, me lembro perfeitamente quando a senhorita fez o seu afilhado como herdeiro da família Avery. - Ele amava jogas isso na minha cara. _ O mundo realmente dá voltas. - Revirei os olhos.

_ Mas para a sua informação, aceitarei e posso ser a herdeira, mas isso só se alguma coisa acontecer com a Vinda, algo que não vai. - Não deixarei acontecer.

_ Acredito na senhorita. - Olhou para o Kenny. _ E não se preocupe, você não terá Rosier no seu sobrenome. - Isso era um pouco óbvio. _ Informe tudo a ela.

_ Claro. - Tirou alguns papéis da maleta. _ Isso são as propriedades da senhorita Vinda. - Me entregou os papéis.

_ Pensei que ela só tivesse essa casa em seu nome. - Comecei a contar quantas casas que tinha pelo mundo afora.

_ Deveria ser apenas essa, mas com o dinheiro que ela vem recebendo de suas ações de algumas empresas que comprou, ela comprou outras casas e a está usando como base para os seguidores do senhor Grindelwald.

_ E a Nurmengard? Pensei que a maioria dos seguidores estivesse lá.

_ E estão, mas tem alguns que não querem abandonar o seu país de origem. - Kenny sorriu e retirou outro papel.

_ Bastante patriotas. - Continuei lendo os papéis. _ Três casas na França? Na minha época não tinha nenhuma.

_ Ela comprou em 1927. - Dias ou meses depois da minha partida. _ Aqui está o valor que está no cofre pessoal da senhorita Vinda.

_ Posso ver isso? - Aquele papel parecia fogo e tinha medo de me queimar.

_ Pode. - Caspra respondeu. _ Quando a senhorita passou o cofre para o seu afilhado, o seu primo viu tudo que receberia. - Então ele sabia que retirei aquele dinheiro? Pare, Leesa, pensar naquela época só traz sofrimento e desgraça.

_ Entendo. - Peguei a folha e vejo que era um valor alto para essa época. _ Devo assinar...

_ Aqui. - Apontou. _ Nesses papéis você só precisa assinar o seu nome. - Entregou os papéis.

_ Sobrenome também?

_ Não será necessário. - Então por que toda aquela confusão de antes? _ Só preciso do seu sobrenome para identificá-la no documento. - Explicou sem a minha pergunta dita.

Concordei, pegando a pena que estava me oferecendo e assinei os papéis.

_ Quero abrir um cofre para uma pessoa. - Entreguei os papéis ao Kenny.

_ Uma criança? - Caspra sabia demais.

_ Sim, uma criança e ele usará esse cofre para comprar suas vestimentas, materiais para Hogwarts e coisas que ele quer comprar. - Apenas não queria que ele se sentisse inferior.

_ Mas as crianças têm o direito...

_ Eu sei, mas quero pelo menos dar um pouco de conforto para essa criança e ela tem que ter tudo do bom e do melhor.

_ Claro, e quanto está pretendendo colocar nesse cofre? - Cruzou as mãos no seu colo.

_ Pelo menos uns 200 milhões de galeões. - Fiz as contas e tenho pelo menos 2 bilhões na bolsinha. _ E quero colocar um pouco no meu cofre.

_ Quanto?

_ Quero colocar um pequeno valor de aproximadamente 1 bilhão e 500. - Engasgou-se com a própria saliva e Kenny me olhava perplexo.

_ A senhorita ainda acha que 1 bilhão é troco de bala? - Acenei.

_ Acho, agora eu acho. - Acho que o mundo não mudou, fui eu que mudei.

_ Certo, farei a papelada do novo cofre e mandarei uma carta para você entregar o dinheiro que depositará.

_ Ficarei no aguardo. - Levantou-se.

_ Não podemos tomar muito o seu tempo, espero que fique bem e o seu papel estará no seu cofre.

_ Fico mais aliviada. - Levantei e os levei até a porta. _ O vejo a qualquer dia, Caspra.

_ Até. - Sumiram e faço um feitiço de tempo. _ Dormi por tanto tempo assim?