CAPÍTULO XLV

— Bom dia, amor! — Klaus deu um beijo na cabeça de Elena.

Elena se ergueu, tomando alguma distância de Klaus. Ele mudou de assento, ficando de frente para ela.

— Você dormiu bem? — Klaus a estava examinando.

— Na medida do possível. — Ela disse com sinceridade.

— Daqui a pouco chegaremos em casa e você poderá tomar um bom café.

— Klaus, eu sei que você não falou seriamente — Elena gaguejou — Mas mesmo que fosse necessário, não poderíamos nos casar.

— Por que não? — Klaus questionou surpreso por ela ter considerado sua proposta.

— Porque você é o culpado pela morte de Damon. Não posso traí-lo assim.

Klaus cerrou os olhos.

— Qual o seu conceito de traição, Elena?

Ela o encarou sem responder.

— Seu marido está morto, você não deve mais nada a ele.

— Mas você é o culpado pela morte dele, se não fosse por você, Damon estaria vivo.

— E você não estaria grávida. Preferia que fosse assim?

Elena o encarou surpresa, mas ao mesmo tempo se sentiu ferida.

— Não posso responder a algo assim, seria como escolher entre Damon e meu bebê.

— O que não faz sentido discutirmos, porque o Salvatore está morto. Agora se você quer falar em traição, diga-me, você conhece Rose-Marie?!

— Não conheço ninguém com esse nome. — Elena o encarou confusa.

— Ela foi amante de seu falecido marido.

— O quê? — Elena estava perplexa.

— Exatamente, amor. Rose e Damon eram amantes.

— Quem é Rose? Isso deve mentira! Eu nunca ouvi falar dela! — Ela o encarou inflamada de raiva por Klaus estar denegrindo a imagem de Damon.

— É verdade, Elena. Eu a conheço de alguns séculos atrás, e foi ela quem me ajudou a capturar Katherine para o ritual. Ela e Damon se conheceram a muitos anos também, quando Stefan era meu amigo e namorado de Rebekah. Você já ouviu sobre isso.

— Sobre vocês sim, sobre ela não. Eu não a conheço.

— Mas ela conhece você. Foi ela quem me contou sobre você e Kol quando cheguei a Nova Orleans.

— O quê? — Elena estava surpresa.

— Ela se ressente de você. Disse que Damon a escondia porque teve que se casar com você.

— Damon não faria isso!

Elena se recusava a acreditar na verdade e aquilo estava irritando Klaus.

— Kol soube meses trás. Ele tomou conhecimento quando estava analisando os papéis de Damon, verificando suas contas. Rose me disse que Kol foi atrás dela e ela contou a ele sobre a relação que tinha com o Salvatore. O advogado de Damon também sabia, ele fazia pagamentos mensais para ela.

Klaus podia ver o choque nos olhos de Elena. Descobrir que o marido não havia sido o vampiro perfeito que tanto idolatrara a feria. Ele podia ver a decepção na face de Elena.

— Não posso acreditar…

— Considerando que você teve relações sexuais com Damon, seu casamento era apenas uma fachada. Nunca foi mulher para seu marido. Por que está tão incomodada com a descoberta de uma amante? É infantil imaginar que o Salvatore viveu como um monge.

— Não sou infantil. E sempre deixei que meu marido tivesse… amigas. Mas ele me disse que nunca quis conforto em outros abraços...

— Bem, amor, ele mentiu. — Klaus disse.

— Essa mulher que está mentindo. — Elena ainda defendia Damon.

— Se você insiste em não acreditar, podemos dar uma olhada nos papéis do Salvatore, como Kol fizera, e encontrar a verdade. Ou podemos perguntar ao advogado do seu marido. Acredito que a própria Rose-Marie possa ter provas de seu relacionamento com Damon.

— Eu não quero acreditar...

— Não me importo se você acredita ou não. Ela não gosta de você, amor. E sabendo que ela esteve te observando, não posso deixá-la à mercê dela ou de outros. Prefiro que você fique ao meu lado. Esse foi um dos motivos para eu trazê-la a Nova Orleans.

Elena estava chateada. Como Damon pudera enganá-la assim? Ela se perguntou. Não importava que ele tivesse alguém, mas importava o fato de ele ter mentido para ela. Stefan sabia?

— Mesmo que ele tenha mentido para mim, não é motivo suficiente para justificar que você o tenha matado.

Klaus perdeu a paciência.

— Bem, Elena, eu fodi você na cozinha da minha casa, em cima de um balcão, coisa que Damon nunca fez com você em anos de casamento. E você gostou de tudo o que aconteceu, tenho certeza. Isso foi o máximo de intimidade que poderíamos ter, o máximo de intimidade que se tem com alguém. Então, não vejo como se casar comigo seja uma traição ainda maior.

Elena estremeceu diante das palavras chulas dele. Mas ela sabia que eram verdadeiras. Depois de vender seu corpo e entregar sua virgindade a Kol por dinheiro, ela se entregou livremente a Klaus, sem que ele pedisse ou oferecesse algo em troca. Ela quis aquilo, ela desfrutou. E se fosse honesta consigo mesma, ela queria mais.

— Não vou discutir com você. O que importa agora é que você está em Nova Orleans. A desculpa é que veio para o casamento de Rebekah, mas depois que anunciarmos sua gravidez, será por isso. Quanto a casamento, conversaremos sobre isso depois.

Elena não disse nada. Ela apenas assentiu, ainda tentando assimilar o que tinha acontecido nesses dois últimos dias.

— Estamos chegando! — Klaus anunciou.

Elena se sentiu nervosa pela primeira vez na viagem. Ela não só estava sozinha em Nova Orleans, como iria encarar toda a família Mikaelson ali presente, especialmente Kol. E mais do que isso, ela iria morar com eles.

Quando a carruagem parou uma porta se abriu, um homem apareceu, auxiliando Klaus e Elena a descerem. Outro homem veio para pegar a pequena bagagem de Elena.

Elena andou rapidamente de cabeça baixa, e não olhou para os lados quando entrou na propriedade de Klaus, temendo ser reconhecida. Klaus notou o movimento dela, compreendendo que ela queria salvar o pouco de honra que parecia restar.

— Onde estão todos? — Klaus questionou.

— Tomando café, Sr. — Um dos homens respondeu.

Kol tomou a mão de Elena, guiando-a até uma um corredor e parando diante de uma porta.

— É um lavabo, vou deixar que se refresque e então iremos tomar café com minha família.

Elena assentiu, entrando no cômodo. Klaus caminhou mais adiante, indo ele mesmo a outro lavabo. E minutos depois eles se encontraram novamente no corredor. Klaus tomou a mão de Elena, colocando-a no braço dele, e a guiou até onde estavam seus irmãos.

— Nossa falecida mãe ficaria feliz se pudesse presenciar essa reunião familiar!

— Nick! Elena! — Foi a exclamação de espanto de Rebekah.

Os presentes na mesa ficaram surpresos com a chegada inesperada de duas pessoas, exceto a jovem bruxa, que não conhecia os visitantes desconhecidos, e Hayley, que não conhecia Elena.

Ignorando a surpresa de todos, Klaus puxou uma cadeira para Elena ao lado de Hayley, sentando-se do outro lado dela. O silêncio na sala era palpável. A territorialidade de Klaus era evidente. A forma como ele estava sendo cortes com Elena era inesperada para Kol, Elijah, Marcel e Rebekah.

Hayley olhou de soslaio para Elena, a mulher de quem ela ouvira muito falar. Elijah dissera que ela e Kol tiveram um relacionamento, mas que se separaram e seu irmão tinha ficado magoado. Ele também dissera que Klaus queria o sangue dela para fazer lobos híbridos, mas que apenas por Kol ele ainda não a tinha matado, o que não o impediu de matar o marido dela. Hayley sabia que Klaus tinha desistido disso, mas não entendia como Klaus estava tão facilmente sentado ao lado da morena. Ela pensou que eles fossem inimigos.

Ao lado de Hayley, Elijah se perguntava o mesmo. Embora Klaus tenha dito que desistira de híbridos quando soube que seria pai, Elijah não tinha certeza se era verdade. Ver o irmão acompanhado de Elena, estando confortável com ela, era surpreendente. E mais ainda era que Elena parecesse não se importar com a proximidade de Klaus.

Marcel conhecia Klaus, e conhecia a história dele com as cópias. Vê-lo ali com Elena era uma surpresa e tanto. Ele se perguntava o que Klaus tinha feito para que Elena estivesse ali agora. Ele teria ameaçado alguém, matado alguém de sua família? Marcel se perguntou, sabendo do que Klaus era capaz. De modo algum ele imaginava que jovem pudesse estar ali de boa vontade.

Davina observava atentamente a morena sentada a sua frente. Ela era jovem, bonita e tinha uma aura meiga, mas forte. Elena parecia uma donzela de romances, com seus traços delicados e sua postura estoica ao lado de outro Mikaelson, o mais bonito de todos, Davina considerou. Mas então ela lembrou que aquela era sua rival pelo coração de Kol, a bruxa reconheceu. E não apenas isso, ela sabia que algo mais estava se passando com Elena.

Kol estava confuso e surpreso. Ele não esperava ver Elena tão cedo. Na verdade, pretendia nunca mais vê-la. Ainda mais com seu irmão. Ele temia que Klaus tivesse feito algo para obrigá-la a estar ali. Ele queria puxá-la para seu lado, verificar se ela estava bem. Descobrir a verdade, o que Klaus estava tramando. Mas não podia fazer aquilo, não naquele momento.

— O quê... — Rebekah foi a primeira a sair do estupor. — O que você está fazendo aqui com Elena?

— Você me convidou para seu casamento. — Klaus respondeu.

— Sim, mas porque chegaram hoje, e juntos? — Rebekah estava confusa.

— Você também convidou Elena, e eu fiz uma breve viagem a Mystic Falls. Pensei em trazê-la, já que nós dois somos convidados.

— Eu pensei que você...

— Quisesse matar Elena? Sim, mas isso mudou. Eu pretendo me alimentar primeiro, antes de chegarmos as revelações — Klaus parecia estar se divertindo com a situação. — A viagem foi longa e cansativa para nós.

Klaus acenou para um empregado pôr a mesa para ele e Elena e servi-los. Ninguém disse nada e Elena se deu conta de que Klaus tinha mesmo alguma autoridade sobre a família. Ele não fora contrariado ou bombardeado por perguntas, apesar da evidente curiosidade de todos os presentes.