CAPÍTULO XLVI
O desjejum seguiu em silêncio. Todos estavam perdidos em seus próprios pensamentos.
— Como é bom fazer uma refeição deliciosa — Klaus comentou satisfeito. — Concorda comigo, amor? — Klaus se dirigiu a Elena sorrindo, e aquilo chamou novamente a atenção de todos para eles.
— Sim. Tudo está fresco e saboroso. — Elena respondeu com sinceridade.
— Bem, acredito que devamos ir até a sala para conversar de maneira mais confortável.
Sem dizer nada, todos se levantaram e seguiram para a sala de estar. Klaus ofereceu o braço para Elena, que aceitou de maneira cortês, e eles seguiram, liderando o grupo.
Kol não conseguiu evitar de se sentir incomodo. Ele fuzilou o irmão pelas costas. Ver Klaus tão perto de Elena fez seu sangue ferver. Ele estava tenso com Davina ao seu lado, mas se ela percebeu a reação do acompanhante, ela não comentou.
Rebekah e Elijah estavam tão surpresos com o que viam que não conseguiam acreditar. Klaus não era do tipo cortês, ainda mais com Elena, a quem ele sempre quis ferir. Eles desconfiavam que Elena tinha sido compelida.
Rebekah, Marcel e Davina se acomodaram em um sofá. Hayley e Elijah em outro. Elena sentou-se em uma poltrona ao lado de Klaus e Kol sentou-se sozinho. Eles aguardaram os criados que serviam chá sair e fechar as portas.
— Bem, vamos começar. — Klaus sorriu de maneira satisfeita. — Vejo que já conheceram Hayley, a noiva de Elijah.
— Sim. — Apenas Rebekah respondeu.
— Hayley é uma loba que conheci em uma taverna na Inglaterra. Nós passamos uma noite juntos e para minha surpresa, ela ficou grávida.
— Isso já sabemos, Hayley nos contou ontem no jantar. — Rebekah informou.
— Meu gene lobisomem permite que eu engravide lobas devido à natureza sobrenatural delas. Descobri isso com as bruxas, quando levei Hayley para confirmar se a criança era mesmo minha.
— Isso é realmente algo que as bruxas podem dizer — Davina comentou.
— Quando Hayley passou a viver conosco, para a proteção dela e da criança, Elijah e ela se apaixonaram. Começaram um relacionamento e em dado momento decidiram se casar, como também devem saber. Hayley está de 6 meses e é uma menina, minha filha. Ela se chamará Hope e será registrada no meu nome quando nascer, embora Elijah também desempenhará o papel de padrasto.
— Isso é meio complicado, não acham? — Rebekah comentou. — Vocês vão chocar a sociedade com esse arranjo.
A loira mal podia conter a admiração, olhando para Elijah, Hayley e Klaus. Elena sorriu vendo a cena. A morena sabia que a amiga vampira reagiria assim quando soubesse. Rebekah sempre quis seguir as regras e se importava muito com a imagem.
— Depois que confirmei que seria pai, desisti de fazer híbridos. — Klaus tinha a atenção de todos agora — Uma amiga que me ajudou a enxergar que a obsessão por híbridos era o desejo por uma família. Eu me sentia solitário e abandonado. Os híbridos estariam sempre comigo, como um bando.
— Você sempre teve uma família, Nick. — Rebekah assegurou ao irmão.
— Eu sei disso, mas antes eu não conseguia enxergar assim. Eu mesmo afastei vocês diversas vezes com o meu comportamento egoísta.
Rebekah não conseguia acreditar no que ouvia. Seu irmão parecia outra pessoa, falando sobre sentimentos. Kol tinha o mesmo pensamento.
— Não sou mais uma ameaça para Elena. — Klaus continuou — Não quero mais seu sangue e não tenho intenção de machucá-la, ou a alguém de sua família.
Klaus sorriu para Elena, que sorriu de volta para ele. Aquela interação foi vista por todos e eles não conseguiam acreditar, porque nunca imaginaram ver uma cena assim, Klaus e Elena sendo amigáveis um com o outro. Elijah, entretanto, sabia que não era apenas aquilo. Ele sentia que algo tinha acontecido entre o irmão e Elena.
— Certo, você não vai mais machucar Elena, mas o que vocês estão fazendo assim tão próximos? Ela está compelida? — Kol não conseguiu se conter.
Klaus e Elena trocaram um novo olhar, cúmplice. Aquilo irritou Kol. Era evidente para o jovem vampiro que havia algo ali. Elena nunca agira assim com ele quando esteve em Nova Orleans no passado, Kol ponderou. Ela tinha sido cumplice assim com ele quando estiveram em um relacionamento. E ela Klaus sempre foram inimigos.
— Elena não está compelida a estar aqui. E eu já disse o que mudou. Eu serei pai. O que eu queria com os híbridos era na verdade uma família. Mas eu não preciso mais disso. Eu tenho uma filha por nascer e eu quero fazer o melhor por ela, ser um bom pai.
— E então você simplesmente mudou de vida? — Kol não conseguia acreditar no irmão. Ele se virou para Elena — E você acredita tanto nisso que até fica na companhia do meu irmão? Você é assim tão ingênua? — Kol estava irritado.
— Sugiro que você tome cuidado com seu tom de voz, Kol — Klaus o repreendeu.
Kol encarou o irmão, a raiva latente.
— Sugiro que você se afaste de Elena. — Kol respondeu.
Os demais presentes prenderam a respiração, olhando para os dois homens que pareciam prontos a se atacarem.
— Eu não fui compelida a estar aqui. Vim para o casamento de Rebekah que é como uma irmã para mim. — Elena tentou explicar a situação.
— Não que eu deva satisfação a algum de vocês, mas o que aconteceu foi que assim que eu cheguei a Nova Orleans, alguém me contou que você irmão tinha terminado seu relacionamento com minha sósia. Eu tive curiosidade de saber se era verdade.
— E por que não me perguntou? Você não precisava ter ido até Elena.
Klaus sorriu com desdém.
— Mesmo depois de ter desistido dos híbridos, eu queria ver minha sósia. Isso é proibido? Como você a deixou, acreditei que você não se importaria, irmão. — Klaus provocou.
— A única coisa que me importa é que você cumpra nosso acordo e jamais machuque Elena.
— Machucar Elena... Não, tenho planos muito melhores para ela.
— Nick... — Rebekah chamou o irmão. Ela podia sentir a tensão entre ele e Kol.
— Por que não conta a nossa irmã o que você fez com Elena, irmão? Deixe que ela avalie se isso machucou Elena — Klaus desafiou Kol.
— Klaus — Elena chamou.
— Não precisa ter vergonha, amor. — Klaus encarou Elena. — Somos uma família, e é melhor que todos saibam.
— Vergonha? — Rebekah ainda queria entender o que estava acontecendo, do que os irmãos estavam falando.
Klaus olhou para Kol, desafiando-o. Os demais presentes olhavam de um irmão a outro. Apenas Elena olhava para baixo, mexendo nervosamente as mãos.
— Kol propôs que Elena se tornasse sua amante em troca do pagamento das dívidas do marido. — Klaus disse de uma vez, se desviar o olhar do irmão.
— Kol! — Rebekah estava horrorizada.
— O quê? Você perdeu o senso de honra irmão? — Elijah perguntou.
Marcel balançou a cabeça em negativa, finalmente ciente do que o amigo tinha feito à jovem viúva. Hayley e Davina tinham os olhos presos em Elena, observando a morena.
— Eu propus que Kol se casasse comigo primeiro, para que ele pudesse me ajudar com as dívidas, mas ele fez uma contraproposta. E eu aceitei. — Elena informou, num fio de voz. As lágrimas começando a se acumular em seus olhos, que ela fechou para evitá-las.
— Elena — Rebekah murmurou o nome da amiga com evidente tristeza. Ela não podia acreditar que Kol fizer algo assim, sabendo o quanto ele amava aquela mulher.
— Ela propôs um casamento de conveniência a nosso irmão, mas ele queria fazê-la pagar por tê-lo abandonado anos antes para se casar com o Salvatore. — Klaus declarou sabendo que aquela era a verdade. Ele conhecia o quão vingativo Kol era — Elena aceitou, desesperada com as dívidas, pensando em sua família.
— Como você pôde fazer algo assim Kol? Estou envergonhado, decepcionado. — Elijah o repreendeu.
— Eu mesmo me envergonho todos os dias do que fiz. Não preciso de repreensão. Eu me arrependi do que aconteceu assim que me dei conta de que cometi um erro. — Kol olhou para Elena, mas ela estava com a cabeça abaixada. Ela não conseguia encarar nenhum dos presentes.
— Fico feliz em ouvir isso, apesar de não mudar nada. É preciso lidar com as consequências. — Klaus estava visivelmente irritado.
— Klaus — Elena colocou uma mão no braço de Klaus.
Aquele gesto chamou novamente a atenção de todos. Elena tocou Klaus deliberadamente, contra todas as convenções sociais. E ele a encarou, perdendo seu olhar no dela, como se só existisse Elena e ele naquela sala. Klaus respirou fundo até se acalmar.
— Preciso falar com você a sós, Kol.
Ninguém ousou fazer qualquer comentário. Todos apenas observaram Klaus se levantar e sair da sala. Kol hesitou por um momento, mas então seguiu o híbrido.
