CAPÍTULO XLVII

Kol e Klaus foram até o escritório. O lugar era selado com sálvia, para que ninguém pudesse ouvir o que fosse conversado ali.

— Diga o que tem a dizer!

— Você e Elena foram amantes... — Klaus começou.

— Ela aceitou a proposta, mas aconteceu como geralmente acontece.

— Sim... Elena me contou que vocês foram amantes enquanto ela esteve aqui e...

— E o quê?

— E apenas uma vez.

— Sim. Foi o que aconteceu.

— Você sabia que comentam que ela se vendeu para pagar as dívidas, e que você já a abandonou?

— Sim, ouvi algo sobre.

— E você sabia que Elena pretende vender tudo e deixar Mystic Falls?

— Não é do meu interesse o que ela vende ou deixa de vender, nem onde ela decide viver.

— As pessoas não falam mais com ele em Mystic Falls, desde que...

— Os comentários maldosos estão incomodando-a até lá?

— Sim.

— Lamento isso, mas não posso fazer nada. Basta que ela ignore a todos. Uma hora todos esquecerão. Agora se me der licença, preciso voltar para minha noiva. Kol tentou não pensar nas dificuldades que Elena podia estar passando. Não poderia ajudá-la, afinal, ele era o motivo de sua desgraça.

— Elena está grávida.

Kol sentiu o sangue gelar. Sua cabeça rodou.

— O que você está me dizendo?

— Elena está grávida! E você é o pai.

— Impossível!

— Eu também pensei que fosse. Mas eu admito que compeli Elena, e ela me contou tudo o que aconteceu.

— Eu sou um vampiro, não tenho o gene de lobo como você.

— E Elena é um ser mágico, sobrenatural. Essa foi mais uma brecha da natureza, irmão.

— Impossível.

Kol estava atordoado com o que ouvira de Klaus, ele precisava saber a verdade. Não era possível que ele a tenha desgraçado tanto assim. Grávida! Não podia ser. Um filho, um filho fruto da violência dele contra ela. Não queria, não podia. Precisava falar com Elena.

Kol deixou o escritório, sem se importar com os chamados de klaus. Ele seguiu a sala de estar.

— Elena, preciso falar com você! — Kol ignorou o olhar de todos fixos nele.

— Sr. Mikaelson...

— Só... venha comigo, por favor!

Elena olhou para Klaus, que estava parado na porta atrás de Kol, antes de seguir Kol e passar por ele. Eles saíram da sala e caminharam até o escritório, onde Kol e Klaus estavam a pouco. Kol deu passagem para Elena entrar, fechando a porta atras de si. Quando Elena se virou, Kol estava olhando para o ventre dela.

— Por que você não me contou?

— Eu... — Elena gaguejou, ela ainda não estava preparada para falar com Kol sobre o bebê. Ela iria repreender Klaus por contar sobre a gravidez.

— Por que você não me contou, querida? — Kol perguntou de maneira suave.

A forma como ele falou com ela quase fez parar seu coração. Era como ele falava quando estavam namorando anos atrás, com carinho. Descontrolada, Elena correu em sua direção e começou a agredi-lo com os punhos cerrados, chorando e dizendo palavras desconexas.

— Você foi embora! Você foi embora de novo! É o que sempre faz, não? Sempre acaba partindo e me deixando sozinha! Você não me queria.

Kol a envolveu. O abraço que a conteve era tão apertado que ela mal podia respirar. Certa de que seria inútil lutar, cedeu à pressão das emoções e escondeu o rosto no peito musculoso do vampiro original, soluçando como uma criança assustada. As mãos dele afagavam suas costas e ele murmurava palavras doces de consolo.

— Por que não me disse, Elena? Se eu soubesse, juro que a teria trazido comigo, ou teria ido para Mystic Falls.

— Você me abandonou...

— Não, querida. Eu só a deixei naquela noite porque pensei que ficaria melhor sem mim, que já te fiz tanto mal.

Ela foi incapaz de falar.

— Por que você contou para o Klaus e não contou para mim?

Ela soltou-se do abraço.

— Ele apareceu em Mystic Falls e descobriu que eu estava grávida. Quando soube que era seu, ele quis proteger o bebê. Ele me contou sobre Hayley, seu próprio filho, e como era perigoso ficar sozinha, já que vocês Mikaelsons têm muitos inimigos.

— Klaus está certo, mas vocês parecem muito amigáveis um com outro, muito próximos. Tem certeza de que foi só isso? Ele parece muito disposto a defendê-la.

— Sim… Klaus ofereceu segurança, tanto financeira quanto física. Ele vai cuidar da minha tia e do meu pai, assim como da venda das propriedades. Ele vai manter a mim e ao bebê em segurança.

— Eu também posso te oferecer isso, Elena.

— Não, você não pode. Você está cortejado aquela jovem que está lá na sala. Dizem que você vai se casar com ela.

— É verdade que a tenho cortejado. Mas eu não estou apaixonado por Davina. Eu queria esquecer você e seguir com minha vida. Depois de tudo o que eu fiz a você naquela noite, a forma como eu te tratei... Você não queria que eu houvesse partido para sempre?

— É claro! Quero dizer, não! Na hora sim, porque não queria ser sua amante, queria ser sua esposa, de conveniência, mas sua esposa. Eu só queria fazer o que era certo. Mas você me fez cumprir minha parte no acordo, e depois me desprezou por eu ser inexperiente, levando-me de volta para Mystic Falls e me abandonando como um fardo...

Kol puxou Elena novamente para seus braços.

— Você não é um fardo, e eu não desprezei você. No fim de tudo eu desprezei a mim mesmo pela forma como te tratei. Era sua primeira vez, Elena, e eu fui um bruto contigo. Estou mais desgostoso agora que soube que daquele ato gerei uma criança.

— Não... Não sinta desgosto! Essa criança foi a única coisa boa disso tudo... Não a despreze...

— Não estou desprezando... Só me pergunto se um dia você poderá me perdoar pelo mal que te causei. — Kol a encarava, visivelmente torturado.

— Não preciso perdoá-lo.

— Então você me odeia, Elena? Por deixá-la grávida e abandoná-la?

— Talvez eu tenha te odiado logo no começo, porque estava magoada. Mas quando descobri que estava grávida, tudo passou. A alegria de ser mãe e o amor que eu sinto por essa criança é maior do que tudo.

Elena se afastou e tocou a barriga. Kol a olhou maravilhado. Elena tinha o coração mais bondoso que ele já conhecera. Ela sempre fora doce e compassiva. Ela o perdoara com tanta facilidade! Da mesma forma que perdoou Klaus.

— Eu quero ao seu lado, Elena, seu e do nosso filho.

— O quê? Mas... — Ela não podia acreditar.

— Vamos, precisamos voltar para onde os outros estão! — Kol segurou-a pela mão, guiando-a até a sala.

— Kol...