Capítulo XLIX
No sábado. Os acordes familiares da marcha nupcial soaram, e, com o coração aos pulos, Elena entrou na igreja de braços dados com Klaus. Seu pai não pudera entrar com ela na igreja, pois não estava bem para isso. Ele tinha vindo para Nova Orleans, mas tinha ficado sob os cuidados Matt e Penny na casa de Kol.
Elena tratou de obter alguma distância de seu cunhado, como se aquilo pudesse fazê-la esquecer da descarga de adrenalina que percorreu suas veias com aquela proximidade. Ela tinha evitado estar no mesmo ambiente que Klaus. Mas não pôde recusar quando Kol sugeriu que ele a acompanhasse até o altar. Kol atribuiu a Klaus a responsabilidade pelo reencontro deles que levou até o casamento. Apesar de tudo, Elena tinha que concordar.
As damas de honra caminhavam na frente deles. Bonnie, Caroline e Rebekah iam jogando pétalas de flores sobre o tapete rumo ao arco de casamento. Stefan e Jeremy aguardavam no altar, como padrinhos. Jenna estava diante do altar, os olhos marejados de emoção. Ela sorria feliz.
No altar, Elena estava adorável, suas respostas foram claras e decididas, assim como as de Kol. Os noivos estavam extremamente felizes.
— Pode beijar a noiva — O padre anunciou.
Elena recebeu o beijo terno do marido e os recém-casados se prepararam para deixar a igreja, ocupada por alguns poucos amigos, familiares e vizinhos.
O casal entrou na carruagem e partiu em direção à casa, onde seria a festa de recepção. Os convidados os seguiram e ficaram maravilhados com a decoração do lugar. Mesmo tendo sido poucos dias, Kol não poupou esforços para organizar um bom casamento. Ele queria agradar Elena. Assim, a festa tinha música e comida, a recepção não deixava nada a desejar. Empregados e convidados estavam reunidos no jardim.
A festa foi animada e às dez da noite, os convidados finalmente começaram a sair. Klaus convidou toda a família e amigos de Elena a se hospedarem em sua casa, e com eles iriam também os criados. Apenas dois empregados ficariam para servir o casal em durante a breve lua-de-mel.
— Venha comigo amor, quero lhe dar um presente. — Klaus ofereceu o braço a Elena.
Elena pensou em recusar. Ela não queria estar mais próxima de Klaus, mas teve que aceitar. Seria indelicado se não o fizesse. Segurando o braço de Klaus, eles caminharam um pouco pelos jardins até chegar a um local mais reservado. Klaus tirou uma caixa do bolso e entregou a Elena.
— Um pequeno presente de casamento, amor.
Elena abriu a caixa e dentro havia uma pulseira. Era joia mais linda que ela já vira, de ouro e diamantes.
— Não posso...
Elena olhou para Klaus querendo recusar o presente, mas antes que ela terminasse de falar, ele segurou o rosto dela e a compeliu.
— Esqueça que fizemos amor, esqueça que compartilhamos sangue, esqueça que eu a levei naquele dia para a mansão. Eu a encontrei no cemitério e depois a levei para sua casa.
Klaus libertou Elena.
— Claro que você pode aceitar, é um presente. Ficarei magoado se você não o fizer!
— Elena olhou um pouco confusa para Klaus, mas então viu a pulseira em sua mão e sorriu.
— Venha, deixe-me pôr.
Elena permitiu que Klaus colocasse a pulseira em seu pulso. Ela sentiu um arrepio com o toque, mas pensou que era devido a pele fria dele e a noite que já era alta.
— É linda, obrigada Klaus! — Elena admirava o presente.
— Vamos? Meu irmão deve estar à sua procura!
Klaus sorriu para ela e ofereceu novamente o braço, que Elena aceitou com facilidade. Compeli-la a esquecer o que aconteceu entre eles era o verdadeiro presente de Elena. Ele sabia que ela só teria paz e viveria bem com seu irmão se as memórias da intimidade entre eles fossem esquecidas. Klaus gostaria de poder fazer o mesmo. Mas como punição por sua vida de pecados, ele teria que ver a mulher por quem estava apaixonado, casada com seu irmão mais novo.
Depois de dizer adeus aos últimos convidados, Kol conduziu a esposa à casa. Ele não via a hora ter a esposa nos braços e dar vazão ao desejo que ameaçava enlouquecê-lo, dessa vez com o consentimento e a vontade dela.
— Quero que saiba que sinto muito orgulho de ser seu marido.
Elena abraçou-o.
— Você é sempre tão generoso, Kol. Também sinto orgulho por ser sua esposa. E o amo como jamais imaginei que poderia amar alguém. Ou melhor… como sempre soube que só poderia amar você.
— Você foi a única capaz de construir uma ponte entre meu coração e meu instinto. Você é mágica, fascinante… Minha esposa. Minha mulher.
Ele a tomou nos braços para levá-la ao quarto. Elena estremeceu.
— Olhe para mim, Elena! Qual é o problema? — Kol perguntou ao parar dentro do quarto. — Está nervosa?
— Não. — Elena tentou sorrir, mas era impossível. Estava mentindo! Devia dizer a ele o que a aborrecia. Mas não podia. Tudo era tão perfeito entre eles.
O que a perturbava era ignorar o que se passara com eles antes. Já haviam estado juntos, para cumprir um acordo, agora estariam por dever conjugal. Dever era algo que Elena nunca deixou de cumprir.
Meia hora antes, se havia deliciado com os beijos do marido no salão, e depois, quando ele a tomara nos braços e subira a escada, fora invadida por uma maravilhosa e envolvente mistura de prazer e expectativa. Só quando ele a deixara por alguns instantes para preparar-se foi que a tensão a tomara de assalto.
No entanto, quanto mais tentava convencer-se da irracionalidade dos sentimentos, mais nervosa ficava. Os contornos do peito nu e musculoso perto de seu corpo coberto pela camisola de seda eram fascinantes e assustadores. Dedos suaves acariciavam seu rosto como antes, mas agora era diferente. Agora a carícia era apenas uma preliminar, uma abertura para… ela sabia o quê. E aí, ela percebeu subitamente, residia o problema.
Kol presumia que ela havia superado a primeira experiência, mas ela estava longe disso. Mortificada e assustada, teve de reconhecer que não imaginava o que sentiria em seguida. Elena não recordava que fazer amor podia ser prazeroso. Não tinha as lembranças do que vivera com Klaus. Ela apenas lembrava do que sentiu quando perdeu a virgindade com Kol.
— Pode conversar comigo por um instante? — Perguntou com falsa leveza e um certo toque de humor, tentando ganhar tempo para superar as inseguranças. Amava o marido, estava certa de seu amor e de sua paciência, mas…
— Agora? Está nervosa, Elena?
— Não, é que...
Kol beijou seu pescoço e ela fechou os olhos.
— Perdoe-me por ter obrigado você a se deitar comigo antes. Mas desta vez não vou machucá-la… Confia em mim?
Os olhos dela buscaram os dele.
— Oh, eu sinto muito, Kol! Não sei se sou capaz de esquecer o que se passou, o que você me fez sentir…
Kol acomodou-a em seu peito. Em silêncio, esperou que ela expressasse suas apreensões.
— Relaxe, querida. Dessa vez faremos amor. E fazer amor não é apenas mais um dever a ser cumprido. É algo maravilhoso que um casal deve dividir.
Kol prosseguiu, depositando beijos delicados em todas as partes de seu rosto.
— Não se preocupe, querida. Farei você esquecer a primeira experiência que tivemos.
— Kol!
— O que eu fiz daquela vez com você foi sexo, foi encontrar alívio para certas urgências físicas em um corpo feminino, mas amor… É diferente. Todas as noites, todos os minutos de nossa vida serão novas descobertas, eu prometo a você meu amor.
— Oh, Kol… — Elena foi tomada pela ternura por seu marido.
— Você ama minha honestidade… e minha natureza apaixonada. Deixe-se levar por ela.
Elena mal tomou conhecimento do ruído do tecido delicado sobre sua pele quando a camisola flutuou para longe de seu corpo. Uma umidade latejante entre as pernas ganhava intensidade, provocando tremores e um estranho torpor.
— Gosta de meus beijos, não? — ele murmurou, aproximando os lábios úmidos e quentes dos dela.
Elena assentiu, incapaz de pronunciar as palavras, ofegante e confusa.
— Vamos começar por aquilo que já conhece e aprecia… — Kol decidiu, capturando sua boca num beijo inebriante e sedutor.
Kol a observava vigilante, as mãos tremiam com o esforço de conter os impulsos. Tudo que queria era mergulhar naquele corpo e buscar satisfação. Era pura tortura… nunca houve purgatório que o escravizasse daquela maneira… Mas ao mesmo tempo, que o enchesse de tão grande doçura. Seria a primeira união física de sua vida que não era ditada pelo egoísmo.
