CAPÍTULO XXV
Os passos firmes ecoaram no corredor deserto, e logo ela alcançou o salão onde os convidados dançavam e conversavam. Pansy tentou se acalmar, decidida a esquecer tudo o que havia acontecido. Ela viu as duas aniversariantes, que estavam perto da porta, acompanhadas de uma jovem loira que bebia vinho, juntamente com a tutelada do Sr. Gerard que tomava um refresco. Todas pareciam apreciar a festa.
— A música é maravilhosa — Elena elogiou. — A noite é um estrondoso sucesso.
— Onde esteve? — Josie indagou.
— Na biblioteca, precisava de um momento.
— Sua tia Jenna e eu vasculhamos a casa a sua procura.
— Oh, o Sr. Castle estava me importunando com sua atenção indesejável, e achei melhor desaparecer por algum tempo.
— Oh, aquele homem! Não sei por que mamãe o convidou.
— Ele realmente é um homem odioso. — A jovem loira se virou e Elena a reconheceu. Rebekah Mikalson. — Olá Sra Salvatore!
— Rebekah! Como vai? — Elena sorriu para a jovem loira, inclinando-se para um abraço. Ela e Rebekah ficaram próximas quando ela esteve em um relacionamento com Kol, mas perderam o contato nos anos seguintes, pois a loira tinha partido para a Inglaterra com os irmãos.
— Oh, muito bem! Acabei de chegar de Londres.
— Oh meu deus! — De repente, Liz arregalou os olhos e sorriu. — Vejam quem está aqui!
— Eu imagino. — Elena respondeu sem se virar, apesar da comoção que tomava conta da sala.
Josie, Liz e Davina foram cumprimentar o vampiro original, assim como todos os presentes. Eles se amontoaram ao redor de Kol. Rebekah aproveitou a oportunidade e segurou o braço de Elena, conduzindo-a até a sala de jantar.
— Ah… Então Lucien Castle não é o único responsável por sua ausência. Parece que meu irmão não conseguiu se manter longe de você.
— Não sei do que está falando! — Elena desviou o olhar.
— Oh Elena. Eu conheço sua história com meu irmão. Confesso que nunca imaginei vê-los novamente no mesmo ambiente, considerando o que aconteceu entre vocês. Mas para minha surpresa, assim que cheguei fui informada de sua presença em Nova Orleans e de como meu irmão a cercava. Conhecendo-o como eu faço, suponho que ele tenha aproveitado cada oportunidade para estar próximo a você.
— Sim... — Elena não queria falar sobre isso. — Quem lhe contou?
— Marcel. — Rebeca disse com uma leve irritação.
— Oh, o que aconteceu com o Sr. Gerard? Pelo que me lembro, vocês costumavam ser amigos, mas agora...
— Nós éramos amigos… — A loira suspirou — Mas eu meio que... desenvolvi sentimentos maiores por ele.
— Oh Rebekah, você se apaixonou por Marcel?! — Elena questionou surpresa!
— Sim... E eu acreditei que ele correspondia aos meus sentimentos, mas infelizmente, eu fui uma tola. Marcel estava mais interessado em aproveitar a vida, as mulheres e a imortalidade.
— Lamento... — Elena disse com sinceridade. — Você ainda gosta dele?
— Sim, para meu infortúnio. Pretendo evitá-lo. E você?
— Eu?
— Sim, você. Você ainda sente algo pelo meu irmão?
— Eu...
— Somos amigas Elena, você sabe que pode me dizer a verdade.
— Eu temo que sim — Elena admitiu.
— E o que você pretende fazer?
— Sobre?
— Meu irmão Elena, eu imagino o que ele queira de você.
Sabia podia confiar em Rebekah, mas duvidava que ela tenha adivinhado a verdadeira natureza da proposta do irmão, e por isso respondeu sem rodeios.
— Você deve saber da morte de Damon e de minha situação. Kol fez a mais baixa proposta para mim. Quer que eu seja sua amante. Decidi manipulá-lo com o mesmo egoísmo e desrespeito que ele demonstrou por mim. Eu sei que é seu irmão, Rebekah, mas odeio desonestidade, e em alguns momentos não existe outro caminho. Se puder garantir algum conforto para os últimos dias de meu pai, vender as propriedades depois de sua morte não será tão difícil, apesar do amor que sinto por aquele lugar. Mas ainda sou jovem! Vou trabalhar como professora… ou me casar com um homem decente que queira cuidar de mim… e de tia Jenna, é claro. Na pior das hipóteses, vou até seu outro irmão e faço um acordo. Mas não vou me humilhar como seu irmão deseja.
Antes que Rebekah pudesse dizer algo, as duas foram interrompidas.
— Ora, ora, onde esteve, Elena? — Jenna perguntou ao aproximar-se da mesa onde as duas amigas conversavam. — Estava começando a imaginar que havia se retirado para o quarto. Já sabem o que aconteceu? — ela continuou ofegante. — O pobre Sr. Castle… quero dizer, ele não é exatamente pobre, e é bastante desagradável, mas… Enfim, o homem sofreu um acidente. Um hematoma impressionante formou-se em torno de um de seus olhos. Parece que ele escorregou no jardim e caiu. O Sr. Mikaelson estava chegando e o ajudou a levantar-se. Lucien Castle não poupou agradecimentos.
Nesse momento, todos foram atraídos pela cena que se desenrolava. Josette Satlzman entrou na sala amparando Lucien Castle. Um criado os seguia solícito.
— Providencie gelo — Josette ordenou ao empregado enquanto acomodava o convidado em uma cadeira.
Jenna levantou-se e foi ajudá-la.
— Não há nada melhor do que uma boa compressa fria para acalmar certos hematomas, Sr. Castle. Permita-me! — disse, tomando o guardanapo com gelo da mão do criado e pressionando-o sobre o olho do pobre homem sem nenhuma cerimônia.
— Sabe de uma coisa, Elena? — Rebekah perguntou em voz baixa. — Não posso culpar meu irmão pelos meios pouco ortodoxos que ele utiliza para advertir alguém.
Elena suspirou, ciente de que Rebekah lhe dizia que fora Kol quem provocara o hematoma do Sr. Castle. Embora ela não gostasse de violência, concordava com o comentário da vampira loira. O homem merecia depois do que ousara sugerir a respeito dela.
— Como consegue escapar das atenções? — Elena questionou Rebekah enquanto olhava para Kol.
Kol a ignorava. Três herdeiras o cercavam, competindo por sua atenção. A julgar pela freqüência com que batiam seus leques nos braços do vampiro, hematomas horríveis se formariam se ele fosse humano.
— Sou mulher e sou uma Mikaelson. Klaus e Kol podem ser um pouco possessivos... Sem falar em Elijah. E terem feito diversas advertências, ou ameaças, a respeito de alguma aproximação...
— Oh! E o Sr. Gerard? Ele não tira os olhos de você.
Rebekah bufou.
— Pois que olhe até se cansar! Fui tola demais no passado ao crer que essas demonstrações diziam algo a respeito de sentimentos verdadeiros. Não me engano mais. Marcel que continue com suas amantes bruxas. Quero algo que ele não pode me dar.
De repente Elena viu Kol jogar a cabeça para trás e rir de algo que uma das jovens dizia, Davina. Ela girou os olhos, mas continuou olhando para o vampiro. Nesse momento, Kol olhou em volta… e os seus olhos encontraram os dela. Pela primeira vez desde que haviam deixado a biblioteca, ele reconheceu sua presença.
Antes que Elena pudesse pensar, ela viu que ele caminhava em sua direção. Os comentários excitados no sofá ao seu lado, onde Jenna conversava com a Sra. LaRue, comprovaram que outras pessoas haviam notado a aproximação.
— Sra. Sommers… Sra. LaRue... Espero que estejam bem.
Jenna virou o rosto numa clara demonstração de antipatia. Sem responder ao cumprimento, retomou a conversa com a Sra. LaRue, que sorriu para o jovem vampiro, incapaz de resistir ao charme dele.
— Sra. Salvatore… Irmã. Como estão?
Elena e Rebekah cumprimentaram Kol com uma mesura.
— Estamos muito bem, Lorde Mikaelson, obrigada! — Elena garantiu, tentando salvar a situação. — Espero que também esteja bem.
— Muito bem, Sra. Salvatore, obrigado!
Elena não pôde deixar de se sentir incomodada. Não conseguia ignorar a maneira como todos os observavam.
— É bom saber disso, senhor. — Elena comentou incomodada.
— Rebekah, está gostando da festa? — Kol questionou.
— Amando, irmão.
— Fico feliz em ver que está se divertindo.
— Oh sim, é interessante observar como estão as coisas desde que fui a Londres. Saber das novidades. Já estou a par de tudo. — Rebekah sorriu irônica.
— Imagino que sim.
Kol deu um passo para mais perto de Elena, que prendeu a respiração.
— Aquelas são as maldosas de quem me falou na casa dos LaRue? — Kol murmurou, indicando algumas mulheres que conversavam enquanto olhavam para os três.
Ela o encarou e assentiu, nervosa com a proximidade excessiva. Kol moveu a boca para formar uma única palavra que não chegou a pronunciar. Lamento. Apesar da ausência do som, Elena pôde compreendê-lo perfeitamente. Em seguida, ele se inclinou para ela e a irmã e se afastou.
Elena o viu retornar para onde estavam as aniversariantes e a jovem tutelada de seu amigo. Ele permaneceu na companhia das jovens até depois dos parabéns. Davina esteve de braços dados com ele a noite toda, e Elena não conseguiu evitar o incômodo que sentia ao ver a cena.
Ela recordou das palavras de Kol quando ele lhe fizera a proposta de ser sua amante. Que talvez se casasse com uma jovem bruxa. Seria ela? Elena se perguntou. Em todo caso, não lhe cabia saber. Ela partiria para casa em breve, e pretendia nunca mais voltar a ver Kol Mikaelson, especialmente depois de enganar o belo vampiro como pretendia. Que os anjos a ajudassem!
Durante o restante do aniversário, Kol não mais se aproximou de Elena e ela não pôde deixar de se sentir um pouco desapontada por isso.
