CAPÍTULO XXXVI
Em Mystic Falls, Elena estava sentada diante do túmulo de Damon. Ela tinha uma carta de Rebekah em sua mão. Desde que tinha se entregado à Kol, Elena decidiu se afastar de Rebekah, demorando para responder as cartas semanais que a amiga lhe enviava, numa tentativa de fazer a loira parar de enviá-las. Elena não queria receber notícias de Kol, e nem queria que ele soubesse sobre ela.
Passaram-se dois meses desde a última carta, e Elena sentia falta daquela correspondência. Quando finalmente ela recebeu notícias de Rebekah, ficou animada. Não era uma carta propriamente. Rebekah não contava o que estava acontecendo com ela ou na cidade de Nova Orleans. O que Elena recebera, na verdade, fora um convite, para ser mais exata. Rebekah ia se casar com o Sr. Marcel Gerard, e convidava Elena.
Elena estava feliz pela amiga, mas não poderia comparecer ao evento. Sua condição não permitia. Teria que escrever uma carta para Rebekah, alegando estar doente ou algo do tipo, para justificar sua ausência na celebração da amiga. Desejava comparecer, mas sabia ser impossível. Além de seu estado, Kol e possivelmente Klaus estariam presentes no evento.
Elena suspirou, pensando sobre sua vida, desde a infância até agora. Ela percebia que nunca fora feliz e parecia que não estava destinada a ser. Não conseguia ter paz e estabilidade em sua vida como a maioria das pessoas. Sempre acontecia algo que a desestruturava, que mexia com suas emoções e nesse caso, com suas finanças.
Não havia perdido as propriedades que Damon lhe deixara, mas não tinha mais recursos para mantê-las. A pequena fazenda era improdutiva, e Elena não tinha despejado a família que lá residia, tendo ela mesma que destinar algum recurso para manter o lugar. O mesmo se deu com a grande fazenda. O incêndio acabou com tudo o que tinham, e o que estava no campo ainda demoraria meses para amadurecer e poder ser colhido e vendido, tornando-a improdutiva também.
A pequena fortuna que Kol lhe dera fora quase toda gasta para cobrir as despesas das propriedades durante os últimos meses. A pensão mensal que Kol lhe dava era o que sustentava a sua casa e sua família, e esse recurso não poderia ser destinado a manter as propriedades. Então, era inevitável. Elena teria que vender as propriedades.
Suspirando, Elena pensou que no final, foi tudo em vão. Mesmo tendo vendido seu corpo a Kol, perderia as fazendas. Já tinha conversado com Stefan e decidido que o melhor seria vendê-las enquanto não tinham dívidas, para que pudesse obter um bom valor. O dinheiro da venda garantiria uma vida confortável para ela e sua família. A pensão seria deixada para Stefan, era da família Salvatore, e Elena considerava justo que ficasse com Stefan. Ele era o único herdeiro.
Elena suspirou. Tão logo vendesse as propriedades, ela deixaria Mystic Falls. Mudaria de cidade, levando sua tia e seu pai. Pretendia que isso ocorresse antes que sua situação fosse mais evidente. Por isso tinha pressa.
No momento, esperava que Matt voltasse. Ele tinha ido vender suas joias. Elena precisou se desfazer dos objetos para cobrir algumas despesas extras, dentre elas o pagamento para anunciar que as propriedades estavam à venda. Ela queria que fossem divulgadas nos jornais de Mystic Falls e Withmore. Deixara Nova Orleans de fora, pois não queria que Kol soubesse.
Elena espera, ainda, poder comprar um presente para Rebekah com o dinheiro da venda das joias. Iria enviá-lo juntamente com uma desculpa por não poder comparecer. O casamento seria em duas semanas e sua condição não permitia que ela fosse. Como para lembrá-la disso, Elena se sentiu enjoada novamente e se levantou, caminhando lentamente rumo à pensão. Ela encontrou sua tia no caminho.
— Por onde esteve? Sabe que não é bom ficar andando por aí no seu estado. — Jenna a repreendeu.
— Por que não tia? Não estou doente!
— Eu sei que não, gravidez não é doença minha filha. Mas você tem andado tão fraca, tão abatida! Ainda está no início da gravidez, Elena!
— Não se preocupe tia, estou bem. Quando não me sinto bem não saio, a senhora sabe disso. Matt já voltou?
— Não. Mas logo ele chegará, tenho certeza.
— Espero que ele tenha vendido todas as joias tia, precisamos muito do dinheiro.
— Ele vendeu sim, você vai ver!
— Estou tão cansada... — Elena murmurou.
— Deve ser pela necessidade de nutrir a criança, Elena. Lembra do que Bonnie falou? É uma criança diferente...
— Eu sei tia, e tenho me alimentado bem. Acredito que só preciso descansar um pouco...
— Vamos para casa, você deve mesmo descansar. Vai ficar tudo bem minha filha, não se preocupe! — Jenna tentou transmitir uma certeza que ela mesma não tinha.
Elena seguiu com a tia para a pensão, a mão sobre seu estômago. Já havia um pequeno relevo, mas com os casacos que ela usava a gravidez não era visível. E o vestido disfarçava bem. Elena só tinha certeza de que seu filho estava ali porque ela viu sua barriga aumentada quando estava desnuda.
As duas mulheres estavam tão absortas em seus pensamentos, que não perceberam que alguém as observava.
