CAPÍTULO XXXVII
Kol estava em seu escritório, agora realmente analisando alguns documentos, quando o mordomo anunciou Marcel.
— Meu caro amigo, como tem passado? Davina está sentindo sua falta. Desde que anunciamos meu casamento com Rebekah, você tem estado menos tempo com ela. — Marcel alfinetou.
— Assim como você com minha irmã. — Kol rebateu.
— Rebekah está cuidando dos preparativos do casamento. — Marcel se defendeu.
— E Davina tem ajudado.
— Sim. Tem razão. — Marcel concordou, vendo que aquela batalha não levaria a nada.
— Veio aqui somente para isso? — Kol questionou.
— Não, vim convidá-lo para um jantar em minha casa na sexta-feira. Rebekah disse que Elijah chegará amanhã.
— Eu não sabia que ele chegaria tão cedo.
— Nem sua irmã. A correspondência chegou a pouco. Ele vem acompanhado de uma mulher, sua companheira.
— Elijah tem alguém? Isso é novo!
— Também pensei. O jantar será uma ótima oportunidade para encontramos seu irmão e conhecermos sua mulher.
— Klaus também virá?
— Ele não mencionou na carta.
— Muito bem. Irei. — Kol garantiu.
— Ótimo! Mas me diga, o que você tem feito para estar tão ocupado?
— Tenho cuidado dos meus bens. Perdi uma grande quantia a alguns meses atrás e outra razoável semanas atrás – Kol respondeu sem tirar os olhos dos documentos que examinava.
— Sim, sei disso. Nova Orleans sabe disso.
— O que Nova Orleans sabe? – Kol parou.
— Que pagou a dívida da viúva Salvatore... Que rompeu com suas amantes... Que está cortejando Davina... E outras coisas...
— Essa gente fala demais! — Kol revirou os olhos.
— Você sempre soube disso. E você, sendo um Mikaelson, sempre foi um dos assuntos preferidos de todos.
— Que falem, não me importo!
Kol voltou a olhar os papéis que tinha nas mãos. Marcel ponderou sobre continuar falando ou não com o amigo. Tinha ouvido umas histórias em Nova Orleans que achava ser do interesse do vampiro original, mas não tinha certeza se devia falar.
— Diga Marcel!
— Dizer o que? – O amigo perguntou surpreso.
— O que tem a dizer... Conheço você, sei que quer falar algo. Vamos diga logo! — Kol estava impaciente.
— Elena... Você... Vocês foram amantes enquanto ela esteve em Nova Orleans?
— Por que essa pergunta? É sobre isso que estão falando em Nova Orleans? Que eu e ela fomos amantes enquanto ela esteve aqui? Isso já falavam naquela época.
— Sim... Comentam que vocês foram amantes enquanto ela esteve aqui e...
— E o quê?
— Você sabia que ela vendeu todas as suas joias? O criado dela veio até a cidade vendê-las porque ela não conseguiu vender em Mystic Falls.
— Não tinha quem comprasse por lá?
— Tinha, mas não quiseram comprar.
— Não é do meu interesse o que a viúva Salvatore vende ou deixa de vender.
— Ela está anunciando a venda das propriedades herdadas do marido.
— O quê? — Agora Kol estava surpreso.
— Sim. Ela anunciou em Mystic Falls e na cidade vizinha. Ela não quis anunciar em Nova Orleans.
— Bem. O que ela faz com as propriedades do falecido marido não são de minha conta.
— Dizem que ela não conseguiu vender nem as joias e nem as propriedades em sua cidade porque as pessoas não falam mais com ela desde que... Ela se vendeu para pagar as dívidas.
— Os comentários maldosos estão incomodando-a até lá? Realmente as notícias correm.
— Sim. — Marcel concordou.
— Lamento por isso, mas não posso fazer nada. Agora se me der licença, preciso terminar de analisar todos esses documentos que estão sobre minha mesa.
Vendo que o vampiro não queria mais conversar, Marcel se retirou, ainda refletindo se deveria contar ou não o que mais ele sabia para Kol.
No final da tarde, em Mystic Falls, Logan Fell apareceu na pensão para atormentar ainda mais Elena.
— O que o Sr. deseja? — Elena questionou, ainda na sala de estar.
— Estou cuidando dos interesses de sua tia. Ontem ela me entregou algumas joias que desejava vender, e hoje trago a boa notícia: o prefeito Lockwood está interessado em comprar o anel de diamante e esmeralda para sua esposa.
— Mas esse é o anel de herança da minha tia! — Elena comentou, surpresa!
— Eu não sabia… Mas de qualquer maneira sua tia concordou com a transação.
Elena notou o olhar do homem sobre ela, em uma clara avaliação.
— Se já concluiu seu assunto com minha tia, Sr. Fell, não quero tomar seu tempo.
— A sra. Sommers me convidou para jantar. Ela quer celebrar a venda doanel. Mas se minha presença a incomoda…
— Nesse caso, terá que aguardar. O jantar ainda não está pronto.
— Por falar em espera... Soube que teve uma breve temporada em Nova Orleans. — O homem falou em tom malicioso, avaliando todo o corpo de Elena — Admito que estou surpreso. Lorde Mikaelson não deve ter gostado de sua companhia. Ouvi dizer que ele é bastante exigente com suas mulheres. Esperava que você tivesse um melhor desempenho, Elena, mas foi devolvida tão depressa... E ele já está cortejando outra.
— Isso não é de seu negócio. — Elena comentou ácida.
— Certamente, mas você está se tornando uma lenda… A viúva... alegre.
— O quê? — Elena não entendeu.
— Dizem por aí que você se vendeu para pagar as dívidas do antigo marido, mas que logo foi abandonada pelo poderoso Mikaelson.
Elena empalideceu, corou, respirou fundo e saiu da sala com passos furiosos. Não podia crer na audácia daquele homem! Insultá-la em sua própria casa! E ainda teria que compartilhar uma refeição com ele, ocupar-se com um convidado desprezível! Não queria compartilhar a comida com Fell, mas também não queria dar a ele a satisfação de saber que ele a incomodava.
Elena caminhou até a cozinha, encontrando Penny.
— Por que o fogo ainda não está alto? Onde está minha tia? Os vegetais já estão preparados?
— Sim, mas…
— Temos uma torta de frutas?
— Sim. — respondeu a criada.
— Então, só precisamos da carne. Não temos nenhuma sobra?
— Sim, um pouco de carneiro, mas não sei se é o bastante e não tenho as ervas para temperá-lo e…
— Eu vou buscar as ervas. Acenda o fogo!
Elena tinha a sensação de estar enlouquecendo aos poucos. A cabeça latejava, o estômago ainda sentia os efeitos do confronto com Sr. Fell, e ainda tinha de ocupar-se com a refeição a ser servida porque tinham um convidado.
Onde estavam todos? Elena se perguntou. Matt ainda não tinha voltado de sua empreitada para vender as joias de Elena, e sua tia desaparecera. Em resposta à pergunta silenciosa, Jenna surgiu na escada dos fundos da casa.
— Seu pai caiu da cama e feriu a cabeça, mas consegui acalmá-lo, e agora ele dorme. Fui buscar o balde para uma pequena limpeza.
— Meu pai está ferido?
— Oh, não. Nada grave. Foi só um susto e um pouco de sangue.
Elena respirou fundo.
— Obrigada, tia! Não sei o que faria sem a Sra.!
