Olá Pergaminos e Seguidores de la Justicia, Mr.Bones trazendo o capítulo 19 de minha fanfic Aquele que Voltou.
Nesta parte veremos Entoma em um novo traje e começando as investigações.
Comentem e me ajudem a melhorar a escrita, obrigado.
Com vocês.
Aquele Que Volvió
Capítulo 19: Trabalho noturno
— Acho que chegamos ao meu apartamento – anunciou Entoma.
— É mesmo, como o tempo voa quando estamos em tão boa companhia! Por falar nisso, gostaria de saber se a senhorita aceitaria jantar comigo esta noite.
— B-Bem, estou lisonjeada, mas o dia foi cansativo e… – a empregada parecia envergonhada.
— Oh! Perdoe a minha impertinência, nem dei por mim o quanto isso poderia ser intrusivo, lamento muito pelo inconveniente… – Inta agora parecia envergonhado.
— Não, não, não… definitivamente não foi inconveniente, apenas fui pega de surpresa. Não é sempre que recebo tais convites, espero que o senhor entenda que eu estaria maravilhada em acompanhá-lo, mas infelizmente não esta noite.
— Então que tal um chá amanhã à tarde? Se isso não perturbar os seus passeios – sugeriu Inta de forma esperançosa.
— Está marcado senhor Inta, amanhã à tarde então.
— Até amanhã, senhorita Entoma.
Ainda bem que, ao entrar no apartamento, os feitiços de silêncio e antiadivinhação se acionaram automaticamente, senão…
— IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIHHHHHH!!!!!!! – guinchou estridentemente Entoma, parecendo uma adolescente.
— Eu gosto de açúcar, mas aquilo estava deixando enjoado até a mim – reclamou Kyouhukou.
— Não seja bobo, estávamos apenas conversando. Além do mais, faz parte do meu serviço investigar.
— Tenho certeza sobre quais partes pareciam que iam ser investigadas… – murmurou quase inaudivelmente o Duque do Terror.
— Eu ouvi isso. Sim, estou lisonjeada com a atenção, mas sei que não somos compatíveis, biologicamente falando.
— Nem tudo precisa ser biológico minha cara, mas infelizmente temos outros assuntos para tratar, não é mesmo?
— Claro, vamos começar hoje a investigação de forma mais direta aos pontos em destaque marcados pelos "observadores" – disse Entoma assumindo um jeito mais sério de falar, afinal ela tinha deveres a cumprir e isso era prioridade.
— Então a senhorita seguirá para um dos bairros mais afastados do centro, acredito que uma mudança de vestuário seria o indicado.
— Realmente, uma das coisas que nós Empregadas de Batalha não possuímos é um guarda-roupa muito extenso. Além dos uniformes, somente temos os conjuntos de praia e de eventos, Ano Novo, festa de gala, uniforme escolar, Halloween, Páscoa, Natal, seja lá o que esses nomes signifiquem, então fora Solution que pode mudar a sua própria roupa, todas somos deficientes neste quesito.
Entoma então retirou suas roupas novas, colocando-as cuidadosamente sobre a cama. Uma série de insetos parecidos com besouros começou a surgir e a subir por suas pernas, recobrindo o corpo inteiro.
Besouros Blindados: a natureza os levou a evoluir para uma espécie altamente resistente que vive em cavernas profundas, com uma carapaça derivada do oricalco, do qual se alimentam.
Esses insetos escalaram o corpo de Entoma e se posicionaram de forma a se agarrarem uns aos outros, formando o que parecia um collant negro de corpo inteiro feito de pequenas placas. Sobre a cabeça, as fêmeas da espécie, mais achatadas, formaram um capuz.
— Ficou bom. Assim a senhorita poderá se misturar às sombras, mas acho que precisará trocar de máscara, esse tom claro poderá lhe denunciar.
— Sem problema, basta fazer isso.
A empregada tocou um lugar específico do Inseto Máscara e este se tornou negro instantaneamente.
— Cromatóforos! Isso é novo.
— Sim, ultimamente tenho pesquisado novas espécies e descobri essa variante, parece que essa capacidade é relativamente nova, mas ela não faz apenas isso.
Então Entoma fez algo surpreendente, ela piscou e então sorriu, depois franziu os olhos e em seguida transformou o rosto em algo parecido com um emoji com a língua de fora, muito fofo por sinal.
— Incrível, a senhorita pode imprimir expressões! Está usando comandos mentais como eu uso com o "Edgar".
— Sim, isso mesmo. Por enquanto ainda não parecem naturais, mas acho que com a prática posso até mesmo fazer parecer que estou falando – mostrou Entoma como fazia abrir e fechar a boca desenhada na carapaça.
— Acho que é um novo passo evolucionário desses insetos, realizar mudanças para se adaptar a outros ambientes e poder caçar.
— Eles caçam? Me desculpe por não saber muito sobre outros insetos, senhorita.
— Sim, eles caçam. E não se preocupe com isso, eu mesma só sei porque, como Entomante, essa é a minha área de estudo. Na verdade, ter essa aparência de rosto é exatamente para atrair as suas presas para perto da colônia, daí todos atacam juntos.
— Então a sua presa favorita seria os humanos.
— Isto é obvio, afinal de contas, quem não gostaria de comê-los?
— Deveras, mas por que suas patas extras estão à mostra?
— Humm, depois que os BBs se juntam fica difícil conseguir uma abertura para expor elas, mas acho que se eu dobrá-las aaassimmm… pronto! Agora elas não vão chamar a atenção e estão prontas para agir – mostrou Entoma.
As patas aracnídeas saiam das costas e ficavam cruzadas sobre o peito formando um X de cor levemente diferente do resto, algo que, esteticamente falando, ficou muito bom, pensou Kyouhukou.
— Acho que já está escuro o suficiente, ninguém vai me ver saindo agora, vamos começar – anunciou a plêiade.
Entoma sobe na janela e se lança no vazio. Sua queda só é parada pelo balançar em uma teia que sai de sua pata, onde uma Aranha de Cordas estava presa.
A empregada poderia emitir sua própria teia, mas ela queria usar a sua entomância o máximo possível. Fora do treinamento, ela tinha poucas oportunidades para isso, e pela mesma razão não estava usando Fly, 'somente em uma emergência' - ela pensou.
—'Então, para qual lado?'
— 'Siga as luzes'.
— 'Que luze-… oooh! Estou vendo, bem pensado! São colaboradores?'
— 'Isso mesmo, meus familiares já estão formando uma rede usando os habitantes da cidade, a maioria está respondendo bem às nossas solicitações'. Abaixo de Entoma, haviam diversos pontilhados luminosos vindos de uma série de vaga-lumes que somente eram visíveis por alguém que estava acima dos prédios. Como a maioria das construções não era muito alta, Entoma logo foi obrigada a saltar de prédio a prédio.
Parte da noite de Entoma foi gasta avaliando diretamente pontos de interesse. Muito após a meia-noite, surgiu a oportunidade de abordar um deles.
— 'Senhorita Entoma, o nosso alvo está se deslocando a algumas quadras de onde você está, os observadores irão guiá-la'.
— 'Como vou identificar o alvo?'
— 'Ele foi marcado previamente com feromônio, você será capaz de ver facilmente'.
— 'Cheguei ao local, é realmente muito fácil de ver".
Abaixo na ruela, uma mulher era perseguida por um brutamontes que segurava uma faca tão grande quanto o seu antebraço. Encurralada, a mesma tentou se defender, conseguindo apenas receber alguns cortes nos braços, o agressor aparentemente gostava de brincar com sua presa, mas agora ele havia se cansado e sua vítima não tinha mais para onde escapar.
Crista viu quando a faca abaixou para perfurar o seu peito, mas a dor nunca chegou, apenas uma leve pontada. O que viu em seguida foi o assassino ser arrebatado para o alto e lá em cima, por entre os prédios, havia uma enorme teia de aranha onde o homem estava sendo enrolado por alguém muito menor do que ele.
A pessoa ou criatura virou o rosto para Crista e então começou a descer por um dos fios prateados. Ao atingir o chão, a princípio ficou em uma posição agachada que a fazia parecer uma Aranha Negra pronta para atacar. Em seguida, ela se levantou e caminhou em sua direção – pequena e esbelta, a silhueta dela denunciava de que se tratava de uma mulher por baixo de uma roupa de escamas negras.
— Você, você está bem?
— S-Sim, obrigada p-por me ajudar, não sei como agradecer p-por salvar minha vida. Aquele é o-o Açougueiro de Arwintar, um assassino, e-ele mata mulheres das ruas…
— Você não vai mais precisar se preocupar com ele… Crista Azules.
— Como você sabe o meu nome?
— Eu sei muito sobre você, sei que é uma "garota das ruas", mas também sei que você possui uma rede de informações bastante confiável. Suas amigas parecem ter acesso a todo tipo de fofoca.
— Você mandou ele atrás de mim?
— Não, de jeito nenhum! Mas eu não podia deixar você ser morta antes de falar contigo. Eu preciso de sua ajuda.
Crista estava desconfiada, mas aquela situação não parecia ter sido armada. A faca chegou a tocar seu peito antes do homem ser arrastado.
— Acredito em você, meus serviços estão às suas ordens.
— Ótimo. Eu procuro uma pessoa, um contador de histórias, falador, está na cidade ou esteve aqui nos últimos meses, este é um retrato dele. Busque informações, seu nome é Telcontar, mas pode estar se chamando de Lovecraft, ou até mesmo mudado de nome.
— Como vou entrar em contato com você?
— Basta deixar uma mensagem aqui mesmo, há um tijolo solto nessa parede.
Crista olhou para trás e não viu nada.
— Não tem tijolos soltos.
Então, uma mão negra atingiu a parede e arrancou um dos tijolos que, até então, estava bem fixo no muro.
— Agora tem. Basta colocar a mensagem ali e alguém virá buscar. Não se preocupe, ninguém mais lhe fará mal.
A garota vestida de negro então deu dois saltos mortais para trás e pulou até a teia, onde agarrou o Açougueiro de Arwintar e com uma incrível facilidade o carregou para cima dos prédios, desaparecendo na noite.
Crista ficou olhando para a enorme teia por um tempo enquanto acariciava sua barriga. Ela possuía muitas tatuagens, algumas sem significado específico, outras bastante pessoais, mas tinha uma em particular que sempre gostou, uma Aranha Negra sobre as costelas, pequena mas mortífera, uma predadora, um símbolo de força e superação para ela.
— "A Aranha Negra"… – murmurou Crista, sorrindo.
Como estava amanhecendo, Entoma se dirigiu para o hotel. Assim que entrou pela janela, ela encontrou Kyouhukou e seus familiares que estavam catalogando a noite inteira. Jogando o Açougueiro de Arwintar no chão do quarto, a empregada anunciou:
— Lanchinhooo
