Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones com o capítulo 21 da minha fanfic Aquele que Voltou.
Neste capítulo teremos um passeio, humor, um pouco de romance e saberemos mais do passado de Inta.
Espero que estejam gostando, mais uma vez coloquei um easter egg, para quem está acompanhando será importante, o Viajante faz isso de propósito.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 21: Vigília
— Mais uma vez, me desculpe.
— Não se preocupe! Não é a primeira vez que uma garota me cobre de fluidos, conheço algumas pessoas que pagariam por isso.
— PARE DE FAZER TUDO SOAR TÃO PERVERTIDO!!!
— Só se você parar de se desculpar.
— Ok… Então, me fale mais sobre esse seu ex-empregado.
— O nome dele é Takuya Yamashiro, pelo menos foi o que ele deu na época, uns cinco meses atrás. Uma figura simpática, veio ao hotel bem quando eu precisava, o auxiliar do turno do dia quebrou o braço e eu precisava de um substituto, trabalhava o dia todo e ia embora ao anoitecer. Quase nunca o vi na verdade, como você pode imaginar, o período do dia não é a nossa hora mais ativa.
— Achei que vocês detestassem o sol.
— Gerentes de hotel?
— Vampiros, seu bobo.
— Quando mais novo sim, com o tempo vai se adquirindo resistência, e há produtos para passar sobre a pele. Hoje, se eu ficasse no sol, levaria mais de uma hora para começar a queimar, mas como vê, ainda prefiro me expor o mínimo possível – disse Inta mostrando brevemente sua pele para Entoma. Ambos usavam capas que cobriam a cabeça e escondiam suas roupas bonitas de mangas longas, nenhum dos dois queria chamar a atenção, não onde estavam.
— Certo. Me explique então por que a gente precisou esperar até o amanhecer para ir até o endereço onde ele mora ou diz ter morado?
— Primeiro, por que eu precisava de um banho.
— EU JÁ PEDI DESCULPAS!!!!
— He! He! He! Tudo bem, o motivo foi o local onde ele mora segundo seus observadores.
— Sim, eles reportaram que o endereço é de um armazém em um dos bairros decadentes, péssimo lugar pra morar, está sendo usado por um grupo perigoso em atividades mais do que escusas.
— Nesse caso, como já era final de noite, provavelmente não encontraríamos nenhuma atividade, então ir durante o dia para analisar in loco era a melhor opção para checar o local.
— Não gosto de esperar. Se ele desaparecer, nem que seja por alguns minutos, é você que vai ter que se explicar para o Rei Feiticeiro – falou a Empregada de Batalha em um tom jocoso.
— Se eu soubesse que iria me encontrar com Sua Majestade, eu aproveitaria para pedir mais tempo livre para você poder passear comigo.
— Não diga bobagens Hi! Hi! Hi!
— "Você sabe que eu posso te ouvir não é?!"
— "Então pare".
Kyouhukou havia desenvolvido um sistema de monitoramento bastante inteligente, ele e seus parentes possuem um certo grau telepático para poder conversar sem usar palavras, como as invocações que o Rei Feiticeiro usa, mas numa escala menor e apenas a curta distância. Mas aqui, com uma barata a cada quase dez metros, ele descobriu como retransmitir esse sinal, assim podendo acompanhar em tempo real, vendo e ouvindo o que acontece perto de um de seus familiares, em específico no caso o que estava escondido junto a Entoma, bastava focar, o que no momento era bastante difícil com toda essa rasgação de seda.
— Além do mais – continuou Inta – duvido que encontraremos ele, talvez alguma pista somente. Como eu disse antes, ele ficou apenas dois meses conosco e quando foi embora falou claramente que iria para o Reino Santo. Averiguar o armazém é apenas para saber o motivo dele ter fornecido esse endereço, já que tenho quase certeza que ele não morava aqui.
— Entoma, posso fazer uma pergunta?
— Claro, se eu puder responder.
— O que você tem escrito nesses dias?
— Ah, você percebeu! São apenas anotações sobre a viagem, como você pode imaginar, eu e minhas irmãs não temos muito tempo de folga, na verdade detestamos o tempo longe de nosso mestre, mas às vezes somos enviadas para cumprir missões que nos obrigam a… socializar. Então, se alguma delas algum dia vier aqui, poderá usar as minhas anotações para aproveitar melhor o seu tempo.
— Certo, você está fazendo um guia de viagem.
—"Eu te disse".
— "Calado" – Isso, pode se chamar assim.
— Já pensou em um título?
— Para que?
— Talvez você possa querer publicá-lo. Não existe algo do gênero para nós, agora que a segurança das pessoas, de todos os tipos de pessoas, aumentou, um livro assim poderia fazer um relativo sucesso. Que tal algo do tipo, "42 Dias em Arwintar, Um Guia de Viagens Para Heteromorfos".
— Por que 42? A gente nem pôde fazer o passeio na Academia.
— E esse passeio não conta? – indagou Inta enquanto girava de braços abertos, mostrando a rua por onde andavam: uma rua entulhada de sujeira em um bairro decrépito, onde até durante o dia era possível ver os ratos correndo.
— Pare seu bobo, vai chamar a atenção! Então onde é esse endereço?
— Passamos por ele a duas quadras atrás, aquele com os mendigos na porta.
— É mesmo?
— Sim, e aqueles não eram mendigos, eram guardas. A porta está marcada com um símbolo de tráfico.
— Tráfico de que?
— Drogas, armas, bebidas, pessoas. Provavelmente todas elas.
— Meu mestre mandou eliminar vendedores de drogas e escravidão é ilegal, mas que tipo de armas podem estar sendo contrabandeadas? Além disso, armas não são ilegais e todo mundo usa.
— Armas rúnicas. Hmm… vejo que você ficou surpresa.
— É claro, meu mestre trabalhou pessoalmente para o ressurgimento e revitalização da Arte Rúnica, ele não vai ficar contente. Alguém está contrabandeando do Reino Anão?
— Às vezes é mais simples do que se pensa. O Reino Feiticeiro possui o monopólio da fabricação delas, enquanto está nas mãos dos anões ou do Reino elas estão seguras, mas basta roubar a carga de algum mercador que estava levando para revender em viagem. Como não foi roubado diretamente do Reino Feiticeiro, vocês nem devem receber essas notícias.
Na verdade, Albedo já tinha um relatório em mãos sobre isso, pronto para autorizar o uso dos Hanzos para buscar e desmantelar tais ladrões e suas operações, estava apenas esperando o carimbo de Sua Majestade.
— Certo, vamos dar uma olhada de cima então.
Com graça e leveza, Entoma deu um salto, pousando lentamente sobre o telhado. Inta precisou de dois impulsos pela parede para alcançar o mesmo lugar.
— O prédio não possui saída pelo teto, aparentemente as únicas entradas são a da frente e as janelas que estão seladas – "Kyouhukou, você está aí?".
— "À disposição, milady. Os observadores receberam reforços e estão vasculhando o local, parece ter uma saída escondida para o esgoto e uma passagem para o beco atrás do prédio. Há aparentemente grande quantidade de contrabando, além de algum tipo de pessoa em uma jaula. Meus parentes não conseguem descrever direito devido ao fato de estar enrolado em panos e amontoado em um canto, pode ser o nosso alvo".
— "Ok, deixe eles em prontidão, qualquer novidade nos informe. Esperaremos o anoitecer para pegar o maior número de envolvidos".
— Muito bem senhor Barintacha, só me resta uma pergunta, onde vamos almoçar?
...
Após o almoço, um passeio à tarde e uma breve parada para o chá, o dia já começava a escurecer. O casal resolveu retornar ao posto de observação e, sem maiores novidades, apenas aguardavam pelo momento certo.
Segundo Inta, seria melhor esperar até após a meia-noite, para que houvesse a oportunidade de encontrar o maior número possível de bandidos.
— Me conte mais sobre o que aconteceu depois que você saiu da caverna! – disse Entoma deitada de costas olhando as estrelas, ela estava usando o traje de BBs negro, então era quase invisível na noite sem lua. Inta estava em sua forma natural, usando o manto com capuz que aparentemente era mágico, já que havia aumentado de tamanho para cobrir o corpo anormalmente desproporcional do Vampiro Ancião.
— Bem, depois que saí da caverna, passei a visitar as cidades. Às vezes criava um domicílio, mas quando começava a chamar a atenção, eu me mudava. Encontrei outros vampiros, todos muito mais novos do que eu, mas tinham muito mais experiência e me ensinaram várias coisas. Você sabia que a aparência natural de um vampiro muda muito conforme o indivíduo?
— Tenho pouca experiência com vampiros, a única com quem trabalho é minha superior Lady Shalltear. Sua aparência natural é bem diferente da sua, já as noivas vampiras parecem mais com você.
— A aparência de morcego é provavelmente a mais comum, mas também já encontrei uns insectóides e outros que pareciam com vermes. Geralmente, os vampiros adotam o aspecto de uma espécie que vive de sangue.
— Sobre a sua superior, eu gostaria de poder conversar com outro vampiro, faz séculos que não troco informações.
— Acho que você realmente poderia aprender algo, afinal ela é um Vampiro Verdadeiro.
— UM ORIGINAL!! Uau! Uma rainha vampiro, ela deve ser incrivelmente poderosa.
— Sim, mas também possui um humor perigoso. Lembre-se de ter o maior cuidado com ela se algum dia se encontrarem.
— Anotado.
— Você disse que saiu da caverna faz o que, uns sete séculos? Então você deve ter visto os tais Seis Deuses e os Oito Reis da Ganância.
— Você não tem ideia de como é fácil perder essas coisas. Quando os grandes feitos estão sendo feitos, ninguém percebe o tamanho da coisa e só décadas depois é que vão exaltar tudo aquilo. Por exemplo, eu só fui saber dos Seis Deuses cinquenta anos depois que apareceram, e ainda nem eram endeusados. Quando os Reis da Ganância apareceram, somente Surshana ainda estava vivo, e eu morava do outro lado do continente, nunca cheguei a ver um dos Oito Reis, todos se mataram décadas depois de surgirem. A religião dos Seis Deuses somente floresceu depois disso, os seguidores tornaram os seus feitos divinos, embelezaram suas histórias e aumentaram em muito suas conquistas, assim se criou uma religião.
— Você sabe que meu mestre é mais poderoso que os Seis Deuses.
— Provavelmente. Fiquei sabendo do poder de sua magia nas planícies Katze, se não for exagero…
— Não é.
— Ok, então ele é muito mais poderoso. Sei também da luta contra o Rei Demônio e o que está vindo depois dela, parece que uma nova religião está surgindo, muito mais rápido do que antes. O Rei Feiticeiro tem demonstrado constantemente seu poder, tanto para criar como para destruir, sua benevolência e seu castigo, isso é tudo o que as pessoas precisam para adorar como um Deus. Não duvido que logo ela se torne a religião dominante na maior parte do continente antes do fim da década.
— Você parece não acreditar na divindade.
— Pela minha experiência, seres divinos ou seres com poderes divinos vem e vão, só o tempo dirá quem era o verdadeiro Deus.
— Você faz bem em pensar assim, afinal meu mestre não é um ser divino, é um Ser Supremo.
— Qual a diferença?
— Deuses estão abaixo dele.
— Oh! Devia ter medido melhor as minhas palavras, já que provavelmente estou falando com um de seus anjos.
— Ah! Pare com isso seu bobo!
— "Eu ainda posso ouvir vocês!"
NHAK!
— O que foi isso?
— Nada, nhon nhon nhon, apenas um lanchinho! Acho que já está na hora de nós entrarmos.
