Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo o primeiro capítulo com Lupusregina em minha fanfic Aquele que Voltou.

O Viajante chega a Carne e logo conta uma de suas histórias.

Com vocês

Aquele que Voltou

Capítulo 33: Cidade de Carne

A "Vila de Carne", alguns moradores ainda insistem em chamá-la assim, apesar de já ter se tornado uma pequena cidade. Se não bastasse o surgimento de cinco mil novos moradores de uma hora para outra, há apenas um ano e meio atrás, desde então mais de centenas têm se mudado para lá a cada semana.

Após a derrota do príncipe Barbro, o exército goblin acampou nos arredores da vila. Eles não podiam ficar ociosos, então ao longo das semanas foram implementados turnos para se revezarem na caça e agricultura, já que alimentar tantos, incluindo os humanos, dependia de muito esforço. Outra parcela ficaria encarregada da manutenção e ampliação da própria vila, onde antes havia barracas para o exército, em pouco tempo se tinha alojamentos e um grande quartel para treinamento, e depois passaram a construir casas para a nova população que chegava. O terceiro grupo ficaria responsável pela guarda da vila, além do treinamento dos seus e dos cidadãos dispostos, como era feito pela General desde antes do próprio exército existir.

Depois desses meses, a cidade agora estava bem formada, até mesmo uma prefeitura e prédios já existiam. Diferentemente de E-Rantel, com sua arquitetura variada, mas que tinha ares do toque anão, em Carne era muito mais predominante um único estilo que passou a ser chamado de Ar-goblin. Não eram primitivas ou rústicas como se imaginaria de uma morada goblin, eram modernas e semelhantes às humanas, mas quando se olhava tinha aquela sensação de que não foram construídas por humanos. O aluguel ou venda dessas casas retornava à prefeitura que financiava o exército.

Com o crescimento contínuo da cidade, a Prefeita, que relutou muito, acabou convencida a cobrar impostos dos moradores, afinal uma cidade não se sustenta apenas com agradecimentos. As taxas se mantiveram mínimas, já que o Reino Feiticeiro estava mais interessado em expandir do que lucrar, então parte das infraestruturas administrativas foram bancadas pelo próprio Reino. Seus cidadãos imaginavam que logo sua agência de correios receberia pousos de Frost Dragons, um sinal de prosperidade, aparentemente.

A carruagem que se aproximava fazia este caminho duas vezes ao dia, de manhã cedo partia de Carne e retornava no final da tarde, ao mesmo tempo em que outra fazia o caminho inverso. Após passar pela guarita do portão principal, se dirigiu à praça central, o Viajante desceu e ficou olhando ao redor como se não soubesse para onde ir.

Lupusregina estava invisível posicionada a uma centena de metros sobre a torre da prefeitura, sua presa parecia esperar algo, então o viu se dirigir até uma jovem visivelmente grávida que passava pelo local.

— Olá! Bom tarde senhora, esta é Vila Carne?

— Boa tarde, sim senhor.

— A VILA Carne!!?

— Sim – respondeu a senhora de forma humorada – Vila, cidade, depende para quem perguntar, mas somos Carne.

— Bem, parece diferente do que imaginei, as histórias não parecem descrever bem a cidade.

— HISTÓRIAS! Que histórias? Eu gosto de histórias – disse a criança que acompanhava a jovem senhora.

— Ah! Olá pequena, as histórias dessa cidade, você não sabia? Ela é famosa.

— É mesmo!? – se admiraram as duas ao mesmo tempo.

— Bem, sim, e há várias delas – disse o viajante para a menina – há muitas histórias e muitas versões, a maioria conta sobre o ataque de um Barghest e a derrota da horda de trolls, sobre como o General Goblin invocou seu exército e impediu a invasão pelo príncipe malvado e sobre o Senhor da Guerra, Enri, O Sangrento – nesta parte ele falou gesticulando os dedos como se fosse algo para assustar as crianças que agora começavam a se reunir, atraídas pela menção de histórias.

— SENHORA DA GUERRA! ENRI A SANGRENTA!? Quem está chamando ela assim? – Falou surpresa a senhora.

— Bem, as pessoas em outras cidades, nas tavernas onde passei, dizem que ele se banha no sangue de seus inimigos e empala as cabeças deles pelos muros.

— ISSO É MENTIRA!!! E não é ELE é ELA, e eu não fiz nada disso.

— Espera, você é Enri? Enri que derrotou monstros e submeteu goblins e trolls?

— E-Eu não fiz isso, não exatamente – falou de forma envergonhada, mas nesse instante chegou um grupo de goblins e trolls.

— Algum problema chefe? – perguntou Jugem, intrigado.

— Não, nada com que se preocuparem – disse ela então percebendo a ironia da situação – Ok, certo, eles me seguem, mas foi mais uma negociação do que derrota e eu não sei nada sobre essa história de Enri, A Sangrenta.

— Humm! Vejo que alguns dos meus colegas de histórias às vezes exageram em algum ponto, então a derrota da horda do Gigante do Leste e do exército de três mil goblins sendo invocados também não aconteceu.

— N-Não! SIM! Aconteceu, e f-foram cinco mil, mas podem ter exagerado no resto.

— Ah! Bem, acho que a fama acaba criando suas próprias histórias não é? Pode ter sido melhor assim.

— Por que?

— Bem, isso deu uma segurança maior do que esses muros, acredito que as histórias têm mais força do que imaginam.

— Histórias! Quero uma história! – disse Nemu junto com as outras crianças e as pessoas que se reuniam.

— Oi! Acho que a maioria não seria apropriada para vocês crianças, mas tenho uma que deve servir, vocês conhecem a história dos quatro elfos e o troll?

— TRÊS elfos, todo mundo conhece.

— Ah! Esta é um pouco diferente, veja, Ahann:

—" Era uma vez quatro irmãos elfos que resolveram se mudar de sua vila, cada um foi para um lugar: o primeiro se mudou para um pasto onde só havia palha para fazer a sua cabana; o segundo foi para uma floresta onde construiu sua casa com galhos e toras; o terceiro se mudou para uma pedreira onde fez sua casa com rochas e o quarto acabou em um descampado sem quase nada para usar."

— "Então um dia surgiu um Troll de guerra. Na primeira casa ele só precisou soprar e soprar até a casa cair, mas o rápido elfo fugiu e se escondeu na casa do irmão da floresta."

— "Chegando lá bastou um balanço da clava do troll para que a casa de madeira viesse abaixo. Novamente os irmão fugiram e se esconderam com seu irmão na pedreira."

— Então o troll chegou e soprou, soprou e bateu até se cansar e ir embora – interrompeu Nemu de forma confiante.

— EI! Quem tá contando essa história?! – disse o Viajante arrancando risinhos de Nemu e das outras crianças.

— Onde eu estava? Ah!

— "Então o troll chegou e soprou, soprou, bateu e gritou até se cansar, MAS, ele não foi embora, ele ficou ali esperando e esperando. Depois de dias os elfos não tinham mais o que comer, então precisaram fugir. Cada um correndo para um lado, o troll confuso acabou deixando eles escaparem, ele então seguiu o rastro que levava todos até a casa do quarto irmão."

—" Sem ter o que usar, o quarto irmão precisou escavar o terreno e descobriu que ali era um antigo campo de guerra, então ele usou a única coisa disponível para fazer sua casa."

—" Quando o troll chegou e viu a casa, se virou e fugiu. O que ele encontrou foi uma casa feita de crânios de trolls, não era muito resistente, mas, com certeza, passava uma mensagem. "

— Não entendi! – disse Nemu.

— HAHAhaha! Sim, me desculpe acho que foi demais para os pequenos, certo, nesta versão a suposta fama salvou a vida dos elfos, da mesma maneira acho que a fama real de Carne pode ter afastado outros invasores. Aqui é onde existem as primeiras forjas de Runecraft fora do Reino Anão, era de se imaginar que vocês seriam mais assediados, mas pelo que eu soube não é o que acontece.

— O Rei Feiticeiro nos protege! – Falou Nemu com orgulho.

— Sim, tenho certeza, mas as histórias falam de vocês, de sua própria força e de suas vitórias.

Todos se olharam com orgulho e então admiraram sua prefeita.

— O senhor é muito gentil, senhor…?

— Talbot, John Talbot, um contador de histórias procurando lugares interessantes.

— Obrigado pela história senhor Talbot! Como está anoitecendo acredito que o senhor passará a noite aqui.

— Bem, acho que não tenho dinheiro para uma hospedaria, gastei meus últimos trocados na carruagem.

— Não há problema, meu marido e eu poderemos hospedá-lo por essa noite.

— Eu agradeço, mas preciso recusar, acho que não seria de bom tom abusar da bondade de pessoas que recém conheci.

— Então se o senhor quiser pode ficar no celeiro ou até dormir no alojamento junto com Jugem ou Grork – nisso o enorme troll acenou.

— O que? Dormir junto com um troll!

Todos se assustaram com a mudança de tom, soou extremamente preconceituoso.

— Vocês tem idéia do tamanho do peido deles?! Seria o bastante para queimar os olhos de um dragão verde!

Todos olharam de forma esquisita, "do que ele estava falando?" Então um som estranho começou, uma espécie de gargarejo gutural que aumentou e aumentou, se unindo a outros vindos de trás das pessoas que se viraram e se surpreenderam.

Os trolls estavam rindo, repetiam em sua língua o que o viajante falou, então riam mais, ninguém tinha visto um troll rir antes, era estranho mas começou a afetar as crianças primeiro, elas entenderam a piada e gargalharam o que fez todos rirem enquanto o Viajante sorria satisfeito.

A única que não ria era Lupusregina, ela era uma sádica e se divertia com o sofrimento dos outros, inclusive o de seus amigos. Em Nazarick, suas irmãs a ignoravam e nunca reagiam às suas pegadinhas, já Carne era um playground, pequenos sustos a divertiam, as pessoas não entendiam, mas o que importava era ela, sua vítima preferida: Enri. Mas desde que garota ficou grávida Lupusregina foi proibida por sua irmã de importuná-la, afinal essa gravidez pode ter sido sua culpa, já que buffar e recuperar as forças de Enri durante seus encontros com o marido se tornou um bom passatempo, o coitado mal se aguentava com as poções de recuperação, era hilário.

Mas agora vendo todas essas pessoas, incluindo Enri, rindo de uma piada de peido, parecia gerar um desconforto em Lupusregina, ela estava com ciúmes? Ou pior, com inveja