Mais um capítulo! Espero que gostem!
- 0 -
Capítulo 7 - Sereia
¿Quién es esa niña? Who's that girl?
Quem é essa garota? Quem é essa garota?
Señorita, más fina. Who's that girl?
Senhorita mais delicada, quem é essa garota?
Light up my life, so blind I can't see
Ilumine minha vida, tão cega que não consigo ver
Light up my life, no one can help me now
Ilumine minha vida, ninguém pode me ajudar agora
Run faster, her laughter burns you up inside
Corra mais rápido, o riso dela queima você por dentro
You're spinning round and round
Você está girando e girando
You can't get up, you try but you can't
Você não consegue se levantar, tenta, mas não consegue
(Who's that girl, "Quem é essa garota?, Madonna)
Sirius e a jovem bruxa ficaram mais dois dias na cabana, praticando feitiços com a varinha dela. O bruxo não teve dificuldade alguma de ensinar a moça; ela conseguia pegar suas explicações e demonstrações de imediato. A moça até conseguiu realizar alguns encantamentos antes mesmo que ele terminasse de explicar, uma evidência de que se sua memória já retinha o conhecimento.
- É estranho me lembrar de alguns feitiços, mas sobre mim, nada – comentou ela numa dessas ocasiões – Será que isso significa que estou próxima de recuperar minha memória?
- Talvez – o bruxo dava de ombros
A verdade é que ele já não estava tão ansioso para que acontecesse. Por mais que suas conversas se limitassem ao uso da magia e ao ensino, Sirius estava cada vez mais encantado com a bruxa, além de impressionado com sua capacidade de compreensão e destreza; ela devia ter sido brilhante antes da amnésia.
E como era linda! Os cabelos longos, castanhos e cacheados lhe davam um aspecto de uma mulher selvagem e, por isso, sensual; as curvas de seu corpo bem distribuídas, percebidas mesmo debaixo da túnica; o cheiro natural dela tão inebriante; os olhos intensos e profundos e, ao mesmo tempo, transparentes. E a boca dela... Que força fez aqueles dias para não avançar e beijá-la! Era um desafio diário controlar sua atração ao estar tão perto da bruxa.
Às vezes, tinha a impressão de que com ela se sucedia o mesmo, mas não se agarrava muito a essa ideia. Estava um bagaço de homem e, de qualquer jeito, quanto menos envolvidos, melhor. Sua relação devia se basear em uma parceria de troca.
Por sua vez, a jovem bruxa também estava fascinada por Sirius pelas habilidades dele e pela paciência e dedicação com que lhe mostrava os feitiços: ele teria se saído muito bem como professor. Por mais que sua facilidade em aprender se devesse à sua própria capacidade e a algumas memórias que reteve, estava satisfeita com os métodos dele. Além disso, Black era um perfeito cavalheiro: em nenhum momento, insinuou algum toque desnecessário como desculpa de ensino. A jovem também percebeu que lhe era desejável; não precisava de sua memória para adivinhar o óbvio. Bastava ver como ficava a respiração dele quando se aproximavam para treinar ou, às vezes, alguns olhares dele mesmo sem o fitar diretamente. Não a incomodava tanto, porém, deixava-a sem jeito; por outro lado, não podia negar que ele a atraía, mesmo com aquela aparência de um zumbi ou vampiro.
Contudo, a moça disfarçava o mais que podia aquela atração; não pretendia incentivá-lo a nada, pois seria complicado se envolver com ele. Para começar, havia sua amnésia; não sabia nada de sua vida e, muito menos, se havia alguém nela. Além disso, Sirius era um fugitivo da justiça. Que futuro poderiam ter?
Sobre Black ser um criminoso, havia chegado a duas conclusões: ou ele era inocente ou realmente cometeu um crime, mas não muito grave. Acreditava mais na primeira possibilidade; não sabia se era porque queria crer movida pela atração que sentia e por estar grata a ele ou se era fruto da sua intuição. Porém, mesmo que o bruxo fosse culpado, achava que teria um motivo bem justificado. Não conseguia imaginar Sirius como um criminoso sem coração; talvez ele tivesse roubado ou algo assim, mesmo sendo de uma família nobre.
De qualquer jeito, em ambos os casos, alguém o sacaneou: ao incriminá-lo ou ao denunciá-lo. Era claro que tinha o objetivo de se vingar dessa pessoa (o tal Harry), embora não tivesse dito às claras. E por vingança, ele deu a entender que pretendia matar. Se já era complicado estar na companhia de um criminoso, quanto mais ajudá-lo de, certa forma, a cometer um assassinato, mesmo que ele não a envolvesse diretamente na ação. E estar envolvida de modo romântico com alguém assim complicaria sua vida.
Quanto mais rápido suas memórias voltassem, mais fácil seria para se afastar daquele homem. Até lá o ajudaria no que precisasse em troca de sua proteção e por gratidão, mesmo que não concordasse com o que ele pretendia fazer.
Havia um aspecto em Sirius Black que a irritava: ele lhe chamar de "baby" ou então de "Sereia". Este último apelido ele passou a utilizar na última conversa em que concordou em levá-la com ele.
- Tenho que te chamar por algum nome, baby. E já que você ainda não se lembrou do seu, vai ser esse.
- E por quê esse? - perguntou desconfiada
- Ah, não se preocupe. Não estou querendo insinuar que você tem cara de sereiano – como ela o olhou confusa, ele suspirou – Esquece. É que como te achei próxima ao mar, você bem que podia ser uma sereia – imprimiu um tom de gozação ao qual ela revirou os olhos – Que tal? Pode ser ou você prefere que eu continue te chamando de baby?
- Nenhum dos dois, mas… pode ser. Por enquanto.
Desde então, ele lhe chamava de Sereia, quando não se esquecia e voltava a se dirigir a ela como baby; irritava-a um pouco, mas ela ignorava.
Outro aspecto que a incomodava era Sirius não compartilhar o que fariam logo a seguir depois daquele curto treinamento, mas ela compreendia; ele ainda não confiava nela por completo, apesar do juramento. Apenas no segundo dia de treino, após jantarem e acomodarem-se na sala, que o bruxo declarou:
- Amanhã vamos sacar dinheiro e ficar uns dias em um hotel.
- Como? - ela piscou os olhos
- Você escutou muito bem
- Ficou maluco?
- Desde que me entendo por gente. - emulou um sorriso – Você não é a primeira a me dizer
- Estou falando a sério. - ela fechou o rosto – Você está me dizendo que pretende entrar num banco para roubar e depois nos hospedarmos em algum lugar como se fosse nada? E ainda mais você sendo um fugitivo? Já devem estar te procurando por todos os cantos!
- Em primeiro lugar, não vamos roubar um banco. Vamos sacar dinheiro do meu cofre, ou seja, nada ilegal. Em segundo lugar, sim vamos para outro lugar nos hospedar antes de irmos para nosso destino. E terceiro, eles já devem estar me procurando, mas esperam encontrar um bruxo – ele se ergueu – Não um cachorro.
E se transformou em um cão preto e grande. A bruxa deu um pulo da cadeira; o animago deu um latido de diversão.
- Você… você era aquele cachorro! - ela o apontava, ao que ele acenou com a cabeça enquanto abanava o rabo – Mas… como? Você nem estava com uma varinha.
- Sou um animago. - informou ele ao retornar à forma humana – É um tipo de bruxo que pode se transformar num animal que ele escolher, mais precisamente o que ele é em seu interior. O meu é um cachorro.
- Também posso me transformar em algum animal se eu aprender?
- Não tenho dúvidas que você conseguiria – sorriu – Mas é uma magia bem complicada que pode demorar de meses a anos. Eu custei a me transformar depois de uns quatro anos. - ela abriu a boca para ele – Não temos tempo para aprender agora – a bruxa assentiu desapontada – Mas… quem sabe depois eu possa lhe ensinar?
- Eu adoraria! - a moça exclamou e bateu palmas. Murchou quando Sirius gargalhou – Er… não é caso para rir.
- Foi mal. - cessou as risadas – Não foi para zombar de você… é que me diverte seu entusiasmo por aprender.
- Hum… certo – ela empinou o nariz – Mas de qualquer jeito, ainda acho a sua ideia maluca. Para quê você quer sacar dinheiro? E no que seus poderes de animago podem nos ajudar?
- Nada lhe escapa, hein, Sereia? Respondendo à sua primeira pergunta, nós não podemos ficar aqui nessa cabana para sempre. Foi muita sorte ainda não terem vindo aqui. Tenho um amigo que acredito que esteja vivo e que sabe desse lugar.
- Esse seu amigo…?
- Não é o sujeito que quero pegar – cortou já antecipando a pergunta dela e admitindo o que pretendia - Mas não quero me arriscar a ficar neste lugar mais tempo. Depois, acho que merecemos uma variedade maior de alimentos, não acha? Pra mim, não teria problemas em continuar comendo peixes, esquilos e frutas, mas acho que pra você não estaria muito bom.
- Não se preocupe comigo… se essa é a questão.
- Ah, sim, me preocupo. Não quero ser responsável por sua saúde se você não estiver bem. - ela torceu a boca, ele contraiu os lábios para não rir de novo – E de qualquer jeito, quero ter mais opções para recuperar mais forças… e minha forma. Também precisamos de mais roupas… As suas ainda estão cheirosas, mas as minhas… sei que o cheiro te incomoda... e a mim também. E elas estão esfarrapadas. Preciso também de novos sapatos… esses aqui estão tão gastos que já consigo sentir o chão nos pés. – apoiou no encosto da poltrona e mostrou um pé. De fato, na sola já havia um buraco – Agora... sobre o hotel, é apenas por uns dias... e depois vamos para outro lugar pra eu te deixar segura.
- Peraí... você não vai ficar comigo nesse outro lugar?
- Não o tempo todo. Vou precisar ficar em outro lugar a maior parte do tempo, um que preciso estar… para cumprir minha missão. – houve um silêncio. Ambos sabiam o que era "a missão" - Tenho que vigiar bastante para achar uma oportunidade de fazer... o que é necessário. Mas não se preocupe, vai ser bem próximo de onde você estiver e vou retornar de vez em quando para checar sal segurança.
A bruxa mordeu os lábios ainda em dúvida. Por Merlin, por que ela tinha essa mania toda vez que desejava perguntar algo ou ficava pensativa? Isso só o deixava mais excitado e com uma vontade enorme de ser ele a morder aquela boca.
- Não se preocupe, Sereia. Você ficará bem – tornou ele recobrando o controle – Basta seguir minhas instruções que tudo dará certo.
- Vamos pela manhã?
- De tarde. Quero praticar mais um feitiço com você bem cedo – ela ia abrir a boca, mas ele fez um gesto com a palma da mão – Amanhã te falo.
Quase riu do bico dela.
- 0 -
Os dois estavam diante da casa, de frente um para o outro. A bruxa olhava ansiosa para Sirius.
- Nós vamos praticar aparatação. - informou Black – É quando um bruxo se transporta indo de um lugar para o outro sem atravessar um espaço físico. É uma forma mais rápida de você deslocar. Só que tem quem não goste.
- Por quê?
- Humm.. pode causar tonteira, mesmo depois das primeiras vezes. E se não for bem feita… você pode perder uma parte do seu corpo – a bruxa arregalou os olhos – Não se preocupe, acredito que você já saiba porque é maior de idade. E estarei por perto para te orientar.
- Aham… certo.
Sirius explicou em poucas palavras os três princípios do feitiço: destinação, determinação e deliberação e o que requeria cada um deles.
- Vou te mostrar na prática. Observe – apontou para uma árvore a dois metros deles – Vou para lá.
E, no mesmo instante, desapareceu e reapareceu no local, fazendo um barulho como se um cano de carro descarregasse. A bruxa ficou boquiaberta, enquanto o Maroto encostava um braço no tronco e estufava o peito com um sorriso.
- Viu como é fácil?
Ela quase o chamou de "exibido", mas se conteve.
- OK. Faça de novo, por favor.
Ele mostrou mais quatro vezes em diferentes pontos.
- Acho que você já viu o suficiente para entender. - a mulher assentiu. Black se postou ao seu lado – Agora é sua vez. - ignorou a sensação que ela lhe causava tão próximo a ele e indicou o mesmo ponto ao lado da árvore – Quero que vá para lá. E se lembre do que lhe expliquei
- Tá.
- Quando você estiver pronta, pode ir.
A bruxa suspirou, abaixou o corpo, fixou sua mente no local, preencheu a mente com o desejo de estar lá e girou, sentindo cada parte do corpo penetrar o vácuo. Ela teve uma ligeira sensação de ter feito aquilo antes outras vezes, mas a ignorou para se concentrar no que fazia e quando viu estava perto da árvore.
- Consegui! - exclamou ao ver Sirius parado no mesmo local em que esteve
- Perfeito, Sereia! - ele exclamou de volta – Sabia que ia conseguir. Mas como suspeito, você, com certeza, já fazia isso antes. Agora tente voltar para cá.
A jovem assim o fez e, em seguida, foi para outros pontos próximos que o bruxo indicava.
- Certo. Você já pegou a coisa. Agora o desafio é ir para um local que você não pode ver daqui, mas já esteve antes e se lembra onde fica. Vamos tentar o lago? - viu a hesitação dela – Relaxe, Sereia, você consegue. É a mesma técnica. Você só tem que…
Porém, não terminou de falar porque a bruxa desaparatou de seu lado. Sirius piscou surpreso, mas aguardou que ela retornasse. Não decorreu muito tempo e a mulher estava de volta.
- Foi fácil – abriu um largo sorriso – Posso fazer de novo?
Black a fitava embevecido; ela parecia tão menina e, ao mesmo tempo, tão sexy com aquele ar maroto.
- Sirius?
- Aham? - balançou a cabeça para voltar a si
- Posso fazer de novo?
- Claro.
Ela o fez e quando retornou, o bruxo explicou:
- Certo. Agora quero lhe mostrar outra forma de aparatar… levando alguém com você. Vou te levar para o lago junto comigo... esse tipo de aparatação serve quando o acompanhante não sabe para qual local ir. - estendeu o braço para ela – Segure bem. OK?
A bruxa engoliu em seco. Desde o primeiro almoço que tiveram, não houve outra ocasião para que se tocassem, mesmo durante aqueles treinos; Black parecia ter o máximo cuidado para que tal não acontecesse. Porém, era inevitável que tornasse a ocorrer e… talvez provocar aquele choque. Notou um pouco de tensão no semblante de seu parceiro como se ele pensasse no mesmo. Quando, por fim, enlaçou seus dedos no braço de Sirius, não houve um choque como aquele, mas sentiram uma eletricidade, mesmo que ela o agarrasse pela manga da roupa. Ambos escolheram ignorar a sensação e concentrar-se no que tinham que fazer. Na mesma hora, estavam juntos perto do lago; imediatamente, a bruxa retirou a mão do braço de Black.
- Muito bem. - ele pigarreou para disfarçar o clima – Você viu que é o mesmo que aparatar sozinho, só tem que levar alguém com você… e essa pessoa tem que se segurar. Só não precisa apertar o braço.
- Oh, desculpe.
- Sem problema, baby – ele sorriu – Agora é sua vez. Vamos voltar para a frente da cabana.
Dessa vez, foi Black que segurou em seu braço. Ele não apertou, mas seu toque foi firme e preciso; a bruxa fechou os olhos, contendo um suspiro e obrigou-se a se concentrar. E logo estavam de volta ao lugar de origem.
- Muito bem. Por agora chega. - declarou Sirius e afastou-se – Era preciso te ensinar a aparatar porque talvez você tenha que fazer isso algumas vezes quando por algum motivo eu não puder ou preferir assumir minha forma animaga. Só que hoje, eu que vou nos levar daqui, porque você obviamente não se lembra de nenhum lugar fora este. - ele se dirigiu para casa – É melhor descansarmos até lá.
Depois do almoço, a bruxa quis dar uma última volta no lago para se despedir, pois sentiria falta daquele lugar que havia se tornado tão familiar naqueles poucos dias. Quando retornou, viu Sirius rabiscar sob a mesinha da sala com um cotoco de lápis um pedaço de papel velho e rasgado que guardou no bolso. Ela não o indagou, embora a curiosidade lhe picasse. Mais tarde, depois de um breve cochilo, Black a chamou para se irem. Deram uma última olhada na cabana e então se fitaram.
Por Merlin, os olhos da bruxa eram tão convidativos! Era como se o hipnotizassem, assim como tudo nela. Não foi à toa que passou a chamá-la de Sereia. Não era porque achava que se ela parecesse com um sereiano, mas pelo sentido metafórico que os trouxas davam à palavra quando se referiam a uma mulher bela, encantadora e irresistível. É claro que ele não lhe disse isso, usando a desculpa de tê-la encontrado na costa. Se bem que não deixava de ser verdade: o mar havia lhe presenteado ao lhe permitir fugir e deparar-se com uma sereia.
- Pronta? - perguntou ele após alguns instantes em observá-la e vê-la corar. Era outro aspecto que ele adorava na jovem. A bruxa assentiu e segurou seu braço. Black abriu um largo sorriso – Se segure, Sereia!
E desaparataram.
- 0 -
Bom, no próximo capítulo esses dois começam a se misturar ao Mundo Bruxo. Antes, só um esclarecimento: algumas coisas vão acontecer como antes, embora com ligeiras modificações, e outras não (o próprio fato de Sirius estar com Hermione é uma das que não aconteceram, óbvio). Isso mais para a frente vai ter uma explicação. Por hora, não se preocupem.
Mandem seus comentários. Até a próxima!
