16 de Julho de 2017.

Vista Del Rey, Heywood. NC

Circulando pela sua rede sanguínea e adentrando os seus demais órgãos, o efeito do composto consumido instantes atrás já tomava conta do seu sistema, nublando sua mente e agitando seu corpo, que em decorrência aos atuais movimentos, fazia seu coração bombear freneticamente em seu peito. Sua mente estava tão leve quanto uma pluma, enquanto seu corpo estava fervendo como um vulcão. As sensações eram diferentes, mas a mistura delas era o que a agradava. Ela ficava mais propensa a fazer o inimaginável dessa forma. Era o que ela geralmente buscava.

A euforia somada a excitação e desejo ardente a consumiam naquele exato momento. Suas mãos suadas puxavam o cabelo de seu parceiro enquanto seu quadril se movia no colo dele, seus movimentos necessitados fazendo com que o corpo de ambos conectados, compartilhassem a mesma experiência.

Seus dentes arranham a pele de seu ombro antes de mordê-lo. Suas unhas deslizam agressivamente pela sua nuca quando ele impulsiona o quadril para cima, se afundando mais dentro dela. Os gemidos dela são contidos contra o ombro e pescoço dele. Sua expressão chorosa demonstra o quanto ela se esforça para não deixar seu desejo escapar pela garganta. Porém, mesmo com tanto esforço, uma pequena lamúria escapa de seus lábios quando o membro dele estimula seu clitóris por dentro de sua cavidade úmida. Ela sente sua mão firme agarrar os cabelos de sua nuca e puxá-los com violência, a fazendo encará-lo nos olhos.

"Eu não mandei você ficar quieta?!" Os fios sendo quase arrancados de sua raiz lhe causam prazer intenso. Sua cavidade umedece ainda mais com a agressividade do ato dele, portanto ela não se arrepende de não ter sido uma boa garota. Ela ignora o alerta dele, instigando seu quadril a se mover com mais veracidade em seu colo, querendo sentir mais dele.

"Mais forte, mais… hum!" Ela geme de dor e prazer quando ele atende o seu pedido ao mesmo tempo que puxa seu cabelo com mais força. Ela parecia completamente imersa, mas ele estava atento, preocupado, em alerta ao mesmo tempo que tentava se concentrar em se liberar nela. A desordem com que ela rebola em seu colo o faz apagar por uns instantes. Ele fecha os olhos para saborear a deliciosa sensação que era estar envolto por ela. Se deixa levar pelo calor acolhedor do interior dela que abriga seu pênis duro e enrijecido, abrindo espaço pelas suas paredes esponjosas e misturando seus fluidos com os dela. Ela estava molhada e ele estava pingando, quase se liberando, quase a preenchendo. Sua glande inchada escorrega pela entrada apertada dela e ele rosna contra seu pescoço. Ele estava perto, tão perto.

Mas seus sentidos de alerta retornam quando uma batida chega até a porta do quarto onde eles estavam. Ainda parecendo estar alheia ao perigo que os cercava, ela deixa mais um gemido escapar, mas esse saiu incompleto, pois a mão grande dele voa para tampar sua boca e a impedir de emitir qualquer som audível o suficiente. Ela abre os olhos com a ação repentina e tem seu corpo jogado na cama.

O olhar de ambos se dirige até a porta que recebe mais uma batida.

"Hinata! Hinata, você está aí?"

Em contraste com o olhar de apreensão do homem entre as pernas dela, nos dela havia um brilho malicioso em expectativa de ver a reação da pessoa atrás da porta se ela entrasse e visse a cena atual. A possibilidade de ser pega parece incendiar seu corpo já em chamas e por conta disso ela empurra seu quadril para que ele não diminua os movimentos dos dele. Isso o atrai para ela novamente.

"Se estiver, pelo menos responda. Você não vai gostar se eu invadir seu quarto de novo!"

Obviamente, ela não estava em condições de responder. Ela agarra a nuca do homem acima dela e o instiga a continuar. Ambos estavam quase finalizando, atingidos seu ápice, não havia como pararem agora. Os olhos dele escureceram quando interpretam a malícia nos dela e seu quadril imediatamente começa a empurrar contra o dela com mais força, mais rapidez.

A maçaneta da porta é agarrada numa tentativa de abrir a porta, mas esta, por sorte, estava trancada.

"Que droga! Estou saindo e hoje terei uma reunião depois do trabalho, então chegarei por volta das 20h." Ela faz uma pausa. "E você sabe onde o Naruto foi?"

A voz da mãe dela preenche seus ouvidos e ela sente um ímpeto de rir. Ela estimula seu quadril para coordenar seus movimentos com os dele e um novo rosnado escapa da boca dele rente ao seu rosto. As pernas dela envolvem sua cintura, cruzando os tornozelos em suas costas. Ele deixa seus movimentos em ondas para que o som de seus corpos se fundindo não chegue até os ouvidos da mãe dela na porta. O interior quente dela parece lhe arrancar a sanidade e ele se vê mergulhando seu membro duro dentro dela com veemência, sentindo sua glande pulsar e pronta para expelir seu líquido quente e pegajoso em seu canal vaginal a qualquer momento.

"O carro dele ainda está aqui, mas eu não o encontro em nenhum lugar…"

Os olhos dela voltam para a porta e ela pode visualizar a forma da mãe do lado de fora, com a cabeça inclinada contra a madeira, para ver se consegue descobrir se a filha está acordada ou dormindo, ou até mesmo divagando se o seu mais novo padrasto ainda estava por aqui.

Ela é distraída pela investida bruta contra sua entrada e fita os olhos acima dela. A sensação de vitória, luxúria, êxtase e desejo a invadem enquanto admira aquelas íris azuis e ela sabe que vai ser tão arrebatador que seu corpo irá convulsionar. Ele desliza seu membro para dentro de sua boceta encharcada e investe com força. Ele sente as unhas dela machucarem sua nuca e seu corpo arquear contra o dele.

"Enfim, se você o ver quando levantar, peça-o para ficar para o jantar, está bem?" Ela olha seu relógio de pulso.

Ela não escuta mais a voz de sua mãe, ela foi levada para outra dimensão graças ao orgasmo que a atingia naquele instante. Sua entrada judiada e invadida aquece contra o membro deslizante dele. A sensação também o envolve e meio segundo depois, seu membro está ejaculando dentro daquela cavidade úmida e quente que ele tanto adorava foder.

Ele esconde o rosto contra o pescoço dela para poder abafar seus próprios gemidos de prazer enquanto ainda se libera.

"Tem congelados na geladeira, então você mesmo pode cuidar disso." Ela se demora um pouco para se virar e finalmente sair. "E levante dessa cama logo. Não quero ver a Hanabi fazendo as suas tarefas novamente!"

Eles escutam os passos dela ficarem distantes à medida que ela caminha até a porta de entrada, levando com eles o pavor de serem não só interrompidos como também descobertos.

Hinata sente o aperto dele se desfazer em seu cabelo e sua mão escorregar de sua boca. Ele a agarra pelo pescoço para poder virar seu rosto. Ela ri de seu olhar embriagado com prazer e apreensão.

"Eu tinha dito que tranquei a porta." Ela o lembra com um sorriso travesso. Ele suspira ao sair de dentro e de cima dela, se deitando ao seu lado.

"Que merda! Essa passou muito perto…" Ele cobre os olhos com o braço.

"Ela não ia pegar a gente."

"Mas ela podia ter nos ouvido." Seu olhar a acusa novamente enquanto ele se senta na cama. "Tudo isso porque você não sabe ficar de boca fechada."

Ele se inclina para pegar suas peças de roupa espalhadas pelo chão e vesti-las.

"Na próxima vez vamos para o seu apartamento. Eu posso ser barulhenta o quanto eu quiser lá, não é mesmo?"

"Você esquece que eu tenho vizinhos?" Ele passa a calça pelas pernas após ter colocado sua boxer.

"A gente pode dar um showzinho pra eles." Ela se rasteja na cama até ele para poder abraçar suas costas e mordiscar o lóbulo de sua orelha. "Eles bem que precisam de um estímulo."

"Você tem dado showzinhos o suficiente ultimamente." Ele afasta a orelha dela. "Você tem aparecido muito por lá, as pessoas comentam e essa cidade é muito pequena." Ele veste sua camisa e se levanta.

Ela se joga na cama novamente. "E daí que elas comentam? Elas se deliciam com isso. Não corremos risco algum. As atrocidades que eles cometem nem se compara a nossa."

Ele ajeita o zíper da calça. "Isso é muito depravado."

"Bem-vindo a Night City!" Ela engatinha até a beirada da cama onde ele estava e abraça seu pescoço. "Vai embora?"

Ela força sua boca contra a dele e lhe rouba um beijo. Ele tem que afastar suas mãos de seu rosto para poder responder. "Sim, tenho trabalho a fazer. Era pra eu já estar em casa adiantando algumas coisas, inclusive. Pretendia sair antes da Hera acordar."

"Hum, atrapalhei seus planos."

"É o que você sempre faz."

"E nunca te vejo reclamar." Seus dentes mordem seu lábio inferior e ele a empurra gentilmente na cama. "Se vista!"

Enquanto ela colocava uma camiseta grande, vestia sua calcinha e um short, ele procurava a chave do seu carro. Muito provavelmente, durante o ataque de Hinata quando ela o arrastou para seu quarto, a chave deve ter caído no chão, pois não estava a encontrando em seus bolsos.

"Não tô achando as minhas chaves…"

Ao se virar para ele, pela sua visão periférica, ela enxerga a chave derrubada embaixo da cama, há três passos de seus pés. Sua pulsação se eleva ao perceber o que tinha ao lado da chave.

"Será que você não as deixou na jaqueta? Na sala?"

"Vou checar…"

Assim que ele deixa o quarto, ela agarra as chaves e o conteúdo ao lado dela. Ela se certifica de jogar no lixo do banheiro antes de ir até ele.

"Não está aqui-"

"Aqui!" Ela as estende. "Estavam no chão."

Ele agradece ao terminar de vestir sua jaqueta. Ele aciona o alarme do carro estacionado bem em frente a casa. Ao se virar para se despedir, Hinata pula em seu colo e quase o derruba contra o sofá. Ele agarra sua cintura para segurá-la e retribui o beijo selvagem dela.

"Vai voltar hoje?"

"Eu não sei..."

"Você ouviu a mamãe. Ela te quer no jantar hoje." O sorriso malicioso surge em seu rosto. Ela sempre fazia isso quando falavam sobre a mãe dela que, aliás, era um fator importante no relacionamento deles.

Naruto achava ser a coisa mais doentia do mundo e mesmo assim, aqui estava ele. Com ela nos braços e pensando se deveria voltar hoje a noite apenas para tê-la como sobremesa após o jantar.

"Eu vou pensar!" Ele joga pra ela sabendo que ela vai fazer manha, exatamente como a garota birrenta que ela é.

"Nãaaaaao! Volta, por favor. Nem que seja pra me buscar e aí vamos pro seu apartamento depois. Eu me escondo no seu carro."

"Hinata, eu já te disse que não é bom ficar te levando pra lá."

"Se alguém um dia te questionar, você pode dizer que sou sua filha."

A expressão dura dele repreende a divertida dela, claramente não compartilhando sua risada por sua piada sem graça.

"Você é doente, sabia disso? Você tem que parar com essa sua perversão…"

"Tá bom, tá bom, me desculpe. Às vezes esqueço que você é velho e careta, sabe?! Eu só fiz uma brincadeira. Meus amigos ririam comigo."

"É, mas eu não sou a porra dos seus amigos que compartilham a mesma quantidade precária de neurônios que você. Esse humor ácido não é a minha praia e para com essa insinuação. Você sabe que isso me irrita."

Ele a solta no sofá atrás dele e caminha até a porta. Hinata cai, ainda rindo. "Você vem ou não?" Divertida, ela o encara de volta, já do lado de fora, enquanto entrava no carro, não lhe dando resposta alguma.

Sim, ela sabia que isso o irritava porque quando eles eram vistos na rua juntos, era exatamente essa imagem que passavam, de pai e filha. Afinal, a diferença de idade entre eles era de nada mais, nada menos que quatorze anos. Embora a diferença de idade não incomodasse Hinata, para Naruto era apenas mais um fator nessa relação conflituosa, conturbada e errada em tantos níveis. Ser lembrado de quantos aniversários a sua amante havia comemorado na vida o fazia questionar que tipo de homem ele se tornou ao conhecê-la. Parece que ela era capaz de despertar o pior deles. E como se não bastasse ele estar em uma relação sem precedentes com ela, a carga que ela trouxera consigo estava o sufocando cada dia mais.

A garota petulante, dissimulada, rebelde e sociopata com quem ele estava tendo relações já fazia três meses, era também sua enteada, filha da sua atual namorada, Hera Hyuga. Uma mulher sete anos mais velha que ele e que não tinha ideia de que nas noites em que o padrasto de Hinata dormia em sua casa, ele também visitava o quarto da sua primogênita.

Quando o carro dele arranca e some de sua vista, ela retorna para o quarto para verificar se não existe mais nenhuma evidência de seus atos inconsequentes, segundo a opinião de Naruto.

"Se eu souber que você anda usando essa porcaria de novo, você pode esquecer da gente!"

"Até parece." Ela desdenha da lembrança de sua bronca. "Não é a porra do meu pai!" Ela pega mais uma ou duas provas e se encarrega de descartá-las. "Não me diz o que fazer."

Infantil? Sim, ela sabia ser infantil com maestria, afinal, não passava de uma garota no auge dos seus dezessete anos. O que no início foi um empecilho no seu relacionamento com Naruto, que dormiu com ela sem saber que ela era de menor. Sua feição juvenil lhe dava a aparência de uma garota alcançando os seus vinte anos, no máximo. Então foi fácil ele não se atentar a esse detalhe importantíssimo.

"Você não entende. Eu posso ser preso, porra!"

Ela ri ao se lembrar do espanto dele e do quanto ele a evitou quando suas investidas ficaram mais insistentes. Ele a queria, mas não pretendia arriscar-se por ela.

"Vai ser o nosso segredinho, ninguém precisa saber. Eu sei ser uma boa garota."

Talvez tenha sido o modo como ela sussurrou em seu ouvido, ou a sua mão que fugindo da compreensão dele, já se encontrava dentro de sua calça e lhe persuadindo a cair na maior tentação de sua vida. Mesmo ele a evitando, ela sabia que uma hora ele iria ceder, e quando esse dia chegou, ela soube que venceu.

Ele era o seu maior prêmio em cima de sua mãe. Ela se gabava por ter o mesmo homem que ela em sua cama, sendo a escolha preferida dele, o arrancando dela quase todas as noites. Ela se enchia de presunção e euforia quando Naruto se esgueirava pelos corredores à noite para se enfiar no quarto dela, abandonando sua companheira na cama para poder foder a filha dela, bem embaixo do nariz dela, do teto dela.

Essa foi a maneira que ela decidiu se vingar por todos os anos que teve que conviver com ela, por tudo que ela havia tirado dela. Quando Hinata descobriu que o homem com quem se envolveu em uma noite casual na Afterlife era o namorado de sua mãe e seu novo padrasto, ela viu uma oportunidade de ficar por cima, mesmo que em segredo. Era gratificante olhar para sua mãe e saber que o novo namoradinho dela, a quem ela se gabava para as amigas pela beleza e porte másculo, geralmente tinha o membro dele enfiado dentro dela, quase todos os dias. Alimentava sua perversão saber que pela primeira vez, ela estava na vantagem. Ela estava ganhando.

Pode chamá-la de depravada, de vulgar ou até mesmo de vadia, ela não se importava, na verdade, ela até gostava de ser promíscua. Não precisava fingir ser o que não era e não se importava com a opinião alheia. Na verdade, ela não se importava com nada.

Deixou de ser capaz de ter empatia por qualquer ser humano há muito tempo.

Era desprovida de qualquer emoção humana na maioria das vezes, o que até assustava seus amigos, pois sabiam que não podiam confiar nela. Nunca. Ela os jogaria para os leões na primeira oportunidade em troca de algumas gramas de pó, sem nem pensar duas vezes. Ela tinha suas prioridades e elas giravam apenas em torno dos seus interesses. E seu maior interesse nesse momento, era Naruto.

Depois de conquistá-lo, ela fazia de tudo para conseguir manter a atenção dele para si. Ela sabia que ela era o atual objeto dos desejos dele e que eles até estavam bem envolvidos. Naruto não conseguia recusá-la mais. Estava sempre pronto para se afundar nela na primeira oportunidade, mesmo que isso às vezes os colocasse em perigo. Se Hinata havia o enfeitiçado, ela não sabia, mas se tem uma coisa em que ela era boa, era em aproveitar as oportunidades. Por isso, sempre que ele estava por perto e ela o queria, ela arrumava uma maneira de seduzi-lo até ele lhe dar o que ela queria. E ele cedia na maioria das vezes.

O fato dela permitir que ele fizesse com ela o que bem entendesse também facilitou para que seu joguinho de sedução funcionasse perfeitamente. Ela não corria riscos na mão dele, ele não era um doente pervertido e insensível.

Esse título estava com ela.

Mas ele sabia aproveitar a liberdade que ela lhe dava. Ah e como sabia! Por mais que ele fosse um homem bem mais velho e experiente, Hinata também não ficava muito atrás nesse quesito, não era inexperiente em quase nada.

Sua primeira experiência sexual aconteceu cedo demais, precoce demais, com um homem também mais velho. Ele tinha vinte e cinco e ela tinha acabado de completar quinze. Ela já estava desviando dos caminhos da pureza fazia um ano. Fez o seu primeiro boquete em Kiba, seu atual melhor amigo, no banheiro masculino da escola. Ele lhe ensinou algumas coisas e ela se aprimorou, não somente com ele. Em um belo dia, quando estava saindo do colégio com seus colegas, todos toparam ir em uma festa na casa da garota loira do grupo. Lá ela conheceu Sasori, o rapaz dez anos mais velho. Como ele não havia largado do seu pé a festa inteira, ele fez questão de induzi-la ao álcool para que ela ficasse mais propensa a lhe dar mais atenção. Hinata sabia que essa poderia ser a sua primeira vez, e simplesmente curiosa de como seria, aceitou o convite dele para subir as escadas.

Ela não havia lhe dito que era virgem, não queria que ele desistisse. Ela o estimulou com o que ela sabia fazer de melhor com a boca e logo ele estava dentro dela. Ela não diria que a experiência foi de todo ruim, mas com certeza não foi a melhor. Ela sentiu mais dor do que prazer, mas em alguns momentos, a fricção até que a agradou. Ela se encontrou com ele mais algumas vezes e então acabou pegando o jeito. E foi nesses encontros que ele a apresentou ao mundo dos estimulantes. Algo que ela aprendeu a gostar rápido.

Depois que seu lado sexual foi explorado, ela decidiu explorar seu gosto tanto para homens quanto para mulheres. Descobriu a diferença entre os experientes, os novatos, os que sabiam fazer um bom oral e os que tinham pavor de buceta. E a sua conclusão foi que os homens mais velhos eram infinitamente melhores.

Seu professor novo de Biologia era um tanto jovem e enrustido, então não soube muito bem como agir quando uma de suas alunas se insinuou para ele. Mas como sempre, acabou a levando para seu apartamento.

Hinata havia aprendido cedo como ganhar mais homens em sua coleção. E não havia segredo para tal. Ela era mulher, gostava de sexo e não se importava com sua reputação.

Ela fazia suas próprias regras.

Sua autoconfiança ou o seu alto nível de promiscuidade afastava as garotas do seu círculo social na sua escola, o que a fazia ter mais amizades com os rapazes. Todos tendo tido o seu momento com ela.

"O corpo é meu, a boceta é minha, eu dou pra quem quiser!"

Seus prazeres estavam sempre em primeiro lugar e por conta disso, ela não levava em consideração os sentimentos alheios. Nem mesmo os da única garota que pertencia ao seu grupinho de delinquentes. Ela acreditava ter feito uma boa ação, de verdade. Foi sua primeira atitude genuína, ela fez pensando na amiga. Mas não foi assim que Rika entendeu a situação quando descobriu que seu atual namorado havia transado com Hinata dois dias antes da primeira noite deles. Perdendo sua virgindade com ela, porque segundo ele, estava inseguro quanto a primeira vez deles e queria estar melhor preparado.

A ardência em sua bochecha direita, por incrível que pareça, mesmo vindo de uma situação completamente diferente, a deixou incrivelmente excitada. Uma reação oposta da esperada, inapropriada para o momento. Talvez porque ela soubesse o motivo daquilo. Ela levantou seu rosto lentamente para olhar em direção de quem executou a ação que silenciou o refeitório inteiro, calando todos os burburinhos e atraindo a atenção de todos para elas.

"Você é a vadia mais imunda e escrota que eu já conheci em toda a minha vida."

'Oh, aquele frouxo de pau mole contou pra ela.'

Os olhos castanhos claros dela estavam marejados e vermelhos. Sua respiração um tanto ofegante e suas mãos tremiam. Ela estava nervosa, é claro. Mesmo em um surto de raiva como aquele, algo inimaginável partindo dela, ainda sim era preciso ter culhão para enfrentar os olhos frios e opacos de Hinata Hyuga, a vadia demoníaca da escola.

"Como você teve coragem de fazer isso comigo?"

Ela encara a garota perturbada e raivosa à sua frente.

"O quão frouxo o seu namorado tem que ser pra ter te contado isso?"

"Deve ser porque ele não é mesquinho e nojento que nem você. Porque ele se importa com a gente. Por isso ele-

"E por isso ele te contou que transou com a sua amiga porque estava inseguro sobre a primeira vez dele? Cai na real, nem você pode engolir essa." Ela acaba rindo. "Mas, se foi bom pra você, então eu te fiz um favor, né?" Ela sorri ladina, com a mesma expressão costumeira, de que nada na sua vida era emocionante o suficiente. De que a situação não era grande coisa.

Rika fica estática diante da frieza dela. Esperava ver pelo menos um pouco de vergonha nos olhos dela, um pouco de arrependimento porque vendo que ela havia descoberto, isso manchava ainda mais a amizade delas, mas tudo que encontrou foi indiferença. E encarar aqueles olhos tão vazios e opressores a fizeram se sentir tão mal que teve que recuar, se afastar da aura pesada que rodeava Hinata. Ela não queria ser contaminada, não queria acabar como ela. Pensava que a conhecia, mas não tinha ideia de quem ela poderia ser ou do quê ela era capaz de fazer.

"Puta! É isso que você é. Uma puta que se acha melhor do que todo mundo. Deveria ir se tratar, Hinata. Você é doente! Uma puta, uma vadia dissimulada e sem escrúpulos. UMA PUTA DESGRAÇADA!"

"Não se esqueça de que eu não fiz nada sozinha. Se ele enfiou o pau em mim foi porque ele quis. Eu não o forcei a nada."

Após a garota extravasar sua última sentença, Hinata a observa se afastar a passos duros, falhando em segurar as lágrimas, ciente de que nunca mais olharia para o namorado com os mesmos olhos, sabendo com quem ele foi capaz de se envolver.

"Sabe, devia me agradecer…" Ela diz alto. "... se não fosse por mim, ele nem saberia em qual buraco enfiar!"

Isso arranca algumas risadas do seu grupo de amigos, dela e de outros rostos que observavam de longe. Ela volta a se sentar na cadeira, descendo da mesa. "Fala sério, que tipo de cara se confessa pra própria namorada?"

"A Hinata corrompeu o pobre Yuta!"

E era assim que ela geralmente lidava com as coisas. Com total indiferença. Ela não precisava de ninguém e ninguém precisava dela. Todos eram livres para se aproximar ou evitá-la. Ela não se importava. Deixou de se importar há muito tempo.

Com o único intuito de aproveitar a vida da forma mais leviana possível, ela não se importava em ser apenas uma massa de modelar na mão de outros, até porque nas mãos dela, eles eram exatamente a mesma coisa, até que ela enjoasse.

Entretanto, após conhecer Naruto, ela foi apresentada a um mundo de jogos sexuais que ela não havia experimentado antes. Com sua permissão, ele fazia dela sua boneca do prazer, tomando posse do corpo dela quando e como ele quisesse.

Hinata gostava de experiências novas, gostava de ser levada ao limite e Naruto a levava além sempre que podia. Ela estava mais do que envolvida nesse jogo de prazer entre eles, ela estava começando a ficar completamente dependente dele. Sua semana não valia a pena se ela não o tivesse por perto. Apesar dele dormir em sua casa, muitas vezes ele preferia ficar em seu apartamento e Hinata era obrigada a esperar pelo fim de semana para pode ir até ele. O relacionamento dele com sua mãe era de certo modo sólido, mas ela sabia que não havia sentimentos, para a sorte dela. Acreditava que assim que ele concluísse sua tese de apresentação e ela fosse aceita, ele terminaria com sua mãe para poder cursar. Ela só esperava que eles pudessem continuar se vendo depois disso.

Após terminar de fazer a varredura por seu quarto, ela toma um banho e se ocupa com seu celular pelo resto da noite. Ela acabou cochilando em algum momento, pois quando acordou, sua mãe havia acabado de chegar.

"Horário incomum para acordar."

Ela passa pela cozinha para beber um copo de água e envia um olhar de desdém ao ouvir a mãe. "Dormiu a tarde inteira?"

Ela não responde, decide ir para a sala e ligar a televisão.

"Espero que não tenha feito sua irmã de empregada de novo."

Ela nem se lembra de ter visto Hanabi naquele dia. Ela chegava da escola à tarde, mas Hinata já estava dormindo a essa hora.

"Ela limpa porque ela quer."

"Ela limpa porque a irmã vagabunda dela não se importaria em viver em um chiqueiro, mas ela sim."

Ignorada mais uma vez.

"Você viu o Naruto hoje de manhã?"

Ela não consegue evitar de sorrir, estava escondida no sofá de qualquer maneira.

"Não."

"Estava aqui hoje de manhã, aliás? Bati no seu quarto, mas estava trancado."

"E ia fazer o que no meu quarto?"

"Falar com você! Te avisei que chegaria tarde."

"Eu não estava." Ela mente.

"E por que a porta trancada então?"

"Porque eu odeio que mexam nas minhas coisas enquanto eu estou fora. Meu quarto é sagrado. Você entra, você morre!"

"Boa noite, mãe! O que vamos ter pro jantar?" Hanabi desce as escadas e se senta na mesa. "Posso ajudar em algo?"

"Ta aí o motivo da porta trancada." Hinata murmura.

Hanabi se defende. "Faz um tempão que eu não entro mais no seu quarto!"

Sua mãe lhe entrega um ralador e um pedaço de mussarela e outro de presunto. "Sabe me dizer se as roupas da máquina foram lavadas hoje?"

Hanabi arregala seus olhos perolados. "Ah… acho que não, eu vou verificar-"

"Não, fique aí. Hinata vai, era função dela."

Já praguejando mentalmente, ela ainda sim espera a ordem vir. "Você me ouviu, suba e faça sua tarefa."

Ela joga o controle no sofá e levanta irritada. Hanabi passa os olhos pela irmã enquanto ela se dirige até a lavanderia.

"Hum, comida caseira… Naruto vem jantar hoje?" Ela observa a mãe já com o telefone no ouvido.

"É o que vamos descobrir."

Quando Hinata finalmente desce para a cozinha novamente, ela adentra juntamente com Naruto, que havia aceitado o convite e voltou para jantar com eles.

Ele lança um rápido olhar para ela antes de se dirigir até sua mãe e depositar um beijo casto nos lábios dela. Ela parece satisfeita por ele ter vindo.

Após o jantar ficar pronto, eles estão todos na mesa se servindo. Hinata se sentou de frente com Naruto, com Hanabi ao seu lado e sua mãe na ponta da mesa.

"Chegou que horas hoje?" Naruto perguntou para sua mãe, como se não tivesse ouvido o recado dela hoje mais cedo.

"Quase agora. Aquelas reuniões malditas de novo, tomaram praticamente o meu dia inteiro."

"O tópico pelo menos foi válido desta vez?" Assim que Naruto deixou a pergunta no ar, sentiu alguma coisa subindo pela sua canela até as suas coxas, o que o distraiu da resposta que Hera havia dito.

"...aquela mesma ladainha de sempre. Você sabe! Às vezes acho que a gente está andando em círculos e que seria melhor eu procurar um novo lugar para trabalhar em breve."

"Ah claro. A universidade de Heywood anda desatualizada em comparação às outras mesmo…" Ele envia um olhar de repreensão para Hinata, mas essa apenas levanta sutilmente o canto direito superior da boca. Ela leva o garfo até a boca enquanto sobe com as pontas dos pés pela virilha dele e as esfrega contra o volume da sua calça.

A mão esquerda de Naruto agarra seu pé e o empurra para baixo.

Hera continuava. "...não da pra acreditar nas promessas da Arasaka. Dificilmente eles ajudariam nas verbas. Mas o reitor quer insistir nessa baboseira…"

Ele acena para ela em alguns momentos para indicar que estava prestando atenção, mas o pé de Hinata volta a acariciar o seu membro antes adormecido e Naruto se vê obrigado a se endireitar na cadeira.

"...enfim, vou começar a dar uma pesquisada."

"Sim, concordo. Seria bom já ir se adiantando. E como foi o seu dia, Hanabi? Já conseguiu descobrir a sua nota em matemática?"

Enquanto tentava manter a postura, sua mão lutava contra o pé insistente de Hinata por baixo da mesa.

"Ah, ainda não, mas estou confiante. Depois da sua ajuda as coisas ficaram mais claras pra mim. Estou ansiosa de qualquer maneira! E meu dia foi comum, tirando o fato de que teve uma pequena briga na escola. Aquela garota que te falei uma vez, lembra mãe? A do cabelo loiro e cacheado, ela se envolveu em uma briga e parece que ela e a outra garota tiveram alguns tufos de cabelo arrancados…"

Um som engraçado sai dos lábios de Hinata e todos na mesa se dirigem a ela. Ela teve que puxar o pé por instinto porque Naruto o acariciou na sola e isso lhe causou cócegas. Ela endireita sua postura e limpa a garganta. "Hum.. você não está falando daquela tal de Hayla, está?"

Hanabi congela sob o olhar da irmã. "Ah… não, não é ela-"

"Aquela que mexeu com você no ano passado? Encrenqueira, barraqueira, cabelo loiro e cacheado e que te fez ficar sem seu lanche por uma semana?"

Hanabi desvia os olhos da irmã para o prato e seu tom sai inseguro. "N-Não, não é ela, é outra garota-

"Ela anda mexendo com você de novo?"

Hanabi fica indecisa entre mentir e dizer a verdade. A garota mencionada era exatamente a qual Hinata se referia, mas ela não estava mais importunando Hanabi na escola. O recado que Hinata havia deixado para ela ficar longe da sua irmã caçula deve ter traumatizado a garota por tempo o suficiente para ela esquecer de sua existência.

No entanto, ela acabou se envolvendo em uma briga com outra garota, nada que envolvesse Hanabi. Mas ela sabia que se Hinata quisesse implicar com a garota de novo, ela seria tão assustadora quanto da primeira vez.

"Não, Hinata. Ela me deixou em paz há muito tempo… já disse que é outra garota!"

"Se ela pegar no seu pé de novo, me avise."

Hanabi pede ajuda para a mãe com o olhar.

"Ela já sabe se defender sozinha, Hinata. Não precisa da irmã mais encrenqueira ainda para solucionar o problema dela criando outra confusão em cima."

Hinata e Hanabi não estudavam na mesma escola por estarem em anos letivos diferentes, mas Hinata tinha fama em Heywood e todos sabiam que ela era sua irmã mais velha. Os boatos de que ela era assustadora, insensível e uma pessoa ruim circulava diariamente depois dela ter defendido sua irmã.

"Ah, sabe né? Aprendeu com você como ser uma pamonha! Hanabi não sabe agredir nem uma mosca!"

"E ela precisa ser uma selvagem como você? Essa não foi a educação que eu dei a ela."

"Claro… porque você é uma excelente mamãe e soube criar suas duas filhas tão bem depois que perdeu o marido… onde você guarda o seu troféu de mãe do ano?"

"Hinata, não começa…" Sua mãe a alerta, mas ela a ignora se dirigindo para a irmã.

"Você sabe muito bem como funciona, se não bater primeiro, vai acabar apanhando. Se arrancar um pouco de sangue impõe mais respeito ainda."

"Não diga essas coisas pra ela, caramba! Mas que tipo de sociopata você é?" Ela acaba elevando a voz e ganha a atenção de Hinata.

"O tipo que você criou."

Sua mãe sustenta seu olhar, mas decide não cair nas provocações da filha não a respondendo de volta. Ela evitava de prolongar discussões com ela e engolia os sapos dela na presença de Naruto, apesar dele já estar acostumado com a má educação de Hinata.

Ela já entendeu que seria o alvo de sua ira há muito tempo e que isso perduraria até o dia que ela decidisse ir embora quando atingisse a maioridade. E sinceramente, Hera ansiava para esse dia chegar o mais rápido possível. Não era uma tarefa fácil ser mãe dela, assumia que perdeu a chance de criar sua filha mais velha apropriadamente e agora não havia mais como recuperar o tempo perdido. A pessoa que Hinata se tornou estava além da sua compreensão, além do seu alcance. Se é que um dia sua primogênita já esteve ao seu alcance. A vida inteira ela sempre teve olhos apenas para o pai, que já não estava mais entre eles. O que com o tempo fez Hera perceber tardiamente que no dia que perdeu seu marido, também havia perdido sua filha.

Hinata afasta a cadeira e se levanta ainda encarando sua mãe. "Mas não se preocupe, Hanabi sempre vai me ter pra fazer o serviço sujo pra ela. Nesta cidade, alguém tem que fazer, não é mesmo?" Ela leva o prato até a pia. "E já que eu sou a sociopata da família, farei isso com o maior prazer."

"Eu não te dei permissão pra sair da mesa." Sua mãe diz de cabeça baixa e sentindo sua enxaqueca ameaçar sua pobre mente cansada.

"Perdi a fome."

"Hinata, volta aqui!"

Mas ela já estava indo em direção ao seu quarto, ignorando completamente o chamado.

Hera puxa seus pequenos fios soltos de seu rabo de cavalo e respira fundo tentando espantar sua enxaqueca. Ela sente a mão de Naruto puxar delicadamente seu pulso e segurar em sua mão. Ela sorri melancólica para ele. "Me desculpe por isso."

"Está tudo bem." Ele já presenciou essas cenas antes, mas não se envolvia. Sentia que não tinha o menor direito para isso, mas ele se incomodava em ver como Hinata tratava sua mãe, com uma grosseria sem fundamento. Hera não era uma mãe ruim, isso ele poderia afirmar. Desde que passou a frequentar aquela casa ele via o esforço que ela fazia para manter a ordem e cuidar de suas filhas, algo que ela já estava fazendo sozinha há sete anos. Portanto ele ainda não entendia qual era o problema de Hinata com a mãe.

Ele para na porta ao se despedir dela. Os braços dela envolvem seu pescoço. "Tente descansar um pouco, durma até tarde, aproveite o sábado de folga."

"Por que não pode ficar?"

"Porque acredito que não vou conseguir te deixar descansar." Ele sorri e abraça sua cintura. "Estou um pouco atolado com trabalhos para corrigir, terminando hoje, consigo passar aqui amanhã e te fazer companhia."

Ela se inclina e encurta a distância entre seus lábios. Naruto aperta seu corpo contra o dele e a deixa sugar seus lábios.

"Tudo bem, se vai voltar então te deixo ir. Dirija com cuidado."

Ele acena para ela ao entrar no carro e a vê entrar de volta na casa pelo retrovisor antes de dobrar a esquina. Antes que ele precise falar algo, os olhos opacos de Hinata surgem no retrovisor segundos depois acompanhados de um sorriso.

Ela pula para o banco do carona. "Espero que não tenha tantos trabalhos assim." Ela se inclina para acariciar sua virilha e chupar o lóbulo de sua orelha. "Porque eu ainda estou com fome."

Naruto tenta esquivar a mandando se sentar. "Não concordo com o modo como trata sua mãe."

Sua visão periférica capta o revirar de olhos de Hinata. "E desde quando você se preocupa com isso?"

"Isso sempre me incomodou, nunca entendi porque você a trata assim."

Hinata o olha, intrigada. "Sempre? Nunca ouvi você dar palpite quando esteve presente."

"Eu apenas prefiro não me meter."

"E nem deve, não é problema seu."

"Ela é sua mãe." Ele insiste. "Independente dos motivos que você acha que tenha e que sejam válidos pro seu comportamento, ela ainda é a sua mãe."

"Você está tão empenhado em cumprir o seu papel de papai de mentirinha que agora quer vir me dar sermão também? Vai me punir por ser uma menina má? Uma filha rebelde?"

"Eu não estou tentando nada, eu só-

"Você pode continuar com o seu teatrinho com a Hanabi, mas não venha querer me meter nisso. Acho que estamos muito além disso."

"Você não precisa ser agressiva com ela o tempo todo, ela sente a sua falta de empatia."

"Você não sabe de nada, Naruto…"

A lufada de ar que ela solta indica que Naruto estava conseguindo irritá-la.

Ele vê sua expressão endurecer ao silenciar-se.

"Por que você faz isso? Por que a trata assim?"

Hinata apoia o queixo na mão e encara a janela do carro. "Não é da sua conta."

"Está me dizendo que é uma pirralha metida a rebelde sem causa?"

"Estou dizendo que não é da porra da sua conta! Desde quando você se preocupa com os sentimentos da minha mãe? O chá de buceta que ela anda te dando está te amolecendo?"

Naruto solta uma risada sem humor. "Impressionante como você vive na defensiva. Parece que todo mundo é seu inimigo. É só dar um passo no seu território que você mostra suas garras."

"É exatamente assim que eu vejo. E se está tão preocupado com ela porque não ficou com ela hoje e me deixou em paz?"

"Foi você quem se enfiou no carro."

"Do mesmo jeito que entrei, eu poderia sair."

Ele percebe o quanto ela ficou agitada. Sua perna direita balança frenetica no banco.

Após alguns minutos de silêncio ele solta.

"Não sou seu inimigo, Hinata."

"Mas também não é meu pai, então para de tentar bancar o tal. Não combina com você."

"Eu não estou tentando bancar a porcaria do seu pai! Qualquer pessoa com senso comum questionaria a mesma coisa."

Hinata revida. "Minha mãe não é a santa que você pensa que ela é." Ela o olha. "Talvez toda a minha impureza eu tenha herdado justamente dela. Ela não vale muita coisa." Ela volta a encarar a estrada afora. "Ela é tão puta quanto eu."

"Está me dizendo que ela faria o mesmo que você faz?"

"Ela fez pior."

Naruto fica quieto por uns segundos. Ele cruza a esquina de seu apartamento. "De qualquer maneira, não é bom você ficar batendo de frente com ela na frente da Hanabi, você a desmerece assim."

Hinata perde a linha. "Qual o seu problema? Decidiu bancar o padrasto bonzinho e responsável? Será que eu devo te lembrar que você é o último homem que poderia me dar lição de moral? Ou você quer me disciplinar e me foder ao mesmo tempo?"

Naruto estaciona o carro. "Digo isso somente pela Hanabi…"

"Você não se intromete entre minha mãe e eu e faz muito bem porque nossas diferenças não são da sua conta! A sua função aqui é apenas me foder e não ficar me dizendo como agir com a porra da minha mãe que aliás você mete um chifre todos os dias quando me fode na porra do seu apartamento!"

Naruto suspira com o tom descontrolado dela.

"Para de gritar!"

"Cadê a sua crise de consciência, Naruto?" Ela o olha. "Como você consegue dormir com minha mãe e me foder logo em seguida? Você e eu não somos tão diferentes assim, cada um fode a Hera de uma forma diferente."

"Você tem razão, eu não sou a melhor pessoa pra-

"Não! Não é, então não faça!"

Antes que Naruto possa responder, ela abre a porta do carro e corre em direção ao seu quarto.

Por que eu fui abrir a minha boca?

Às vezes ele esquecia que ela era jovem demais, imatura e ainda em fase de crescimento. Ela pensava que sabia de tudo e que o mundo era pequeno pra ela, mas não passava de uma jovem revoltada com a vida, achando que já viveu o suficiente.

Ele não deveria ter perguntado, não deveria ter se intrometido. Hinata não gostava de falar sobre a mãe e era nítido o seu ódio direcionado a ela. Mas sendo um homem na idade dele, era difícil engolir a impertinência de Hinata às vezes. Faltava paciência.

Com um suspiro, ele tranca o carro e caminha até seu quarto no sexto andar. Ele a encontra escorada na parede de braços cruzados e expressão irritada.

Ela passa pela porta feito um vulto assim que a abre, transbordando raiva e frustração. Ele sabe que a irritou insistindo na conversa sobre sua mãe.

Suas mudanças de humor não eram nenhuma surpresa, mas nesses dois meses que estavam nessa jornada, ele havia aprendido como dobrá-la. Ela era impertinente, mal educada, rude, completamente antipática e rebelde, e às vezes ele chegava até a acreditar que ela era mesmo uma sociopata. Hinata era capaz de cometer atrocidades sem que isso atingisse a sua consciência. Ela não demonstrava remorso por absolutamente nada, completamente incapaz de se importar com algo. Ela era assim com todo mundo e sua grosseria também chegava até Naruto, o que o fazia se questionar como ele aguentava Hinata.

A relação deles era puramente sexual e algumas vezes tóxica por conta do comportamento imprevisível de Hinata. Ela o seduziu de tal maneira que nem ele mesmo entendeu como acabou se deixando levar pela perversão dela. Tão dissimulada e insinuante, sem pudor algum enquanto se jogava pra cima dele e lhe dizia todas as obscenidades que ela imaginava ele fazendo com ela. Ela era astuta, sagaz e, claro, incrivelmente linda. Foi a beleza dela que chamou sua atenção naquela noite na Afterlife. Especialmente os olhos. Ela era nova, mas tinha curvas de uma mulher mais velha, mais experiente e Naruto não pensou duas vezes em arrastá-la para o seu carro. Ele só não imaginava que de todas as garotas daquele lugar, ele teria transado justamente com a filha da sua recente namorada.

Hinata não deixou aquilo passar, ela foi persistente, o levando ao limite até ele finalmente ceder. Ele já havia começado de maneira errada, de qualquer forma. Hera e ele ainda não tinha nada sólido, portanto ele ainda saia com algumas garotas e é claro que Hinata usaria isso contra ele para poder finalmente ganhá-lo.

"Imagine se a mamãe soubesse que o namoradinho novo dela ia para casas noturnas para foder menininhas virgens…" A boca dela desliza pelo seu lóbulo e seus dentes roçam seu pescoço. As mãos firmes de Naruto tentavam remover seu corpo de seu colo.

"Você não era virgem…"

"Mas você me comeu." Sua boca desce por seu maxilar definido. "E queria me comer de novo, eu me lembro."

"Isso foi antes de descobrir quem você é… para com isso!" Ele tenta empurrá-la, mas a mão sorrateira dela invade sua calça e agarra seu membro, que obviamente, indo contra seu bom senso, ficou duro a partir do momento que ela pulou em seu colo.

Seu olhar endurece e sua mão agarra o pulso dela. "Hinata!"

"Vamos, ninguém precisa saber." Ela encara suas íris azuis escuras. "Vai ser o nosso segredinho." Seus lábios sobem em um sorriso malicioso. "Deixa eu te mostrar que eu posso ser uma boa garota." Sua língua contorna o lábio inferior dele antes de puxá-lo com os dentes. Ela desliza seu polegar pela glande já molhada dele e sorri. "Eu deixo você fazer comigo o que quiser, Uzumaki-san." Seu tom de voz diminui. "Deixo você me comer de todas as maneiras que quiser." Sua mão estimula seu membro e o maxilar dele tenciona. "Eu posso ser a sua cadelinha e você pode me foder sempre que quiser, você me chama e eu vou." Naruto tenta se conter, mas a tarefa fica imensamente impossível. A boca dela volta a deslizar pelo seu pescoço e orelha, onde ela sussurra. "Eu deixo você me colocar em uma coleira e me foder de quatro. O que acha? Vou ser sua bonequinha, sua cadelinha, o que quiser. Se eu for má você me pune, você me doma. Eu juro que vou deixar você fazer comigo o que você quiser. Serei sua!" A essa altura ela já puxou o membro enrijecido dele para fora e agora o bombeava, arrancando de Naruto todo o seu autocontrole e bom senso.

Ele não pôde evitar que sua mente visualizasse mil e uma maneiras que ele poderia foder Hinata, se ela realmente o deixasse domá-la como ele quiser. Sua expressão contida apenas o entrega. Hinata sabe que venceu e para não deixá-lo escapar da sua névoa de sedução, trata de entregá-lo o que ela sabia fazer de melhor.

"Deixa eu te provar que você não vai se arrepender." Dito isso rente ao seu ouvido, ela desliza de seu colo para ficar entre suas pernas. Naruto a observa deslizar a língua pelo comprimento do seu pênis e sua glande sumir em sua boca logo em seguida. Ele sabe que deveria resistir, que deveria lutar contra seu lado carnal e pecaminoso mais uma vez, que deveria empurrar a cabeça dela para longe, se levantar e sair de perto dela. Mas não foi isso que ele fez, no entanto. Ele só se deu conta de que havia perdido a batalha quando sua mão agarrou os cabelos negros e lisos dela e pouco tempo depois os seus fluídos estavam deslizando pela garganta quente e escorregadia dela.

Após ele ter sucumbido, Hinata provou que de fato seria dele em todas as formas possíveis e talvez tenha sido isso que fez Naruto não recuar. Ao mesmo tempo que ele a criticava por sua personalidade tóxica, ele também a deseja exatamente como ela era. Não era todo homem que tinha a sorte de ter em mãos uma garota como ela e talvez isso inflasse seu ego um pouco. Ela gostava de maltratar ele e gostava quando ele a punia, e Naruto não poderia negar o quanto ele gostava da perversão deles. De como eles funcionam juntos. Sendo errado ou não, tanto por ela ser sua enteada quanto por ser menor de idade, a verdade é que ele já não se importava mais. Ele já estava contaminado por ela e os efeitos que ela deixava nele não eram temporários, quando ele se dava conta, era ele que precisava dela, de mais uma dose dela, que ele sabia que iria viciá-lo cada vez mais, que iria afastá-lo do homem que ele estava tentando se tornar quando a conheceu. Ele sabia que Hinata era a sua escuridão e mesmo assim a deixava afundá-lo com ela.

Ele não saberia dizer se um dia seria completamente desintoxicado pelo efeito dela.

Ele trava a porta atrás de si e joga a chave do carro em cima do balcão.

Sua jaqueta fica pelo caminho enquanto ele a observa se jogar na cama feito uma garota mimada. Já com o controle na mão, ela remove a camuflagem do vidro do apartamento dele e se deita na cama, jogando a cabeça na beirada para observar a cidade neon por outra perspectiva.

Ele remove seus sapatos e meias e retira sua camiseta, ficando apenas de calça.

"Você realmente gosta de agir feito uma garotinha mimada e arrogante? Isso reflete muito na sua imaturidade, que você insiste em fingir que não existe."

"Você é simplesmente muito babaca às vezes. Me irrita… e eu sou mais madura do que a maioria das garotas da minha idade"

"Ah, é mesmo? Baseado em quê?"

"Na minha experiência de vida. Sou uma garota bem vivida, já vi de tudo nessa cidade fedorenta e afundada."

Ele não consegue deixar de rir. "Quando você finalmente crescer vai se decepcionar tanto."

Impossível.

"Acho que já fui decepcionada o suficiente…" Ela murmura com as luzes da cidade atravessando o vidro e refletindo nos olhos perolados dela.

"Mas é sério, você não pensa na Hanabi?" Ela levanta a cabeça para olhá-lo. "Essa pose de rebelde sem causa já saiu de moda faz tempo. Quer que ela se torne o que você é?"

"Impossível ela se tornar o que eu sou, ela teve sorte. Fomos moldadas de maneiras diferentes."

"Sorte no quê?"

De não se lembrar de como nossa vida era antes.

"Sorte em ter nascido uns anos depois, ela é inteligente e mesmo sendo nova sabe se proteger de gente como eu. Ela é autêntica, jamais me usaria como espelho pra qualquer coisa na vida."

Hanabi era o único orgulho de sua vida. Ela agradecia ao universo por ela não ter experienciado as mesmas coisas que Hinata e de não ter tido a consciência desenvolvida o suficiente para entender tais situações. Ela era muito nova.

Sim, ela teve sorte, mas isso não mudava o fato dela ser uma pessoa melhor que Hinata em todos os níveis. Com apenas doze anos, era altruísta, solidária, benevolente e pura, tão pura que as pessoas tentavam se aproveitar dela. Ela era tudo de bom que foi privado de Hinata desenvolver enquanto crescia. Hanabi teve a chance de crescer segura e de se tornar aos poucos um ser humano decente, coisa que Hinata não teve.

Às vezes ela se perguntava se seria mais parecida com Hanabi se a sua vida não tivesse acabado há sete anos atrás.

Se ela não tivesse visto o que viu, se ela não tivesse perdido o que perdeu. Talvez ela teria sido uma pessoa diferente, uma pessoa melhor.

Ela nunca vai saber.

Mas estava feliz por Hanabi ter tido a sua chance e de estar se tornando uma das poucas luzes que esse mundo precisava. Sua irmã era a única coisa que a fazia lembrar que tinha um coração e por ela, Hinata sabia que seria capaz de fazer qualquer coisa. E se por ela, pela felicidade plena dela, ela tivesse que aceitar viver uma vida miserável e sem valor mais uma vez, ela o faria, sem pensar duas vezes. Ela abraçaria toda dor, todo sofrimento e escuridão da sua existência precária e infeliz, se isso significasse que Hanabi teria uma vida digna de ser vivida.

"Não se preocupe com ela, ela está a salvo. Você devia se preocupar com os seus próprios problemas e parar de dar palpite nos meus."

Naruto a observa deitada enquanto esvazia seus bolsos.

"Você está mais bocuda ultimamente."

"Você queria o que? Fica me enchendo a porra da paciencia. Você é lindo, pena que às vezes banca o velho babão."

Ele desvia os olhos para seu telefone. "Você devia tomar mais cuidado no modo como fala comigo." Hinata levanta o pescoço para ele. "Você sabe o que eu posso fazer com você."

Ele vê o sorriso surgir lentamente no rosto dela. "Vai fazer o quê? Vai me punir?" Ela se apoia nos cotovelos. "Eu tenho sido uma cadelinha má? Irritei meu dono?"

"Você me irrita o tempo todo."

A risada dela ecoa enquanto ela se levanta pra ir até ele. "Eu sei que você gosta." Ela o abraça pelas costas e desliza as mãos pelo abdômen definido dele. Ela é tão pequena perto dele que seu nariz bate um pouco acima da altura de seus cotovelos. A fazendo ficar na altura de seu peito. Quando ela fica na ponta dos pés, seus lábios alcançam o queixo dele.

Ela distribui mordidas por suas costas. "Se vai me punir eu posso te dar mais motivos pra isso. Sabe que eu gosto de ser uma cadelinha má."

Naruto sente a mão dela desliza por cima de seu volume. "Gosto de ser punida por você."

Ele imediatamente arranca a mão dela de seu membro e a puxa com certa violência, a fazendo parar bem a sua frente. As bochechas da garota são amassadas pelas pontas dos seus dedos enquanto ele a pressiona contra a mesa. "A ideia é você ser uma boa cadela, não o contrário."

"O que eu posso fazer se você me pune tão bem." Ela segura no braço dele. "Você desperta o pior lado de mim."

Ele puxa o rosto dela para perto. "Acho que posso dizer o mesmo." E observa o sorriso dela aumentar e seus olhos se transformarem em inocentes. "Qual vai ser minha punição, senhor?" Seu tom de voz era provocativo.

Ele estreita os olhos para ela, sentindo um ímpeto maior do que ele de tirar aquele sorriso petulante do rosto dela. Hinata consegue ver seus olhos azuis escurecerem.

Os lábios de Naruto lentamente sobem em um sorriso quase tão maléfico quanto o dela. "Você vai ver."

Ele a solta. "Tire a roupa e vá pra cama."

O corpo de Hinata incendeia de ansiedade tanto pela ordem quanto pelo tom rouco e autoritário da voz dele. Era impressionante ver a personalidade dele mudar da água pro vinho quando estava com ela. Esse diante de seus olhos perolados não era mais o Naruto que todos conheciam, ele era Uzumaki-san, o dono da cadelinha Hyuga.

Seu dono.

Ele se vira de costas para pegar o controle e alterar a camuflagem da sua janela, escurecendo o lado de fora do vidro. Pela sua visão periférica, ele percebe Hinata se dirigir até o banheiro e antes que ela possa dar mais um passo, a mão de aço dele a puxa pelo cabelo, a fazendo recuar dois passos. "Perdeu seu senso de direção?"

Ela sente seu couro cabelo arder e segura em seu pulso. "Ah! Não, não. Eu só preciso ir ao banheiro rapidinho."

"Eu não ouvi você pedindo permissão."

"Desculpa! Desculpa, era rapidinho. Eu pens-

"Tira a roupa agora!"

"Eu vou tirar, eu vou tirar. Só preciso fazer xixi primeiro. Por favor, senhor, por favor! É rapidinho! Só vou fazer xixi-Hum!" Ele aperta o pulso contra seu couro cabeludo e Hinata sente sua entrada umedecer, mesmo com a dor.

Ela o olha com olhos suplicantes. "Por favor, senhor. Eu posso ir ao banheiro? É rápido!"

Naruto rosna antes de soltá-la e ela corre para o banheiro. Às pressas, ela retira dos bolsos o pequeno saco plástico e despeja o conteúdo branco na pia do banheiro. Ela espia a porta antes de afundar um dedo tampando sua narina direita para poder inalar de uma só vez o pó que brilhava contra o mármore.

A ardência atravessa seu canal nasal. "Merda!"

Ela precisa de uns segundos para se recompor e limpar seus rastros. Ela guarda o pacote na blusa novamente e fecha o zíper do bolso. Naruto não poderia encontrar o descarte no seu banheiro. Ela se olha no espelho e limpa o nariz. Mais uma fungada e ela está pronta pra sair, mas não antes de dar a descarga.

Ela retira sua jaqueta pelo caminho e a deixa no balcão da cozinha. Ao se jogar na cama, ela remove sua calça e calcinha e por último sua blusa. Ela observa Naruto retornar do quarto com alguns utensílios na mão.

Seu coração bate alto em seu peito, seu corpo se enchendo de expectativa ao imaginar o que ele faria com ela hoje. Em como ele iria brincar com a sua bonequinha.

Como ele iria adestrar a sua cadelinha insolente.

06 de Março de 2031.

A lembrança da primeira surra que ela havia levado de seu antigo parceiro retornou para sua mente. Ela se lembra bem desse dia porque foi a primeira vez que ela foi levada ao extremo nas mãos dele. Foi a primeira vez que ele havia mostrado a ela o que de fato ele era capaz de fazer com ela. Tudo que havia acontecido antes disso eram apenas águas rasas comparado ao que veio depois.

"Muito bem. Podemos começar?"

Ela é distraída de suas lembranças. Um sorriso gentil é enviado para a simpática mulher sentada à sua frente com uma prancheta nas mãos.

"Sim, podemos."

"Se sente bem?"

Ela dá de ombros. "É a primeira vez que vou falar sobre isso em… muito tempo. Não sei direito como me sinto."

"Sabe que não precisa fazer isso. Você pode abandonar a sessão quando quiser ou parar de falar sobre o assunto. Se não estiver te fazendo bem, nós encerramos."

"Sim, sim, tudo bem, obrigado… mas acho que eu consigo." Outro sorriso gentil. "Já faz tanto tempo."

"Podemos começar quando você quiser."

Ela acena e respira fundo. A mente dela divagou para um momento muito específico, mas ela tinha que começar do começo.

"Hum… tudo começou em Maio, eu acho. Sim, acho que era isso. Maio de 2017. Foi quando eu o conheci."

"Ele já era namorado da sua mãe na época?"

"Sim, mas eu ainda não sabia disso. Eu descobri depois."

"Como assim?"

Ela suspira fundo e se ajeita na poltrona. "A gente se conheceu por acaso em uma casa noturna que eu frequentava. Estava só de bobeira com meus amigos em um final de semana qualquer. Era quase um ritual que fazíamos quando queríamos ficar de curtição."

"E o que você fazia exatamente quando estava de curtição?"

Seus olhos captam ela apertar o botão em cima da caneta para poder anotar seus relatos da sua juventude conturbada e problemática.

"Ia a festas para beber, usar, me divertir, dançar, beijar na boca, transar. Essas coisas." Sua cabeça balança.

"Você já se entorpecia desde então?"

"Sim, mas eu só usava nos finais de semana para sair e me divertir. Na companhia de amigos."

"Então você não se considerava uma dependente?"

Seus dedos se enroscam um ao outro em seu colo. "Não… não me considerava. Eu vivia bem sem, gostava apenas de como fazia eu sentir as coisas de forma mais intensa quando estava me divertindo. O uso acabou se tornando excessivo um tempo depois."

"E você começou a usar com quantos anos?"

"Quinze."

"Entendi." A sala fica em silêncio enquanto ela faz suas anotações. "Então você o conheceu em uma noite dessas?"

"Sim, foi."

"E como foi esse encontro?"

"Foi como seria com qualquer outro cara que não fosse ele." Ela dá de ombros ao olhar para a mulher à sua frente. "Se não tivesse sido no carro dele, teria sido no de qualquer outro."

07 de Maio de 2017.

Afterlife, NC.

A concha improvisada com a mão, com o objetivo de impedir que o vento forte apague o fogo de seu isqueiro não parecia estar dando conta da pequena tarefa. A lamúria que sai de seus lábios, um tanto retorcidos por segurarem a seda bolada entre eles, chega até os ouvidos do rapaz ao seu lado, que prontamente se presta a acender o cigarro usando o fogo do seu próprio.

O sorriso que recebe como agradecimento é devolvido e eles retomam a caminhada.

Ainda lutando contra o vento, seu pescoço faz um movimento brusco para remover os longos fios de seu cabelo que, sendo levados pela brisa gelada, insistem em enroscar em seus cílios e roçarem em seu pequeno nariz.

Dedos gelados e fechados em punho enfiados no bolso do sobretudo enquanto a mão livre remove o conteúdo da boca após uma intensa tragada.

A fumaça adentra seus jovens, porém não tão saudáveis pulmões e todo o seu sistema é invadido pela sensação de leveza, sustentando seu novo vício.

De repente o frio cortante que gelava suas pálidas bochechas não parecia lhe incomodar mais.

Ela apressa o passo para alcançar o bando que seguia mais à frente. Perto deles, suas pernas curtas quase sempre a deixavam para trás. Entretanto, em situações de tensão e adrenalina, eram incrivelmente eficientes para livrá-la de se envolver em maiores apuros.

Seus olhos opacos refletem o céu acima quando se dirigem a ele. Era fim de tarde e o véu da noite cairia sobre a cidade muito em breve. O que a faz lamentar. Céu nublado, carregado de nuvens pesadas e cinzentas, impedindo qualquer resquício de luz solar a brilhar eram seus dias favoritos.

Gostava de como a infinidade daquele céu a lembrava da sua vida.

Cinza e sem luz. Porém, finita. Graças a Deus!

Uma risada ecoa de sua garganta quando sua cintura fina é firmemente agarrada. Seu peso fica suspenso quando é levantada no ar.

"Vou ter que te carregar? Apressa esse passo, pearls!"

Ela o apunhala nas costas para em seguida subir na mesma. Ele a segura pelas pernas e a acomoda atrás de si.

Um cigarro foi o suficiente para chegarem ao destino.

O ambiente barulhento, apertado e cheirando a jovens na puberdade lhe era familiar há um tempo. Apesar da sua aversão às pessoas, aprendeu a gostar de boates. A interação, na maioria das vezes, era mínima. Não havia regras. Não era necessário conversar para poder se divertir às custas de outros. Não precisava dizer seu nome, justificar sua presença ou pedir permissão. Bonita como era, bastava um olhar e qualquer um, sendo fêmea ou macho, se rastejaria para ela para satisfazer-lhe da maneira que ela exigisse.

"Vou pegar o bagulho. Espera aqui." Ele avisa rente ao seu ouvido e some entre a multidão.

Não demora muito para que seu companheiro retorne e a arraste para um lugar mais reservado, já com o conteúdo que seria responsável pela diversão deles nessa noite nos bolsos.

A iluminação avermelhada ofusca sua visão pelo corredor. Não saberia para onde estava indo se não estivesse sendo arrastada.

Ele a puxa para ficar de frente para ele quando encontra uma pequena mesa alta encostada na parede. Suas mãos retiram dos bolsos o seu novo brinquedinho.

"Você não pegou pra todo mundo."

"Só você tinha me pagado antes. Eu não vou ser feito de otário de novo." Ele chacoalha o pequeno pedaço de plástico e o abre.

Os olhos opacos observam o conteúdo branco reluzir contra a luz vermelha, parecendo pó mágico, ser despejado na mesa em cima da tela do telefone celular dele.

Com um cartão em mãos, ele forma uma linha para ela e outra para ele.

"Primeiro as damas." Seu sorriso selvagem incendeia o sistema dela.

Ela se inclina contra a mesa, mas não antes de ajeitar uma mecha de cabelo atrás da orelha. Com um dedo pressionado, tampando uma de suas narinas, ela inala de uma só vez a carreira separada para ela e se afasta.

A ardência sempre cutuca seu canal nasal, mas ela não se importava mais. Já havia feito aquilo tantas vezes. E valia a pena em todas elas.

Vestígios de seu ato recente são apagados quando ela passa as costas da mão pouco abaixo do nariz. Ela sente sua mente agitar em antecipação antes de agarrar seu companheiro e arrastá-lo para a pista novamente.

Quando se junta ao restante do grupo, uma garrafa é colocada em sua mão. Após alguns goles, o álcool cria uma combinação perigosa com a droga ilícita que estava circulando em seu sangue. A música ruim se torna envolvente e seu corpo sente o ímpeto de extravasar.

Ela arrasta os amigos para uma dança.

O seu ritual era esse. Todo fim de semana.

Após uma longa semana de aulas e uma rotina sufocante, ela se encontrava com os amigos para beber, usar, cheirar, dançar, transar, o que fosse. Qualquer coisa que a ajudasse a se entorpecer o suficiente para apagar a semana da sua memória e a ajudar a lidar com o ciclo que a aprisionava novamente.

A temperatura do seu corpo sobe e a obriga a remover o casaco. O jogo de luzes no alto da casa noturna bagunça seus sentidos enquanto seus braços se jogam para o alto em uma dança sem ritmos precisos.

Sua pele, tão branca quanto a lua, estava coberta por uma pequena camada de suor. Os movimentos de seu corpo fazia os colares envoltos do seu pescoço pularem junto de seus seios, livres do costumeiro sutiã. A camiseta regata e branca que ela vestia transparecia seus mamilos eriçados contra o tecido fino. Apesar de jovem, seus seios eram invejavelmente fartos. E enquanto pulavam em sua roupa, chamavam a atenção não somente dos jovens eufóricos e igualmente entorpecidos ao seu redor, mas também de um par de olhos azuis, que a observavam do outro lado do bar.

Com a boca da garrafa de cerveja a caminho dos lábios, sua mente aguça a atenção em um corpo ligeiramente magro, mas com curvas incrivelmente tentadoras, na pista à sua frente.

Ela dançava desajeitadamente, nem um pouco coordenada. Mas o sorriso em seu rosto indicava que estava se divertindo como deveria.

Ele havia decidido comparecer naquela noite apenas para espairecer. Decisão tomada de última hora ao passar em frente ao clube. Não tinha intenção de levar alguém pra casa ou de ir parar na cama de alguém. Estava envolvido com alguém, de certo modo. Mas eram interesses trocados, favores prestados. Nada firmado. Apenas vários encontros com a mesma pessoa. Sem compromissos.

O que ainda o rotulava com o status de solteiro, correto?

Foi o que a sua mente lhe informou quando avistou o pequeno ser dançante na pista, com jeans pretos apertados e de cós baixo, coturnos desamarrados e regata branca. Sem sutiã.

O movimento dos seios dela foram capturados quase que imediatamente pelas íris azuis dele. Pareciam estar desesperados para pular para fora daquela blusa, que combinada ao tom da pele dela, ficava quase que transparente. Ela era, literalmente, um ser dual-color. Apenas duas cores complementam seu ser. O branco pálido de sua pele e olhos, e o negro obscuro de seus cabelos lisos e esvoaçantes.

Estonteantemente, uma criatura das trevas.

Seus olhos astutos, que não queriam perdê-la de vista, acompanham a sua expressão de descontentamento quando nenhuma gota de álcool cai em sua língua ao levar a garrafa aos lábios. Ela diz algo para a garota ao seu lado antes de se afastar e andar em sua direção, mais precisamente em direção ao bar onde ele estava.

A sua chance acabara de surgir.

Ele espera ela se apoiar no balcão e se inclinar para chamar o barman.

"Choji, me traz mais duas!" A voz ofegante dela ecoa seguida por uma risada que parecia vir de uma piada escondida na mente dela.

O rapaz observa a garrafa vazia deixada no balcão e percebe ser da mesma que ele estava bebendo.

Quanta sorte.

Ele se levanta para encurtar a pequena distância entre eles e ao sentar novamente, empurra sua segunda garrafa ainda fechada para ela.

Seu ouvido escuta o vidro deslizar pelo balcão até bater em seu pulso.

"Essa serve?"

Seus olhos sem pupilas focam no homem ao seu lado.

"Por minha conta." Ele completa.

Um tanto ofegante, ela retira o cabelo que gruda em seu rosto e agarra a garrafa. "Serve sim." Ela bate a borda da tampa contra o balcão para removê-la e despeja o conteúdo na garganta. "Mas só vou aceitar porque está lacrada."

A garota pisca um olho para ele, divertida.

O rapaz sorri antes de beber. "Esperta!"

A garota faz uma rápida inspeção no homem ao seu lado enquanto ele bebe da sua própria garrafa.

Loiro, alto, músculos torneados e bem vestido. Olhos azuis feito diamantes. Maxilar definido, mãos grandes e com dedos longos. Lábios ligeiramente inchados e convidativos. Cabelo liso, porém levemente rebelde.

Um homem de beleza notável.

Ela não se lembrava de tê-lo visto ali antes. Só de olhar para os ombros largos ela poderia dizer que era mais velho do que a maioria dos homens presentes. Apesar do clube ser livre para todos, o público alvo se tornou os jovens, pois era o único lugar onde menores conseguiam entrar com uma identidade falsa. O estabelecimento não era burocrático e fazia vista grossa.

Então, por ser um lugar rodeado de rostinhos juvenis, era difícil encontrar alguém mais velho.

Talvez hoje fosse o seu dia de sorte.

Ele era bonito e ela estava sob o efeito de algumas substâncias, o que sempre a deixava com a libido alta.

Era Kiba quem iria satisfazê-la essa noite, agora porém, seus planos mudaram.

Lisonjeada pela atenção que recebeu, ela se vira de costas para o balcão deixando seus cotovelos descansando sobre a superfície.

"Mas o que vai me custar?" Outro gole desce por sua garganta.

Os diamantes azuis caem sobre ela novamente, se demorando nos lindos e rechonchudos airbags que apontavam na direção da pista. Ele leva a bebida até os lábios.

"Uma dança, talvez."

Ela sente o colo dos seios esquentarem sobre o olhar sugestivo dele. Seu sorriso se alarga.

Ela sorria muito quando estava entorpecida.

"Estava me vendo dançar?"

"Reparei um pouco."

"Então deve ter visto que não danço bem."

"Você tem uns movimentos interessantes." Ele a olha e repara em como seus olhos são incomuns.

Sem cerimônia alguma, ela se aproxima dele, apoiando os braços no balcão ao lado dele. Ela solta antes de puxar a garrafa da mão dele para dirigi-la aos próprios lábios. "Não vou mentir, eu tenho mesmo, mas não são movimentos de dança."

Desinibida e insinuada.

Ou seria autoconfiante e sedutora?

De qualquer forma, ele não esperava receber uma resposta tão rápido. Seus diamantes captam o movimento sutil da ponta da língua dela contornando a borda da garrafa. Ela bate os dentes no recipiente, ainda sorrindo e toma um último gole.

O brilho de desejo fica evidente em seus olhos e acaba servindo como combustível para o atrevimento dela.

Ela faz menção de se retirar, mas seu pulso é agarrado por ele.

Ele não percebeu que havia a segurado no lugar. Quando se dá conta do ato impulsivo, escorrega a mão do pulso para os dedos dela, para se redimir da atitude um tanto dominante.

Ela pode ler em seus olhos o que ele quer dizer e para adiantar o lado de ambos, ela fala sorridente.

"Vou pegar meu casaco."

O que se seguiu não ficou muito claro em sua mente. Ela não funcionava direito nos fins de semana.

Ela se lembra de ter pegado seu casaco, de ter a mesma ardência correndo por seu nariz novamente e então, da sensação de dedos entrelaçados aos seus enquanto saia da casa noturna.

O ar gelado lhe deu um tapa na bochecha, mas seu corpo permaneceu quente, pois estava sendo alvo das mesmas mãos grandes que ela segurava segundos atrás.

Lábios ligeiramente inchados e com gosto de cevada, se encaixando aos dela, com um amargo sabor de tabaco.

O corpo grande e corpulento dele a esmagou contra a parede do estacionamento e os dedos dela puxaram seus fios loiros.

No instante seguinte, gemidos ofegantes deixavam seus lábios. Sua visão distorcida capta sombras andando pela calçada enquanto olhavam em sua direção com curiosidade. Ela agarra na nuca de seu ficante e impulsiona o quadril contra os dedos dele, que trabalham maravilhosamente bem dentro de seus jeans abertos, invadindo sua calcinha.

Algumas risadas depois e ela estava dentro de um carro, em cima dele. O ar gelado os abandona e o calor predomina deixando o minúsculo espaço abafado.

Foi desastrosamente difícil remover as roupas, mas somente sua calça ficou no tapete.

A carne de sua bunda é espremida por entre os dedos ágeis dele. Sua calcinha é colocada de lado e seu interior úmido e escorregadio é invadido pelo membro duro e cheio de veias dele.

Da sensação ela se lembra.

Foi uma penetração rápida e precisa. Ela já estava incrivelmente molhada de qualquer maneira.

Ele estimula os movimentos dos quadris dela em seu colo, a fazendo sentar e levantar em seu membro. Forçando sua cavidade apertada e esponjosa a engolir seu pau pulsante e dominante.

Ela era grosseira. Rude. Selvagem.

O movimento de seu quadril fica frenético quando ela agarra em seu cabelo e pescoço. Seus dentes afiados mordiscam os lábios dele em um beijo feroz.

Ela passa a língua no pequeno corte feito no lábio dele e o gosto metálico de sangue a excita de tal forma, que seu interior libera mais fluidos enquanto o acomoda dentro dela.

Um rosnado escapa dos lábios dele, que invadido pela luxúria e desejo, agarra em sua cintura e a joga contra o estofado do carro.

A regata branca se encontrava em sua barriga. Seus seios, enfim libertos, balançavam para cima e para baixo por conta dos movimentos, agora, do quadril dele no meio de suas pernas.

Seu mamilo esquerdo é alvo de seus dentes e língua e ela arqueia embaixo dele.

Gostava de ser maltratada.

Ele passa a adorar cada centímetro de sua mama redonda enquanto estoca dentro de seu corpo pequeno.

A cabeça dela gruda contra a porta do carro e a posição em que estavam não era das mais confortáveis. Mas ela estava adorando mesmo assim.

Era palpável a diferença entre ser fodida por seus colegas de sala e por um homem de verdade.

Os movimentos dele pareciam saber exatamente como enterrar seu pau grosso dentro dela, atingindo lugares que raramente eram encontrados. Pouquíssimas vezes eram estimulados.

Ela era incrivelmente apertada e escorregadia. O acomodava tão bem. O engolia tão bem.

A expressão em seu rosto era incomparável. Tão branca, mas com as bochechas coradas por conta do calor que se espalha pelo seu sistema. Os olhos fechados, as sobrancelhas juntas, a boca aberta, incapaz de conter os gemidos.

Ele desce os olhos pelo corpo dela, tendo como fonte de iluminação apenas a luz do poste.

Os seios brancos e fartos, bem redondos e durinhos, com a aréola pequena e de tonalidade escura. Os mamilos, enrijecidos e molhados com a saliva dele, doloridos pelos dentes que o mordiscam.

A cintura fina, típica de uma jovem com o corpo ainda em desenvolvimento. E mais para baixo, sua boceta lisinha e avermelhada. Com os lábios inchados e se abrindo para receber seu pau.

Ele lateja dentro dela quando seus movimentos se tornam mais bruscos e exigentes. A cabeça dela começa a bater contra a porta do carro e para aliviar o incômodo, ela espalma uma mão no banco do motorista e a outra na porta.

Seus olhos perolados parecem brilhar na penumbra escura entre a pequena fresta de suas pálpebras semicerradas.

"Mais forte, mais forte!"

Ela exige e ele imediatamente obedece. Um rugido rasga sua garganta com a mudança de ritmo e não demora muito para que ambos atinjam o clímax daquele encontro juntos.

As curtas unhas dela arranham o estofado quando o orgasmo atinge seu corpo, o fazendo tremer embaixo dele. Suas pernas ficam moles e sua mente se apaga.

Ele enterra o rosto na curva do pescoço dela enquanto se libera dentro de sua cavidade, a preenchendo e lambuzando suas paredes e lábios.

"Merda!"

O rapaz xinga baixinho quando percebe o que acabou de fazer. Ele tenta se afastar, mas sua nuca é agarrada e sua boca esmagada pela dela.

"Dia seguro." Ela murmura contra sua boca antes de se afastar.

"Movimentos realmente interessantes."

"Belo carro."

Ele ri e se afasta, se retirando dela.

Eles ajeitam as roupas removidas e amarrotadas.

Ela pula em seu colo e agarra em seu rosto para lhe roubar um último beijo.

"Posso te levar pra casa, se quiser." Ele oferece, mas ela rejeita, já abrindo a porta do carro. "Não precisa."

Mais uma vez ele segura o pulso dela antes dela sair do seu colo. "Posso te ver de novo?"

"Eu não costumo fazer isso." Ela sorri. "Mas quem sabe."

"Vou te encontrar se voltar aqui?"

A boca dele é almejada pela dela em um beijo lento. "Você vai ter que voltar pra descobrir."

O calor dela contamina ele e o beijo incendeia o desejo por ela novamente. Ele não devia tentar vê-la de novo e sabe disso, mas decide ignorar o aviso.

Ele sorri para ela e a solta para que ela saia do carro. Ele a observa ajeitar o cabelo no casaco.

Ela sorri pra ele antes de atravessar a rua para voltar para a festa. "Valeu pela cerveja."

Ela passa por entre a multidão e retorna para dentro. Sem nem ao menos olhar para trás.

A falta de resposta dela o intriga. Ele costumava conquistar reações mais calorosas após o coito. Um convite para ir até a casa, um número de telefone anotado, uma segunda rodada agendada.

Ela, no entanto, o usou e assim que o consumiu, se retirou. Sem cerimônias. Sem promessas.

Ele bagunçou os fios loiros antes de ocupar o assento do motorista e ligar o motor do carro.

Talvez ele estivesse perdendo o jeito.

06 de Março de 2031.

"Como eu disse, foi um encontro casual igual a todos os outros, não levaria a nada. Eu voltei pra festa e continuei me divertindo com meus amigos."

"Ele pediu para te ver de novo, no entanto. Pareceu ter se interessado."

"Sim, ele pediu, mas por mais que eu tenha o achado atraente, eu não pretendia vê-lo de novo. Eu mal me lembrava dos rostos dos rapazes com quem eu dormia. O dele se apagaria da minha mente na manhã seguinte."

"Então quando vocês se viram de novo?"

Ela deixa escapar uma risada nasalada. "No dia seguinte. Eu acordei com a minha mãe gritando no meu ouvido dizendo que receberia uma visita em casa e que era pra eu arrumar o meu quarto. Estressada e com uma ressaca horrível, eu levantei pra tomar um remédio e logo depois ele chegou. Você tinha que ver a cara dele quando me reconheceu."

"Eu imagino o espanto!"

Ela ri mais uma vez. "É… foi bizarro! Quer dizer, quais as chances, sabe? De todos os caras, eu acabei me envolvendo com ele!" Ela se senta em cima da perna. "Eu achei a coisa mais esquisita do mundo e fiquei rindo por horas depois. Não estava conseguindo processar."

"Mas então você descobriu que ele passou a noite com você já comprometido com sua mãe."

"Sim, sim. Eu não sabia que minha mãe estava namorando. Eu não ligava para a vida amorosa dela ou qualquer coisa dela. Nossa relação era péssima." Ela abaixa os olhos para as mãos. "Eu praticamente a odiava."

"Por quê?"

"Porque ela era uma péssima mãe. Péssima esposa, péssima companheira, péssima amiga, péssima em tudo. Pelo menos era assim que eu a via." Ela se remexe mais uma vez no sofá para afastar a sensação que ameaça invadir seu peito. "Enfim, por eu odiar ela, eu meio que vi uma oportunidade em tudo aquilo."

"Oportunidade de quê?"

"De me vingar dela." Ela levanta os olhos. "Eu já havia dormido com ele mesmo e o fato dele ter estado naquele lugar enquanto estava em um relacionamento com ela dizia muito sobre ele, então eu decidi tirar vantagem da situação."

"E como você tirou vantagem da situação?"

"Fiz o que qualquer vadia no meu lugar teria feito."

"O que você fez?"

"Seduzi ele."

"E como ele respondeu a isso?"

"No início ele resistiu. Era até engraçado de ver, ele fugia de mim o tempo todo. Evitava de ficar em casa quando eu estava e se eu aparecia ele se retirava."

"Ele passava muito tempo na sua casa?"

"Sim, minha mãe além de sua namorada, era a orientadora dele. Ele veio para Heywood para tentar iniciar o curso de mestrado em Letras e ela estava ajudando ele. Ela abriu a porta da sua casa para que ele pudesse estudar lá e usar a biblioteca dela quando quisesse. Inclusive ele usava o escritório dela como esconderijo."

"Você o cercava, então…"

"Sim, o cercava. E não demorou muito pra que ele finalmente cedesse."

"E quando isso aconteceu?"

"Foi no mês seguinte, em um dia que ele havia chegado com minha mãe da universidade." Ela para e se lembra dos detalhes. "Era pra ele ter sido apenas a carona dela, mas ele decidiu ficar depois do convite dela para jantar." Sua cabeça balança novamente com a lembrança e ela acaba rindo.

"O que foi?"

"Nada, é que hoje eu tenho certeza…"

"Certeza de quê?"

Ela levanta os olhos. "Certeza de que esse segue sendo o maior arrependimento da vida dele. Ter ficado."

"Você acredita nisso?"

"Ah, com certeza. Eu levei ele até o limite, fiz coisas inimagináveis pra conseguir a atenção dele. Eu era uma vadia sem escrúpulos. Eu praticamente destruí a melhor parte dele e ele se arrepende de ter deixado. Isso devia deixar ele neurótico, do tipo… o fazendo se questionar como uma garota de dezessete anos conseguiu foder ele desse jeito!"

"Você não agiu sozinha. O fato dele ter aceitado dormir com uma garota menor de idade diz muito sobre ele. Tecnicamente, ele cometeu um crime. Ele esteve ciente do que estava fazendo o tempo todo. Você pode ter sido mais manipulada do que imagina, afinal ele era o mais experiente entre vocês. Um homem quatorze anos mais velho, mais vivido. Ele sabia no que estava se envolvendo, ele sabia de todos os riscos e principalmente, ele sabia que você era jovem. E garotas na sua idade eram mais propensas a cairem na conversa de um homem mais maduro."

Ela já havia parado pra pensar por esse ponto de vista. De que talvez ela não tivesse sido tão persuasiva quanto ele. De que talvez ela é que tenha caído no jogo dele. Mas ainda sim ela não tiraria a sua parcela de culpa naquilo tudo. Ela sabe o que queria na época e do que era capaz de fazer. Não importa se a medida dos pecados dele tenham mais impacto do que os dela, isso não anulava a pessoa que ela era, o que ela havia feito. Os dois tinham culpa em tudo isso.

"Sim, você pode ter razão… eu era mais ingênua do que pensava. Chegaram a me falar isso."

"Ele chegou a te falar isso? Que se arrependeu de vocês?"

Ela sorri melancólica. "Não nessa época. Nessa época nós estávamos muito envolvidos. Depois que ele se entregou a gente passou a se pegar quase todo dia, em casa mesmo. Com minha mãe presente." Ela vira o rosto. "Eu não… eu era uma garota bem vulgar, eu não me importava com muita coisa e eu só queria ele. Então eu o induzia a fazer isso em casa mesmo e depois de um tempo ele finalmente me levou até o apartamento dele para que a gente tivesse mais privacidade. Foi onde demos inicio ao nosso joguinho perverso."

"E isso durou quanto tempo?"

Seus olhos encaram os da mulher à sua frente. "Durou tempo o suficiente." Sua expressão fica pensativa. "Tempo o suficiente pra destruir tudo que havia restado de nós."