Harry caminhava pelos corredores mal iluminados de Hogwarts saltitante. Ele estava feliz. Muito feliz. Ele e seu namorado iam fazer sete meses juntos. Um ano desde que eles perceberam os sentimentos deles, mas sete meses desde que eles deixaram de lutar contra isso e se jogaram nesse sentimento.
Ninguém sabia. Ninguém. Nem seus melhores amigos. Isso era para a segurança de todos. E Harry se sentia um pouco triste por estar escondendo isso, mas se esconder significasse que ele teria esses momentos com seu namorado, então ele seguraria essa informação próxima ao seu coração, tomando cuidado para que ninguém suspeitasse. E estava tudo indo certo.
Então, todas as noites que eles se encontravam, trazia certa alegria e euforia para o seu peito. Ainda mais porque eles não se viram durante as férias de Hogwarts. Toda vez que seu amante apareceu no QG, eles foram "impedidos" de se verem, já que a Ordem só marcava as reuniões tarde da noite, esperando todos os adolescentes estarem na cama.
Aquelas férias foram um pouco duras porque ele perdeu seu padrinho por um feitiço de Bellatrix e ele só queria o conforto do amante, algo que foi negado inconscientemente, já que, mais uma vez, ninguém sabia de seu relacionamento.
Então as semanas se passaram e ele, ainda com seus parentes trouxas, se sentiu enjoado, cansado, sua pele estava irritada e ele não sabia o que poderia ser. Até que em um dia aleatório, sua tia Petúnia conversava com uma amiga na sala enquanto as duas tomavam chá e Harry estava preso em seu "quarto". A amiga falava dos sintomas que estava sentindo e Petúnia insistiu que a amiga fizesse um teste para ter certeza de que não estava grávida.
Mesmo não acreditando de início, ele guardou aquela informação e quando chegou a Grimmauld Place, ele correu para a biblioteca e procurou em diversos livros como ele poderia descobrir isso. Depois de tantos livros ele encontrou o feitiço e não perdeu tempo em testá-lo.
Positivo.
Pois bem. A guerra estava pairando em suas cabeças e ele não sabia se sentia feliz por ter um filho, algo que ele sempre desejou, ou se ficava amedrontado pelo medo que o cercava e logo cercaria seu filho. Mas depois de pensar em seu namorado, ele ficou um pouco mais tranquilo. Ele sabia que seria uma surpresa, mas tinha certeza de que seu namorado ficaria feliz pela notícia. Eles já conversaram antes.
Sim. Ele estava feliz e animado para contar para o namorado enquanto cantarolava caminhando em direção ao seu apartamento privativo.
Antes dele entrar, Harry ouviu a voz de Dumbledore. Isso não era bom. Nada que envolvesse o diretor era bom. Há muito que ele parou de confiar cegamente do velho. Seja o que eles estivessem conversando, parecia chegar ao fim quando a porta se abriu rapidamente. Harry se escondeu atrás de uma enorme pilastra e puxou a capa da invisibilidade para mais perto de si. Ele observou o diretor lançar um último olhar para o mestre de poções e virar a esquina, provavelmente voltando para o seu escritório.
Por segurança, Harry esperou mais um pouco e quando teve certeza de que o velho não voltaria, ele entrou no apartamento e viu seu amante, com uma aparência cansada e estressada. Ele só ficava assim depois das reuniões de Voldemort.
Harry tirou a capa devagar e observou o ambiente. Procurando por algo sem saber o que era. As luzes das velas iluminava fracamente o ambiente. Harry caminhou até uma poltrona e se sentou, observando seu amante caminhar de um lado para o outro.
- Sev, tudo bem? - Harry perguntou preocupado, não gostando da expressão em seu rosto.
Severus abriu a boca algumas vezes tentando encontrar as palavras certas. Seu rosto era uma máscara de frieza, mas os olhos, embora escuros, revelavam um turbilhão de emoções que ele tentava lutar para esconder.
- Isso não vai dar certo. Não podemos continuar assim. - Severus começou com a voz baixa e controla, mas dura.
- O que você está dizendo, Severus? Do que você está falando? - Harry estava um tanto confuso. Ele se levantou de onde estava e se aproximou do namorado.
Severus o encarou por um momento, a expressão ainda mais fechada, não trazendo um sentimento bom para o Harry sobre para onde isso estava indo.
- Estou dizendo que acabou. Entre nós... acabou.
Harry recuou, chocado. Ele abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Seu coração começou a bater de forma descompassada. Um aperto em seu peito dizia que algo estava quebrando dentro dele.
- Mas... por quê? O que eu fiz de errado? - Sua voz estava trêmula.
- Você não fez nada de errado. É exatamente por isso que temos que acabar com isso agora, antes que seja tarde demais. - Severus suspirou pesadamente, virando o rosto para evitar os olhos de Harry.
Harry lutou para segurar as lágrimas, mas a dor transpareceu em sua voz.
- Não faz sentido! Nós estávamos bem. Eu te amo... você sabe disso. Por que você está fazendo isso?
- Porque amor não é suficiente, Harry. Você acha que o mundo é um conto de fadas? Que só o amor pode resolver tudo? Não funciona assim. Eu.., eu não sou quem você pensa que eu sou. - Severus endureceu a voz, tentando se manter firme em sua decisão.
Harry deu um passo à frente, tentando alcançar Severus, mas ele levantou a mão, sinalizando para que Harry parasse. Severus estava lutando contra suas próprias emoções e sua mão tremia levemente. O mestre de poções não queria ver o rosto do namorado, temendo que possa fraquejar em sua decisão.
- Sev, por favor, não me afaste. Não agora. Eu sei que você tem suas feridas, mas nós podemos superar isso juntos. Eu não sou uma criança, eu entendo que o mundo é difícil, mas eu estou disposto a lutar por nós. - Harry estava praticamente implorando, com lágrimas nos olhos. Tudo estava indo tão bem antes...
- Você não entende, você nunca vai entender! Você é jovem, ingênuo... você acha que pode consertar tudo com essa sua visão otimista. Mas eu... eu não posso esquecer o passado. Não posso viver com alguém que acredita que o amor é o bastante quando o mundo está pronto para nos esmagar. - Severus disse com um tom cortante e frio, querendo acabar com isso de uma vez.
Harry sentiu o chão desmoronar sob seus pés. As palavras de seu namorado - ou ex - são como facas cortando seu coração. Ele tenta se aproximar de novo, mas Severus se afasta, quase com raiva.
- Isso... isso não pode ser verdade. Você está dizendo isso para me machucar, não está? - Ele tentou conter sua voz de choro, mas falhou miseravelmente.
- Eu estou dizendo isso porque é a verdade. Eu não te amo mais. Eu não consigo sentir nada por você. - Severus lhe lançou um olhar sombrio, mantendo o controle.
O que atravessou o corpo de Harry como uma onda. Ele buscou os olhos de Severus, tentando encontrar alguma rachadura na máscara fria que ele estava usando, mas não viu nada. Apenas uma parede impenetrável.
- Você... você não quer dizer isso... - Harry sussurrou desesperado, pensando que tudo isso fosse apenas um pesadelo e que logo ele acordaria.
- Eu quero sim. E é melhor você aceitar isso agora do que viver nessa fantasia de que o amor pode nos salvar. - Era um tom final, implacável. - Eu não sou o home que você acha que eu sou. Não quero sua piedade e não quero arrastar você para a escuridão que me cerca.
Harry estava quebrado. Ele sabia que Severus estava escondendo algo, mas as palavras que estava ouvindo eram devastadoras demais para que ele conseguisse raciocinar. Ele deu um último passo para trás, sentindo-se esmagado pela dor.
- Severus... por favor... - Com seus olhos cheios de lágrimas, ele finalmente permitiu que elas caíssem.
- Vá embora. Isso acabou. Você precisa seguir em frente e viver a vida que eu nunca poderei te dar. - Ele se virou bruscamente com sua capa esvoaçando atrás dele da maneira que sempre assustava os alunos de Hogwarts. Sua voz era firme e baixa.
Harry não conseguia mais lutar. Ele ficou parado por um momento, então, com um último olhar triste para o ex namorado, ele se vira e sai do pequeno apartamento.
Severus permaneceu onde estava, com os ombros caídos e os olhos fechados. Quando ouviu a porta se fechar, ele finalmente deixou que sua máscara caísse. Seu rosto se contorceu de dor, mas ele não derramou uma lágrima. O sacrifício que fez para proteger seu amado o destruiu por dentro.
Horas depois, longe das paredes tão protegidas de Hogwarts, Harry podia ser encontrado em Gringotts, onde ele sabia que por dinheiro, eles manteriam a descrição. Agora, seu único desejo era fugir do mundo bruxo e se esconder. Ele não queria ter mais nada a ver com isso, com guerra ou não.
