Harry demorou para se acostumar à informação que Thomas e James eram casados e eram seus pais. Foi um choque saber que Lucius e Narcisa não eram casados, mas eram pais de Draco. Narcisa ser casada com Regulus foi outra surpresa. Agora, Sirius e Lily serem casados foi quase demais para ele suportar.

Quando ele soube que Thomas era seu pai, ele estava pronto para descobrir as verdades ocultas por trás de toda aquela guerra. Ele ficou feliz quando seu pai reforçou que ele estava fora da guerra que sondava o mundo bruxo e ele deveria se preocupar apenas em se conectar com sua família.

Desde que fugiu para o mundo trouxa, Harry ficou longe das notícias, mas ele sabia que tudo estava um caos. O menino que sobreviveu desapareceu. O lorde das Trevas Voldemort estava seguindo seu caminho na política, colocando alguns de seus comensais em cargos importantes dentro do ministério, as coisas estavam um tanto confusas e tensas. Agora, com Thomas esclarecendo que mesmo que esse não fosse seu desejo, ele ficaria longe das falácias do mundo mágico. Então era bom para ambos que Harry já estivesse seguindo aquele caminho muito antes disso.

Ele não sabia quais eram as notícias estampadas no Profeta Diário e, pela primeira vez, ele estava feliz com isso. A paz que ele sentiu ao ficar longe de toda essa confusão era maravilhosa e ele gostaria que permanecesse assim por um tempo.

Sua paz foi quebrada, mas não da forma que ele esperava. Ele já havia passado da marca dos nove meses e era só uma questão de tempo para seu filho nascer. A bomba que abalou sua bolha foi um pedido de uma reunião. Ele estranhou, já que conversa com todos eles praticamente todos os dias.

Hoje era um sábado, dia de Draco estar em casa. Harry apreciava a amizade e apoio de Draco, então os dois estavam caminhando juntos pelos corredores até o escritório de Lucius.

- O que você acha que pode ser? - Harry perguntou calmamente.

- Eu não faço ideia. Mamãe e papai não me disseram nada. - Draco deu de ombros. - Eu não tenho paciência para lidar com Sirius e Thomas tem passado mais tempo em sua mansão comandando seus comensais do que na mansão Malfoy.

Harry sentia um peso desconhecido enquanto caminhava ao lado de Draco pelos corredores da mansão Malfoy. A arquitetura imponente do lugar, com seus arcos góticos e tapeçarias antigas, parecia mais opressiva do que usual. Ele mal conseguia processar todas as revelações recentes sobre as complexas relações familiares ao seu redor. O mundo que Harry conhecia estava se desintegrando e reformando diante de seus olhos, com as peças rearranjadas em formas que ele nunca imaginaria.

Ao chegar à porta do escritório de Lucius, Harry trocou um olhar rápido com Draco. Algo no ar parecia diferente, mais denso, e o comportamento de Draco nos últimos dias só tornava as coisas mais confusas. Eles estavam mais próximos do que nunca, compartilhando risos e confidências, mas Harry sentia uma tensão latente, uma corrente subterrânea de emoções que ameaçava romper a superfície a qualquer momento. Ele sabia que Draco estava lidando com os próprios sentimentos, mas agora, no corredor escuro e frio, parecia que o universo conspirava para intensificar essa proximidade.

Quando entraram, seu pai estava de pé ao lado da janela, observando o jardim com uma expressão que Harry não conseguia decifrar. Lucius estava sentado em sua poltrona habitual, enquanto Narcisa, sempre serena, estava de pé ao lado de Sirius, que tinha um olhar preocupado. A presença de todos esses rostos familiares, mas também distantes em suas complexidades, fez o coração de Harry acelerar.

- Harry, Draco. - Thomas os cumprimentou, sua voz carregada com um peso que fez Harry estremecer levemente. - Há algo que eu preciso discutir com vocês, algo que descobri recentemente.

Harry se sentou lentamente, sentindo Draco se posicionar ao seu lado, como se o ato de se aproximar fosse uma tentativa inconsciente de criar uma barreira protetora contra as palavras que estavam por vir.

- Eu descobri um feitiço antigo que pode nos ajudar a localizar o corpo de James. - Thomas começou, observando cuidadosamente a reação de seu filho. - Ninguém sabe onde ele foi enterrado, mas esse feitiço pode nos levar à sua localização.

O choque percorreu o corpo de Harry como um raio. Seu coração batia descompassado, sua mente corria a mil por hora tentando processar o que aquilo significava. Ele olhou para Draco, buscando algum tipo de ancoragem na confusão que tomava conta dele, e encontrou o olhar fixo nele, cheio de preocupação.

- Você quer encontrar o corpo dele? - Harry murmurou, ainda tentando juntar as peças de uma realidade que parecia cada vez mais distorcida.

- Sim. - Thomas respondeu com firmeza, mas também com uma suavidade que Harry nunca tinha ouvido antes. - James foi seu pai. Ele merece ser encontrado, e você merece saber onde ele está.

Harry piscou algumas vezes, tentando controlar as emoções que borbulhavam na superfície. Ele sentia o toque sutil de Draco em seu ombro, um gesto de apoio que ele nem sabia que precisava até aquele momento. Draco, que sempre fora seu rival, agora era uma âncora de estabilidade em meio ao caos.

- Eu ajudo. - Harry finalmente disse, sua voz soando mais firme do que ele esperava. - Se isso significa que podemos encontrá-lo, eu ajudo.

- Vamos fazer isso juntos, Harry. - Sirius, que estava em silêncio até agora, se aproximou de Harry e colocou uma mão em seu ombro.- James merece esse descanso e você merece respostas.

Thomas levantou a varinha e puxou um fio da magia de seu filho enquanto murmurava algumas palavras. O fio mágico pairou no ar por um tempo e logo ele se desfez ao adentrar o pergaminho. Segundos, que pareceram minutos, se passaram em total silêncio.

Antes que qualquer um pudesse falar, uma revelação inesperada surgiu no pergaminho que Thomas segurava e o ambiente mudou instantaneamente. Lucius franziu a testa, seu olhar escurecendo, e Narcisa olhou para Thomas com preocupação crescente.

- O que está acontecendo? - Harry perguntou, sua voz cheia de nervosismo.

Thomas hesitou por um momento antes de entregar o pergaminho para Lucius, que leu rapidamente antes de passar para Narcisa.

- Há mais nisso do que imaginávamos. - Lucius disse finalmente, a tensão clara em sua voz. - O feitiço não apenas localiza o corpo, mas também revela... outras coisas. Coisas que não podemos prever.

- Que coisas? - Harry perguntou, sua ansiedade crescendo a cada segundo.

Antes que pudessem responder, Harry sentiu uma dor aguda em seu abdômen, uma sensação que ele reconheceu rapidamente. O pânico subiu em sua garganta enquanto ele tentava processar o que estava acontecendo. Narcisa foi a primeira a agir, movendo-se com a precisão de alguém que já passou por isso antes.

- Harry, está tudo bem. - Narcisa disse com uma calma forçada enquanto se ajoelhava ao lado dele. - É a hora. O bebê está vindo.

Draco estava de prontidão ao lado de Harry, seu rosto uma máscara de preocupação enquanto segurava a mão dele.

- Eu estou aqui. - Draco disse, sua voz baixa, mas cheia de uma determinação que surpreendeu até mesmo a si próprio. - Eu não vou a lugar nenhum.

Harry segurou a mão de Draco com força, sentindo o calor da pele dele contra a sua. As emoções conflitantes que ele vinha reprimindo agora corriam soltas. Ele se sentia dividido entre o medo do que estava por vir, a confusão em relação a Draco, e o amor profundo que ainda sentia por Severus. Mas naquele momento, tudo o que ele queria era o conforto de Draco ao seu lado.

- Não me deixe. - Harry sussurrou, sua voz quebrando.

- Eu não vou. - Draco respondeu, seus olhos fixos nos de Harry, com uma intensidade que fez o coração de Harry acelerar de uma forma completamente diferente. - Eu prometo.

Com a ajuda de Narcisa, eles conseguiram levar Harry para a enfermaria. As contrações eram intensas, cada uma trazendo uma nova onda de dor, mas também de antecipação. Draco não soltava a mão de Harry, e Harry não conseguia imaginar passar por aquilo sem Draco ao seu lado.

Lucius observou a cena com olhos atentos enquanto Narcisa e Draco auxiliavam Harry em seu estado vulnerável. A urgência do momento era inegável, mas havia mais que precisava ser discutido, algo que pendia no ar como uma espada prestes a cair. Lucius se aproximou de Thomas, observando a expressão séria do homem que era, afinal, pai biológico de Harry. Ele hesitou por um breve instante antes de falar.

- Há alguém que também deveria estar aqui. - Lucius disse suavemente. Seu olhar era significativo para Thomas. Não precisou dizer mais nada, ambos sabiam de quem ele estava falando. Severus Snape, o homem que harry confidenciara ser o pai de seu filho, deveria estar presente naquele momento crucial.

Thomas, no entanto, balançou a cabeça, sua expressão endurecendo.

- Severus não deveria estar aqui, Lucius. - Ele respondeu, a voz baixa, mas firme. - Harry deixou claro que não queria que Severus soubesse agora. Ele saberá no momento certo, quando Harry estiver pronto.

Lucius olhou para Thomas, avaliando suas palavras. Ele sabia que o homem estava certo ao respeitar o desejo do filho, mas isso não impedia a inquietação que sentia sobre a ausência de Severus. Ele também sabia que havia algo mais por trás de recusa de Thomas, algo mais profundo, talvez relacionado ao próprio passado de Thomas e sua percepção do relacionamento entre Harry e Severus.

Enquanto a tensão silenciosa pairava entre os dois homens, Sirius, que até então permanecera em silêncio, observando Harry e Draco, fez um comentário que quebrou o impasse.

- Harry e Draco têm ficado muito próximos. - Ele disse, a voz carregada de um tom reflexivo. - É evidente que essa relação pode se desenvolver para algo mais, não é?

Lucius voltou sua atenção para Sirius, percebendo o que ele estava insinuando. Era verdade que os dois estavam cada vez mais conectados,e Lucius não era cego para as sutis mudanças no comportamento de seu filho. Draco estava claramente se apaixonando por Harry, mas Lucius sabia que a situação era complicada.

- Harry está confuso. - Ele disse calmamente. - Seus sentimentos por Severus ainda são fortes, mesmo que estejam misturados com tudo o que está acontecendo ao seu redor.

Thomas assentiu, mas havia uma expressão pensativa em seu rosto.

- Eu gosto de Severus, sempre gostei. - Ele começou, como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras. - Mas espero que os sentimentos de Harry por ele mudem. Eles já se amaram, sim. Foi um relacionamento escondido, carregado de segredos e sombras, e eles compartilharam muita coisa... até um filho. Mas essa relação não começou de forma certa.

Lucius franziu a testa, interessado em ouvir a perspectiva de Thomas.

- Como assim? - Ele perguntou.

Thomas suspirou, cruzando os braços enquanto olhava para o chão, como se estivesse revivendo memórias antigas e dolorosas.

- O relacionamento deles começou durante as detenções de Umbridge. - Explicou, a voz carregada de amargura. - Harry estava vulnerável, quebrado pelas torturas psicológicas e físicas que sofria. Severus também estava vulnerável, sob constante estresse com o meu retorno. Por um tempo, eles podem ter se amado, mas foi um amor nascido de circunstâncias extremas, não de uma base sólida.

Sirius, que ouvia atentamente, balançou a cabeça em compreensão.

- Eu entendo o que quer dizer. - Murmurou. - Às vezes, o que parece amor é apenas uma maneira de sobreviver ao caos. Mas isso não torna as coisas mais fáceis, especialmente para Harry.

- Exatamente. - Concordou Thomas. - E agora, com Draco... as coisas são igualmente complicadas. Harry está perdido, confuso com todos esses sentimentos e mudanças em sua vida. Draco, por outro lado, está claramente se apaixonando por ele. Mas um relacionamento entre eles agora, com Harry tão vulnerável e Draco talvez não entendendo completamente o que significa se envolver com alguém que tem um filho... Pode ser desastroso para ambos.

Lucius assentiu, vendo a sabedoria nas palavras de Thomas.

- Draco precisará entender que, se ele seguir esse caminho, Harry não vem sozinho. O filho dele será parte desse relacionamento, e isso é uma responsabilidade enorme.

- Sim. - Thomas concordou. - Eu quero que Harry encontre a felicidade, mas não quero que ele e Draco se machuquem por entrarem em algo para o qual não estão prontos. Eles têm muito a considerar antes de dar qualquer passo.

A sala ficou em silêncio por um momento enquanto os homens ponderavam sobre os dois meninos. Cada um deles carregava o peso das responsabilidades e decisões que poderiam impactar a vida de Harry, Draco, e o filho que estava prestes a nascer.

Finalmente, Lucius quebrou o silêncio.

- Deixemos esses assuntos para depois. - Sua voz assumindo um tom mais prático. - Agora, precisamos nos concentrar nessas informações do pergaminho.