Jacques Tamsin Peverell era um menino lindo que trouxe ainda mais alegria ao coração de Harry. Ele estava deitado nos braços de Draco, que o ninava para que Harry pudesse descansar.

O parto não foi algo fácil. Ele perdeu muito sangue e sua saúde já um pouco debilitado levou o melhor dele. Por ordem de Narcisa, e sem querer discutir, ele estava de repouso há pouco mais de três semanas. Nesse tempo, ele ficou a primeira semana em um coma induzido para que seu corpo pudesse ter forças para se recuperar.

Nas duas semanas desde que estivera acordado, ele recebeu poucas visitas. Claro, todos apareceram, mas não ficaram por muito tempo. Algo estava acontecendo, Narcisa sabia e sabiamente disse que não contaria para que ele pudesse apenas descansar sem mais estresse. Draco, sua última esperança, não sabia. Ele se recusou a saber o que estava acontecendo porque sabia que se Harry pedisse, contaria, e agora ele queria que Harry tivesse paz.

Como durante toda a sua gravidez, agora ele também estava tendo paz sobre o que estava acontecendo lá fora desses muros. Ele sabia que uma hora teria que sair, mas sendo sincero, ele estava feliz por esse momento não ser agora.

Harry observava com carinho enquanto Draco ninava Jacques, o bebê aninhado confortavelmente nos braços do loiro. Havia algo profundamente tranquilizador na imagem dos dois juntos. Draco, com sua expressão concentrada e afetuosa, e Jacques, sereno, quase adormecido. A voz suave de Draco enquanto cantarolava uma melodia baixa preenchia o quarto, acalmando não apenas o bebê, mas também o coração inquieto de Harry.

- Ele gosta de você. - Ele sussurrou, um sorriso cansado curvava seus lábios.

Era verdade, havia uma conexão entre Jacques e Draco que era inegável, algo que aquecia o coração de Harry, mas também o deixava confuso e incerto. Harry sabia que Draco estava se apegando ao bebê, e ele próprio estava se apegando à presença reconfortante de Draco em sua vida. Porém, uma parte de si ainda estava dividida, ainda presa aos sentimentos complicados que tinha por Severus.

Draco levantou o olhar para Harry, seus olhos claros revelando uma ternura que Harry não via com frequência.

- Ele é um garoto especial. - Respondeu suavemente, ajustando o bebê em seus braços para que fizesse ainda mais confortável. - E você fez algo incrível.

Harry desviou o olhar, sentindo as emoções agitarem dentro de si. Ele havia passado por tanto, e embora estivesse imensamente grato por seu filho, uma sombra de medo e incerteza ainda pairava sobre ele. Seu corpo ainda estava fraco, sua mente exausta, mas havia algo mais... algo que Narcisa e Draco estavam escondendo dele. Algo sobre o que estava acontecendo fora das paredes seguras que o cercava.

- Draco. - Harry começou, mas antes que pudesse continuar, a porta se abriu, revelando Thomas. Draco, percebendo a chegada do pai de Harry, deu um sorriso compreensivo para Harry antes de se levantar.

- Vou levar Jack para o quarto dele. Ele precisa dormir, e você precisa descansar. - Draco disse, dirigindo-se para a porta com o bebê nos braços. Ele fez uma pausa antes de sair, olhando uma última vez para Harry. - Lembre-se, estou aqui para o que precisar.

Harry apenas assentiu, observando Draco sair com seu filho. Quando a porta se fechou, ele sentiu um leve vazio, mas logo voltou sua atenção para Thomas, que estava parado ao lado da cama, a expressão grave. Havia algo em seus olhos que fez o coração de Harry acelerar de ansiedade.

- Pai, o que está acontecendo? - Ele perguntou com a voz hesitante. Sei que estão escondendo algo de mim.

Thomas suspirou, puxando uma cadeira para se sentar ao lado da cama. Ele segurou a mão do filho, apertando-a suavemente.

- Harry, há muito o que você precisa saber. E talvez, agora que eu vejo que você está um pouco mais forte desde que acordou, seja o momento certo para contar.

Harry sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele sabia que era algo grande, algo que mudaria tudo. Thomas parecia lutar para encontrar as palavras certas, mas quando finalmente começou, sua voz era calma, quase reconfortante.

- Quando você ainda estava em coma, conseguimos chegar montar uma "força tarefa". - Começou. - O pergaminho nos levou aos terrenos de Hogwarts. Um lugar que todos conhecíamos bem, mas que escondia segredos que ninguém poderia imaginar.

Harry arregalou os olhos. Hogwarts. O lugar que ele considerava seu verdadeiro lar estava envolvido em tudo isso? Thomas continuou, a voz ficando mais sombria ao falar das descobertas que fizeram.

- Quando chegamos lá, encontramos um búnquer escondido sob os terrenos. Não foi fácil... Dumbledore estava lá, lutando ao lado de Remus. Mas Remus... ele não estava em seu estado normal. Descobrimos que ele havia sofrido uma lavagem cerebral, controlado por Dumbledore para manter o que estava escondido lá em segredo.

Harry sentiu uma onda de choque e repulsa.

- E o que estava lá?

Thomas apertou a mão de Harry mais uma vez.

- Encontramos James, Lily e... Regulus. - Ele disse com cuidado em cada palavra. - Eles estavam lá, vivos, mas em um estado... um estado que precisou de um tempo de cuidados antes de serem liberados pelos curandeiros.

Harry mal podia acreditar no que ouvia. Seu coração disparou, e ele sentiu uma mistura de esperança e medo.

- Meu pai, Lily... - Ele não sabia como processar a informação. Eles estavam vivos? E Regulus, o irmão de Sirius...

- Sim. - Thomas confirmou, olhando nos olhos do filho. - Eles foram resgatados, e agora, James está pronto para vê-lo.

Harry sentiu seu coração quase parar. Seu pai... aquele que ele pensou estar morto por tantos anos, estava ali, esperando para vê-lo. Uma mistura de emoções inundou sua mente - medo, ansiedade, felicidade. Ele não sabia como reagir, o que dizer. Ele sempre imaginou como seria reencontrar seus pais, mas agora que o momento havia chegado, ele se sentia completamente despreparado.

A porta do quarto se abriu novamente, desta vez revelando a figura de um homem que Harry reconheceria em qualquer lugar, apesar de sua aparência mais envelhecida e cansada. James Peverell estava ali, parado na entrada, hesitante, quase como se não soubesse se deveria entrar. Seus olhos estavam fixos em Harry, mas havia uma cautela neles, como se ele estivesse processando o fato de que o jovem à sua frente era realmente seu filho.

Thomas levantou-se, dando espaço para James.

- Harry, esse é seu pai.

James entrou devagar, seus olhos nunca deixando os de Harry.

- Hadrian... - Ele murmurou, a voz quebrando de emoção. Ele parecia inseguro, quase tímido, enquanto dava passos hesitantes em direção à cama. - Eu... não sei por onde começar.

Harry engoliu em seco, as palavras presas em sua garganta. Ele tinha tanto para dizer, tantas perguntas, mas ao mesmo tempo, sentia-se como uma criança que finalmente reencontrava o pai perdido.

James parou ao lado da cama, olhando para o filho com olhos cheios de uma mistura de dor e amor.

- Você cresceu tanto. - Ele disse com a voz carregada de arrependimentos. - Eu perdi tanto tempo...

Harry finalmente encontrou sua voz, embora estivesse tremendo.

- Eu... eu pensei que você estivesse morto. - Ele disse, as palavras saindo entrecortadas. - Tudo o que eu sempre quis foi ter você de volta... e agora...

James assentiu, os olhos brilhando com lágrimas que ele tentava segurar.

- Eu sei. - Sussurrou. - E me desculpe por não estar lá para você, por todos o tempo que você passou sozinho... Eu queria ter feito as coisas de forma diferente, mas...

Thomas, percebeu a tensão e o peso do momento, interveio, colocando uma mão reconfortante no ombro de James.

- Harry, James. - Sua voz era firme e gentil com as duas pessoas que mais amava. - Vocês dois passaram por tanto, mas agora têm a chance de se reconectar. Não é fácil... nada disso é. Mas vocês tem um ao outro agora, e isso é o que importa.

James assentiu, apertando a mão de seu filho, que ele havia pegado sem nem perceber.

- Eu não sei como fazer isso. - Admitiu, olhando para o filho com os olhos cheios de uma honestidade crua. - Eu não sei como ser um pai para você agora, depois de tudo o que aconteceu. Mas quero tentar. Quero... quero estar aqui para você, como eu sempre deveria ter estado.

Harry sentiu as lágrimas começarem a rolar por suas bochechas, mas desta vez, ele não se importou. Ele apertou a mão de seu pai de volta, sentindo uma conexão que, apesar de ter sido interrompida por anos de separação, ainda estava viva.

- Eu também não sei como fazer isso. - Harry respondeu, sua voz trêmula. - Mas... quero tentar também.

O quarto parecia envolto em um silêncio sagrado, apenas os sons suaves das respirações emocionadas de pai e filho enchendo o ar. Thomas observava com um sorriso suave, sabendo que, apesar de todos os desafios que ainda enfrentariam, este era o começo de algo novo, algo que poderia finalmente curar as feridas de ambos.

James olhou para o seu marido, um agradecimento mudo em seus olhos, antes de voltar sua atenção para Harry.

- Vamos fazer isso juntos, filho. - Ele prometeu, sua voz cheia de determinação. - Não importa o que aconteça daqui para frente, estou aqui com você. Nós vamos enfrentar tudo... como uma família.

E naquele momento, Harry soube que, apesar de todas as incertezas, não estava mais sozinho. Ele tinha seus pais juntos e eles poderiam encontrar um caminho para superar o passado e construir um futuro.