Algum tempo depois

Nada como um dia após o outro, ou vários dias e várias noites que se transformaram em semanas, que por sua vez viraram meses. Mas finalmente chegou o dia, o julgamento do senhor Riddle. Mesmo com grande parte da sociedade apostando que isso iria ser abafado, o homem vai sim se sentar em um tribunal.

Sirius se prepara para um circo midiático que fatalmente este julgamento será. Ele ficou sabendo que as vagas para assistir ao julgamento acabaram em horas e dizem as más línguas que algumas pessoas estão mesmo vendendo os locais como ingressos de uma partida de futebol.

Ele sabe que essa vai ser uma briga épica e que o outro lado vai usar todas as suas armas mais escusas, como tentativa de suborno e ameaças, e ele não duvidaria que algumas pessoas poderiam, digamos, desaparecer se ele não tivesse tomado todos os cuidados.

Essa vai ser uma luta de Davi e Golias, mas dessa vez Sirius tem uma pedras a mais para utilizar neste embate...

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Quase ao mesmo tempo

Argo Filch não sabe mais o que fazer ou o que esperar. Ele cumpriu a sua promessa e não falou absolutamente nada ao passo que o que lhe foi prometido ainda não aconteceu e ele, um cidadão de bem, está em meio à pior escoria da sociedade. Diabos, ele deveria receber uma medalha pelos seus serviços prestados à cidade!

Ele não sabe o que pensar, o zelador sabe que daria a vida pelo seu benfeitor e ele sempre pensou que a sua lealdade seria recompensada, mas apenas por um milésimo de segundo, às vezes passa pela sua cabeça que não é bem assim

A impressão que ele tem é que as pessoas esqueceram da sua existência, ele ouviu dizer que Tom Ridlle está em liberdade e em breve será julgado, ao passo que continua preso e nem seu advogado o visita mais.

Ele não sabe direito o que fazer, ele tem medo que qualquer atitude sua coloque tudo a perder e além de respeito seu benfeitor lhe trás outro tipo de sentimento, o medo.

O senhor Filch só sabe de uma coisa, ele não vai passar o resto dos seus dias neste antro de marginais, ele prefere a morte a isso...

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Enquanto isso

Draco Malfoy respira fundo, ele aguarda Severo Snape para conduzi-lo a salvo para o julgamento de Tom Riddle. Foram dias difíceis, o professor não é exatamente uma pessoa fácil e como ele tem consciência que também não é, esse tempo que ficaram juntos foi no mínimo interessante.

O homem não conversou muito, mas deu a Draco acesso a sua biblioteca o que serviu para distraí-lo um pouco, mas não o suficiente para tirar o seu foco. Draco jurou não perder mais ninguém para Tom Riddle e ele pode dizer que está cumprindo seu juramento com Severo Snape.

Neste momento Severo Snape chega vestindo um terno preto, a sua feição parece impassível como sempre, mas Draco é um bom observador e ele pode dizer sem medo de errar que o homem está nervoso.

- Tudo pronto? – ele pergunta – o senhor está pronto pra fazer isso?

- Se estou pronto ou não, não vem ao caso – o professor retruca – mas eu vou fazer isso. Vamos parar esse homem...

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Em outro local

Harry respira fundo enquanto arruma suas coisas, finalmente Tom Riddle será julgado e isso significa que finalmente a sua missão acabou.

Estas semanas com Gina não foram fáceis, em muitos momentos a ruiva esteve a ponto de por tudo a perder por causa da sua família, mas isso não fez com que Harry se decepcionasse, pelo contrário, só mostrou a ele que Gina é uma mulher que coloca a sua família acima de tudo e o fez pensar que talvez, só talvez haja uma chance para os dois afinal.

- Eu não acredito que isso finalmente vai acabar – ele diz fechando a sua mochila.

- Nem eu – Gina sorri – foi mais difícil do que eu pensava, quer dizer eu já havia ficado em diligências longas antes, mas isso foi surreal – ela baixa os olhos e respira fundo – desculpa eu meio que ter saído de mim algumas vezes, isso não foi nada profissional e se você quiser se queixar ao Sirius, eu vou entender...

- Ruiva – ele diz – você acha mesmo que eu faria algo assim? Você foi mais profissional do que a maioria das pessoas que eu conheço, você foi colocada em uma missão sem nenhum tipo de preparação para isso sem sequer saber do que se tratava e você nem titubeou! Você foi incrível considerando todas as circunstâncias.

- Só porque eu estava com você, Harry – ela diz – eu nunca fiquei tanto tempo assim sem ver ninguém da minha família, falando o mínimo possível sem poder dar muitas informações. Eu sei que a minha mãe deve estar surtando e eu só aguentei porque você estava aqui e me ajudou a não surtar. Bem, a não surtar tanto – ela sorri – sem falar que tudo isso vai ser para um bem maior.

- É assim que se fala, ruiva. Isso vai acabar em breve – ele sorri enquanto pega as suas coisas e as de Gina ignorando os protestos de que ela pode muito bem carregar as suas próprias coisas, de um jeito ou de outro isso vai acabar...

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No tribunal

Sirius ajeita a sua gravata, tanto quanto ele odeia esse tipo de traje, ele sabe que deve passar credibilidade e para isso nada melhor do que um terno e uma gravata para calar a boca esnobe da sociedade que se aglomera para ver o que está sendo chamado de o julgamento do século.

Ele vê Tom Riddle entrar cercado de seus asseclas, vestido como se fosse a um jantar formal. Definitivamente ele não parece alguém prestes a ser julgado, algumas pessoas murmuram palavras de incentivo. Sirius sabe que para a maioria dos presentes um homem generoso e filantropo como o senhor Riddle ser acusado de fazer algo errado é quase uma heresia.

Alguém vai ter uma surpresa. Ele pensa com seus botões enquanto se dirige ao lado da acusação, o show vai começar...

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Ao mesmo tempo

O senhor Filch come a sua refeição, ele definitivamente não está com fome, mas o homem sabe que precisa manter as forças para quando sair daquele local imundo. Ele confia cegamente no seu benfeitor e sabe que assim que ele resolver seus problemas ele fará de tudo para libertá-lo.

Sim, o senhor Filch tem certeza que sairá dali. No entanto, algo sufocante em sua garganta lhe mostra que ele sairá, mas não do jeito que ele gostaria...

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Enquanto isso, em uma das salas do tribunal

Harry e Gina se encontram em uma sala fechada. Eles sabem que tudo deverá ser mantido em segredo até o momento apropriado e que ninguém pode garantir que a sua testemunha não esteja correndo perigo mesmo dentro de um tribunal.

Eles não sabem quanto tempo devem ficar no local, Harry só espera que não se transforme em semanas, quanto mais o tempo passa mais difícil será manter o segredo.

Eles não podem ver o que está acontecendo lá fora, mas pela movimentação dá pra saber que o julgamento está começando...

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Ao mesmo tempo

Sirius se levanta ao ver o juiz chegar, ele não pode conter um sorriso ao ver que é Hestia Jones que presidirá o caso, isso claramente é um ponto ao seu favor, pois a mulher é conhecida por ser absolutamente incorruptível, o detetive não tem dúvidas que Lucio e seus asseclas devem ter feito o que podiam para conseguir que um dos seus comparsas julgasse o caso.

Ela pede silêncio diante do burburinho que se forma e se prepara para começar a leitura dos autos do processo. O detetive não contém um suspiro entediado, ele sabe que essa parte levará um bom tempo, Sirius aproveita para procurar conhecidos com os olhos e vê Kim não muito distante assim como Moody, mas ele também vê pessoas com quem ele conviveu parte da sua vida e que certamente estão presentes para apoiar o senhor Riddle, pessoas que certamente terão muito a perder caso o homem seja condenado, pessoas que serão capazes de fazer tudo para evitar isso.

Ele não quer nem pensar no que aconteceria se eles soubessem das cartas que tem na manga, Sirius tem certeza que mesmo protegidos no tribunal suas testemunhas correriam perigo. Só espero que eles estejam bem. É o seu último pensamento antes de voltar a focar nas palavras do juiz...

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Enquanto isso

Draco se prepara para as horas mais entediantes da sua vida, se ficar com Severo Snape em uma casa já era difícil imagine confinado em uma sala onde os celulares sequer funcionam. Se fosse outra pessoa talvez eles pudessem ao menos conversar, mas se tratando do homem a sua frente o loiro sabe que isso será impossível.

Draco sabe que também não é de muitas palavras, mas este silêncio faz com que Luna ocupe todos os seus pensamentos e a culpa o assola mais uma vez.

Ele imagina se no lugar do homem taciturno fosse a moça que estivesse sob a sua proteção, provavelmente ele já teria respirado fundo uma ou duas vezes diante da tagarelice dela. A quem ele está querendo enganar? Ele certamente já teria perdido a paciência! No entanto o que ele mais queria neste momento era ser perturbado pelo seu jeito maluco.

Mas no momento só o que ele pode pedir é que a moça seja vingada e a justiça seja feita, um chamado na porta diz que eles devem se preparar, pois em breve Severo Snape contará tudo o que sabe jurando diante de um tribunal.

Ele só espera que isso seja suficiente para dar a Luna Lovegood a justiça que ela merece...

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De volta ao julgamento

Sirius contém um bocejo, faz algumas horas que o processo está sendo lido e pelo andar da carruagem deve demorar ainda algum tempo até que isso seja concluído. Ele olha para Lucio que se encontra ao lado do senhor Riddle com uma pose confiante, a pose daqueles que pensam que o dinheiro está acima do bem e do mal. Do lado oposto, a promotora Marlene McKinnom que Sirius considera uma das pessoas incorruptíveis do sistema judiciário e, além disso, ela não é nada feia, muito pelo contrário, ele não pode deixar de pensar.

Ele sente o leve cutucar de Moody e percebe que foi dado um pequeno intervalo. Sirius se levanta, ele vai aproveitar para conversar com suas testemunhas e certificar-se que eles têm a devida proteção.

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Pouco depois

Draco se segura para não começar a andar de um lado para outro. É difícil ficar sem saber o que está acontecendo lá fora. Snape, por sua vez, continua com a sua feição impassível, como se os próprios pensamentos fossem suficientes para fazer companhia.

Neste momento a porta se abre e ele vê Sirius Black entrar – como está o julgamento? – as palavras saltam de sua boca sem que ele tenha controle.

- Terrivelmente tedioso – seu chefe responde com um suspiro – eles deram um intervalo provavelmente porque Lucio disse que o réu é um homem idoso e não pode se cansar em demasiado.

- Melhor pra gente – ele diz – ou talvez seja pior, já que isso vai se estender por tempo indefinido – o loiro conclui estoicamente – dá pra prever quando ele (ele olha para Snape) será chamado?

- Depois da leitura dos autos haverá a acusação e o pronunciamento da defesa, depois começaremos com as testemunhas – Sirius esclarece – mas eu não sei dizer quem será ouvido primeiro, pode ser as da acusação ou as da defesa, caberá a juíza decidir (ele sorri) pelo menos ela não é alguém comprado por Tom Riddle.

- Na verdade, eles só precisam comprar os jurados – Draco diz de modo ácido – e eu conheço meu pai, ele seria capaz de fazer algo desta natureza.

- Eu sei que ele seria, Malfoy – Sirius diz – eu fiz parte desta família, lembra? Mas eu prefiro acreditar que estamos do lado certo e tudo vai ficar bem (ele suspira), mas não foi apenas por isso que eu vim aqui, eu vim também pra dizer que vocês vão ser transferidos para se juntarem a outra testemunha, assim vocês terão um pouco mais de liberdade e segurança.

Draco olha para seu chefe sem entender. Ele não sabe nada sobre outra testemunha, muito menos alguém que precise de segurança, mas antes que ele possa perguntar alguma coisa Sirius se retira após dizer que alguém virá buscá-los em alguns minutos...

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Pouco depois

Harry e Gina veem Sirius entrar, o detetive sorri enquanto abraça o afilhado – vocês fizeram um ótimo trabalho – ele diz enquanto cumprimenta Gina.

- Espero que seja suficiente – ela diz – você já tem ideia sobre a que horas será o depoimento?

- Nem ideia – ele diz – mas deve demorar – ele sorri ao ouvir os suspiros – mas eu vim aqui por outro motivo, eu providenciei que vocês e minha outra testemunha fiquem juntos. Como a gente não sabe quanto tempo vai demorar, fica mais fácil pra providenciar a segurança com todo mundo junto.

- Vai ser até bom ter mais gente – Harry diz – essa espera pode ser ainda mais angustiante que ficar meses escondido.

- Você não diria isso se soubesse que quem está com a outra testemunha, é o Malfoy – Sirius diz e neste momento a porta se abre...

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Um pouco antes

Draco pega a sua valise e aguarda que venham lhe indicar o local onde eles devem ficar. Ele não é uma pessoa sociável, mas, convenhamos, se ele ficar mais uma hora encarando o silêncio do Snape, ele vai enlouquecer. Diabos, ele está acostumado a ser o mal humorado da história!

Alguém bate na porta e Malfoy abre cautelosamente, não que ele ache que vai sofrer um ataque em pleno tribunal, mas não custa prevenir, não é mesmo? Ele segura a sua arma por baixo do paletó e emite um suspiro de alívio ao ver Tonks com outros policiais.

- E aí, priminho, beleza? – a agente fala – nós vamos escoltar vocês para o outro lado do prédio e Sirius me disse pra falar pra você manter a calma na hora que chegar e não, não me pergunte o porquê deste recado.

- Eu não ia perguntar mesmo – o loiro rebate, embora ele tenha ficado curioso não é da sua natureza tentar descobrir algo por intermediários, ele sabe que Sirius dará as explicações necessárias quando for a hora – então ele se coloca ao lado de Severo Snape e a comitiva parte em direção ao local.

O loiro vê que um dos agentes bate na porta que é aberta por Sirius, a comitiva entra e antes que ele possa ver as pessoas que estão na sala, uma voz conhecida se sobressai

- Olá Malfoy...


NOTA DA AUTORA

Mais um capítulo pra vocês, novamente terminando em um ponto, digamos, crucial. Acho que alguns de vocês já devem ter uma ideia de quem vai aparecer no próximo capítulo, se é que ainda tem alguém por aqui...

Caso ainda tenha alguém e caso esse alguém tenha um pouco de conhecimento do que acontece num tribunal, eu tenho que admitir que euzinha não faço a mínima ideia do que acontece dentro de um tribunal em um julgamento, muito menos em um de grandes proporções. Tudo aqui vem da minha cabeça desvairada, então perdoem as loucuras que eu estiver falando, ou considerem uma licença poética.

Bem, é só. Espero que tenham gostado, e quem puder deixar uma palavrinha vai me fazer muito feliz. Bjs e até o próximo.