Sinopse da historia!

Castiel nunca imaginou que o câncer o atingiria. O diagnóstico foi um golpe devastador. No entanto, decidiu lutar com todas as suas forças, assim como havia enfrentado os fantasmas de seu passado: o pai havia matado brutalmente a mãe na frente dele, o homem sempre foi violento e também abusava de Castiel. Essas lembranças dolorosas o assombravam desde a infância, deixando cicatrizes profundas em sua alma.

Ao conhecer Dakota, um novo aluno que entrou na sua sala. Eles iniciaram uma amizade que rapidamente evoluiu para um relacionamento apaixonado. Mas, a felicidade de Castiel foi interrompida quando Dakota, de forma cruel e inesperada, o humilhou e agrediu na escola, machucado seu coração e fazendo com que ele revivesse seus traumas mais dolorosos.

Nathaniel, seu antigo melhor amigo, percebendo seu sofrimento, tentou reatar a amizade, relembrando os bons momentos que haviam vivido juntos na infância. Castiel o perdoou, mas com o tempo percebeu que seus sentimentos por Nathaniel eram mais profundos do que uma simples amizade. A cada dia que passava, sua luta contra o câncer se tornava mais desafiadora, mas a esperança de um futuro ao lado de Nathaniel, onde pudesse encontrar a paz e o amor que tanto ansiava, o mantinha forte. Será que valia a pena amar de novo, mesmo depois de ter sido tão profundamente ferido?

"Vida, você já parou um minuto para pensar nela? Já parou para pensar em como ela não será eterna? Já pensou em como ela é curta? Nós não somos eternos. A vida é como uma linha, ela tem seu fim. Para alguns, é como uma corda no pescoço: um passo e acabou. Uns vivem por muito tempo e depois deixam o mundo, a vida de alguns acaba no nascimento, outros perdem o direito de viver. Minha vida é uma questão de porcentagem idiota. Viver com uma doença é apenas uma das inúmeras formas como a vida pode se manifestar."

Não tive a sorte da minha vida ser um conto de fadas. Na infância, convivi com a violência, crueldade e a negligência. Meu pai, se é que eu posso chamar assim! Era um homem sem emprego que passava os dias bebendo, figura paterna de merda!. Já minha mãe, uma guerreira, trabalhava incansavelmente para sustentar nossa casa. Ao chegar em casa, exausta, ainda tinha que cuidar de todas as tarefas domésticas e de mim.

Ele era extremamente violento dentro de casa, as agressões eram constantes. Eu, com apenas 4 anos, tentava protegê-la das mãos violentas do meu pai. Não adiantou. Ele também me batia muito e me trancava no porão, como um castigo.

Com 5 anos, tive a pior experiência da minha vida. Meu pai, o homem que deveria me proteger, cuidar e me criar, abusou de mim. Eu era apenas uma criança... Os abusos continuaram por um ano e meio. Cheguei ao meu limite e contei para minha mãe. Ela me pediu desculpas, mas ela não tinha feito nada de errado, quem fez foi ele! Naquele mesmo dia, fomos embora de casa. Ela pegou as poucas roupas que tínhamos e o dinheiro que guardava. Pegamos um ônibus com destino a Nice, longe de todo o mal ou pelo menos por um tempo.

Alguns meses depois, ela conheceu um homem chamado Leigh, estilista e dono de uma loja de moda. Ele tinha um filho chamado Lysandre e logo nos tornamos grandes amigos. Quando eu tinha 9 anos, minha mãe se casou com ele. Nossa vida era perfeita, éramos felizes e uma família saudável. Até que meu "pai" apareceu. Minha mãe e eu estávamos sozinhos em casa quando ele invadiu e a matou na minha frente. Quando ele ia me matar, a polícia chegou. Nunca chorei tanto na minha vida. A pessoa que eu mais amava estava morta! Na minha frente, eu não fiz nada. A minha guarda ficou com Leigh, que é um pai de verdade. Ele me deu carinho, amor, proteção e me criou como filho dele.

Quando tinha 16 anos, comecei a namorar uma garota chamada Debrah. Todo mundo dizia que ela me traía, mas eu não acreditava. Para mim, era impossível. Que ingênuo eu fui! Peguei ela com meu melhor amigo. Ela saiu da escola e ele, o traidor, virou presidente do grêmio estudantil e representante da sala. Já estava difícil, mas a vida reservou uma surpresa ainda pior.

Meses depois, comecei a passar muito mal. Perdi peso, vomitava muito, sentia um cansaço constante e tinha febre. Achei que era só uma virose, mas a situação piorou e tive que ir ao hospital. Depois de vários exames, recebi uma notícia que mudou minha vida: O médico me olhou nos olhos e disse: "Sinto muito, mas você está com câncer".

-Bom dia, Castiel!- meu pai me cumprimentou com um sorriso, enquanto despejava café na xícara. A luz do sol entrava pela janela, iluminando a cozinha e criando um clima agradável.

-Bom dia, pai!Lysandre! – respondi, sentando-me à mesa. Lysandre, concentrado em seu livro.

- Bom dia, meu irmão! – Lysandre finalmente levantou os olhos e me deu um sorriso tímido, e voltou a ler.

-Estou morrendo de fome! – peguei um pouco de salada de frutas e suco de laranja. A fome era tanta que senti a barriga roncar.

Bom, eu já vou indo. -Meu pai se levantou e colocou a louça no lava-louças. – Castiel, não esqueça dos remédios. Tenha um bom dia! – Disse pegando a chave e indo embora.

Continuo a comer, mas a comida não tem gosto de nada, como eu queria colocar nuttela aqui, mas Lysandre e capaz de me matar por não seguir a dieta. Sinto falta das minhas refeições antigas, daquelas que saboreava com prazer. Da minha vida antiga, onde não tinha essa merda de câncer para me atormentar. Assim que terminei de comer, coloquei a louça na lava-louça com um gesto automático e voltei para o meu quarto. Engoli as pílulas com dificuldade, sentindo um nó na garganta. Peguei minha mochila e conferi os remédios, um a um, como se estivesse verificando se minha vida ainda fazia sentido. Tudo certo. Vou para a sala esperar o Lys, tentando afastar os pensamentos ruins da minha cabeça.

-Vamos? – digo, sem ânimo, enquanto guardo meu celular na minha bolsa.

-Sim! – ele diz com um sorriso, e vamos até a garagem. Entramos no seu carro.

-Você lembra do caminho? – brinco, já que a memória dele é péssima quando se trata de direções.

-É claro! – ele responde, revirando os olhos e dando a partida. – E o GPS têm o endereço da escola, dou risada!

Dez minutinhos depois, a gente chegou naquela bagaça que chamam de escola. Fomos direto pra sala e já encontramos a maior zona! Nem sinal de professor, né? Adolescência... Que fase linda! Parece que estamos mais no primário do que no último ano. Fui pro meu lugar e fiquei de boa, de cabeça baixa. Já que não tinha aula, nada melhor que tirar um cochilo.

-Castiel! – olho pra pessoa que tá me chamando, droga! Tava num sono tão bom. – Você precisa ir pra enfermaria hoje, ela tem que fazer o relatório da semana.

– Eu sei, Nathaniel, não sou criança – digo, já sabendo que não vou mais conseguir dormir. O professor chegou e todos voltaram pros seus lugares."

-Pessoal! Temos um aluno novo – o professor anunciou, e entrou um garoto alto, de pele bronzeada e cabelos loiros.

– Hello. Sou o Dakota, mas pode me chamar de Dake. Eu vim da Austrália e sou sobrinho do Boris – o garoto disse com um sorriso.

– Pode se sentar – o professor indicou uma cadeira vaga. O garoto sentou atrás de mim.

– Olá, eu sou Dake. Qual é o... – ele disse, cutucando meu ombro.

– Você acabou de se apresentar, eu sei seu nome – pensei: "Ele acha que sou surdo?".

– Calma, eu só estava sendo simpático. Posso saber seu nome? – ele perguntou tocando no meu ombro - Vai não vai te matar se dizer o seu nome- disse pegando minha caneta com um sorriso no rosto.

Castiel revirou os olhos, irritado com a insistência de Dakota. Aquele sorriso irritante e a mania de tocar nas coisas alheias estavam começando a tirar o seu sério.

– É Castiel! Olha, cara, eu não tô afim de conversar agora. Deixa eu em paz. – Castiel tentou se concentrar na aula, mas a voz de Dakota ecoava em seus ouvidos.

Dakota riu, como se a reação de Castiel fosse uma piada.

– Relaxa, Castiel. Só quero ser seu amigo.- Castiel bufou. Amigo? Ele mal o conhecia. E a ideia de ter aquele garoto como amigo não o agradava nem um pouco no momento. Mas antes que pudesse responder, o professor o chamou à atenção.

– Castiel, preste atenção na aula! – O professor o repreendeu com um olhar severo, droga! Ainda tenho que levar o sermão.

– Tá um calorão e você de touca? - Dakota perguntou, Sério! Ele não sabe calar a boca! – Vamos tirar isso! Ou tu vai desmaiar - disse colocando a mão na minha cabeça pra tirar a touca, dou um tapa bem forte na sua mão - Você tá louco! Eu não fiz nada de errado! – exclamou, sua voz carregada de irritação.

-Não fez? Mas eu vou fazer – Digo com raiva, sinto o sangue ferver em minhas veias! Respira Castiel, respira fundo

-Vai se fuder arrombado…– Dakota é interrompido pelo professor, mas desta vez chamou atenção dele.

As aulas acabaram e comecei a me sentir um pouco mal. Sabia que deveria ir para a enfermaria, mas estava cansado e ouvir a voz aguda da professora de física sempre me dava dor de cabeça. Entrei na quadra vazia e reencontrei o aluno novo, aquele com nome de mulher. Ele estava driblando a bola sozinho, concentrado. Fui até a arquibancada, deitei e fechei os olhos. A bola quicando ecoava no ambiente, me acalmando um pouco. Fiquei assim por alguns minutos até sentir uma sombra se aproximando. Abri os olhos e vi o aluno novo me olhando, um sorriso idiota nos lábios.

-Hey, vem jogar comigo! – ele deixou a bola girando no dedo. Seus olhos são puro deboche

-Não tô afim. – Digo, fechando os olhos de novo, tentando ignorá-lo.

-OK, entendi. – Dakota disse, rindo. – Você não se garante, sabe que vai perder, ou não sabe jogar?-Abro os olhos e o encaro.

– Você tá me desafiando? – Pergunto, sentindo a adrenalina começar a pulsar nas veias.

-Sim. – Disse com naturalidade, um sorriso confiante nos lábios. –

Começamos a jogar e, a cada ponto marcado, a adrenalina aumentava. Confesso que estava gostando de jogar com ele. O cara era bom de verdade. O jogo estava tão disputado que mal percebi as dores começando a se intensificar. Senti falta de ar e uma tontura me atingiu. Foi aí que comecei a perder pontos e a concentração. A frustração se misturou à fraqueza, e eu sabia que não conseguiria continuar, droga eu vou perder.

-Vamos, olha que eu tô ganhando! – Dakota gritou, fazendo uma cesta de três pontos. Sorriu de forma provocante, batendo no peito.

-Vê se me ajuda aqui, não tô me sentindo bem! – gritei, sentindo o mundo girar. Me ajoelhei no chão, apoiando a cabeça nas mãos.

-Você acha que eu vou cair nessa? – Ele fez outra cesta e começou a imitar meus movimentos, rindo alto.

A cada piada, minha raiva aumentava, mas não tinha força para revidar. As dores nas pernas se intensificavam a cada movimento, e uma forte tontura me dominava. As luzes da quadra começaram a se apagar e ouvi a voz de Dakota ecoando em meus ouvidos, consegui escutar o Lysandre gritando. Não aguentei mais. Tudo escureceu.

LYSANDRE On

Faz tempo que estou procurando o Castiel. Tínhamos combinado de estar no porão no final das aulas para tocar um pouco. Preocupado, fui procurá-lo em todos os lugares que costumamos frequentar. Na enfermaria, me informaram que ele tinha passado por lá mais cedo, mas já havia ido embora. Já estava começando a ficar desesperado quando o vi na quadra. Ele estava jogando basquete com o Dakota. Mas, de repente, seus movimentos se tornaram lentos e ele caiu no chão com um baque surdo, a bola rolando lentamente até parar aos seus pés. Corri até ele e vi que estava pálido, seus lábios arroxeados. Toquei seu rosto, gelado como mármore, e me afastei, as mãos tremendo.

-Castiel! Castiel, acorda! – Lysandre gritava, desesperado. Castiel estava desmaiado no chão, pálido e imóvel. Dakota, que assistia a tudo de longe, aproximou-se com um sorriso sarcástico no rosto.

– Parece que alguém exagerou no treino, hein? Calma! Foi só um mal-estar – Dakota disse, rindo.

– "Foi só um mal-estar", quem dera fosse só isso! Ele tem câncer! Preciso levá-lo para o hospital! – Lysandre exclamou, a voz trêmula. A expressão de deboche de Dakota se transformou em puro terror. – Droga, não estou com meu celular! – procurou freneticamente pela chave do carro, mas ela não estava lá.

– Eu estou com meu carro. Vou só pegar minha mochila e vamos para o hospital – Dakota correu para a arquibancada, pegando a mochila em um movimento rápido. Voltando para eles, disse: – Vamos!

Levantei-me com Castiel no colo e fomos até onde o carro dele estava. Coloquei Castiel no banco e sentei-me ao seu lado. Digo para Dakota em qual hospital poderíamos levá-lo. No caminho, não larguei meu irmão por nada. Assim que chegamos ao hospital, ele foi levado para a emergência. Usei os telefones do hospital para avisar meu pai. Trinta minutos depois, vi meu pai se aproximando. Abracei-o e expliquei o que aconteceu. Logo o médico se aproximou. A boa notícia é que Castiel iria ficar bem. A parte chata é que ele ficaria no hospital em observação e liberou nossa visita. Olhei para o garoto que nos trouxe e que foi, de certa forma, responsável por essa situação. Meu pai e eu fomos para o quarto. Castiel estava na cama, sem a touca que sempre usava, sua expressão era tranquila.

-Oi... - Dakota disse ao se aproximar, evitando o olhar de Lysandre. - Ele vai ficar bem, não é? Desculpa, eu não sabia que ele estava doente. Lysandre cruzou os braços e o encarou com ironia.

-Ele vai ficar bem. Bom, não é algo que se anuncia em alto e bom som, mas estava bem evidente, não acha?Não reparou na falta de sobrancelhas e cílios? - disse, apontando discretamente para Castiel. Dakota engoliu em seco.

-Obrigado pela ajuda. Vou conversar com o médico responsável. - Meu pai saiu do quarto.

Ficamos apenas nós três. Olhei para Dakota, que evitava meu olhar. Não quis puxar assunto com ele, não sei explicar... Mas aquele sorriso forçado, aqueles olhos inquietos... Não confio nele. Sei lá, sinto algo ruim vindo dele. Percebi que ele estava olhando para meu irmão, que dormia tranquilamente. Meu pai entrou no quarto com uma expressão estranha, porém, não disse nada. Deu um sorriso para mim, se aproximou de Castiel e beijou sua testa. Nesse momento, Dakota disse que estava indo embora, se despediu e nos deixou sozinhos no quarto. Suspirei, sentindo um peso no peito. Será que ele realmente se arrepende do que fez?